CÓLICA OBSTRUTIVA POR CORPO ESTRANHO EM MUAR UTILIZADO NO SERVIÇO DE TRAÇÃO URBANA
BELLYACHE OBSTRUCTIVE IN STRANGE IN HINNIES BODY USED IN THE SERVICE OF URBAN DRIFT
JONAN SOUZA DA SILVA1, LAYNA PEDROSO DA SILVA2, MAILZA
VANESSA DAS CHAGAS HENRIQUES2, DJACY BARBOSA RIBEIRO3, HERIBERTO FERREIRA DE FIGUEIREDO4, ERICK FONSECA DE
CASTILHO5.
1 Residente em clínica médica de equídeos da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA.
2 Acadêmica em Medicina Veterinária – UFRA.
3 Professor do Instituto da Saúde e Produção Animal e Coordenador do Projeto Carroceiro – UFRA.
4 Médico Veterinário Diretor Técnico do Projeto Carroceiro – UFRA 5 Professor Substituto do Instituto da Saúde e Produção Animal – UFRA.
RESUMO
O serviço de tração animal, utilizando equinos, asininos e muares, é uma realidade presente em muitas capitais brasileiras. A maioria destes animais não recebe um manejo adequado, principalmente, na sanidade e nutrição. Por terem uma alimentação deficiente, e ainda estarem em um ambiente urbano onde a oferta de capim é insuficiente e de baixa qualidade, muitos animais após sua rotina diária de trabalho são soltos
por seus donos nas ruas ou abandonados quando não tem mais possibilidade física de trabalho. Desta forma, quando nas vias públicas, pela facilidade de acesso ao lixo doméstico, estes animais facilmente ingerem corpos estranhos, como pedaços de cordas, fios e principalmente sacolas plásticas, que por consequência, estão sujeitos a desenvolverem cólicas obstrutivas.
PALAVRAS-CHAVE: cólica, saco plástico, muares, tração animal, vias
públicas.
ABSTRACT
Demonstrate how horses used in urban traction service, suffer from a lack of proper management, emphasizing the most common digestive problems in animals that do not have a diet according to your need, because the horses are very sensitive when it comes in wrong feed management. Reporting the case that occurred in urban areas, where the obstructive gripe was the illness that struck a traction mule. Where there was a lack of animal owners care.
KEY-WORDS: colic, plastic bag, mules, traction animals, public roads.
INTRODUÇÃO
A síndrome cólica é uma causa frequente de óbito em equídeos, considerada a sua etiologia multifatorial, podem ocorrer às sobrecargas por grãos, compactação por capim de baixa qualidade ou obstruções por corpos estranhos (PESSOA et al., 2012). Peculiaridades anatômicas, como a pequena capacidade volumétrica do estômago, a incapacidade de regurgitar, estruturas longas e segmentos intestinais diminuídos, como a flexura pélvica, cólon transverso e cólon menor, são fatores que favorecem o acúmulo de alimentos (PEIRÓ & MENDES, 2008).
Condições predisponentes ao desenvolvimento de cólicas podem ocorrer pela alimentação de baixa qualidade, acesso restrito a água, excesso de trabalho e falta de manejo sanitário eficiente (THOMASSIAN, 2005). Os equídeos de tração, pelas condições higiênicas sanitárias deficientes, alimentação inadequada a sua condição de trabalho e pelo acesso as vias públicas, na busca por alimento, podem ingerir corpos estranhos, principalmente sacos plásticos, estando sujeitos a desenvolverem cólicas obstrutivas. O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de cólica obstrutiva por corpo estranho em um muar atendido no Projeto Carroceiro.
DESCRIÇÃO DO CASO
Foi atendido no Serviço Integrado de Atenção ao Equídeo (SIAE), onde funciona o Projeto Carroceiro na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), um muar, sem raça definida, macho, 15 anos, pesando 320 Kg, resgatado da via pública pelo Centro de Controle de Zoonoses, por estar em situação de abandono. O animal foi examinado na sua chegada e internado para tratamento de lesão no membro posterior direito devido avulsão traumática do casco. Após 34 dias de reabilitação clínica, o mesmo apresentou sinais de cólica com manifestação de dor abdominal moderada e recorrente. Realizou-se exame clínico específico onde se observou moderada alteração dos parâmetros fisiológicos com, frequência cardíaca de 61 batimentos/minuto, frequência respiratória de 29 movimentos/minuto, tempo de preenchimento capilar de 2 segundos, pulso arterial de 60 pulsações/ minuto, mucosa oral e ocular róseas, desidratação, temperatura retal de 38°C, motilidade intestinal diminuída em todos os segmentos e ausência de fezes na ampola retal. Com base nos achados clínicos, foi instituído tratamento sintomático por meio de fluidoterapia parenteral obedecendo a taxa de manutenção e
reposição hidroeletrolítica, terapia analgésica com flunixin meglumine (1,1mg/Kg/IV/BID) e estimulante da motilidade intestinal, utilizando glucanato de cálcio em infusão contínua (80mL/IV/SID). Após três dias de tratamento, não houve evolução clínica. Pela impossibilidade da realização de tratamento cirúrgico e constatando a debilidade geral do animal, optou-se pela eutanásia. Para um diagnóstico definitivo foi realizado a necropsia, onde os achados revelaram a presença de um emaranhado de sacos plásticos de aproximadamente 5 Kg(Figura A), obstruindo a região de cólon ventral esquerdo, cólon dorsal esquerdo e flexura pélvica ( Figura B), e presença de um enterólito de 16cm de diâmetro localizado no cólon ventral direito.
Fonte: Arquivo do Projeto Carroceiro. Fonte: Arquivo do Projeto Carroceiro.
DISCUSSÃO
De acordo com Thomassian (2005), a pastagem constitui a alimentação natural do cavalo e, para tanto, seu aparelho digestório anatômica e fisiologicamente está preparado para digeri-la. No presente relato, o animal apresentava desconforto abdominal devido aos fatores desencadeantes como descrito por Pessoa et al. (2012), por se tratar de um animal utilizado no serviço de tração, encontrado abandonado em via pública, é comum observar equídeos após a rotina árdua de trabalho
revirando lixo doméstico, esse tipo de situação torna os animais propícios a desenvolverem cólicas. A frequência dos casos de cólicas obstrutivas, envolvendo corpos estranhos, vem aumentando na rotina do atendimento ambulatorial do Projeto Carroceiro. Comumente, observam-se sacos plásticos observam-sendo expelidos nas fezes de animais internados por outra causa clínica, bem como variados tipos de corpos estranhos encontrados nos achados de necropsias do sistema digestório.
CONCLUSÃO
Uma das preocupações da equipe técnica do Projeto Carroceiro é quanto à orientação técnica dos carroceiros sobre noções básicas de alimentação e mineralização adequada à condição de trabalho dos animais, controle parasitário e um ambiente adequado para pastejo e descanso.
REFERÊNCIAS
PESSOA, A.F.A.; MIRANDA NETO, E.G.; PESSOA, C.R.M. et al. Abdômen agudo em equídeos no semiárido do Nordeste do Brasil.
Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 32, n. 6, 2012.
Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 02/set/2015.
PEIRÓ, J. R.; MENDES, L. C. Semiologia do sistema digestório equino: In: FEITOSA, F.L.F. Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico. São Paulo: Roca, 2008. p. 118-200.
THOMASSIAN, A. Enfermidades dos cavalos. 4º ed. São Paulo: Livraria Varela, 2005. p. 295-300.