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A Inserção de Egressos de Cursos de Graduação na Área de Informática no Mercado de Trabalho 1

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Academic year: 2021

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A Inserção de Egressos de Cursos de Graduação na

Área de Informática no Mercado de Trabalho

1

Clevi E. RAPKIEWICZ

Engenharia de Produção, Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) Clevi@uenf.br

e

Luciano B. LACERDA

Mestrando em Engenharia de Sistemas e Computação, COPPE/UFRJ Professor das Faculdades Hélio Alonso

RESUMO:

Este artigo apresenta uma análise da inserção no mercado de trabalho de egressos de cursos de graduação na área de informática. Para tanto, uma pesquisa foi feita com uma amostragem de 30% dos egressos de um dos melhores cursos na área de informática no Brasil, existente há mais de 20 anos. A análise dos resultados da pesquisa sugere que a formação em uni-versidades de primeira linha ainda é um diferencial para atuação no mer-cado, propiciando oportunidade de atuação em grandes corporações.

Palavras-chave  Mercado de trabalho, Graduação em Informática, Perfil de egressos. 1. INTRODUÇÃO

A oferta de cursos universitários voltados para a área de informática ou Ciência da Computação vem aumentando nos últimos anos, conforme pode ser verificado na Figura 1. Apesar dessa oferta ter tido início nos anos 70, o “boom” ocorreu principal-mente a partir do final dos anos 80 e atinge seu auge nos anos 90. De fato, a oferta de cursos universitários nessa área praticamente triplicou nos anos 90 em relação ao final da década de 80 e ainda concentra-se na Região Sudeste, apesar de haver um certo au-mento também nas outras regiões, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1 - Evolução da oferta de cursos na área de informática (1989-1998)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Total

Fonte: Tabulação própria a partir de planilhas obtidas do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio-nais) do MEC

Vários fóruns de discussão quanto aos currículos desses cursos vêm ocorrendo,

1 Este artigo está inserido no contexto do projeto de pesquisa “Informática: relação entre inovação nas empresas e estruturação do

ensino” desenvolvido pelo Laboratório de Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Norte Fluminense e a linha de

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de forma que a discussão quanto a qualidade da oferta de recursos humanos nessa área já conta com currículos mínimos de referência, tanto por parte do Ministério da Educa-ção (MEC) quanto da Sociedade Brasileira de ComputaEduca-ção (SBC). Poucos estudos, po-rém, voltam-se para a efetiva inserção dos egressos desses cursos no mercado de traba-lho2. Quem são eles? Onde atuam? Que tipo de vínculo empregatício são utilizados para sua contratação? Visando preencher parte dessa lacuna e responder algumas dessas questões, desenvolvemos uma pesquisa com uma amostra de aproximadamente 30% dos egressos de um curso ofertado por uma universidade pública localizada no Rio de Janeiro, que identificaremos pelo nome fictício de IPURJ. Este percentual representa respostas de 260 egressos sobre o total de 896 formados durante vinte anos (ingresso de 1974 a 1995). Os questionários foram respondidos através de correspondência eletrôni-ca (email) ou convencional (via postal) e também pela digitação diretamente no formu-lário disponibilizado em página na Internet.

A escolha da pesquisa com egressos deste curso baseou-se nos seguintes as-pectos: o curso costuma aparecer em posição de destaque nas pesquisas entre os melho-res cursos nessa área no Brasil; ii) a IPURJ recebeu um dos primeiros computadomelho-res instalados no Brasil; iii) é um dos primeiros cursos na área ofertados no Brasil, existin-do desde 1974 (senexistin-do portanto os primeiros egressos de 1979); iv) é um curso ofertaexistin-do na região Sudeste, a qual concentra cerca de 70% dos recursos humanos em TI no mer-cado formal brasileiro [1]; v) a região Sudeste concentra 51% dos cursos universitários na área de TI no Brasil, conforme ilustrado na Figura 1.

