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COMUNICADO DE IMPRENSA

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Academic year: 2021

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COMUNICADO DE IMPRENSA

AS 7 OPORTUNIDADES AMBIENTAIS… PARA ALÉM DAS

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

As alterações climáticas e a emissão de gases com efeito de estufa estão na ordem do dia, e muitas vezes não dão lugar à discussão pública de outros problemas ambientais tão ou mais graves. No dia em que, em várias cidades do mundo, incluindo Lisboa, se realizam concertos para promover o combate às alterações climáticas e a poupança de energia, a LPN sublinha um conjunto de flagelos ambientais, que deverão igualmente ser objecto de uma intervenção consertada por parte dos decisores e do público em geral.

1. Alqueva, um modelo insustentável – Apresentado como uma solução para a região do

Alentejo, através da mudança do modelo agrícola de sequeiro para regadio e produção de energia eléctrica, a construção do Empreendimento para Fins Múltiplos de Alqueva resultou numa enorme perda de valores ecológicos e ainda não se conseguiram demonstrar os benefícios sociais e económicos apregoados. Repetir os mesmos erros não!

2. Caos urbanístico: um problema ambiental, económico e social – O desordenamento

do território e o caos urbanístico resultam, quase sempre, dos loteamentos de solos agrícolas por iniciativa particular, do qual resultam fortunas particulares e, simultaneamente, construção de má qualidade, em quantidades inadequadas e nos locais impróprios. Loteamentos públicos sim, privados não!

3. Plantas invasoras – Encontram-se actualmente distribuídas ao longo de todo o país e, na maior parte dos casos, substituem a vegetação natural, devido à sua enorme resistência e capacidade de proliferação. Prevenção e uma estratégia global de conservação das

plantas precisam-se!

4. Espécies ameaçadas – A destruição dos habitats, a sobre-exploração dos recursos, as

alterações climáticas e a poluição são algumas das principais causas da perda da biodiversidade, que se acentua com a tendência crescente para o aumento do número de espécies ameaçadas de extinção. O exemplo da LPN em Castro Verde mostra que a

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conservação da natureza é compatível com o desenvolvimento da região e, em especial, com a actividade agrícola.

5. Rios degradados – A maior parte dos rios Portugueses apresenta má qualidade da água

e alterações severas na sua morfologia, a ponto de impossibilitar a sua utilização para alguns fins e não permitir a manutenção de ecossistemas aquáticos saudáveis. Prioridade

para a qualidade da água, numa altura em que se discutem os programas para a aplicação dos próximos fundos europeus!

6. Erosão costeira – A erosão com origem na construção de barragens nas bacias

hidrográficas e na realização de projectos de pequena e média escala ao longo da orla costeira, ultrapassou em Portugal a erosão gerada por factores naturais. A gestão só é

possível com a quantificação objectiva dos riscos!

7. Défice de Participação Pública e Falta de Estratégia na Educação Ambiental – A

sociedade portuguesa participa pouco nos processos de decisão e as entidades e decisores não reconhecem publicamente a importância da participação pública. Mudanças

de atitude e uma Estratégia Nacional de Educação Ambiental são urgentes!

Para mais informações:

Eugénio Sequeira 968 029 499 Paula Chainho 962 415 546

Liga para a Protecção da Natureza | Estrada do Calhariz de Benfica, n.º 187 1500-124 Lisboa;

www.lpn.pt

217 780 097 | 217 740 155 | 217 740 176

Lisboa, 6 de Julho de 2007

A Direcção Nacional da Liga para a Protecção da Natureza

A Liga para a Protecção da Natureza (LPN), fundada em 1948, é uma Organização Não Governamental de Ambiente (ONGA) de âmbito nacional. É uma Associação sem fins lucrativos com estatuto de Utilidade Pública. A LPN é membro da IUCN (The World Conservation Union), do EEB (European Environmental Bureau), do CIDN (Conselho Ibérico para a Defesa da Natureza), do MIO-ECSDE (Mediterranean Information Office for Environmental Culture and Sustainable Development) e do SAR (Seas at Risk).

