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Análise da eficiência dos equipamentos de proteção individuais utilizados no controle químico do mosquito vetor da dengue (Aedes aegypti) por

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“Análise da eficiência dos equipamentos de proteção individuais utilizados no

controle químico do mosquito vetor da dengue (Aedes aegypti)”

por

Carlos Frederico Campelo de Albuquerque e Melo

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre Modalidade

Profissional em Epidemiologia em Saúde Pública.

Orientador principal: Prof. Dr. Marcelo Motta Veiga Segundo orientador: Prof. Dr. Joaquim Gonçalves Valente

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Esta dissertação, intitulada

“Análise da eficiência dos equipamentos de proteção individuais utilizados no

controle químico do mosquito vetor da dengue (Aedes aegypti)”

apresentada por

Carlos Frederico Campelo de Albuquerque e Melo

foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Luiz Antonio Meirelles

Prof. Dr. Dalton Marcondes Silva

Prof. Dr. Marcelo Motta Veiga – Orientador principal

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Catalogação na fonte

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica Biblioteca de Saúde Pública

M528 Melo, Carlos Frederico Campelo de Albuquerque e Análise da eficiência dos equipamentos de proteção individuais utilizados no controle químico do mosquito vetor da dengue (Aedes aegypti). / Carlos Frederico Campelo de Albuquerque e Melo. -- 2012.

viii, 48 f. : il. ; tab. ; graf.

Orientador: Veiga, Marcelo Motta Valente, Joaquim Gonçalves

Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2012

1. Equipamentos de Proteção. 2. Saúde do Trabalhador. 3. Dengue. 4. Praguicidas. 5. Roupa de Proteção. 6.

Acidentes de Trabalho - prevençäo & controle. 7. Agrotóxicos. I. Título.

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AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização deste trabalho. Agradeço a cada uma delas! Neste momento, faz-se necessário reconhecer publicamente a participação específica de algumas.

Agradeço, inicialmente, ao Giovanine Evelin Coelho, Coordenador Geral do Programa Nacional de Controle da Dengue e ao Gerson Penna na ocasião Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, por ousarem, acreditarem e apoiarem a minha participação neste mestrado.

Agradeço aos professores Dr. Marcelo Motta Veiga e Dr. Joaquim Gonçalves Machado Neto pela orientação e disponibilidade.

A todos os profissionais e colegas do laboratório de Ecotoxicologia dos Agrotóxicos e Saúde Ocupacional – LABOR SEG, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - FCAV, da Universidade do Estado de São Paulo – UNESP pela capacitação e envolvimento na execução do experimento.

A Divisão de Controle de Vetores e Animais Peçonhentos e ao Departamento de Vigilância em Saúde e Planejamento da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto por abrirem as suas portas para a avaliação de material utilizado em campo.

Aos colegas de turma, em especial a Raquel Barbosa de Lima, pelo apoio e exemplo. A minha família, Minha mãe Maria do Carmo e Severina Jose de França, aos meus irmãos Dom, Ana, Tututu e Darlan por todo apoio e alegria que enriquecem a minha vida.

A minha querida irmã Tututu por ajuda constante e vital para conclusão desse trabalho.

(5)

SUMÁRIO Índice de Figuras v Índice de Tabelas vi Resumo vii Abstract viii CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1 1.1 JUSTIFICATIVA 3 1.2 APRESENTAÇÃO 4 1.2 OBJETIVOS 1.3 s 5 1.3.1 Geral 5 1.3.2 Específico 5

CAPÍTULO 2 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E LEGISLAÇÃO

6

2.1 Equipamentos de Proteção Individual – EPI 6

2.2 Legislação brasileira 7

CAPÍTULO 3 - MATERIAL E MÉTODO 10

3.1 Seleção do método 10

3.2 Equipamentos utilizados 11

3.3 Seleção do EPI 11

3.4 Procedimento de lavagem 13

3.5 Descrição do teste de repelência, retenção e penetração 14

3.6 Cálculo de repelência, retenção e penetração 16

3.7 Amostras 17

3.8 Análise de confiabilidade estatística 17

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS 19

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO 27

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 30

Referências bibliográficas 32

Anexo 1 - Script dos cálculos estatísticos realizados com o software R 35

(6)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Balança de precisão de 0,0001 g 11

Figura 2 - Peça de vestimenta identificada os locais para retirada de amostras de tecido para análise

12

Figura 3 - Amostras do tecido sem costura, do tecido com costura simples e do tecido com costura rebatida

12

Figura 4 - Detergente padrão especificado pela norma ISO 6330 13

Figura 5 - Esquema de montagem do teste de avaliação de materiais repelentes,

de acordo com as normas ISO 22608:2004 e ASTM F2130:2001 14

Figura 6 - Amostra com gota de 0,2 mL de glifosato depositada com micropipeta

15

Figura 7 - Separação das três camadas do teste; papel absorvente inferior (indicando penetração), papel absorvente superior (indicando repelência) e amostra do tecido (indicando retenção)

16

Figura 8 - Amostras de tecido de alta repelência e baixa repelência 17

Figura 9 – Gráfico da média da porcentagem da repelência, retenção e penetração por número de lavagens

21

Figura 10 – Gráfico da média da porcentagem da penetração por número de lavagens nos diferentes tipo de detergente

(7)

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Valores médios do peso do papel de filtro e do material no inicio e ao final do experimento por categoria, número de lavagens, tipo de lavagem (sendo 1 para lavados no campo, 2 lavado no laboratório com sabão líquido sem branqueador, 3 lavado no laboratório com sabão líquido com branqueador e 4 lavado em laboratório com o detergente padrão), tipo de material (sendo 1 Tecido,

2 costura simples e 3 costura rebatida)

20

Tabela 2 - Correlação de Sperman ( ρ ), média e desvio padrão da porcentagem de

repelência, retenção e penetração do tecido em função do número de lavagens

21

Tabela 3 - P-valor do teste de Kruska-Wallis, média e desvio padrão da porcentagem de repelência, retenção e penetração do tecido em função do tipo de sabão utilizado (detergente padrão ISO, sabão líquido sem branqueador, sabão líquido com branqueador)

22

Tabela 4 - P-valor do teste de Kruska-Wallis, média e desvio padrão da porcentagem de repelência, retenção e penetração do tecido em função do tipo de material (tecido, tecido com costura simples, tecido com costura rebatida)

23

Tabela 5 - Número e média da porcentagem de repelência, retenção e penetração do tecido em função do número de lavagens, das lavagens realizadas em laboratório utilizando o detergente padrão ISO e o sabão com branqueador e das lavagens realizadas em campo com sabão com branqueador

25

Tabela 6 - P-valor do teste de Wilcoxon, média e desvio padrão da porcentagem de repelência, retenção e penetração do tecido em função do tipo de solvente (Glifosato e Malathion).

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RESUMO

O uso de vestimentas de proteção individual é uma medida de prevenção de risco na aplicação de agrotóxicos. Uma das atividades laborais que demanda o uso dessas vestimentas é a ação de controle do mosquito vetor da dengue em sua fase alada. Esses Equipamentos de Proteção Individual – EPI devem ser certificados pelo Ministério do Trabalho que atualmente exige uma porcentagem de penetração menor ou igual a 5%. Fatores que contribuem para perda de eficiência desses EPI's são o número de lavagens, o detergente utilizado nas lavagens e a presença e tipo de costuras das vestimentas. O objetivo desse trabalho foi investigar a porcentagem de penetração, retenção e repelência dos materiais dos conjuntos de vestimentas de proteção individual e o acúmulo de agrotóxicos, após usos e lavagens, em função do tipo de detergente utilizado na lavagem (detergente padrão; sabão líquido sem branqueador; sabão líquido com branqueador; sabão líquido com branqueador em campo) e por tipo de costura (tecido; costura simples; costura rebatida). As análises da penetração, retenção e repelência foram realizadas, utilizando-se o método de gravimetria e seguiram as determinações da norma ISO 6330:200. Verificou-se que o número de lavagens mostrou uma relação dose resposta com a repelência e a penetração, sendo inversamente proporcional a repelência e diretamente proporcional a penetração. Constatou-se que o sabão sem branqueador teve a menor porcentagem de penetração. Observou-se que a presença de costuras aumenta a penetração e retenção de agrotóxicos. O estudo contribuiu para ampliação dos conhecimentos sobre segurança no trabalho na utilização de agrotóxicos. Espera-se que as informações obtidas possam subsidiar outros estudos que investiguem as exposições dérmicas as quais os trabalhadores que utilizam os EPI em saúde pública estão vulneráveis, bem como aprofundar a análise de viabilidade das atuais normas pertinentes a avaliação das vestimentas de proteção individual.