2. METODOLOGIA

Entre as categorias de cursos atualmente referenciadas nas diretrizes curricula-res do MEC para a área de computação e informática [2] particularmente duas curricula- respon-dem pela formação de parte significativa dos recursos humanos da área ofertados ao mercado de trabalho: i) aqueles que tem predominantemente a computação como ativi-dade fim, isto é, pretendem formar profissionais que atuem diretamente na produção de bens e serviços ligados a tecnologia de informação; ii) os cursos que tem predominan-temente a computação como atividade meio, isto é, visam formar profissionais para au-tomação dos sistemas de informação das organizações. Esses dois cursos, em princípio, formariam egressos de perfis diferenciados, havendo portanto uma diferenciação na grade curricular dos mesmos. Uma das principais diferenças reside no enfoque e nível de profundidade quanto as áreas de formação que compõe o currículo de referência. Para ambos os casos, as diretrizes do MEC definem quatro grandes áreas de formação: i) formação básica, que compreende disciplinas básicas de ciência da computação, ma-temática, física e eletricidade; ii) formação tecnológica (também chamada de aplicada ou profissional) que aplica os conhecimentos básicos no desenvolvimento tecnológico da computação; iii) formação complementar que permite uma interação dos egressos dos cursos com outras profissões e a iv) formação humanística que dá ao egresso uma dimensão social e humana.

As diretrizes curriculares do MEC não definem métricas específicas relativas a cada área de concentração que deveriam ser contempladas pelos cursos. No entanto, esta métrica é estabelecida pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) [3]. O currículo de referência sugerido pela SBC contempla seis núcleos (Matemática, Ciências da Natu-reza, Fundamentos de Computação, Tecnologia da Computação, Sistemas de Informa-ção e Contexto Social e Profissional), os quais, porém, podem ser enquadrados em certa

2 A pesquisa foi feita a partir da continuidade de um projeto de final de curso realizado em 1999 por Carlos Antonio Gazzaneo Bel-sito, Cássio Nora Ribeiro e Emerson José de Freitas, orientado por Ivan da Costa Marques.

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medida nas quatro grandes áreas definidas pelo MEC. Os cursos voltados para a área-fim teriam maior concentração de disciplinas na formação básica. Já aqueles voltados para a área-fim teriam maior concentração na área de formação tecnológica. Dessa for-ma, esse parece ser um parâmetro para identificar o perfil geral dos egressos dos cursos, sem associar-se esse perfil apenas ao nome do curso em si e da titulação obtida através da freqüência ao mesmo. É fundamentalmente nessa comparação de pesos nas áreas de formação básica e tecnológica que nos baseamos para identificar o perfil do curso ofer-tado por IPURJ.

Esses dois instrumentos de orientação curricular foram utilizados para compor o currículo-base utilizado para identificação da vocação específica do curso selecionado para a pesquisa, conforme apresentado a seguir.

Tendo como base as quatro grandes áreas atendidas nos currículos com base nas diretrizes do MEC e as métricas definidas pelo currículo-referência da SBC, esta-belecemos um parâmetro para comparação dos currículos ofertados pelo curso de IPURJ ao longo do tempo, visando identificar se a vocação do mesmo seria para forma-ção de profissionais para a área-meio ou para a área fim. Estabelecida a convergência entre os grupos temáticos do MEC e da SBC e as métricas da segunda, chega-se ao cur-rículo base com a distribuição apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 – Currículo base: convergência curricular MEC x SBC

Cursos Voltados para Atividade Núcleo Fim Meio % % Formação Básica Matemática 13.64 11.12 Física e Eletricidade 04.54 -Ciência da Computação 29.54 19.44

Total de Formação Básica 47.72 30.56

Formação Tecnológica

Tecnologia da Computação 29.54 25.00

Sistemas de Informação 09.10 25.00

Total Formação Tecnológica 38.64 50.00

Formação Complementar Formação Humanística

Total de Formação Humanística + Formação Complementar 13.84 19.44

Total 100.00 100.00

Durante os mais de vinte anos de existência do analisado, diferentes currículos foram ofertados. Apesar de modificações menores sempre ocorrendo ao longo do tem-po, três grandes reestruturações ocorridas no geral do curso permitem identificar três diferentes currículos: i) um de meados dos anos 70, quando do surgimento do curso, até o início da década de 80; nessa época, compatível com o início do curso, o percentual de disciplinas da área de Matemática era particularmente grande (54%), especialmente na ênfase voltada para computação científica; as outras duas ênfases oferecidas eram sis-temas de informação (SI) e software básico/hardware (SB) e também possuíam alta concentração de disciplinas de base matemática (da ordem de 30%); ii) currículo oferta-do nos anos 80; iii) currículo ofertaoferta-do nos anos 90. Note-se, na Tabela 2, que mesmo nas atualizações curriculares dos anos 80 e 90 o percentual de disciplinas na área de matemática encontra-se bem acima do sugerido no currículo de referência. Além disso, o percentual das demais disciplinas relativas a formação básica também são superiores a

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proporção sugerida no currículo-base. Tal concentração na formação básica que sugere formação de recursos humanos voltados para a área-fim.

