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CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS EM CULTIVOS COMERCIAIS COMO ALTERNATIVA AO USO DE AGROTÓXICOS

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Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.1, n.2, p.01-09 de julho/dezembro de 2006 http://revista.gvaa.com.br

CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS EM CULTIVOS COMERCIAIS

COMO ALTERNATIVA AO USO DE AGROTÓXICOS

Alan Martins de Oliveira

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN / Faculdade de Ciências Econômicas. E-mail: alanmartins@uern.br

Patrício Borges Maracajá

Universidade Federal Rural do Semi-árido/UFERSA. E-mail: patrício@ufersa.edu.br

Edimar Teixeira Diniz Filho

Eng. Agr. M. Sc. SEAPAC Praça Coração de Jesus, s/n Centro – Mossoró/RN. E-mail: edimar_diniz@mikrocenter.com.br

Paulo César Ferreira Linhares

Aluno de Mestrado em Agronomia-Fitotecnia , Departamento de Ciências Vegetais – UFERSA, Caixa Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN. 1. E-mail:

paulolinhares@ufersa.edu.br.

RESUMO - Objetivando mencionar as possibilidades do uso de controle biológico em

cultivos comerciais por meio de predação, parasitoidismo e entomopatogenia, este artigo tomou por base dados obtidos por meio de análise em literatura pertinente. Conforme as referências literárias utilizadas como fonte deste trabalho, é possível afirmar, a respeito do controle biológico de pragas, que os entomatógenos são os indivíduos mais utilizados em programas de controle biológico, em função da eficiência. Todavia, o predatismo e parasitoidismo podem ser incluídos em tais programas, com relativo sucesso, desde que utilizados em conjunto com técnicas agroecológicas de manejo.

Palavras-chave: Controle biológico, predação, parasitoidismo e entomopatogenia

ABSTRACT - Aiming at to mention the possibilities of the use of biological control in

commercial cultivations through predators, parasites and causal agents of diseases in insects, this article took for base given obtained through analysis in pertinent literature. As the literary references used as source of this work, it is possible to affirm, regarding the biological control of curses, that the causal agents of diseases in insects are the individuals more used in programs of biological control, in function of the efficiency. Though, the predators and parasites can be included in such programs, with relative success, since used together with ecological techniques of handling.

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INTRODUÇÃO

O uso indiscriminado de agrotóxicos tem sido o padrão de controle de pragas em diversas culturas plantadas comercialmente no Brasil e em diversas partes do mundo.

Com isso, os mais variados desequilíbrios ecológicos têm sido verificados em tais plantios, que vão desde a superpopulação de pragas, “seleção” de biótipos resistentes, poluição de solos e aqüíferos até prejuízos à saúde humana e animal (GALLO et al., 1988; MONTEIRO et

al., 2002; FREITAS, 2003;

TRINDADE, 2005; OLIVEIRA, 2005). Gallo et al. (1988) acrescenta que por causa da agricultura, o ser humano tem proporcionado alimento abundante para os insetos e com isto, tem ocorrido o crescimento vultoso de suas populações.

Por outro lado, referindo-se à cultura do melão no Brasil, o COEX – Comitê Executivo de Fitossanidade do Rio Grande do Norte – menciona que os fruticultores que destinam sua produção para exportação, têm recebido forte pressão dos importadores, especialmente da Europa, no que diz respeito à segurança fitossanitária – entendida como uma necessidade essencial o fato da fruta apresentar a menor quantidade possível de resíduos agroquímicos, infestação por pragas e contaminação microbiológica (COEX, 2005).

Com efeito, uma possibilidade para esta redução é a substituição, mesmo que gradativa, dos inseticidas químicos pelo controle biológico de pragas, que pode ser entendido como o controle de insetos nocivos às culturas comerciais por meio do uso de inimigos naturais. Trata-se de uma estratégia muito usada tanto em sistemas agroecológicos, como

na agricultura convencional que se vale do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Maracajá (2005) relata que o controle biológico pode ser de três tipos: clássico (introdução de organismos para controle de uma praga numa dada região), natural (favorecer as populações de inimigos naturais, por exemplo, não usando produtos químicos que os afetem) e aplicado (multiplicação em laboratório dos inimigos naturais e aplicação em campo).