Palavras-chave: Equipamento de proteção Individual, Saúde Ocupacional, Dengue,

(9)

ABSTRACT

The use of Personal Protection vestments is a way of preventing risks on pesticides application. Amongst laboral activities, one wich demands the use of these vestments is the dengue mosquito control actions in its winged phase. These Personal Protection Equipments - PPE - must be certified by the Ministry of Labor, wich require a percentage of pesticide penetration less than 5%. Factors that contribute to these PPE` sefficiency loss are the number of washes, the kind of soap used, and the presence of seams. The objective of his work is to investigate the pesticide penetration, retention and repellence percentage on these set of PPE's, as well as thes tacking of these pesticide safter uses and washes as a function of the detergent used (standard detergent; non-bleach liquid soap; bleaching liquid soap), and as a function of the vestments seams (cloth, simple seam, flat seam). Penetration, retention, and repellence analysis were performed using the gravimetry method, following the ISO 6330:200 standard. The number of washes showed a dose-response relatoin with repelence and penetration, being inversely proportional to repellence and directly proportional to penetration. It was not iced that non-bleaching soap had the lowest penetration percentage. It was also shown that the presence of seams in creases the penetration and retention of pesticides. This study contributed to widen the existing know ledge on work safety on pesticides aplication. The information obtained is expected to encarage further studies on skin expositions such as the ones workers using PPE's in public health are vulnerable, as well as deepen the viability analysis on Personal Protection Vestments current related standards.

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CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO

A utilização de equipamento de proteção individual - EPI é um fator complementar dos programas de segurança e saúde no trabalho que pode reduzir riscos de acidentes e adoecimento. Nas atividades de manejo fitossanitário com uso de agrotóxicos, o controle dos riscos não pode ser exercido na fonte em que é gerado. Nessas condições, os trabalhadores estão expostos a riscos pouco ou parcialmente controlados por outros meios técnicos de segurança, portanto se intensifica a importância do emprego de meios individuais de proteção, os quais devem ter critérios de indicação definidos para cada ambiente e situação de trabalho.

Os agrotóxicos também são utilizados na saúde pública para o controle de doenças transmitidas por vetores. As Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue (Ministério de Saúde, 2009a), recomenda: “O uso de substâncias químicas – inseticidas – para o controle do vetor nas fases larvárias e adulta”.

O único elo vulnerável para reduzir a transmissão da dengue é o mosquito, Aedes

aegypti, seu principal vetor (Tauil, 2002). A prevenção ou redução da transmissão do vírus da

dengue depende inteiramente do controle dos mosquitos vetores ou interrupção do contato desses vetores com humanos (WHO, 2009).

O Programa Nacional de Controle da Dengue – PNCD é um programa do Ministério da Saúde instituído em julho de 2002 pela Portaria nº1347/GM para lidar com o problema da dengue no Brasil. Atua de maneira multissetorial e descentralizada e apresenta como um de seus componentes o Combate ao Vetor, cujo objetivo é a manutenção de índices de infestação predial do Aedes aegypti inferiores a 1%. (Ministério da Saúde, 2002).

A principal forma de controle da dengue são as ações de eliminação das larvas e criadouros do vetor. Quando se detecta a ocorrência da transmissão da doença, por meio da presença de casos da enfermidade, são realizadas ações de controle do mosquito em sua fase alada, ou seja, mosquito adulto.

O equipamento utilizado para as ações de controle de mosquitos adultos é o nebulizador motorizado de transporte costal. O inseticida usado neste equipamento é aplicado a ultra-baixo volume no interior dos imóveis, através de portas e janelas, e também em toda a área externa. A aplicação é realizada nos imóveis situados dentro de um raio de aproximadamente 150 metros do endereço das pessoas identificadas com suspeita de dengue.

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Segundo a ANVISA, portaria 10/SNVS de 08 de março de 1985, o Malathion utilizado a Ultra Baixo Volume se enquadra na classe toxicológica nível 2, sendo altamente tóxico.

Um dos principais riscos nas atividades de nebulização é a exposição ocupacional aos agrotóxicos, que pode resultar em danos á saúde dos trabalhadores. (BLAIR, 2005) (FRANCE 2006).

No Estado de São Paulo, o inseticida atualmente utilizado para o controle de mosquitos adultos é o Malathion grau técnico (96 % de ingrediente ativo) diluído em óleo de soja, na proporção de 1:2 com uma dose de aplicação de aproximadamente 96 g/ha (SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE DE ENDEMIAS, 2002). A exposição ocupacional ao Malathion gera um risco de intoxicação aos trabalhadores (EDWARDS et all 2007).

Vários autores verificaram em condições de campo que cerca de 99% da exposição aos agrotóxicos ocorre por via dérmica e 1%, ou menos, ocorre por via respiratória (VAN HEMMEN, 1992) (MACHERA et al, 2003).

Veiga et al (2007) consideram uma “falha de projeto” a permeabilidade dos tecidos empregados na confecção de Equipamentos de Proteção Individual. Baldi et al. (2006) destacam a ineficácia dos EPI devido ao fenômeno da permeabilidade e constataram também que o uso de EPIs em situações de pouca ou nenhuma higienização aumenta a contaminação por agrotóxico nas situações de vestir e despir o equipamento. Ademais, verifica-se uma carência de divulgação de informação sobre a redução da proteção dos EPIs em decorrência do desgaste em função da utilização (VEIGA, 2007).

Considerando-se que, até o ano de 2010, o nível de proteção dos EPI para o controle da exposição dérmica não havia sido estabelecido e que os equipamentos disponíveis para o uso no trabalho de campo, mesmo os que possuíam Certificado de Aprovação (CA) aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), não passaram por testes de avaliação de eficácia, é fundamental determinar o nível de permeação do agrotóxico nos diversos materiais utilizados nos EPI disponíveis para uso pelos trabalhadores expostos aos agrotóxicos, para que seja garantida a segurança e a saúde destes usuários.

(12)

1.1 JUSTIFICATIVA

O controle químico do Ae. aegypti faz parte das ações de redução da transmissão do vírus da dengue e deve ser executada de forma segura para os aplicadores expostos ao risco de intoxicação aos inseticidas

A avaliação da eficiência dos equipamentos de proteção individual na atividade de controle químico do Ae. aegypti deve ser realizada para se determinar a necessidade de medidas adicionais de segurança.

Os frutos desse trabalho contribuirão para execução segura das ações de controle químico da dengue.

(13)

1.2 APRESENTAÇÃO

Este trabalho está organizado em seis capítulos.

No primeiro capítulo é feita uma introdução sobre o uso de agrotóxicos no controle da dengue, o uso de EPI, uma justificativa do trabalho e seus objetivos.

No segundo capítulo, apresenta-se uma revisão de literatura sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual EPI e a legislação brasileira pertinente incluindo as normas internacionais utilizadas no trabalho.

O terceiro capítulo descreve a metodologia com a seleção do método da pipeta; a seleção do EPI; os equipamentos utilizados; a descrição dos procedimentos de lavagem empregados; a descrição do teste de repelência, retenção e penetração por gravimetria e as formas de cálculo desses parâmetros; uma descrição da amostra estudada e a análise de confiabilidade estatística.

O quarto capítulo apresenta os resultados do estudo trazendo dados da média; desvio-padrão e p-valor da repelência, retenção e penetração por número de lavagem (zero, cinco, dez e vinte); tipo de sabão utilizado (detergente padrão, sabão líquido sem branqueador, sabão líquido com branqueador, sabão líquido com branqueador em campo) e o tipo de material (tecido, costura simples ou costura rebatida).