Tabela 2 – Currículos oferecidos por IPURJ ao longo do tempo

Anos 70

Núcleo CI SI SB Anos80 Anos90

Formação Básica Matemática 54.73 35.33 33.54 33.83 32.05 Física e Eletricidade 10.14 10.00 09.49 18.04 09.51 Ciência Computação 24.32 21.34 20.26 32.33 18.59 Total 89.19 66.67 63.29 84.20 60.26 Formação Tecnológica Tecnologia da Computação 10.81 24.00 32.91 15.05 23.07 Sistemas Informação - 08.00 - - 12.82 Total 10.81 32.00 32.91 15.05 35.90 Formação Complementar - 02.53 02.56 Formação Humanística - 01.33 01.26 0.75 01.28 Total - 01.33 03.79 0.75 03.84 Total Geral 100 100 100 100 100

Como encontra-se situada, atualmente, esta massa de recursos humanos no mercado de trabalho? Este é o tema tratado na próxima seção, organizada em torno de três eixos: a necessidade de formação constante, a colocação no mercado de trabalho e utilização de tecnologia.

3. OS EGRESSOS DE IPURJ NO MERCADO DE TRABALHO

A pesquisa indica que os egressos buscam atualização constante, seja através de mecanismos formais de cursos de pós-graduação seja através de cursos livres ou de outros métodos de atualização. É nesse contexto que 63% dos egressos deu continuida-de aos estudos através da freqüência a cursos continuida-de pós-graduação, sejam continuida-de especializa-ção, mestrado ou doutorado.

Independente de terem feito ou não pós-graduação, os profissionais buscam atualização através de cursos pontuais (Figura 2): cerca de 62% dos egressos freqüen-tam pelo menos dois cursos livres por ano. A proporção daqueles que freqüenfreqüen-tam pelo menos 3 cursos livres por ano é de 32%.

Figura 2 –Freqüência Anual a Cursos Livres

36% 31% 18% 8% 7% 0-1 1-2 2-3 3-4 4 ou +

Além dos cursos livres, outras formas são utilizados para atualização (Tabela 3), como por exemplo através da leitura de livros técnicos, jornal, assinatura de revistas, participação em congressos e Newsgrups e pesquisas na Internet.

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Tabela 3 – Formas de atualização profissional Forma % Livros Técnicos 26.74 Jornais 23.04 Revistas Técnicas 19.63 Congressos 16.22 News Groups 7.97 Internet 4.55 Outros 1.85

A alta freqüência a cursos livres e a busca constante de outros métodos de atu-alização independentemente de terem feito algum tipo de pós-graduação é um forte in-dicador de que a atualização é uma necessidade imperativa a quem escolhe exercer sua atividade profissional na área de computação e informática.

O curso se apresenta expressivamente eficaz no sentido de seus egressos se colocarem no mercado de trabalho (Tabela 4). 45% dos egressos não trabalhava na área de informática antes de fazer o curso e após a conclusão do mesmo passou a exercer su-as funções profissionais nesta área. Outro ponto que chama a atenção é que 42% dos egressos se manteve na área, o que indica que a formação recebida no curso provavel-mente dotou o egresso da capacidade de atualização exigida pelo convulsivo mercado de informática e computação. O total de egressos que se manteve trabalhando dentro da área de é de 81%. Além disso, nenhum dos egressos que participaram da pesquisa decla-rou-se desempregado.