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DESENVOLVIMENTO

1. Alqueva, um modelo insustentável - Com um espelho de água de 250 km2, Alqueva é a

maior barragem portuguesa, e o maior lago artificial da Europa. Os objectivos principais da sua construção prenderam-se com a mudança do modelo agrícola do Alentejo de sequeiro para regadio e produção de energia eléctrica. No entanto, resultou numa enorme perda de valores ecológicos, como habitats mediterrânicos únicos existentes no vale do Guadiana, afectando espécies de elevado valor de conservação, em relação aos quais as medidas de compensação foram irrelevantes face à magnitude dos impactes. As ameaças à preservação da qualidade da água, fundamental para os usos a que se destina, tais como a poluição orgânica da cidade de Badajoz, a poluição difusa proveniente da utilização intensiva de químicos nas áreas de regadio na zona de influência do Empreendimento para Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), e a própria acumulação de sedimentos na albufeira, estão longe de estar colmatadas. A construção do EFMA implicou um investimento público faraónico, que se prolonga até hoje, com regadio de Alqueva a absorver 12% da componente comunitária do Programa de Desenvolvimento Rural. Em contrapartida, o financiamento das áreas de Rede Natura 2000, fundamental para a conservação dos valores ecológicos e paisagísticos nacionais, tem uma alocação de fundos prevista de apenas 3,3%. Ao contrário do previsto inicialmente, a exploração turística tem adquirido uma importância cada vez maior, mas não é clara a existência de uma aposta direccionada para um crescimento turístico sustentável e, consequentemente, no desenvolvimento da região. A LPN insta os responsáveis políticos a não repetirem erros como Alqueva, cujos impactes ambientais, sociais e económicos negativos se farão sentir ao longo de várias gerações.

2. Caos urbanístico: um problema ambiental, económico e social - O desordenamento

do território e o caos urbanístico são porventura dos problemas ambientais mais polifacetados que os portugueses enfrentam. A construção de má qualidade, em quantidades inadequadas e nos locais impróprios impactam continuamente e de modo negativo a biodiversidade, o consumo energético, a redução da poluição, o cultivo das florestas e a estética das paisagens - valores ambientais que Portugal se comprometeu a proteger ao ratificar inúmeros tratados internacionais. As causas destes problemas está largamente associada à aprovação, em 1965, de legislação que permite os loteamentos de solos agrícolas por iniciativa particular, que não é permitido em países ocidentais mais desenvolvidos, Este precedente legal continua a vigorar na legislação portuguesa e é o grande responsável pelo desastre urbanístico das últimas quatro décadas, ao mesmo tempo que permite aos loteadores fazerem fortunas instantâneas. Os loteamentos privados são a causa de inúmeros males ambientais em Portugal. Não se pode mais resolver o problema a jusante, invocando o respeito pelas Áreas Protegidas, pelos PDM, pelos Sítios

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Natura 2000, pela REN ou pela lei de protecção dos sobreiros. Basta de tapar o Sol com uma peneira! O problema precisa de ser resolvido a montante: abolindo os loteamentos privados.

3. Plantas invasoras – a acácia é um dos exemplos mais evidentes de uma invasora de

sucesso - encontra-se entre as mais de 400 espécies exóticas (não nativas), fazendo parte do grupo das invasoras mais perigosas, uma vez que forma povoamentos muitos densos que dificultam o desenvolvimento de outra vegetação, produzem muitas sementes e regeneram facilmente após o corte ou fogo. As várias espécies de acácias encontram-se actualmente distribuídas ao longo de todo o país, tanto em ambiente rural, como em espaços urbanos e até mesmo em áreas protegidas, sendo a prevenção o método mais eficaz de combate à sua proliferação. A LPN defende a elaboração urgente de uma estratégia global para a conservação das plantas (conforme previsto pela CDB), um Livro Vermelho das Plantas Vasculares, tal como o que existe para os Vertebrados, onde sejam identificadas as principais ameaças às espécies nativas, entre as quais a introdução de espécies exóticas, acompanhado da elaboração de uma estratégia de prevenção e erradicação das plantas invasoras.

4. Espécies ameaçadas - Apesar dos sucessivos apelos, campanhas e metas definidas para

travar a perda da biodiversidade, nos últimos anos assistiu-se a um agravamento desta tendência. O impacto da perda da biodiversidade na produtividade dos ecossistemas é imprevisível, bem como nos biliões de pessoas que deles dependem. Actualmente são consideradas extintas 784 espécies de animais e plantas, e outras 65 sobrevivem apenas em cativeiro. Em 2006, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, das 40177 espécies analisadas, 16119 estavam ameaçadas de extinção, ou seja, mais de 40%. A destruição dos habitats, a sobre-exploração dos recursos, as alterações climáticas e a poluição são algumas das sérias ameaças à sobrevivência dos animais e das plantas do planeta. A ameaça de extinção afecta um em cada quatro mamíferos, uma em cada oito aves, um em cada três anfíbios e uma em cada quatro coníferas (abetos, pinheiros, cedros, etc.). Nos mares, 90% dos peixes grandes já foram pescados, e uma em cada cinco raias e tubarões estão ameaçados. Apesar de haver recursos para alterar este cenário, muitas das espécies ameaçadas vivem nos países ricos. Há no entanto bons exemplos de como travar esta tendência tão negativa. A este propósito é de referir o sucesso do trabalho desenvolvido pela LPN em Castro Verde, em parceria com diversas instituições, na recuperação das populações de diversas espécies ameaçadas de extinção, constituindo um exemplo de como é possível compatibilizar a Conservação da Natureza com o desenvolvimento dos meios rurais.