No quinto capítulo, são analisados os resultados obtidos e a influência dos parâmetros estudados na porcentagem de repelência, retenção e penetração e sua relação com a legislação.

O sexto e último capítulo, constituído por considerações finais da pesquisa, aponta como os objetivos do estudo foram alcançados e aponta sugestões da aplicação dos dados levantados.

Em seguida, ainda são apresentadas as referencias bibliográficas consultadas e em anexo o script dos cálculos estatísticos realizados com o software R e os resultados de cada amostra.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Investigar a eficiência à permeação por agrotóxicos dos materiais dos conjuntos de vestimentas de proteção individual e o acúmulo de resíduos de agrotóxicos, após usos e lavagens.

1.3.2 Objetivos Específicos

1) Determinar a porcentagem de repelência, retenção e penetração nos materiais de vestimentas de proteção individual novos.

2) Determinar a porcentagem de repelência, retenção e penetração nos materiais de vestimentas de proteção individual após usos e lavagens;

3) Analisar a porcentagem de repelência, retenção e penetração nos materiais de vestimentas de proteção individua em relação ao tipo de sabão utilizado nas lavagens.

4) Analisar a porcentagem de repelência, retenção e penetração nos materiais de vestimentas de proteção individua em relação a presença e tipo de costura.

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CAPÍTULO 2 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E LEGISLAÇÃO

2.1. Equipamentos de Proteção Individual - EPI

Equipamento de Proteção Individual - EPI é definido pela Norma Regulamentadora nº 6, aprovada pela Portaria no 3.214/78, do Ministério do Trabalho, como: “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

Os equipamentos para serem considerados como EPI devem possuir um Certificado de Aprovação - CA expedido pelo Ministério do Trabalho. Este certificado identifica que o equipamento passou por um processo de registro junto ao órgão controlador, mas até 2010, não garantia que passaram por testes de avaliação de eficácia.

Nesse processo, o fabricante ou importador fornece ao órgão registrante, dentre outros documentos, um memorial descritivo do EPI, incluindo, no mínimo, as suas características técnicas principais, os materiais empregados na sua fabricação e o uso a que se destina. A partir de julho de 2010 com a publicação da Portaria 189 e posteriormente com a Portaria 246 de 29 de junho de 2011, do Ministério do Trabalho (BRASIL 2011), exige-se também um laudo de ensaio do EPI emitido por laboratório devidamente credenciado pelo Ministério do Trabalho.

Os ensaios que dão origem aos laudos seguem normas técnicas nacionais e internacionais, estabelecidas pela ISO/DIS27065:2010 e visam simular, em condições de laboratório, as situações de uso dos equipamentos novos, medindo assim sua capacidade de controle dos riscos a que se propõem a controlar.

A partir da análise e aprovação do registro do equipamento, este passa a ter um número de C.A., o qual, juntamente com o nome da empresa fabricante ou importadora, deverá estar presente no equipamento em caracteres que não se apaguem e estejam em local bem visível. (Fundacentro 2005).

Os equipamentos de proteção individual (EPI) são usados para controlar as exposições dérmicas e respiratórias dos aplicadores de agrotóxicos. Atuam por repelência ou por impermeabilidade, e reduzem o contato direto das substâncias com os trabalhadores (LEE e OBENDORF, 2005). Diversos autores estudam a eficiência de vestimentas de proteção individual e o risco a exposição a agrotóxicos (TACIO et al 2008).

Segundo SHAW (2004), a permeabilidade é o processo pelo qual o produto químico move-se pelo material de proteção em nível molecular. As moléculas do produto químico em contato com a superfície do material são absorvidas, em seguida ocorre a difusão e dispersão

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dessas moléculas pelo lado interno da superfície do material. Os fatores que podem interferir na permeabilidade dos agrotóxicos nos materiais impermeáveis são: permeabilidade do ar (mm/s), taxa de transmissão de vapor de água (g/h.m2), viscosidade (η), tensão superficial (mN/m) dos agrotóxicos e características do material de proteção (ZHANG e RAHEEL, 2003; JAIN e RAHEEL, 2003).

Os EPI podem ser confeccionados com materiais impermeáveis não porosos, como filmes plásticos e borracha, ou com materiais porosos, como os tecidos de algodão e mistos de algodão e poliéster (SHAW, 2001). Propriedades estruturais dos tecidos como distribuição geométrica das fibras, espessura, gramatura, composição das fibras são importantes barreiras contra penetração aos agrotóxicos, pois influenciam na porosidade dos tecidos. Esses fatores devem ser considerados na seleção dos materiais de proteção e na construção de vestimentas de proteção (LEE e OBENDORF, 2005). Materiais porosos resistem a penetração pela repelência ou retenção aos agrotóxicos. Dessa forma, a repelência, retenção e ou a penetração são características usadas para medir a eficiência de materiais porosos das vestimentas de proteção contra os agrotóxicos (SHAW, 2001).

A penetração dos agrotóxicos nas vestimentas de proteção individual ocorre por meio da passagem dos agrotóxicos pelos poros, emendas e costuras (SHAW, 2001). Papini et al (2011), destacam que os fatores que alteram a permeabilidade dos tecidos de forma direta são a quantidade de lavagens e o tipo de sabão utilizado. Machera (2009), acrescenta que o design das roupas de proteção e o tipo de costura também influenciam significativamente a permeabilidade.

2.2. Legislação brasileira

O Brasil possui uma cultura de uso de EPI impulsionada pela legislação em vigor, a Norma Regulamentadora nº. 6 - NR 6 aprovada pela Portaria nº 3.214/78, do Ministério do Trabalho (Brasil, 1978), a qual determina que a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento.

É de responsabilidade do fabricante do EPI fornecer as informações referentes aos processos de limpeza e higienização, indicar, quando for o caso, o número de higienizações acima do qual é necessário proceder à revisão ou à substituição do equipamento, para garantir o nível de proteção original e indicar o Certificado de Aprovação (CA) (Brasil, 1978).

A Portaria 121, de 30 de setembro de 2009, define os requisitos obrigatórios e as normas técnicas aplicáveis aos EPI. Entretanto, até o ano de 2010 não havia sido estabelecido

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o nível de proteção dos EPI para o controle da exposição dérmica. Nesse período, nenhum EPI disponível para uso no campo, mesmo os que possuíam Certificado de Aprovação (CA) aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), passou por testes de avaliação de eficácia. Esses Certificados de Aprovação foram emitidos com a apresentação do termo de responsabilidade técnica (Brasil, 1978)

A partir da publicação da Portaria 189, de julho de 2010, foram estabelecidos os níveis de proteção dos EPI para o controle da exposição dérmica de acordo com órgãos de padronização internacional como a ISO (International Organization for Standardization - Organização Internacional de Padronização) que publicou a ISO/DIS 27065:2010 (Brasil, 2010). Estabeleceu-se a obrigatoriedade do atendimento mínimo ser o descrito no nível de desempenho 1b, o qual define que a penetração da substância teste no material para confeccionar os EPI deve ser menor ou igual a 40%, utilizando-se o procedimento da norma ISO 22608:2004.

Em 29 de junho de 2011, a Portaria 246 (Brasil 2011) alterou a Portaria 189 e estabeleceu que os EPI devem, no mínimo, atender ao descrito no nível de desempenho dois da norma ISO 27065. O nível de desempenho dois determina a redução da porcentagem de penetração, definindo que deve ser menor ou igual a 5%, pelo procedimento da norma ISO 22608:2004.

O período de garantia de proteção das vestimentas de proteção para aplicação de agrotóxicos em relação ao número de higienizações, ou seja, a vida útil dos EPI, é determinado pelo método da pipeta por meio de dois níveis penetração estabelecido na norma ISO/DIS 27065:2010, nível 1b e nível 2, sendo o primeiro para porcentagem de penetração ≤40% e o nível 2 para porcentagem de penetração ≤5%. Quando a porcentagem de penetração é superior ao nível estabelecido, é necessário proceder à revisão ou à substituição do equipamento.