Tabela 4 – Efetividade do curso relativa a atuação dos egressos no mercado de TI

Situação relativa a trabalho em TI %

Não Trabalhava antes e Atualmente sim 45.23

Trabalhava antes e Atualmente sim 41.91

Não Trabalhava antes e Atualmente não 8.30

Trabalhava antes e Atualmente não 4.56

Chamou a atenção, na pesquisa, que a gama de categorias profissionais menci-onadas, além daquelas previamente apresentadas, não foi tão ampla quanto o esperado. Ou seja, ainda que haja grande variação de categorias citadas na literatura e nas pesqui-sas em emprepesqui-sas nota-se que o que é praticado no interior de muitas organizações, pelo menos em termos de definição de cargos, ainda não acompanha esta dinâmica. Cerca de metade dos egressos pertence a categoria profissional Analista de Sistemas.

Muitos dos egressos ocupam postos de chefia: 10% são gerentes técnicos (re-des, projeto, desenvolvimento, telecomunicações, programação). Outros 10% são ge-rentes em áreas não técnicas (finanças, marketing) ou tem cargos de alta administração3. É interessante observar que, apesar do curso em questão praticamente não oferecer dis-ciplinas da relativas a Formação Humanística cerca de 1/5 dos egressos está se dedican-do a atividades que exigem um grande dedican-domínio de competências que vão além da com-petência técnica. Isso provavelmente indica que a excelência na carreira profissional não depende exclusivamente da formação recebida em sala de aula e que as situações extra-classe às quais os alunos são submetidos também contribuem de forma significativa para a colocação do egresso em posições de excelência. No entanto, seria interessante que os cursos que formam profissionais de informática e computação atentassem mais

3 Até o momento do envio deste artigo, ainda não haviam sido feitas análises correlacionando diferentes fatores, como por exemplo o tempo de formado com o cargo ocupado, salário, etc.

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para o desenvolvimento de competências não técnicas, cada vez mais demandadas no mercado de trabalho atualmente.

Há que se enfatizar que, em muitos casos, não há correspondência entre os cargos ocupados pelos profissionais e o tipo de atividade que eles exercem, razão pela qual a pesquisa averiguou em que áreas de atuação, independente do cargo, melhor se encaixavam as atividades exercidas pelo egressos (Figura 3). Uma parte dos egressos atua em atividades de formação, seja ensino ou treinamento (13%) e uma pequena par-cela atua na área de vendas (4%).

Figura 3 – Áreas de Atuação

7% 8% 11% 12% 6% 4% 22% 30% Análise Desenvolvimento Ensino Manutencao Pesquisa Suporte Treinamento Vendas

Desagregando-se as áreas de atuação de acordo com o nível de formação após a graduação, isto é, diferenciando-se o grupo entre aqueles que seguiram cursos de pós-graduação e os que não seguiram, algumas variações são verificadas, em particular o aumento da proporção daqueles que se dedicam a atividades de pesquisa. Pode-se dizer que esta diferenciação seria esperada, dado que na área acadêmica a demanda por estu-dos mais avançaestu-dos já é tradicional e considerada imprescindível. Porém, chama a atenção o número de profissionais que, apesar de egressos de curso de primeira linha, buscam complementação de estudos para atuar em áreas fora de ensino e pesquisa, como por exemplo em suporte, manutenção, análise e desenvolvimento. Certamente esta busca de complementação de estudos deve-se ao mercado cada vez mais seletivo e da necessidade constante de atualização, conforme já mencionado.

A análise dos dados por setor de atividade econômica da empresa onde atuam os egressos (Figura 4) mostra que o setor de maior concentração de profissionais de tec-nologia de informação é o de serviços, com 48%, o que é convergente com a distribui-ção setorial do geral de profissionais de informática no Brasil [1].

Figura 4 –Setor da Atividade Econômica das Empresas

48% 20% 14% 8% 0% 3% 7% Indústria Comércio Construção Civil Extrativa Mineral Serviços Adm Pública Outros Setores

Apesar de um número significativo de pessoas terem respondido que atuam em outras atividades que não aquelas previamente apresentadas, observamos que todas as

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atividades por eles classificadas são atividades de serviços: setor financeiro, desenvol-vimento de software, treinamento, seguros, área médica, entre outros. Assim, o contin-gente de pessoas que atua em serviços pode ser considerado de 62%, correspondente a soma do percentual daqueles que responderam serviços e outras atividades. Seria inte-ressante desenvolver-se pesquisa específica diferenciando-se os tipos de serviços, con-siderando-se que este setor é bastante heterogêneo, de forma que fosse possível identifi-car, por exemplo, o potencial de emprego dos novos tipos de empresas e segmentos na área de tecnologia da informação como os provedores de acesso à Internet, comércio eletrônico e outros especialmente para os egressos mais recentes.

