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Jogos Pan-Americanos 2007: Compreensão dos impactos a busca de uma estratégia para maximizar os benefícios

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Jogos Pan-Americanos 2007: Compreensão dos impactos a busca de uma estratégia para maximizar os benefícios

Os chamados Mega Eventos são, em sua grande maioria, eventos de curto prazo com conseqüências de longo prazo para as cidades sedes. Os resultados e as conseqüências geralmente mencionadas na literatura são: a provisão de infra-estrutura, os impactos econômicos e sociais, a renovação ou criação da imagem da cidade através da mídia, particularmente da TV.

De acordo com Roche (1994), usualmente também é assumido que os mega eventos trazem conseqüências futuras em termos de turismo, realocação de plantas industriais e investimentos externos. Jones (2001) argumenta que para muitas cidades os mega eventos podem ser um "atalho" para conseguir um reconhecimento global através da exposição de mídia, o que pode ser bom para um destino turístico caso o evento seja um sucesso, ou até mesmo, destrutivo caso o evento possua falhas perceptíveis para todos os participantes: atletas, familiares, imprensa e torcedores.

Roche (1994), relata que os estudos e planejamentos realizados geralmente antes dos eventos tendem a focar os benefícios econômicos e sociais que o evento em questão pode gerar. No entanto, de acordo com Higham (1999) existe um crescente número de pesquisas acadêmicas sobre os efeitos negativos ou ambivalentes dos mega-eventos, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Estas críticas, em sua maioria, estão centradas no processo de escolha da cidade para o evento, que de acordo com o autor, pode estar desviando parte dos benefícios econômicos e sociais da comunidade onde o evento será realizado para agradar aos interesses de patrocinadores e organizadores que, em sua maioria, pouco conhecem da realidade local. Outra crítica também realizada, principalmente para os países em desenvolvimento, é que os mega eventos estão associados com a criação de uma grande infraestrutura de apoio, o que na visão de finanças publicas significa uma grande quantidade de recursos ou dívidas de longo prazo, que podem sobrecarregar as contas públicas, além de prejudicar algumas áreas com maior necessidade de curto prazo, como a saúde, educação e bem estar social.

Outra tendência das pesquisas sobre mega eventos é a de centralizar a análise nos efeitos ou impactos e não nas causas. No entanto, segundo Roche (1994), recentemente a pesquisa em relação às causas tem recebido alguma atenção através de duas principais abordagens: planejamento e política.

A abordagem política pode ser justificada, uma vez que, a decisão de sediar um mega evento é uma decisão política feita pela autoridade local e, na maioria das vezes, não sujeita a uma análise de custo/benefício (Gamage e Higgs 1997). Somado a isso, pode-se argumentar que a construção de uma visão objetiva e técnica sobre os mega eventos pode ser prejudicada pela descontinuidade política, conflito de interesses entre a sociedade local e os organizadores e patrocinadores.

A abordagem do planejamento nos remete a uma visão mais técnica, onde podem ser estudadas as variáveis endógenas e exógenas que podem levar ao sucesso ou fracasso do evento. Desta forma, esta abordagem, é sem dúvida extremamente útil para o planejamento urbano e turístico da localidade em questão.

As seções seguintes examinam os impactos que podem ser gerados pelos mega eventos visando contribuir para uma política estratégica que maximize os impactos positivos e minimize os impactos negativos dos jogos Pan Americanos Rio 2007.

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Entendendo os Impactos dos Mega Eventos. - A Decisão da Sede

As críticas existentes na literatura sobre mega eventos estão centralizadas nos processos de concorrência ou licitação que geralmente é necessário para se ganhar o direito de sediar um mega evento. De acordo com Jennings (1996), no caso dos jogos olímpicos, o processo de licitação foi adaptado para servir a interesses pessoais em detrimento a de potencialidades e qualidades das cidades sedes, e desta forma, suscetível a corrupção.

Muitos pesquisadores argumentam que uma escolha baseada em análises "pessoais" e não "técnicas" vêm drenando os benefícios econômicos para os organizadores, patrocinadores e indivíduos em detrimento das cidades sedes (Slack 1998), o que torna os eventos questionáveis, dado que, o desenvolvimento econômico é a principal justificativa para sediar um mega evento. Tal fato é reforçado através do argumento que apesar dos jogos Olímpicos de Los Angeles (1994) ter apresentado um pequeno resultado positivo, os dois anteriores (Montreal e Munique) apresentaram perdas de aproximadamente U$ 1 bilhão.