As principais normas ISO utilizadas como parâmetro para avaliação de vestimentas de proteção para aplicação de agrotóxico são: ISO nº 27065, ISO nº 22608 e ISO nº 6330.

A ISO nº 6330 descreve o método de lavagem para tecidos especificando o quantitativo de água, detergente, o tempo de enxágüe, o número de centrifugações, temperatura da água e o número de lavagens. A ISO nº 22608 define a mensuração da repelência, retenção e penetração em vestimentas de proteção aos agrotóxicos, além de descrever o método da pipeta, gravimetria.

A avaliação da eficiência das vestimentas de proteção aos agrotóxicos é realizada segundo os critérios definidos pela ISO 27065, que apresenta também uma classificação

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conforme o nível de proteção. Essa norma estabelece que antes da realização de testes de eficiência as vestimentas podem ser lavadas até 30 vezes (ISO 27065:2009).

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CAPÍTULO 3 - MATERIAL E MÉTODO

3.1. Seleção do método

O presente estudo foi realizado no laboratório de Ecotoxicologia dos Agrotóxicos e Saúde Ocupacional – LABOR SEG, da Faculdade de Ciências Agrarias e Veterinárias - FCAV, da Universidade do Estado de São Paulo – UNESP, durante o primeiro semestre de 2012, com o objetivo de determinar a repelência, em materiais de vestimentas de proteção, sem e após usos e lavagens.

Foi selecionado o método da pipeta para avaliar a repelência, a retenção e a penetração dos materiais hidrorrepelentes. Por ser amplamente utilizado para avaliar a proteção dos materiais porosos das vestimentas contra agrotóxicos, tanto materiais de vestimentas novos, quanto os submetidos a tratamentos como lavagens. (RAHEEL, 1988; SHAW e HILL, 1991).

Esta metodologia foi revisada e ampliada por órgãos de padronização internacional como a ISO e a ASTM (Sociedade Americana para testes e Materiais) que deram origem as normas ISO 22608 e ASTM 2130, respectivamente.

Essas normas medem a repelência, retenção, e penetração de um volume conhecido de agrotóxico líquido aplicado na vestimenta de proteção. Este volume aplicado sobre o material de vestimentas de proteção pode ser de 0,1 e 0,2 mL simulando um baixo e um alto nível de exposição dos trabalhadores rurais.

O método da pipeta foi avaliado por Raheel (1988) em estudo de mensuração de eficiência de treze tecidos porosos e não-porosos ao inseticida carbaryl e ao herbicida atrazine. Este autor verificou uma proteção de aproximadamente 100% dos tecidos tratados com tratamento hidrorrepelentes, Tyvek®; tecido de composição 100% algodão; tecido de composição 65/35 algodão/poliéster e tecido de composição 50/50 algodão/poliéster.

Machera (2009) utilizando o método da pipeta testou tecidos de algodão hidrófilo, algodão repelente e algodão com revestimento de poliéster repelente e detectou uma proteção 5,5 vezes maior em tecidos com tratamento repelente a água em comparação os tecidos de algodão simples.

O método da pipeta, entretanto, não é indicado para aferir formulações de agrotóxicos voláteis, pois o tempo de aplicação necessário para análise seria suficiente para ter perdas do material, comprometendo a fidedignidade do resultado.

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3.2. Equipamentos utilizados

Foram utilizados na pesquisa: micropipeta; lâminas de papéis de filtro; balança com precisão de 0,0001 g; placa de acrílico de 10 x 10 cm, utilizada como base; lâmina de papel absorvente Whatman Benchkote Plus com dimensões de 8 x 8 cm; glifosato; cronômetro; pinça metálica; agrotóxico (Malathion); máquina Textiles –Domestic washing and drying procedures for textile testing, que lava a temperatura de 30ºC±3ºC, com nível de água de 13cm; o sabão de referência AATCC 1993 elencado no anexo A da norma ISO 6330:2000; o sabão líquido com branqueador, Baby Soft ®; o sabão líquido sem branqueador, Roma Coco ®, com menor preço encontrado em Ribeirão Preto.

A Figura 1 mostra a balança com precisão de 0,0001 g do laboratório de Ecotoxicologia dos Agrotóxicos e Saúde Ocupacional – LABOR SEG, da Facudade de Ciências Agrarias e Veterinarias - FCAV da Universidade do Estado de São Paulo –UNESP utilizada na presente pesquisa.

Figura 1. Balança de precisão de 0,0001 g.

3.3. Seleção do EPI

Foram selecionadas por conveniência as vestimentas utilizadas como EPI nas atividades de controle espacial do Aedes aegypti, pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Foi constatado que os conjuntos de vestimentas possuíam o Certificado de Aprovação (CA) n.13.451. Os EPI foram submetidos às rotinas de uso e lavagem nas instalações da Prefeitura

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e coletados dos exemplares com cinco, 10 e 20 lavagens. Essas vestimentas são marcadas e lavadas após cada atividade de controle com aspersão de Malathion grau técnico diluído em óleo na proporção 1:2 de duração de quatro horas.

Para as lavagens em laboratório selecionaram-se vestimentas novas com o mesmo CA, n. 13.451, adquiridos também em Ribeirão Preto no único estabelecimento que comercializava EPI desse fabricante. Os EPI foram submetidas aos mesmos números de lavagens, entretanto o procedimento de lavagens realizado no laboratório de Ecotoxicologia dos Agrotóxicos e Saúde Ocupacional – LABOR SEG, da Facudade de Ciências Agrarias e Veterinarias - FCAV da Universidade do Estado de São Paulo –UNESP seguiu as determinações da norma ISO 6330:2000.

Foram retiradas, de diversos lugares, amostras do tecido sem costura, com costura simples e com costura rebatida.

A Figura 2 mostra uma vestimenta na qual foram retiradas amostras para análise e a Figura 3 apresenta amostras dos tecidos sem costura, com costura simples e com costura rebatida, respectivamente.

Figura 2. Peça de EPI identificando os locais de retirada das amostras de tecido para análise.

Figura 3. Amostras do tecido sem costura, do tecido com costura simples e do tecido com

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Espera-se que a penetração seja maior nas regiões com costura e que a mesma seja afetada pela forma de costura, devido o ordenamento do tecido.

3.4. Procedimento de lavagem

As lavagens das vestimentas de EPI realizadas nas instalações da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto ocorrem em grupos de cinco conjuntos de vestimentas em equipamento Eletrolux® LTE09, regulada na função Turbo Limpeza - Pesada Sujo, com uma batida de aproximadamente 12 minutos e após troca da água regulada para função Limpeza Especial - Rápida durante 19 minutos.

As lavagens em laboratório foram em conformidade com a norma ISO 6330:2000, Textiles –Domestic washing and drying procedures for textile testing, no procedimento número 8A, que lava a temperatura de 30ºC±3ºC, com nível de água de 13cm, duração de três minutos com três enxagues com nível de água de 13cm e duração de três minutos. Ao longo das lavagens as amostras foram retiradas após 5, 10 e 20 lavagens.

As vestimentas foram separadas para lavagens com três tipos diferentes de sabão: o sabão de referencia AATCC 1993 elencado no anexo A da norma ISO 6330:2000 sem fosfato; o sabão líquido com branqueador, Baby Soft ®, utilizado pela Prefeitura de Ribeirão Preto e o sabão líquido sem branqueador, Roma Coco ®, com menor preço encontrado em Ribeirão Preto.

A Figura 4 apresenta o rótulo do detergente especificado pela norma ISO 6330.

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3.5. Descrição do teste de repelência, retenção e penetração.

Para a realização do teste de repelência, retenção e penetração foi utilizado o procedimento da gravimetria descrito nas normas ISO 22608:2004 (ISO, 2004) e ASTM F 2130:2001 (ASTM, 2001), que são similares. Este teste é usado para avaliar a eficiência de materiais de proteção a compostos químicos tóxicos por meio da gota dispensada com uma micropipeta.