Na realidade brasileira, Parra & Zucchi (2004) mencionam que as tecnologias de controle biológico ainda são pouco estudadas, sendo limitado o número de pesquisadores que trabalham com esta linha de pesquisa.

Ressalta-se ainda, que o controle biológico pode ser usado concomitantemente com o uso de produtos químicos, desde que o pesticida seja seletivo para a praga alvo.

Conforme preconizam Gonring et al. (2003), a seletividade de inseticidas pode ser classificada em ecológica e fisiológica. A seletividade ecológica é obtida pela adoção de técnicas de aplicação que minimizem a exposição do inimigo natural ao inseticida. Já a seletividade fisiológica é obtida pelo emprego de inseticidas seletivos, ou seja, de compostos que são mais tóxicos às pragas do que aos inimigos naturais, devido às variações na sensibilidade destes organismos ao pesticida.

Dado este contexto e considerando que existem três tipos de inimigos naturais: predadores, parasitóides e entomopatógenos, que podem ser utilizados em plantios comerciais visando restabelecer os níveis de populações de insetos em equilíbrio, este trabalho tem como objetivo mencionar as possibilidades do uso de controle biológico em cultivos comerciais, por meio de predação, parasitismo e entomopatogenia. Para tanto, baseou-se em dados obtidos por meio de análise em literatura pertinente.

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2. Histórico do método de controle biológico de pragas

Gallo et al. (1988), citando fatos históricos a respeito do controle biológico de pragas, mencionam que o conhecimento da existência de inimigos naturais de insetos remonta ao século III com os chineses usando formigas predadoras contra insetos de citros.

No começo do século XVIII, pássaros predadores e joaninhas foram usados como agentes de controle natural na Europa, onde chegaram a ser feitas transferências de insetos predadores para combater surtos de pragas. Paralelamente, os naturalistas europeus evidenciaram a importância de himenópteros da família Ichneumonidae que parasitavam lagartas.

Os autores acrescentam que em 1870 foi feita a primeira tentativa oficial de controlar insetos por meio de patógenos. A primeira transferência internacional de um predador (ácaro) foi realizada em 1873, dos Estados Unidos para a França, com a finalidade de controlar Philloxera.

Todavia, o primeiro grande sucesso de transferência de insetos se deu na Califórnia, da joaninha Rodolia

cardinalis trazida da Austrália em 1888

para controlar o pulgão branco dos citros, Icerya purchasi. A partir de então, o controle biológico expandiu-se e, atualmente se registram casos de controles bem sucedidos em diversas partes do mundo.

Ricardo & Campanili (2005) mencionam que nas décadas de 1920 e 1930, começam a surgir opositores ao padrão químico de produção, moto mecânico e genético da agricultura, o que impulsionou o surgimento de algumas vertentes alternativas que valorizavam o potencial biológico dos processos produtivos.

Na Europa, de acordo com os autores em epígrafe, surgiram as vertentes biodinâmica, orgânica e biológica e, no Japão, a agricultura natural. Não obstante, no final da década de 1960, tornaram-se mais evidentes os danos ambientais provocados pela agricultura convencional, especialmente porque este período coincide com a chamada revolução verde, que entre outros padrões tecnológicos, enfatizava o uso de agrotóxicos com maior poder biocida e a produção de monoculturas em larga escala (ALMEIDA, 2001).

Nas últimas três décadas, no entanto, com o aprimoramento e difusão dos métodos alternativos, o controle biológico passou a ser uma ferramenta usual neste tipo de manejo (CCA, 2005). Prova disto, a Associação de Agricultura Orgânica, em suas “Normas de Produção Orgânica” para concessão de certificação orgânica, no item “produtos e técnicas permitidas”, menciona textualmente o uso de controle biológico como um procedimento adequado ao método de produção orgânica: “Controle biológico:

aumento ou diversificação da população de inimigos naturais, que inclui a sua multiplicação e soltura nos campos” (AAO,

2004, p.09).