De acordo com Persson (2002), o método de escolher um destino para sediar os mega eventos esportivos é semelhante ao método de comercio eletrônico "business to business" (B2B). O vendedor neste caso é a cidade candidata a sediar o evento e o comprador é o Comitê responsável pelo evento. O produto, no caso dos jogos Pan-Americanos, é sediar um mega evento esportivo que dura de 10 a 15 dias, sendo transmitido pela mídia: TV, rádio e jornais para toda a América e para o mundo. A decisão final do negócio, ou da escolha da cidade sede, é dada pelos membros do comitê, que geralmente o fazem através do sistema de votos secretos.

Cabe ressaltar, que o objetivo deste texto é analisar os impactos que podem ser gerados pelos mega eventos, não pretendendo aprofundar a discussão sobre o processo de escolha dos jogos, uma vez que, a cidade do Rio de Janeiro já foi escolhida para ser a sede dos Jogos Pan Americanos de 2007, e o primeiro passo é a realização de pesquisas e estudos que possam contribuir para o sucesso dos jogos.

Os impactos econômicos

O cálculo dos impactos econômicos do turismo é uma tarefa muito mais complexa do que simplesmente calcular os níveis de gastos dos turistas. De acordo com Barbosa (2001), a estimativa do impacto econômico do turismo, quando baseada somente nos gastos tende a ser imprecisa e enganosa. Somente quando todos os três níveis de impactos (diretos, indiretos e induzidos) são estimados é que se pode dizer que os impactos dos gastos turísticos foram mensurados.

Segundo Cooper (2001), os efeitos diretos das atividades turísticas são os gastos feitos pelos turistas nos estabelecimentos que fornecem os bens e os serviços turísticos. Parte deste valor sairá imediatamente da economia para cobrir os gastos com as importações. Desta forma, os impactos diretos dos gastos tendem a ser menores que o próprio gasto, a não ser em casos raros onde a economia local consegue produzir e satisfazer todas as necessidades dos turistas.

Dando continuidade a compreensão da atividade econômica gerada pelo ingresso do turismo, os estabelecimentos comerciais que recebem os gastos diretos dos turistas precisam de fornecedores, ou seja, precisam comprar bens e serviços de outros setores dentro da economia local. Como exemplo podemos citar: os hotéis que contratam serviços, tais como, os de construção civil, bancos, contadores, e fornecedores de

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alimentos e bebidas. Parte destes gastos saem de circulação, pois estes fornecedores precisarão comprar produtos importados para cobrir suas necessidades. O que comprova mais uma vez o conceito de economia globalizada. A atividade econômica, gerada em conseqüência das rodadas de compras e gastos, é conhecida como efeito indireto.

Já o efeito induzido é aquele gerado através dos salários, aluguéis e juros recebidos das atividades turísticas que, por sua vez, geram outras atividades econômicas. Os juros pagos aos bancos por empréstimos geram mais recursos para futuros empréstimos, ocorrendo conseqüentemente um aumento da atividade econômica. No caso dos mega eventos esportivos, os efeitos diretos e indiretos causados pelos gastos dos espectadores, equipes esportivas e jornalistas visitantes são considerados os maiores geradores de benefícios para a economia local. Os métodos para estimar estes efeitos derivam dos modelos econômicos desenvolvidos para estimar os impactos econômicos do turismo, que podem variar desde o modelo de Insumo-Produto (Archer 1984, Fletcher 1989) até o modelo de equilíbrio geral, amplamente estudado e desenvolvido por pesquisadores na Universidade de Nottingham - UK. No entanto, esses modelos possuem falhas no que diz respeito à questão temporal que caracteriza os mega eventos. Pela natureza destes eventos, podemos dividir um estudo de impacto econômico para um Mega Evento em três fases distintas:

· Pré Evento: Os impactos na fase anterior a realização do evento incluem os gastos e seus impactos em atividades como: Estudos e planejamento para a realização do evento; Investimentos para o processo de licitação; Gastos com treinamento; Gastos com marketing; Investimentos realizados para a construção do(s) complexo(s) onde serão realizados os eventos esportivos; Investimentos em infra-estrutura de apoio e logística para a realização do evento. Aumento dos preços de imóveis. Os impactos econômicos desta fase têm dimensão temporal finita.