No que tange ao porte dos estabelecimentos em termos de número de emprega-dos, observou-se que parte significativa dos egressos (50%) trabalham em empresas com mais de mil empregados (Figura 5). Estas empresas são sobretudo de administração pública e do setor de serviços. No outro extremo, apenas 21,5% dos egressos trabalham em empresas com menos de 100 funcionários. Estes dados são discrepantes em relação a pesquisas relativas ao emprego formal de profissionais de informática no Brasil que apontam maior concentração de emprego em empresas menores [1]. Comparando-se, assim, os dados da pesquisa com os egressos com os dados em geral do mercado de tra-balho, o que segere que a graduação em cursos de excelência facilita um padrão de en-carreiramento e atuação em grandes empresas.

Figura 5 –Porte da Empresa por Quantidade de Empregados

11% 9% 50% 8% 3% 3% 4% 4% 8% 1-4 5-9 10-19 20-49 50-99 100-249 250-499 500-999 > 1000

Além de permitir o acesso as empregos em grande corporações, a formação de excelência parece garantir altos níveis salariais, conforme mostrado na Tabela 5. As fai-xas salariais são mostradas em quantidades de salários mínimos mensais recebidos pelos egressos.

Tabela 5 – Faixa salarial

Faixa salarial % De 01 a 10 6,76 De 11 a 15 14,01 de 16 a 20 20,29 de 21 a 25 19,32 de 26 a 30 13,04 de 31 a 35 11,11 de 36 a 40 8,21 de 41 a 45 1,45 de 46 a 55 5,80 > 55 10,63

O contingente de egressos que atua em empreendimento próprio na área de in-formática (Figura 6) é significativo: 14%. Ou seja, a formação sólida em universidades

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conceituadas propicia oportunidade de trabalhar em grandes empresas e ainda parece facilitar a atividade de empreendedores no setor. Entre os que possuem empreendimento próprio, 7,3% são empregadores. Nota-se, porém, que cerca de metade dos que tem em-preendimento mantém algum outro tipo de vínculo empregatício, provavelmente como forma de manutenção de renda paralela nas fases iniciais do negócio.

Figura 6 – Empreendimento Próprio na Área de Informática

3,8% 7,3% 1,9% 1,2% Com Carteira Sem Carteira Empregador Conta Própria

O ritmo de trabalho é intenso (Figura 7): pelo menos 54% dos egressos traba-lham mais de 40 horas por semana, que é o padrão médio de horas/semana trabalhadas no Brasil para o setor de serviços. Além da longa jornada de trabalho, 43% executam tarefas de trabalho em casa. Em alguns casos, à ampla jornada de trabalho corresponde alta remuneração , como no caso dos empregadores.

Figura 7 - Jornada de Trabalho Semanal

42% 16% 42% < 40 41- 48 + 48h.

A pesquisa contemplou a verificação de alguns aspectos relativos aos instru-mentos de trabalho computacionais utilizados pelos egressos, particularmente em ter-mos do uso de linguagens de programação, banco de dados, sistemas operacionais, fer-ramentas CASE e metodologias de desenvolvimento. O resultado da pesquisa para cada um desses elementos é apresentado a seguir.

A Tabela 6 mostra que por volta de 80% dos egressos utilizam linguagens de programação que podem ser consideradas relativamente atuais. Há, porém, um percen-tual importante que, apesar da formação de excelência, ainda trabalha com linguagens consideradas ultrapassadas (por exemplo, Cobol e Dbase).

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Tabela 6 – Linguagens de programação utilizadas Linguagem de Programação % Linguagem de Programação %

Visual Basic 17,30 Natural 3,32

C 16,35 Clipper 2,61 C++ 14,93 CSP,PLI 2,37 Delphi 14,69 Assembler 2,13 Java 13,74 Linc16 0,95 Cobol 7,58 SmallTalk 0,71 PowerBuilder 3,32

No que concerne ao sistema operacional (Figura 8), nota-se que a plataforma dominante é de ambiente Microsoft: 63% dos egressos trabalham com Windows ou Windows NT. Porém, a proporção dos que trabalham com sistemas abertos, particular-mente Unix-like, também é significativa: cerca de 26%.