Por sua vez, o MIP, procedimento que também tem sido implantado nos últimos anos, propõe a associação do controle biológico com o controle químico, tendo a preocupação de reduzir o uso deste último o quanto for possível.

No que se refere às pesquisas científicas a respeito do controle biológico, já existem muitos trabalhos publicados em diversas partes do mundo. Não obstante, o maior problema apontado por Parra & Zucchi (2004), é que muitas vezes os trabalhos se restringem às pesquisas laboratoriais, cuja aplicabilidade dos resultados para as condições de campo são limitadas, como por exemplo: a quantidade de insetos atacados pelo inimigo natural e o número de insetos que devem ser liberados para que o controle biológico seja eficaz, bem como, insuficientes análises econômicas de viabilidade.

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Corroborando com esta prerrogativa, Mendes et al. (2005) acrescentam ainda que o estudo dos aspectos técnicos e econômicos da criação do inimigo natural é fundamental para o seu emprego efetivo como agente de controle biológico no campo. Todavia, as pesquisas ainda são limitadas nestas vertentes.

3 Classificação dos inimigos naturais

Existem três tipos de inimigos naturais de pragas que podem ser utilizados em sistemas orgânicos de produção ou em sistemas cujo o MIP está implantado, são eles: predador, parasita e entomopatógeno.

a. Predador

Predador é um organismo de vida livre que durante todo o ciclo de vida devora suas presas. Na entomologia, é usualmente maior que a presa e requer a morte de mais de um indivíduo para completar o seu desenvolvimento (GALLO et al., 1988). Alguns

indivíduos fora da Classe insecta podem estar incluídos na categoria dos predadores, como por exemplo, algumas espécies de pássaros. Todavia, a possibilidade do uso destes indivíduos em programas de controle biológico é praticamente inviável e, por isso, não são considerados neste artigo.

Gallo et al. (1988) acrescentam que existe registro de 32 famílias de insetos contendo predadores, dentre as quais, as consideradas principais são: Pentatomidae (percevejos), Reduviidae (percevejos zelus), carabidae

(coleópteros), coccinellidae (coleópteros – joaninha), Chrysopidae

(neurópteros – bicho lixeiro), Syrphidae

(dípteros) e Formicidae (formigas).

A respeito dos coccinelídeos, um dos grupos mais importantes de predadores, Oliveira et al. (2004), estudando a predação de três espécies de joaninhas no ciclo biológico do pulgão gigante dos pinus (Cinara atlântica), verificaram que ninfas da praga são adequadas como alimento para as três espécies de coccinelídeos, assegurando seu desenvolvimento e reprodução. Logo, tais coleópteros podem contribuir para a redução da população de Cinara no campo.

Todavia, Cividanes & Yamamoto (2002) acrescentam que determinadas técnicas de cultivo contribuem para o favorecimento de predadores. Eles estudaram a influência da consorciação das culturas de soja e milho e do plantio direto na dinâmica populacional das pragas e dos seus inimigos naturais nas condições de Jaboticabal-SP. Concluíram que na soja, adultos de Anticarsia gemmatalis e do predador Cycloneda sanguinea foram mais abundantes em plantio direto. Nas condições de consorciação, verificou-se baixo número de Diabrotica gracilenta na soja, enquanto que os predadores C. sanguinea, Doru sp.,

Geocoris sp. e Toxomerus sp. ocorreram em

alta densidade.

A respeito da análise de viabilidade de multiplicação e uso de predadores em campo, Mendes et al. (2005) estimaram o custo de produção por indivíduo do predador Orius

insidiosus, considerando uma produção de

33.000 percevejos.mês-1, na ordem de US$ 0,069, levando-se em consideração custos fixos e variáveis. Este parâmetro é decisivo na criação massal do referido predador, visando sua utilização como agente de controle biológico de tripes.

b. Parasita (parasitóide)

Os parasitas de insetos possuem tamanho inferior ao seu hospedeiro e exigem apenas um indivíduo para completar o seu desenvolvimento. Em função de seu tamanho reduzido são chamados de parasitóides (Gallo

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O parasitismo pode ocorrer nas diversas fases de desenvolvimento da praga: ovo, larva (ninfa), pupa e adulto. O inseto penetra na estrutura física do hospedeiro, normalmente matando-o após determinado tempo.

