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A GESTÃO NO SISTEMA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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A GESTÃO NO SISTEMA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Gleyva Maria Simões de Oliveira

O tema Gestão tem estado muito em voga nas pesquisas educacionais e seu estudo está atribuído tanto à necessidade de se garantir uma formação cidadã, quanto ao empenho de se lograr resultados efetivos e significativos no processo educacional.

No sistema de educação a distância/EaD, o conceito de gestão ainda vem sendo explorado tendo como base de reflexão as experiências das mega-universidades (Open University/Inglaterra, UNED/Espanha), cuja característica institucional e de gestão fundamenta-se no modelo autônomo, portanto, um sistema de regulamentações próprias e forte cultura empresarial (RUMBLE, 2003).

Nesse sentido, boa parte das discussões sobre gestão dos sistemas de EaD têm ocorrido tomando por base os princípios administrativos de planejamento (objetivos, estratégias, execução de planos), organização (atribuição de tarefas e cobrança de prestação de contas), direção (motivação, resolução de conflitos, escolha dos meios de comunicação) e controle (acompanhamento das atividades afim de detectar e corrigir desvios acerca do plano) .

Poderíamos considerar que os conhecimentos resultantes dessa discussão nos fornecem uma base de "objetividade" para as análises e reflexões acerca dos sistemas de gestão em EaD.

Nesse sentido, Rumble (2003) nos fornece dados para considerar que um sistema de gestão em EaD deve ter em vista elementos como:

- Planejamento, organização e controle de Novas Tecnologias da Informação e Comunicação;

- Concepção e organização de processos administrativos; - Planejamento e execução de sistemas de avaliação

- Controle sobre os problemas nos sistemas de apoio ao estudante

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Além desses elementos, Rumble (2003) considera que é no planejamento da gestão que se concebe os objetivos do projeto de formação, baseado nas necessidades do mercado, nas características dos estudantes e nas escolhas das tecnologias de informação e comunicação (relacionadas ao número de estudantes e nos custos).

Ainda segundo esse autor, ao planejar a gestão, a instituição tem a possibilidade de pensar em sua filosofia de ensino (comportamentalista, humanista, interacionista, entre outras) e, no quadro institucional, ou seja, dependendo da instituição, o sistema de gestão poderá ser Autônomo (instituição especializada na formação a distância), Misto (instituição de ensino presencial que, por meio de departamentos ou núcleos ofertam também a formação a distância) ou em Rede (parceria instituição/universidade e empresa, em que a instituição é responsável pela estruturação e gestão de cursos comercializados para empresas).

Nós, entretanto, consideramos a urgência e a importância de, além dos elementos objetivos de um planejamento de gestão, elencados por Rumble, pensar no sistema de gestão pautado nos princípios de democracia e participação, ou seja, no sistema de gestão democrática e participativa em EaD.

Nesse sentido, o conceito de gestão estaria, de acordo com Lück (2003), associado ao conceito de democratização do processo pedagógico, da participação de todos nas decisões necessárias e no compromisso coletivo com resultados educacionais qualitativos.

Pensar a Gestão Democrática e Participativa em Sistema de EaD significa pensar na integração dos sub-sistemas (avaliação, acompanhamento e apoio ao estudante/tutoria, produção de material, comunicação, gestão). Integrar esses sistemas significa promover o encontro, oferecer voz e vez aos sujeitos que humanizam o sistema de EaD.

Para visualizar essa proposição tomemos o exemplo do subsistema de avaliação que, compreendido num sistema de gestão democrática e participativa de EaD, conceberia a avaliação não como instrumento de mensuração, mas como possibilidade para que o sujeito avaliado possa acompanhar seu desenvolvimento no curso e, portanto, os meios quantitativos seriam associados aos meios qualitativos (auto-avaliação) e a instrumentos

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que consolidariam o processo democrático de formação, tais como representações acadêmicas nos colegiados de curso, de maneira que, independentemente da distância, o estudante possa manifestar sua opinião, sugestão, aprovação ou reprovação.

Na integração do subsistema de avaliação com o subsistema de tutoria, seria possível perceber que na avaliação do tutor acerca do seu processo de formação, dos materiais didáticos e do próprio sistema de acompanhamento e apoio ao estudante, os resultados da avaliação têm o objetivo de fornecer referenciais para as tomadas de decisões acerca da dinâmica do curso descrita no projeto político-pedagógico.