5. Rios degradados – A descarga de efluentes não tratados nos cursos de água, como a

Ribeira dos Milagres ou os rios Leça e Alviela, é a expressão mais visível da poluição da água, com consequências graves ao nível da saúde pública, da economia e do ambiente.

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Segundo os dados de monitorização da qualidade da água do Instituto da Água, em 2005 apenas cerca de 18% dos locais analisados apresentavam boa qualidade para os diversos usos e mais de 40% possuíam uma qualidade má ou muito má, sendo os rios Ave, Leça e Lis os que estão em pior estado. De acordo com relatórios da mesma fonte, prevê-se que apenas cerca de 39% das águas superficiais atingirão, até 2015, o bom estado ecológico exigido pela nova Lei da Água, que inclui não só a qualidade química, mas também o bom estado de saúde dos das comunidades de fauna e flora aquáticos e boas condições das margens e leitos (por exemplo, a não existência de barragens e margens artificializadas). A LPN tem apelado veementemente para que se faça bom uso dos fundos do próximo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), construindo sistemas de tratamento de águas residuais adequados, tirando partido das novas tecnologias ambientais e assegurando uma fiscalização apertada que permita punir os prevaricadores, ao invés de continuar a desperdiçar fundos em obras que mais tarde se revelam obsoletas.

6. Erosão costeira - A erosão costeira induzida pelas actividades humanas, nomeadamente

através da construção de barragens nas bacias hidrográficas e da realização de projectos de pequena e média escala ao longo da orla costeira, ultrapassou em Portugal a erosão gerada por factores naturais. Contudo, as entidades responsáveis pelos projectos, o Instituto Nacional da Água, o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos e outras autoridades competentes têm dado pouca atenção a estes impactos. As medidas tomadas no passado para mitigar a erosão foram essencialmente de carácter local e reactivo: ignoraram a influência de agentes exteriores e não consideraram os processos de transporte sedimentar ao longo do sistema costeiro. Em consequência, frequentemente agravaram os problemas e desencadearam novos focos em locais próximos. Apesar de tudo, esta abordagem continua a influenciar a tomada de decisões hoje em dia, tanto em Portugal como nos restantes países europeus, como é concluído pelo projecto EUROSION. Conferir objectivos claros e mensuráveis às medidas de gestão da erosão – exprimidas por exemplo através do nível de risco aceitável, perda aceitável de território emerso, ou capacidade de carga da praia/duna – optimiza a eficácia económica a longo prazo e a sua aceitação pública. A LPN bate-se há mais de uma década por estes princípios.

7. Défice de Participação Pública e Falta de Estratégia na Educação Ambiental – Este é

um problema transversal a toda a sociedade portuguesa, sociedade que participa pouco nos processos de decisão e nem sempre da forma como devia. Reflexo desta condição é o insucesso de processos que apelam a um maior envolvimento da população, como os processos de Agenda 21 e Agenda 21 Local, que têm no nosso país uma expressão mínima e que, quando implementados, deturpam muitas vezes as reais intenções destas propostas de acção. Para reverter esta situação é necessário actuar a diversos níveis. Por um lado, entidades e decisores devem reconhecer publicamente a importância da

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participação pública, promovendo a transparência destes processos, alargando os momentos de participação, mas, sobretudo, valorizando esta informação no processo de tomada de decisão. Por outro, será necessário uma mudança de atitude por parte da população, em que a passividade, indiferença e inércia dêem lugar a uma atitude mais interessada, activa e construtiva, sendo para isso necessário conhecer e reclamar os direitos no que respeita ao acesso à informação. Para que este processo de mudança de atitudes e comportamentos aconteça é urgente que também seja delineada uma verdadeira Estratégia Nacional de Educação Ambiental, já várias vezes referida, mas nunca criada. Estratégia que contrarie o desinvestimento verificado nos últimos anos nesta área, fundamental ao desenvolvimento do país, e para que todos nós possamos usufruir, em pleno, a nossa condição de cidadãos.

Anexos

1. Rios degradados

Qualidade da água multifunções

37,9% 20,7%

23,0% 18,4%

Excelente Boa Razoável Má Muito Má

Vouga Rib. Barlavento Rib. Sotavento Ave/Leça Lis Minho Rib. Oeste Tejo Lima Douro Mondego Sado Mira Guadiana Arade Fonte: INAG 2. Erosão costeira 6

Referências

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