A Figura 5 ilustra de forma esquemática a montagem para realização do procedimento de gravimetria para avaliação de eficiência de materiais por meio da gota dispensada com micropipeta.

Figura 5. Esquema de montagem do teste de avaliação de materiais repelentes, de acordo

com as normas ISO 22608:2004 e ASTM F2130:2001.

O procedimento utilizado para a contaminação das amostras dos materiais foi o descrito a seguir:

1 - Acondicionamento das amostras dos materiais e das lâminas dos papéis de filtro por 24 horas antes do teste.

2 - Pesagem, em balança com precisão de 0,0001 g (Figura 3), das amostras dos materiais e das laminas dos papéis de filtro imediatamente antes do início dos testes.

3 - Sobre uma placa de acrílico de 10 x 10 cm, utilizada como base, foram colocadas uma lâmina de papel absorvente Whatman Benchkote Plus com dimensões de 8 x 8 cm. Este papel

Pipetador

Ponteira

Distância entre a Ponteira e o centro do material em teste (3 cm) Material em Teste Placa (10 x 10 cm) com abertura central (6 x 6 cm) Placa base (10 x 10 cm) Pipetador Ponteira

Distância entre a Ponteira e o centro do material em teste (3 cm) Material em Teste Placa (10 x 10 cm) com abertura central (6 x 6 cm) Placa base (10 x 10 cm)

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tem uma face impermeabilizada com um filme de polietileno, que é colocada para baixo e voltada para a placa base.

4 - Sobre a lâmina de papel, com a face absorvente voltada para cima, foi colocada uma amostra do material de proteção em teste, com dimensões de 8 x 8 cm (Figura 5). Outra placa de acrílico de 10 x 10 cm e com uma abertura central quadrada de 6 x 6 cm, usada como uma moldura, foi colocada sobre a amostra do material de proteção em teste. A placa moldura foi utilizada para manter e uniformizar o contato entre a superfície do material em teste com o papel absorvente.

5 - Depositou-se uma gota de 0,2 mL de glifosato, com densidade de 49 dynas e viscosidade de 1,18 cP, no centro da amostra dos materiais com uma micropipeta e, ao mesmo tempo, disparou-se um cronômetro. Depois de 10 minutos, retirou-se a placa moldura e foi colocada a segunda lâmina do papel absorvente sobre o material em teste com a face impermeável voltada para cima (Figura 6). Em seguida, recolocou-se a placa moldura sobre a segunda lâmina de papel absorvente. Depois de dois minutos, desmontou-se o teste na sequência inversa de montagem com o auxílio de pinça metálica.

Figura 6. Amostra com gota de 0,2 mL de glifosato depositada com micropipeta.

6 - Após a retirada da placa moldura, foram separadas as três camadas com o auxílio de uma pinça, manipulando-as pelas bordas ou por áreas que não estivam contaminadas pela gota do agrotóxico (Figura 7), e foram pesadas em balança de precisão de 0,0001g.

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Figura 7. Separação das três camadas do teste; papel absorvente inferior (indicando

penetração), papel absorvente superior (indicando repelência) e amostra do tecido (indicando retenção).

3.6. Cálculo da porcentagem de repelência, retenção e penetração.

A porcentagem de repelência, retenção e penetração do ingrediente ativo do agrotóxico foram calculadas de acordo com o procedimento estabelecido nas normas ISO 22608: 2004 (ISO, 2044) e ASTM F 2130:2001 (ASTM 2001) com as seguintes fórmulas:

Porcentagem de repelência (PR) = Mr x (100/Mt) Porcentagem de retenção (PPR) = Mpr x (100/Mt) Porcentagem de penetração (PP) = Mp x (100/Mt) Onde:

Mr = massa (mg) da gota que foi absorvida na segunda lâmina do papel absorvente colocado sobre a amostra do material em teste.

Mpr = massa (mg) da gota que foi retida na amostra do material em teste.

Mp = massa (mg) da gota que foi absorvida na primeira lâmina de papel absorvente colocado sobre a placa de acrílico da base.

Mt = massa total (mg) da gota deposita sobre a amostra do teste.

A Figura 8 apresenta duas amostras de tecido analisadas nas quais se pode observar exemplos de alta repelência (amostra da esquerda) e baixa repelência (amostra da direita).

(26)

Figura 8. Amostras de tecido de alta repelência e baixa repelência.

3.7. Amostras

No presente trabalho, foi considerado como amostra cada recorte de material. Para cada tipo de material (tecido, costura simples, costura rebatida), tipo de sabão utilizado (detergente padrão da norma ISO, sabão líquido com branqueador, sabão líquido sem branqueador) e número de lavagens das vestimentas (nenhuma, 5, 10, 20), foram analisadas dez amostras, totalizando 390 amostras estudadas.

Houve apenas a perda de uma amostra com as seguintes características: costura simples, submetida a cinco lavagens, utilizando o detergente padrão ISO, devido a perda de informação na digitação dos valores iniciais do peso das laminas de papel.

3.8. Análise de confiabilidade estatística

Foram registradas diretamente no aplicativo Microsoft Office Excel as variáveis: número de lavagens; tipo de lavagem (lavados no campo, lavados no laboratório com sabão liquido sem branqueador, lavagem no laboratório com branqueador, lavados no laboratório com detergente padrão); tipo de material (tecido, costura simples, costura rebatida); solução aplicada (Malathion diluído em óleo, Glifosato); peso do papel filtro e do material no inicio e ao final do experimento e, posteriormente, criadas as variáveis porcentagem de penetração, porcentagem de retenção e porcentagem de repelência. O peso da gota foi calculado pela diferença entre a soma do peso do material e do peso do papel filtro no inicio do experimento e a soma do peso do material e do peso do papel filtro ao final do experimento.

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As informações registradas no Microsoft Office Excel foram convertidas pelo aplicativo Stata Transfer, em uma base de dados no formato DBF (Data base files).

Os cálculos de confiabilidade estatística foram executados no Software estatístico R. O programa R foi selecionado por ser um software aberto, gratuito e utilizado nos cursos de pós graduação das instituições públicas de ensino superior. O script dos cálculos estatísticos estão disponibilizados no Anexo I.

Para avaliar a correlação, as variáveis foram classificadas, sendo dependentes quantitativas continuas as variáveis penetração, repelência, retenção e peso da gota; sendo independente quantitativa discreta a variável número de lavagens; sendo independente qualitativa nominal as variáveis tipo de lavagem, tipo de material e tipo de solvente.

A avaliação da normalidade das variáveis continuas foi feita pelo teste de normalidade de Shapiro.

Para verificar a correlação entre as variáveis continuas sem distribuição normal (penetração, repelência e retenção) com a variável discreta (número de lavagens) foi calculado o Coeficiente de Correlação de Spearman.

O Coeficiente de Correlação de Spearman pode ser considerado como índice de monotonicidade, ou seja, para aumentos positivos da correlação, aumentos no valor de X correspondem a aumentos no valor de Y, e para coeficientes negativos ocorre o oposto. Porém o quadrado do índice de correlação não pode ser interpretado como a proporção da variância comum às duas variáveis como ocorre na correlação de Pearson, tão pouco indica tendência linear.

Para analisar a correlação entre as variáveis dependentes continuas (penetração, retenção e repelência) com a variável independente nominal (tipo de solvente - dividida nas categorias, glifosato e Malathion) foi utilizado o teste de Wilcoxon que mede a diferença da mediana entre os grupos, seguindo a lógica de diferença de posição entre os pares.

Para analisar a correlação entre as variáveis dependentes continuas (penetração, retenção e repelência) com as variáveis independentes nominais (tipo de lavagem e tipo de material), que possuem mais de dois grupos e devido a uma perda na amostra não têm o mesmo tamanha, foi utilizado o teste de Kruska-Wallis que mede a diferença da media dos postos dos grupos.

(28)

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS

Os resultados dos testes de gravimetria estão apresentados na sua integra no anexo 2. A Tabela 1 mostra os valores médios do peso do papel de filtro e do material no início e ao final do experimento pelas categorias: número de lavagens; tipo de lavagem e tipo de material. Observou-se um peso médio de gota de 0,3588g com um desvio padrão de 0,0407g.