· Evento: Os impactos durante o evento derivam dos gastos realizados pelos espectadores, equipes esportivas e jornalistas nas mais diversas atividades relacionadas com o evento e com a atividade turística gerada: hotelaria, transporte, alimentação, souveniers, impostos, etc... Além destes gastos, podem-se incluir os aluguéis de espaço físico e publicitário, as taxas cobradas e os salários pagos aos prestadores de serviço no evento. Os impactos econômicos desta fase também têm dimensão temporal finita.

Pós-Evento: Os impactos derivados do legado de infra-estrutura disponível após a realização do evento; a

exposição da mídia internacional e o conseqüente aumento de turistas para a cidade, a capacidade instalada para sediar futuros eventos etc. Os impactos econômicos desta fase, em caso de sucesso do evento pode ter a dimensão temporal infinita, dificultando a sua mensuração.

Os Impactos Sociais

De acordo com Faulkner e Fredline (1998) a perspectiva econômica predomina na decisão de sediar mega eventos, no entanto, existe um crescente reconhecimento que os impactos sociais podem ser substanciais. Segundo Olds (1998), na busca de espaços para a construção da infra-estrutura de apoio ao evento, imóveis são desapropriados criando um transtorno para os proprietários e inquilinos e danificando muitas vezes o mercado imobiliário local. Outro efeito negativo pode ser a remoção dos excluídos socialmente (mendigos, pedintes, crianças abandonadas) para evitar a divulgação de uma imagem negativa da cidade, vale ressaltar que de acordo com Shapcott (1998) tal fato ocorreu em Atlanta em 1996, e constava na proposta de Sidney em 2000.

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Quanto à criminalidade, Page (2001) argumenta que segurança e a criminalidade podem afetar de forma negativa o turismo em um destino, e mesmo assim, existe ainda um hiato de pesquisa no que se refere à dimensão temporal e espacial dos efeitos de mega eventos nas taxas de criminalidade. De acordo com Thompson (1999), a presença de um grande número de turistas concentrados geograficamente nos mega eventos podem criar um ambiente, que maximizam as oportunidades para os crimes. Dentro da literatura que estuda o crime e o turismo, Lind (1996) argumenta que os turistas possuem uma série de características que o fazem mais vulneráveis a ações criminosas que os residentes. No caso dos Mega Eventos esportivos, tal vulnerabilidade pode resultar em crimes cometidos contra atletas e jornalistas, o que pode gerar uma sobre exposição na mídia (amplificação), trazendo conseqüências negativas para a atividade turística local.

Desta forma, a Organização Mundial de Turismo (1998), sugere uma ampla coordenação entre a polícia e os organizadores dos eventos, de forma a proteger os visitantes e participantes das ações criminosas.

Vale ressaltar que qualquer Mega Evento, pela sua natureza, irá gerar transtornos para a comunidade local como super lotação da cidade, congestionamento, e consequentemente um distúrbio no estilo de vida da comunidade local.

No entanto, um Mega Evento pode também gerar impactos sociais positivos. Burns et al (1986), argumenta que o fato de sediar um Mega Evento pode trazer para a população local um sentimento de orgulho e envolvimento com o evento e consequentemente com a cidade.Outro efeito positivo ressaltado por Crockett (1994) é que os Mega Eventos esportivos estimulam jovens a uma participação maior no esporte o que pode, no caso de países em desenvolvimento, e principalmente no Brasil, modificar e melhorar a realidade destes jovens. Um outro fator a destacar é a construção da infra-estrutura necessária para a realização dos mega eventos que pode contribuir para o aumento da qualidade de vida local, já que sua utilização futura será feita pelos residentes.

Mega Eventos e o Sistema de Transporte - A importância dos transportes para mega eventos

Geralmente, o cidadão é dependente do transporte na medida que para se deslocar para um mega evento é necessário o uso do transporte, ocasionando grande impacto nas atividades econômicas e sociais. O transporte é responsável pelo deslocamento do cidadão e o seu acesso, devendo, pois ser planejado e gerenciado para contribuir na construção do sucesso do evento.