Figura 8 – Sistemas operacionais utilizados

35% 28% 17% 9% 5% 1% 1% 4% Windows Windows NT Unix Linux Netware MVS MCP OS/2 Mac OS

Há certo equilíbrio entre três principais bancos de dados citados (Tabela 7): tanto o Access, quanto o Oracle e o SQL server são utilizados por cerca de 20% dos egressos. Note-se que tratam-se de produtos para gerências de banco de dados de dife-rentes portes, não podendo ser equiparados entre si. O que chama a atenção, no caso, é o fato de haver alto uso de uma ferramenta que, em princípio, não seria para desenvolvi-mento de aplicações corporativas, o que leva ao questionadesenvolvi-mento do tipo de atividade que vem sendo desenvolvidas por profissionais com excelência na formação.

Tabela 7 – Bancos de Dados Utilizados

Banco de Dados % Access 23,83 Oracle 23,59 SQLServer 20,64 DB2 7,86 Sybase 6,63 Paradox 4,67 Adabas 3,93 DMSII 2,70 Ingres 2,21 Informix 1,97 IMS 1,23 RDB 0,74

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No que diz respeito a ferramentas de desenvolvimento, 36% dos respondentes utilizam alguma ferramenta CASE. As mais citadas foram ROSE, System Architect, Designer 2000 e ER-Win. 70% dos respondentes utilizam alguma metodologia de des-envolvimento, sendo que desses há equilíbrio no percentual dos que utilizam metodolo-gia estruturada e metodolometodolo-gia orientada a objeto. Além disso, alguns utilizam metodo-logia própria desenvolvida pela empresa.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comparação dos currículos oferecidos ao longo do tempo pelo curso de gra-duação que forma profissionais na área de informática e computação na instituição sele-cionada com o currículo-base composto pelas diretrizes curriculares do MEC e da SBC sugere tratar-se de um curso voltado para a formação de recursos humanos para traba-lhar na área-fim. Porém, a pesquisa da atuação dos egressos no mercado de trabalho su-gere que parte significa deles trabalha na área-meio. Há que se perguntar, assim, quais são as deficiências que portam esses egressos no que concerne ao desenvolvimento de competências relacionadas com a área tecnológica (segunda área apontada nas diretrizes curriculares) e que diferencial a overdose de formação na formação básica (primeira área apontada nas diretrizes curriculares) lhes propicia. Note-se que certa deficiência foi apontada no que concerne a pouca ênfase a formação humanística.

Apesar de haver certo desencontro entre a missão do curso e a inserção dos egressos no mercado de trabalho, ainda assim, verificou-se que a graduação em cursos de primeira linha oferece boas condições de inserção. Assim é que o destino, em sua maioria, dos egressos é o trabalho não acadêmico no setor de serviços , numa empresa de porte, ao menos, médio; na maioria com o cargo de Analista de Sistemas e com uma remuneração atraente.

De toda forma, num mercado que se modifica rapidamente, a necessidade de atualização constante é fundamental, através do recurso da continuidade dos estudos através de cursos de pós-graduação (seja de especialização, mestrado ou doutorado), pela alta freqüência a cursos livres associados com leituras quer de livros técnicos, jor-nais ou revistas técnicas.

Nesse contexto, certamente os próprios profissionais de informática e compu-tação, as empresas e as universidades devem estar atentos para as transformações que ocorrem no mercado e as diferentes formas de manter a empregabilidade inicialmente adquirida em cursos de excelência. No caso dos próprios profissionais, dando continui-dade na busca de atualização constante. No caso das empresas, através da maior oferta de oportunidades de treinamento e formação para os recursos humanos com ela envol-vidos. E, no caso das universidades, propiciando oportunidades de continuidade de es-tudos não só de pós-graduação que permitam a obtenção de maior titulação mas também através da oferta de cursos de extensão e disciplinas eletivas que permitam certa atuali-zação aos alunos e ex-alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] RAPKIEWICZ, C. Femina Computationalis ou A construção do gênero na informática. Rio de Janeiro, COPPE/UFRJ, 237 p. 1998. Tese de doutorado.

[2] Ministério da Educação e Cultura, Secretaria de Educação Superior. Diretrizes Curriculares

de Cursos da Área de Computação e Informática. 2000. 24p.

Referências

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