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Tabela 1. Valores médios do peso do papel de filtro e do material no início e ao final do

experimento pelas categorias: número de lavagens; tipo de lavagem (sendo 1 para lavados no campo, 2 lavado no laboratório com sabão líquido sem branqueador, 3 lavado no laboratório com sabão líquido com branqueador e 4 lavado em laboratório com o detergente padrão); tipo de material (sendo 1 Tecido, 2 costura simples e 3 costura rebatida).

Nº de lavagens Tipo Lavagem Tipo Material Cima (g) Início Material (g) Início Baixo (g) Início Cima(g) Final Material (g) Final Baixo (g) Final 5 1 1 0,9348 0,8441 0,9681 1,2913 0,8531 0,9781 5 1 2 0,9719 1,0559 0,9690 1,2984 1,0733 0,9792 5 1 3 0,9494 1,0500 0,9673 1,0671 1,1020 1,1639 10 1 1 0,9377 0,9140 0,9402 1,0754 0,9404 1,1270 10 1 2 0,9370 1,1409 0,9321 0,9535 1,1756 1,2143 10 1 3 0,9238 1,1443 0,9335 1,0702 1,1829 1,0830 20 1 1 0,9216 0,8625 0,9396 1,0430 0,8851 1,1606 20 1 2 0,9330 1,1052 0,9342 0,9595 1,1407 1,2270 20 1 3 0,9229 1,0745 0,9358 1,0016 1,1078 1,1741 0 0 1 0,9265 0,7780 0,9484 1,2956 0,7860 0,9581 0 0 2 0,9188 1,0214 0,9087 1,2763 1,0359 0,9147 0 0 3 0,9113 1,0202 0,9181 1,2471 1,0597 0,9531 5 2 1 0,9146 0,8439 0,9355 1,2792 0,8523 0,9456 5 2 2 0,9406 1,0851 0,9477 1,2810 1,0987 0,9668 5 2 3 0,9670 1,0739 0,9569 1,2361 1,1431 0,9889 10 2 1 0,9635 0,8407 0,9558 1,3058 0,8489 0,9647 10 2 2 0,9257 1,1080 0,9099 1,2486 1,1318 0,9585 20 2 1 0,9173 0,8312 0,9159 1,2321 0,8501 0,9375 20 2 2 0,9438 1,0839 0,9463 1,1024 1,1222 1,1331 20 2 3 0,9407 1,0651 0,9333 1,2013 1,1319 0,9706 10 2 3 0,9151 1,1355 0,9285 1,1063 1,2236 0,9885 5 3 1 0,9376 0,8145 0,9171 1,2886 0,8271 0,9368 5 3 2 0,8898 1,0689 0,9160 1,1399 1,1162 0,9684 5 3 3 0,9087 1,0343 0,9141 1,1213 1,1065 0,9980 10 3 1 0,9514 0,8285 0,9368 1,3018 0,8359 0,9480 10 3 2 0,9574 1,0906 0,9551 1,2377 1,1277 0,9832 10 3 3 0,9477 1,0832 0,9610 1,1212 1,1707 1,0419 20 3 1 0,9470 0,8174 0,9469 1,2113 0,8445 0,9886 20 3 2 0,9493 1,0998 0,9603 1,1535 1,1663 1,0077 20 3 3 0,9634 1,1247 0,9560 1,1541 1,2001 1,0304 5 4 1 0,9515 0,7723 0,9652 1,1300 0,7845 1,1371 5 4 2 0,9558 1,0568 0,9581 1,2323 1,0969 0,9756 5 4 3 0,9435 1,0347 0,9554 1,1630 1,1242 1,0059 10 4 1 0,9422 0,7934 0,9431 1,2790 0,8034 0,9664 10 4 2 0,9339 1,0677 0,9494 1,1105 1,1228 1,0937 10 4 3 0,9285 1,0347 0,9408 1,1340 1,1276 1,0064 20 4 1 0,8985 0,8006 0,8996 0,9125 0,8190 1,2058 20 4 2 0,9348 1,0470 0,9242 0,9433 1,1008 1,1970 20 4 3 0,9297 1,0580 0,9478 0,9392 1,1209 1,1956

(30)

A Tabela 2 e a Figura 9 apresentam as porcentagens de repelência, retenção e penetração com zero, cinco, 10 e 20 lavagens. Utilizando como solvente o glifosato. Na Tabela 2 o N representa o número de amostras.

Tabela 2. Correlação de Spearman ( ρ ), média e desvio padrão da porcentagem de

repelência, retenção e penetração do tecido em função do número de lavagens

Figura 9: Média da porcentagem de repelência e penetração por número de lavagens

Verifica-se diminuição da repelência e aumento da penetração, com correlação moderada entre o número de lavagens e essas variáveis. Em relação à retenção, a correlação é fraca.

N° lavagens

% REPELÊNCIA % RETENÇÃO % PENETRAÇÃO

ρ = -0.43 ρ = 0.12 ρ = 0.44

Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão

Zero 90.85 10.90 5.84 9.99 3.30 3.51

Cinco 67.62 33.26 10.31 8.43 22.06 31.08

Dez 58.07 36.41 12.40 10.16 29.53 33.76

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A Tabela 3 juntamente com a Figura 10 mostram as porcentagens de repelência, retenção e penetração em relação ao tipo de sabão utilizado após 20 lavagens.

Tabela 3. P-valor do teste de Kruska-Wallis, média e desvio padrão da porcentagem de

repelência, retenção e penetração do tecido em função do tipo de sabão utilizado (detergente padrão ISO, sabão líquido sem branqueador, sabão líquido com branqueador.

Figura 10: Gráfico da média da porcentagem de penetração por número de lavagens nos

diferentes tipos de detergente utilizado

Observa-se que o sabão padrão foi o que revelou maior influência na perda de retenção e aumento da penetração, seguido pelo sabão líquido com branqueador e por fim o sabão líquido sem branqueador. Sugerindo uma perda de vida útil na capacidade de proteção do EPI com a lavagem utilizando branqueador.

Tipo de Sabão

% REPELÊNCIA % RETENÇÃO % PENETRAÇÃO

p = 0.006728 p= 5.873e-06 p= 5.789e-08 Médi a Desvio Padrão Médi a Desvio Padrão Médi a Desvio Padrão Padrão 41.15 38.44 12.70 9.61 46.15 38.86 Líquido sem branqueador 71.10 29.17 10.16 8.63 18.73 26.38 Líquido com branqueador 60.75 32.76 14.17 9.63 25.08 30.20

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O teste de Kruska-Willis demonstrou que existe diferença significativa em relação ao tipo de sabão utilizado.

A Tabela 4 apresenta os valores de média, desvio-padrão e P-valor do teste de Kruska-Wallis, da porcentagem de repelência, retenção e penetração, realizados no tecido, em função do tipo de material (costura simples e costura rebatida).

Tabela 4. P-valor do teste de Kruska-Wallis, média e desvio padrão da porcentagem de

repelência, retenção e penetração do tecido em função do tipo de material (tecido, tecido com costura simples, tecido com costura rebatida)

Constata-se que a presença de costura afeta a perda de repelência. Foi observado um acréscimo na penetração devido a presença de costura, sendo a costura simples a com maior penetração. Observam-se também diferenças na retenção, sendo a costura rebatida a com maior porcentagem de retenção, seguida pela costura simples. O tecido liso revelou possuir uma baixa retenção.

Essa análise mostra que uma perda significativa da repelência não indica necessariamente um ganho significativo na penetração, pois essa perda pode ser atribuída a retenção.

A Tabela 5 Número e média da porcentagem de repelência, retenção e penetração do tecido em função do número de lavagens, das lavagens realizadas em laboratório utilizando o detergente padrão ISO e o sabão com branqueador e das lavagens realizadas em campo com sabão com branqueador.