Neste sentido é preciso, em um primeiro momento, verificar a infra-estrutura existente e disponível do sistema de transporte, para que ao desenvolver planos e projetos, este possa ser adequado às dimensões da localidade, visando proporcionar e orientar o fluxo de visitantes por meio da administração da acessibilidade e do uso racional dos meios de transportes.

A ação de planejamento dos meios de transportes permitirá o controle do fluxo de visitantes, e conseqüentemente, irá contribuir para o gerenciamento da mobilidade de visitantes. Caso haja a inexistência do controle de fluxo, isto poderá acarretar em uma ocupação desenfreada do espaço urbano, e assim, promover impactos negativos como congestionamento e poluição ambiental.

As áreas escolhidas para a realização do mega evento devem ter dimensionadas a quantidade de visitantes que poderá receber, ou melhor, será necessário identificar a oferta e demanda existente e potencial para definir o limite de capacidade de carga , antes de se comprometer com o desenvolvimento do mega evento.

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Mesmo se tal limite estiver na contramão dos interesses econômicos freqüentes e imediatos dos patrocinadores e organizadores.

Os Impactos no Sistema de Transporte que o Mega Evento pode causar

A provisão de infra-estrutura, principalmente a de apoio, representada pelos transportes, é um fator fundamental por contribuir para o sucesso do mega evento, e conseqüentemente para o desenvolvimento do turismo.

O sistema de transporte participa das três fases distintas do impacto econômico: pré-evento, citado anteriormente como a fase de "investimento em infra-estrutura de apoio e logística", sendo eles: licitação de linhas de ônibus, treinamento de motoristas, investimento na infra-estrutura (malha viária, sinalização, construção de ciclovias, etc...), evento, o sistema de transporte em si, e pós-evento, representada pela infra-estrutura disponível após o evento. Todas essas fases devem ser planejadas e discutidas entre as instituições públicas, privadas e comunidade local.

Neste contexto é importante a realização de estudos e pesquisas que contribuam para o sucesso do mega evento, visando não apenas satisfazer os interesses dos patrocinadores e organizadores, mas principalmente beneficiar a comunidade local através de planejamento e formulação de políticas. Caso não haja estudos e pesquisas, tão pouco um planejamento será inevitável a ocorrência de falhas e os aspectos negativos ocuparão uma posição de destaque no mega evento, tais como: congestionamento, poluição sonora, poluição do ar, intrusão visual, dentre outros.

Então, na medida em que houver o planejamento do sistema de transporte, este conseqüentemente poderá trazer benefícios à comunidade através de seu uso racional, ou seja, adoção de medidas estratégicas e políticas que irão minimizar os custos e maximizar os benefícios, podendo contribuir no futuro para uma melhor qualidade de vida da comunidade local.

Cabe ressaltar que ainda há uma enorme lacuna entre o ideal e a realidade prática da política e do planejamento, onde as entidades responsáveis pelo mega evento devem, neste curto prazo, realizar um grande esforço para mudar tal situação.

A situação do Sistema de Transporte no país

De acordo com Keiji Kanashiro (atual secretário executivo do ministério dos Transportes), a situação do sistema de transportes é a seguinte:

· Escassez dos investimentos em transportes nos últimos anos, ou seja, houve investimentos federais médios anuais: 1970 a 1990: R$ 7,0 bilhões e 1990 a 2000: R$ 2,0 bilhões;

· O processo de concessão não solucionará, por si, a deficiência da infra-estrutura do país, e os investimentos federais serão necessários, aliados a investimentos privados;

· Houve uma redução do papel articulador, de planejamento, de formulação de políticas de efetiva gestão do governo federal;

· Há muitos planos e projetos de infra-estrutura de transportes, porém, falta um programa estruturado de priorização da aplicação dos recursos com objetivos identificáveis;

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· A destinação dos recursos da CIDE não garantiu até o momento fonte segura de recursos para investimentos em infra-estrutura de transportes;

Sabe-se ainda que, não havendo uma plataforma multimodal para os transportes, identificam-se alguns aspectos negativos deste sistema: visão concorrencial entre os meios de transportes, e conseqüentemente isto gera uma disputa isolada por recursos, e ausência da figura do operador de transporte multimodal como elemento facilitador e integrador logístico.