As principais famílias de parasitóides são, na ordem hymenoptera: Braconidae, Cynipidae,

Icneumonidae, Pteromalidae, Eulophidae e Tachinadae; e, na ordem

Díptera: Tachinadae.

Alguns exemplos de aplicação prática no Brasil são apresentados por Maracajá (2005): Parasitóide Cotesia

flavipes, foi introduzido no país para

controlar a broca da cana; O Trissolcos

basalis, nativo do Brasil, é utilizado

como controle do percevejo da soja; e, o

Trichogramma pretiosum, foi

introduzido para controle da broca do tomate.

A respeito do gênero

Trichogramma, Parra & Zucchi (2004),

fazem um levantamento dos programas de utilização destes parasitóides em vinte anos de existência do Núcleo de Pesquisa da ESALQ, em Piracibaca-SP. Além do uso no tomate, o

Trichogramma também já é utilizado

em campo, na cana-de-açúcar, parasitando ovo de broca da cana (BOTELHO et al., 1995); no milho, parasitando ovo de Helicoverpa (SÁ et

al., 1993), e de Spodoptera frugiperda

(BESERRA & PARRA, 2005); em feijão e soja, parasitando ovo de A.

gemmatalis e na laranja, parasitando

ovo de E. aurantiana.

Parra & Zucchi (2004), referem-se ainda ao fato de que a maior carência no estudo de Trichogramma está relacionado à seletividade de produtos químicos e à análise de eficiência e custo, se são compatíveis com a rentabilidade da cultura e comparável a métodos de controle tradicionais.

c. Entomopatôgeno

Os entomopatógenos responsáveis pelas doenças de insetos, são: vírus, fungos, bactérias e nematóides (Gallo et al., 1988). Na prática, estes indivíduos são os mais usados nos métodos de controle biológico.

Um aspecto importe no uso dos referidos inimigos naturais, é o método de multiplicação em laboratório, que requer técnicos especializados, bem como a necessidade de se purificar o material, pois nesta etapa de multiplicação se usa com freqüência a própria praga como hospedeira.

Entretanto, vários estudos são direcionados para a utilização de hospedeiros alternativos, como o trabalho produzido por Maracajá et al. (1999), que após ter identificado a infectividade do VPNA (Vírus da Poliedrose Nuclear) de Agrotis segetum, realizaram ensaios com larvas em vários estágios de dois hospedeiros alternativos:

Agrotis ipsilon e Peridroma saucia, porém, a

baixa produtividade do baculovirus em ambos os casos, inviabiliza economicamente o uso destes hospedeiros.

Em outra linha de pesquisa, Neves & Hirose (2005), estudando o fungo Beauveria

bassiana, entomopatógeno da broca-do-café, Hypothenemus hampei, avaliaram a virulência

de 61 isolados do fungo. Como resultados, o isolado CG425 apresentou maior mortalidade total e maior taxa de esporulação e o isolado CB102, apresentou maior produção de conídios sobre os cadáveres. Esses isolados apresentam potencial para serem utilizados em programas de controle biológico da broca-do-café com B. bassiana.

Contudo, já existem vários exemplos da utilização destes inimigos naturais, que após identificados são multiplicados em laboratório e aplicados em campo. Na Tabela 01, estão apresentados alguns exemplos de sucesso destes agentes biológicos, com as respectivas pragas-alvo e os métodos de aplicação.

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TABELA 01 – Exemplos de microorganismos usados no controle biológico de pragas

Agente Biológico O que ele ataca Como se aplica

Fungo Metarhizium

anisopliae

Cigarrinha da folha da cana-de-açúcar

O fungo é pulverizado e, em contato com o corpo do inseto, causa doença.