Verifica- se que para ensaios em laboratório não há diferença na repelência entre cinco e 10 lavagens, independente do tipo de sabão utilizado. Contudo, há diferença entre 10 e 20 lavagens. Observa-se que até cinco lavagens os tecidos usados em campo apresentaram Material

% REPELÊNCIA % RETENÇÃO % PENETRAÇÃO

p< 2.2e-16 p< 2.2e-16 p= 5.156e-12

Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Tecido liso 69.05 39.28 4.22 2.39 26.73 37.94 Costura simples 55.47 38.70 10.08 6.84 34.45 36.91 Costura rebatida 48.10 28.90 19.02 9.11 32.87 29.37

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menor perda de repelência, entretanto, após um número maior de lavagens (10 e 20) apresentam as maiores perdas de repelência.

Por ser um experimento que deteriora os tecidos usados em campo, inviabilizando retestagens dos mesmos tecidos, não é possível inferir muito. Porém, os dados indicam um desgaste abrasivo pelo uso, enquanto os resultados encontrados em laboratório indicam uma perda de repelência por efeito químico, possivelmente com a goma do tecido.

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Tabela 5. Número e média da porcentagem de repelência, retenção e penetração do tecido em função do número de lavagens, das lavagens

realizadas em laboratório utilizando o detergente padrão ISO e o sabão com branqueador e das lavagens realizadas em campo com sabão com branqueador.

N° lavagens

% REPELÊNCIA % RETENÇÃO % PENETRAÇÃO

ISO Branquiador Campo ISO Branquiador Campo ISO Branquiador Campo

Zero 90.85 90.85 90.85 5.84 5.84 5.84 3.30 3.30 3.30

Cinco 56.22 63.83 70.66 13.58 13.25 7.10 30.20 22.91 22.24

Dez 61.78 62.93 36.88 13.27 12.55 11.15 24.95 24.52 51.97

(35)

A tabela 6 mostra a diferença na porcentagem de repelência, retenção e penetração segundo comparação da metodologia da granulometria aplicando glifosato e aplicando

Malathion.

Tabela 6. P-valor do teste de Wilcoxon, média e desvio padrão da porcentagem de repelência, retenção e penetração do tecido em função do tipo de solvente (Glifosato e Malathion).

Verificou-se um valor na porcentagem de retenção praticamente três vezes superior, quando se utiliza o Malathion diluído em óleo quando comparado com o glifosato. Esse resultado é decorrente da imprecisão do método para análise do uso do Malathion. Pois, foi observado visualmente uma quantidade de solução sobre o material após o tempo de 10 minutos com o papel de absorção, mesmo após trocas seqüenciais do papel superior. Houve absorção pelo papel. Indicando que parte que deveria ser considerada repelência estava sendo contada como retenção. Essa observação compromete a fidedignidade dos dados encontrados, inviabilizando a análise desses resultados.

O peso da gota teve uma média de 0.3588g, um desvio padrão de 0.0406, uma mediana de 0,3631g e uma diferença entre o terceiro e o primeiro quartil de apenas 0.0123g. Essa baixa diferença entre os quartis, a proximidade do valor do peso médio de gota e do valor da mediana do peso da gota e o baixo desvio padrão do peso da gota evidenciam uma constância no peso da gota, ou seja, houve uma padronização da dispensação de solução aplicada no experimento. Portanto, não é significativo o efeito da gravidade nos valores da penetração, retenção e repelência.

Solvente

% REPELÊNCIA % RETENÇÃO % PENETRAÇÃO

p = 1.01e-11 p < 2.2e-16 p = 0.0001035 Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Glifosato 67.49 36.85 11.16 10.10 13.74 35.01 Malathion 48.35 31.46 30.80 10.81 13.12 32.65

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CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO

A escolha de analise do cálculo da penetração se deu por essa ser a variável que impacta diretamente na saúde do trabalhador. Tendo em vista que quando ocorre a penetração houve uma exposição dérmica não controlada com o aplicador entrando em contato com o agrotóxico, sinalizando uma ineficiência do EPI.

A metodologia da gravimetria se mostrou de fácil execução, apesar de ser um procedimento trabalhoso quando se analisa muitas amostras. Entretanto, não foi precisa quando o solvente utilizado foi o óleo. Nesse caso, foi observando visualmente material repelido depositado sobre a amostra. Mesmo após sucessivas trocas de papel filtro com aguardo de 10 minutos sobre o material gotejado, havia absorção do agrotóxico pelo papel filtro. Essa situação não foi constatada no papel de filtro referente a penetração. Em função dessa fragilidade do método, não se pode fazer inferências seguras dos resultados encontrados quando se utilizou o Malathion diluído em óleo.

Outra limitação do método é em relação ao item 8.1.2 da norma ISO 22608/2004 que permite o uso de praticamente qualquer líquido para a realização do teste, independente do grau de viscosidade. Isso possibilita o uso de líquidos com alta viscosidade o que resultaria em baixa penetração, inviabilizando uma análise precisa desse aspecto.

O teste da gravimetria considera que o valor médio de 10 amostras é suficiente para determinar a porcentagem da penetração, repelência e retenção, sendo desnecessário assegurar estatisticamente que o valor encontrado encontra-se dentro do limite esperado. Em amostras com grande variância, como foi o caso estudado, o valor médio não garante segurança quanto a efetividade da vestimenta de proteção individual.

A partir da publicação da Portaria 189, de julho de 2010, estabeleceu-se que os níveis de proteção dos EPI, para o controle da exposição dérmica, deveriam atender, no mínimo, ao descrito no nível de desempenho 1b, o qual definia que a penetração da substância teste no material para confeccionar os EPI deve ser menor ou igual a 40%, utilizando-se o procedimento da norma ISO 22608:2004. Entretanto, em 29 de junho de 2011, a Portaria 246 (Brasil 2011) alterou a Portaria 189 e estabeleceu que os EPI devem, no mínimo, atender ao descrito no nível de desempenho dois da norma ISO 27065. O nível de desempenho dois determina a redução da porcentagem de penetração para menor ou igual a 5%.

O conjunto de vestimenta estudado se classificava como nível dois de repelência, conforme a norma ISO 22608, tendo repelência superior a 90% e penetração inferior a 5%, quando o tecido é novo. Coerente com os resultados encontrados por Saleh et al. (1998) que

(37)

também verificaram baixa penetração dos inseticidas propoxur, permethrin/pyrethrins e

chlorpyrifos/allethrin em tecidos novos 100% de algodão.

No entanto, após cinco e 10 lavagens, foram observados níveis que correspondem a classificação 1b da norma ISO 22608, com porcentagens de penetração inferiores a 40%. Após 20 lavagens, as porcentagens de penetração não se enquadram em nenhum nível estabelecido nas normas, conforme demonstrado na Tabela 1.

Portanto, se fosse considerado o estabelecido na Portaria 189, de 22 julho de 2010, os materiais das vestimentas de EPI seriam aprovados para utilização até 10 lavagens. Porém, conforme a legislação vigente, a Portaria 246 de 29 de junho de 2011, o EPI só poderá ser utilizado uma única vez, pois após lavado não se enquadra mais no padrão de desempenho dois da norma ISO 27065, que determina a porcentagem de penetração para menor ou igual a 5%. É economicamente insustentável que os EPI possam ser utilizados apenas uma vez, logo os EPI’s precisam ser melhorados.

A penetração apresentou uma relação dose resposta direta em relação ao número de lavagens, verificando-se um aumento da penetração com o aumento do número de lavagens. Segundo o coeficiente de Spearman com valor de “rho” de 0,44, sendo uma correlação moderada. A repelência, entretanto, demonstrou uma relação dose resposta inversa em função do número de lavagens, observando-se diminuição da repelência com o aumento do número de lavagens. Tendo uma correlação moderada com “rho” de – 0,43. A retenção não apresentou correlação com o número de lavagens tendo um “rho’ de 0.27, mas verificou-se que houve diferença entre ser lavado e não ser lavado.

Constatou-se que os tecidos testados também apresentaram alta repelência, em conformidade com os resultados em tecidos de algodão para atrazina, 0,23%, encontrados por Shaw, 2001.