Atualmente existem vários problemas de congestionamentos de tráfego provocados pela má distribuição dos modais e pelo desconhecimento do processo de desenvolvimento dos meios de transportes urbanos no país. Os órgãos gestores sejam eles público ou privado, ao disponibilizar um meio de transporte ou a sua infra-estrutura não questionavam a população se o meio de transporte disponível era o mais adequado para a situação e demanda, e assim, ofereciam um serviço à população em meio às incertezas, sem ter o conhecimento das necessidades e expectativas do usuário.

Esta falta de conhecimento e a inexistência de um planejamento do sistema de transporte é fator indutor de um grande número de problemas conseqüentes que existem hoje nos grandes centros urbanos. Pois não se pode oferecer um serviço de transporte com qualidade sem conhecer a demanda esperada e a oferta existente. O sistema de transporte é caracterizado pelo predomínio do sistema rodoviário em detrimento de outros meios (ferroviário e aquaviário) que poderiam ser melhor aproveitados.

Face aos diversos problemas detectados acima, e visando alcançar o sucesso do projeto, elaboraram-se algumas propostas.

Propostas para a melhoria do sistema de transporte nos Jogos Pan Americanos, de acordo com a política de gerenciamento da mobilidade:

· Desenvolvimento e validação de uma rede de informações compreendendo uma plataforma integrada ao sistema de transporte que vise facilidade de acesso aos locais onde ocorrerão os jogos;

· Desenvolvimento e validação de serviços agregados (ticket, mapas, reservas de passagens, itinerários e rotas dos meios de transportes, dos eventos e das promoções);

· Integração dos modais, beneficiando os usuários à medida que disponibiliza uma maior opção de transporte, maior competitividade e melhores preços;

· Bilhetagem automática para um melhor controle dos custos e receitas dos meios de transporte;

· A criação de um bilhete multimodal exclusivo para o visitante que seria vendido em pontos estratégicos, tais como: postos de informações turísticas, agências de viagem, hotéis e empresas operadoras de transportes;

· Desenvolver políticas públicas que incentivem e comprometam-se com ações efetivas para o sucesso do mega eventos - Jogos Pan Americanos Rio 2007.

· Investimento em projetos de infra-estrutura, para facilitar o acesso/deslocamento aos centros esportivos; · Reformular o modelo de gestão do setor ferroviário e aquaviário;

· Otimização do sistema de tráfego, especialmente com respeito ao transporte público (linhas exclusivas aos centros esportivos dos jogos);

· Estabelecimento de um programa de financiamento, envolvendo recursos federais e privados, recursos do BNDES e de Bancos Multilaterais;

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Planejamento Estratégico para um Mega Evento

O planejamento estratégico é amplamente recomendado como um importante instrumento para o desenvolvimento de um destino turístico. De acordo com Murphy ( ) o planejamento turístico esta relacionado com uma forma de antecipar e regular mudanças locais, de forma a promover o desenvolvimento ordenado ampliando os benefícios sociais, econômicos e ambientais. Para conseguir isso o planejamento deve possuir uma seqüência de operações ordenadas desenhadas para alcançar os objetivos esperados. De acordo com Bramwell (1997), pesquisas que relacionam os mega eventos como componentes de destinos turísticos também enfatizam a necessidade de uma abordagem efetivamente estratégica. Hall ( ) sugere que o planejamento estratégico para os Mega eventos são importantes não somente para o sucesso de curto prazo mas também para a maximização dos benefícios de longo prazo.

Corroborando com os argumentos acima, Getz ( ) enfatiza que a falta de planejamento estratégico para a realização de mega eventos , resulta em dispendiosos "elefantes brancos" que são deixados de lado após o encerramento do evento.

De acordo com Bramwell (1997) o planejamento estratégico de um mega evento pode ser analisado sob a luz de três diferentes perspectivas teóricas sobre estratégia: clássica, processual e sistêmica.

Estas perspectivas possuem diferentes argumentos sobre quais os elementos devem ser inseridos no planejamento além de divergir também quanto a forma de conduzir o planejamento estratégico.