Fungo Metarhizium

anisopliae

Broca dos citrus O fungo é polvilhado nos buracos da planta contaminando a praga.

Fungo Beauveria

bassiana

Besouro "moleque-da-bananeira"

O fungo é aplicado em forma de pasta em pedaços de bananeira que são colocados ao redor das árvores servindo de isca.

Fungo Insectonrum

sporothrix

Percevejo "mosca-de-renda"

O fungo é pulverizado e, em contato com o corpo do inseto, causa doença.

Vírus Baculovírus

anticarsia

Lagarta da soja Pulverizado sobre a planta o vírus adoece a lagarta que se alimenta das folhas.

Vírus Baculovírus

spodoptera

Lagarta do cartucho do milho

Pulverizado sobre a planta, o vírus adoece a lagarta que se alimenta da espiga em formação.

Vírus Granulose Mandorová da mandioca Pulverizado sobre a mandioca o víris é nocivo à praga.

Nematóide Deladendus

siridicola

Vespa-da-madeira Em forma de gelatina, o produto é injetado no tronco da árvore esterelizando a vespa.

Bactéria Bacillus

thuringiensis

Lagartas desfolhadoras Pulverizado sobre a planta o Dipel é nocivo às lagartas

Fonte: Almeida (2001)

4 Estratégias para o manejo agroecológico de pragas

Segundo os princípios da Agroecologia, a superação do problema do ataque de pragas só será alcançada por meio de uma abordagem mais integrada dos sistemas de produção (RICARDO & CAMPANILI, 2005). Isso significa intervir sobre as causas do surgimento de tais pragas e aplicar o princípio da prevenção, buscando a relação do problema com a estrutura e fertilidade do solo, e com o desequilíbrio nutricional e metabólico das plantas.

O controle biológico, assim como qualquer estratégia dentro de um sistema agroecológico de produção, jamais poderá ser a única solução, mas deve ser apenas o veículo para que conhecimento e experiência acumulados se manifestem na busca de soluções específicas para cada área produtiva.

Para se aplicar adequadamente o

manejo agroecológico de pragas, o roteiro a seguir é apontado por Burg & Mayer (1999):

1° Reconhecimento das pragas-chave da cultura: Identificar qual o organismo que

causa maior dano à cultura, é fundamental para a adoção de práticas que incentivem a reprodução de seus principais inimigos naturais ou que criem condições ambientais desfavoráveis à multiplicação do organismo indesejável.

2° Reconhecimento dos inimigos naturais da cultura: Conhecer as principais espécies

de inimigos naturais e favorecê-las através de diversas práticas, como manejo do mato nativo, adubação orgânica, preservação de

fragmentos florestais e consórcios, entre outras.

3° Amostragem da população dos

organismos prejudiciais: Monitorar a

presença das pragas através da contagem de ovos, larvas e organismos adultos.

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Determinadas pragas persistem no ambiente e podem ultrapassar os limites do equilíbrio. Nestes casos, a adoção apenas de medidas preventivas não é suficiente. Assim, quando existem ameaças destes insetos promoverem um dano econômico às culturas, se faz necessário a adoção de práticas "curativas", que atuam como "remédios" para as plantas, como por exemplo o uso das caldas bordalesa ou sulfocálcica.

5 Considerações finais

O controle biológico de pragas é um procedimento útil na tentativa de minimizar os efeitos do uso desordenado de agrotóxicos na

agricultura, tanto em produções orgânicas, como em programas de Manejo Integrado de Pragas.

As três categorias de inimigos naturais de pragas, podem ser usadas em programas que possuam esta finalidade. Todavia, as pesquisas analisadas nesta revisão de literatura na são conclusivas quanto aos procedimentos técnicos, comparação de eficiência com os métodos químicos e análise de viabilidade econômica.

Em se tratando de uma proposta de manejo agroecológica, o roteiro a ser seguido exige os seguintes passos: reconhecimento das pragas-chave da cultura; reconhecimento dos inimigos naturais da cultura; amostragem da população dos organismos prejudiciais; e, finalmente, escolha e utilização das táticas de controle.

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