Em relação ao tipo de sabão utilizado (Tabela 2), verificou-se que o EPI lavado com sabão padrão ISO é o que apresentou menor repelência, seguido pelo sabão líquido com branqueador. O EPI lavado com sabão líquido sem branqueador foi o que demonstrou maior porcentagem de repelência. Não houve diferença significativa entre a porcentagem de retenção e o tipo de sabão utilizado. Em relação à penetração, observou-se maior porcentagem com o uso do sabão padrão ISO, seguido pelo sabão com branqueador e por fim o sabão líquido sem branqueador. O sabão padrão da norma afeta mais de duas vezes a diminuição da penetração em relação aos sabões líquidos normalmente utilizados. O p-valor muito abaixo de zero do teste de Kruskal-Walls respalda as diferenças encontradas.

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A Associação Nacional de Defesa Vegetal - ANDEF 2003 sugere a não utilização de branqueadores e indica o uso de sabão neutro na higienização dos EPI alegando uma maior vida útil das vestimentas. Os resultados encontrados corroboram essas sugestões.

A influência do tipo de sabão no percentual de penetração sugere algumas hipóteses. Talvez, o branqueador por meio de um processo químico remova uma substância presente nos tecidos, por exemplo, a goma utilizada nos tecidos, essa substância contribuiria com a repelência. O sabão sem branqueador interferiria menos na retirada dessa substância.

Quando se avalia a presença e tipo de costura (Tabela 3), temos um p-valor extremamente baixo no teste de Kruskal-Walls indicando diferenças significativas nos valores encontrados. Observou-se que o tecido sem costura apresentou a maior repelência, seguido pelo de costura simples, sendo a costura rebatida a com menor repelência. Em relação a retenção temos a relação inversa, a costura rebatida demonstrou a maior porcentagem de retenção. Os dados mostram que uma perda na repelência pode ser compensada com um aumento na retenção sem ser diretamente compensada por um aumento na penetração.

Todos esses dados podem subsidiar as definições dos padrões adequados a serem considerados na elaboração de normas sobre EPI. Por exemplo, de forma prática, o estudo sugere que os projetos de vestimentas de proteção tenham menor número de costuras, principalmente evitar costuras rebatidas.

Foi observado que o uso em laboratório do mesmo sabão utilizado em campo, mas seguindo o procedimento de lavagem da norma ISO, apresenta uma media de repelência 32% maior e de penetração 44% menor do que o provocado pelo desgaste de campo. Quando se categoriza por número de lavagens, foi observado que até cinco lavagens não houve diferença na porcentagem de repelência nem na de penetração entre lavagens realizadas no laboratório e o desgaste de campo. No entanto, com 10 lavagens constatou-se repelência 70% maior no procedimento realizado em laboratório e com 20 lavagens a porcentagem de repelência é 84% maior quando realizado em laboratório, seguindo a norma ISO.

Em relação ao aumento da penetração devido ao desgaste e as lavagens de campo, após 10 e 20 lavagens verificou-se um aumento na penetração de aproximadamente 2,15 vezes em ambos os números de lavagens.

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CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo investigar a eficiência dos materiais dos conjuntos de vestimentas de proteção individual e o acumulo de resíduos de agrotóxicos, após usos e lavagens, contribuindo para realização de atividade segura nas ações de controle químico da dengue. Analisou-se o percentual de repelência, retenção e penetração das vestimentas de proteção individual utilizadas nas atividades de controle espacial da dengue, em diferentes características do material, tipos de detergente distintos e procedimentos de lavagem comparando ensaios de laboratório com os procedimentos realizados nas atividades de campo.

O estudo foi inovador ao comparar situação de campo com ensaios laboratoriais envolvendo EPI utilizados em saúde publica e analisar a viabilidade das normas pertinentes a avaliação das vestimentas de proteção individual. Os resultados também contribuem para ampliação dos conhecimentos sobre segurança no trabalho na utilização de agrotóxicos. É importante salientar que isso foi conseguido com base em uma metodologia que respeitou os preceitos da metodologia cientifica e da ética em pesquisa.

O estudo também contribuiu para o desenvolvimento de metodologia mais eficiente. Por meio da construção do banco de dados, diretamente no Excel, em conformidade com estrutura de um banco em formato DBF, esta inovação na coleta de dados proporcionou maior fidedignidade dos registros, redução de tempo e otimização das análises.

Uma das principais contribuições desse trabalho foi oferecer informações sobre a influência do número de lavagens nas porcentagens de repelência e penetração. O número de lavagens mostrou uma relação dose resposta com a repelência e a penetração, sendo inversamente proporcional a repelência e diretamente proporcional a penetração.

Constatou-se que o sabão líquido sem branqueador teve porcentagens de penetração menor que o sabão líquido com branqueador, sugerindo ser melhor para ampliação da vida útil do EPI.

Como resultado adicional, foi observado que a presença de costuras aumenta a penetração e retenção de agrotóxicos sendo melhor para um design mais eficaz para o EPI diminuir a presença de costuras na vestimenta.

Os resultados deste estudo incluem implicações relevantes, porém algumas limitações devem ser consideradas. Apesar do padrão de lavagem realizado em laboratório gerar resultados comparáveis com outras pesquisas, o procedimento é diferente da lavagem realizada em campo, portanto não se pode avaliar a perda de eficiência causada pelo desgaste

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de campo. Além disso, a metodologia adotada impossibilita o teste diretamente com o

Malathion diluído em óleo, forma como é utilizada para o controle da dengue, pois o papel

não absorve essa mistura.

Identifica-se a pertinência da realização de estudos que aprofundem e ampliem os conhecimentos sobre as exposições dérmicas as quais os trabalhadores que utilizam essas vestimentas em saúde pública estão vulneráveis, bem como os projetos e ergonomia na utilização desse EPI. Sugere se, ainda, como temas a serem abordados em pesquisas futuras estudos da interferência da gravidade e da capilaridade no método da pipeta, estudos em outros tecidos e não tecidos, a padronização do uso da água destilada no método e parâmetros de conforto térmico na seleção de vestimentas de proteção.

Uma vez que foi detectada alterações dos resultados devido a solução empregada, sugere-se estudar as porcentagens de penetração, repelência e retenção em demais modelos de vestimentas com diferentes tecidos e CA e com os demais inseticidas utilizados em saúde pública (alfa cipermetrina, deltametrina, fenitrotion, etc.).

Outras pesquisas podem ampliar os estudos buscando correlação com outros parâmetros, como granulometria, tipos de lavagems, partes da vestimenta e desgastes de campo.

Os resultados do estudo identificam peculiaridades da legislação vigentes que devem ser considerados.

As vestimentas testadas teriam porcentagens de penetração inferiores a 5%, conforme exigência da legislação em vigor, apenas quando não são submetidas a lavagens, sendo assim, só podem ser utilizadas uma única vez.

Os critérios para aprovação segundo o método da gravimetria, adotados pela portaria 246, não considera a dosagem, a toxidade nem a exposição dérmica aos quais os EPI então sendo sugeridos. O critério de porcentagem de penetração é um critério incompleto para aprovação de um EPI como medida de proteção.

Sugere se ao Programa Nacional de controle da Dengue elaboração de descritivo de exigências técnicas na compra de vestimentas de proteção individual que garantam uma maior vida útil do EPI, uma vez que os CA não tem cumprido com essa função.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL – MINISTÉRIO DA SAÚDE (2002) Portaria nº1347/GM, julho de 2002.

BRASIL - MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (1978), Norma Regulamentadora nº 6, aprovada pela Portaria no 3.214/78.

BRASIL - MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (2011). Portaria 246 de 29 de junho de 2011.

BRASIL - MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (2010), Portaria 189, de julho de 2010

EDWARDS, J. W.; LEE, S. G.; HEATH, L. M. & PISANIELLO, D. L. (2007) Worker exposure and a risk assessment of malathion and fenthion used in the controle of Mediterraean fruit fly in South Australia. Environmental Research, New ork, v. 103, n. 1, p. 38 – 45, jan.

FELDMAN, R.S. & MAIBACH, H.I. (1974) Percutaneous penetration of some pesticides and herbicides in man. Toxicology and Applied Pharmacology, v.28, p.126-132.

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