As interpretações sobre o planejamento estratégico na literatura sobre o turismo combinam usualmente as diferentes perspectivas, no entanto, faz-se importante conhecer suas diferenças uma vez que cada uma enfatiza diferentes elementos de planejamento assim como diferentes visões sobre o que deve ser planejado estrategicamente.

A perspectiva clássica, de acordo com Ansoff (1965), requer que primeiro seja feito a estratégia e somente depois desta etapa é que se podem executar as ações. Esta perspectiva é vista como uma forma onde o processo decisório se desenvolve de maneira lógica e seqüencial para se desenvolver e implementar o plano. As etapas sugeridas vão desde a definição de missão e visão até a implementação, avaliação e revisão. Inskeep (1994) sugere que o planejamento turístico deve seguir as seguintes etapas para sua elaboração: determinação de objetivos, pesquisa, analise e síntese, formulação do plano e das políticas, implementação e monitoramento. Já Getz (1991), defende que o planejamento de uma mega evento deve seguir os seguintes passos: inventario do evento, avaliação do produto, avaliação do mercado, identificação dos objetivos, plano de ação e revisão de todo o processo.

O foco desta perspectiva segundo Whittington (1993) é o sucesso ou o fracasso de qualquer evento, neste caso, será determinado pela capacidade e a qualidade das analises gerenciais o dos processos decisórios. Numa perspectiva processual, segundo Mintzeberg ( ) , o planejamento emerge de um contínuo e pragmático processo de aprendizagem de todos os envolvidos diferentemente de uma estratégia estabelecida por um grupo externo a organização ou evento. A premissa básica desta perspectiva é que a clássica ignora as imperfeições do ser humano. No caso do planejamento turístico, Cooper et al (2001) ressalta que o processo de planejamento turístico deve incluir o aprendizado organizacional, de forma a melhorar a compreensão dos problemas em questão. Apesar de Getz (1991) enfatizar os estágios do planejamento, é também sugerido em

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seu texto que os efeitos devem ser continuamente avaliados e revistos de forma a mudar sempre que necessário a direção do planejamento.

Desta forma podemos concluir que o planejamento tanto na perspectiva clássica quanto na processual tende a ressaltar o aspecto interno na organização ou evento, sendo que na perspectiva processual há uma maior flexibilidade para adaptações as mudanças no cenário interno e externo.

De acordo com Bramwell (1997), na perspectiva sistêmica, o planejamento estratégico deve envolver as estruturas econômicas, sociais, políticas e ambientais, enfatizando o comportamento social dos atores envolvidos. Nesta perspectiva, o planejamento é muito mais sensível a mudanças sócias e desta forma mais otimista quanto a capacidade das organizações reagirem as mudanças.

No caso do planejamento turístico e de mega eventos, Hall (1992) argumenta que o planejamento turístico e de eventos esportivos são por natureza políticos, e desta forma precisam de análise e planejamento estratégico que enfatizem a leitura do ambiente em questão. Diferentemente das duas perspectivas anteriores, a perspectiva sistêmica e fundamentalmente voltada para fora da organização e ressaltando as influencias econômicas, sociais, políticas e ambientais.

Os Jogos Pan Americanos Rio 2007

Os Jogos Pan-Americanos são uma versão continental dos Jogos Olímpicos que conta com esportes do Programa Olímpico e outros não disputados em Olimpíadas. Realizado de quatro em quatro anos, sempre um ano antes dos Jogos Olímpicos, a primeira edição dos jogos Pan Americanos aconteceu em 1951, em Buenos Aires, capital da Argentina. Porém, sua origem remete a 1932, aos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Inspirados pela realização, seis anos antes, dos primeiros Jogos Centro-Americanos, representantes de países latino-americanos no Comitê Olímpico Internacional (COI) propuseram a criação de uma competição que reunisse todos os países das Américas, com o intuito de fortalecer o esporte na região.

Ao longo de mais de 50 anos, os Jogos Pan-Americanos jamais deixaram de ser disputados e passaram por cidades de todos os cantos do continente. Vale ressaltar que o Brasil já sediou uma versão dos Jogos Pan-Americanos, em 1963, na cidade de São Paulo, que recebeu a quarta edição da competição. A cada edição, os Jogos Pan-Americanos êm se tornando maior e mais importante. Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em menos de meio século, o evento dobrou em número de países, atletas e modalidades, até tornar-se uma das principais competições do calendário esportivo mundial.

A história dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 começou em 1998. Na ocasião, o Rio de Janeiro foi a única cidade que manifestou ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) o interesse em organizar os Jogos. Em 2001, a Prefeitura do Rio e COB cumpriram todas as etapas do processo formal da candidatura. A candidatura reuniu apoio das três esferas de governo, federal, estadual e municipal.

No ano de 2002, o dossiê de candidatura à ODEPA foi elaborado, com o apoio da Fundação Getúlio Vargas, e entregue aos representantes dos 42 países membros com direito a voto na eleição da sede dos jogos. A cidade concorrente ao Rio de Janeiro para sede dos jogos Pan Americanos foi San Antonio - cidade americana do estado do Texas, berço eleitoral do presidente dos EUA, George W. Bush - que ofereceu uma forte estrutura para receber os Jogos. A ODEPA, cumprindo as etapas, enviou desta forma, às duas cidades candidatas uma Comissão de Avaliação e ficou evidente que a disputa seria equilibrada.

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A cidade do Rio de Janeiro chegou fortalecida a data da eleição da sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007, pelo fato de ter mostrado a capacidade de organizar, juntamente com outras capitais brasileiras (São Paulo, Curitiba, Pará) os jogos Sul Americanos de 2002 em 4 meses, uma vez que por motivos de segurança este não pode ser realizado em Bogotá (Colômbia). Ao final o Rio de Janeiro ganhou o direito de sediar os Jogos Pan Americanos de 2007 por 30 votos a 21, lembrando que os países que já sediaram os Jogos Pan Americanos possuem voto duplo na ODEPA.

Conclusão

O objetivo deste documento é buscar relacionar o desenvolvimento do mega evento, seus impactos, e sua inter-relação com várias atividades como: turismo, transporte, hotelaria, e entretenimento sob a perspectiva de que o planejamento e gerenciamento destas atividades sejam tratados a partir de um processo político único, sistêmico e interativo.

A decisão de sediar um Mega Evento, apesar de política, nos remete a diversos fatores técnicos que não podem ser deixados em segundo plano. Através do texto acima, conclui-se que um mega evento pode trazer impactos positivos e negativos para a cidade sede, desta forma faz-se necessário um número maior de estudos e pesquisas de forma a subsidiar os organizadores dos Jogos Pan Americanos Rio 2007 a alcançar o sucesso: econômico, social e turístico dos jogos.

Assim, o sucesso dos Jogos Pan Americanos Rio 2007 dependerá: · de recursos e incentivos que serão aplicados no projeto;

· de políticas públicas existentes;

· da obtenção do consenso entre necessidades e expectativas do município em relação aos jogos Pan Americanos, visando alcançar benefícios econômicos e sociais;

· dos objetivos que se pretende alcançar com os jogos Pan Americanos; · da condição socioeconômica do país;

· do comprometimento de todos envolvidos com o projeto;

Questões para discussão

- Até que ponto os jogos Pan Americanos serão importantes para a economia e o Turismo na Cidade do Rio de Janeiro?

- - Até que ponto o Rio está preparado para sediar um Mega Evento?

- - Qual a perspectiva econômica e social para o Rio em 2007. Como estará a cidade durante os Jogos? - - Quais as ações para maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos?

- - Como a academia e o mercado podem contribuir para o sucesso dos jogos Pan Americanos de 2007? - - Qual deverá ser o tamanho da demanda (visitantes, atletas e jornalistas) que o município do Rio de

Janeiro poderá receber?

- - Os jogos Pan Americanos devem ser realmente desenvolvidos nas áreas apontadas ou há outras localidades mais apropriadas para este fim, e como estas áreas devem ser gerenciadas?

- - O desenvolvimento de um mega evento modifica a percepção e o comportamento que as pessoas tem da cidade em que moram? Como modificar este comportamento em beneficio do município e da comunidade?

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- - Caso os jogos Pan Americanos realmente contribuam para o desenvolvimento do turismo, em que medida este desenvolvimento deve estar integrado a políticas de ordem macro, como as políticas públicas e de transportes?

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Referências

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