Da integração do subsistema de avaliação, tutoria e comunicação é possível verificar se os objetivos (pedagógicos, curriculares, éticos, políticos) estão sendo alcançados, se os meios tecnológicos têm favorecido as estratégias do processo de ensino e aprendizagem (mediação, interação).

Portanto, Gestão Democrática e Participativa em EaD significa pensar: - Na avaliação por meio do seu caráter formal, político, ético e curricular, de modo que colabore para a inclusão social, respeitando linguagens, significados, valores e cultura (ESTEBAM apud ALONSO, 2005). Em que o objetivo é a ação educativa, não punitiva (Demo, 1998), é oferecer condições para que os sujeitos (estudante, professor, tutor, autor, coordenador, entre outros) aprendam, ao invés de excluí-los do sistema formativo/educativo.

- Na Tutoria como referencial humano no processo de ensino e aprendizagem, como a possibilidade do diálogo, do encontro, da troca entre a instituição formadora/educadora e o estudante (Alonso, 2005). A possibilidade para que a mensagem pedagógica seja comunicada independentemente do local em que o estudante se encontre, em tempos sincrônicos e assincrônicos. Compreendendo que a aprendizagem pode ser propiciada pela interação e pela mediação, que por sua vez podem ocorre por meio de tecnologias da informação e comunicação de maneira mediatizada e interativa (Belloni, 1999). - No Material Didático pautado nas diversidades regionais e culturais, pré-testado pelos estudantes e melhorado pela colaboração dos mesmos, dos tutores, dos autores, dos especialistas, dos coordenadores, dos gestores (NEDER, 1996). Criado por meio da articulação das mais variadas tecnologias

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para que o conteúdo não seja elitizado e, para que não exclua aqueles que ainda não se encontram em contextos altamente tecnologizados.

- No Sistema de Comunicação capaz de integrar variadas tecnologias de informação e comunicação, acessíveis, flexíveis, capazes de incluir novas tecnologias ou adaptá-las (Alonso, 2005 - verde), de maneira que se torne acessível e favoreça o diálogo permanente com o estudante e em menor tempo possível.

Enfim, nesse tipo de sistema de gestão, o estudante e não apenas ele, mas todos os sujeitos envolvidos no processo educacional são considerados parte importante, pois, são co-participantes, colaboradores no pensar, no fazer, nas responsabilidades, nas avaliações, nas tomadas de decisões, enfim no repensar, re-significar não somente um curso, mas as relações, a instituição.

Contudo, de acordo com Lück (2003), implementar esse tipo de gestão requer algumas mudanças de concepções, ou seja:

a) Passar de uma ótica fragmentada para uma ótica globalizada

Assumir-se como sujeito integrante significa ter parte não somente quando os resultados são positivos. Assim, se há ineficiência, a leitura desse problema não deverá ser feita de fora para dentro, mas como resultante de uma ação coletiva e que implica em assumir responsabilidades.

O problema da aprendizagem não se resolve apenas com a elaboração de materiais didáticos, implica numa filosofia de formação/educação que perpassa todos os sujeitos e todas as ações desses sujeitos.

b) Da limitação da responsabilidade para sua expansão

-Essa idéia é complementar à anterior por indicar uma mudança de paradigma na formação. Ou seja, supressão de um paradigma de formação pautado na fragmentação do trabalho, do sistema, das tarefas, das funções. De um sistema burocratizado, fechado (modelo de produção fordista, neo-fordista) para um sistema em que os sujeitos do processo de formação/educação se sintam responsáveis pelo sistema como um todo, independentemente do setor

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no qual trabalha diretamente. O que implica que mesmo indiretamente uma ação ou atitude tem impacto no sistema como um todo.

c) Da ação individual à ação coletiva:

O sentimento de co-responsabilidade significa a desterritorialização, possibilidade de circular entre funções, diversificar ações e atividades. Isso significa substituir o "meu" pelo "nosso", o "eu" pelo "nós". Pois, "a sinergia de grupos educacionais constitui-se um forte elemento cultural que por si educa e forma" (Lück, 2003, p.?).

É importante destacar, porém, que pensar em um sistema de gestão democrática e participativa em EaD não elide a necessidade de se compreender que estamos considerando a gestão de uma modalidade de ensino em que a interação professor/tutor e estudante ocorre de maneira indireta no espaço (a distância) e no tempo (comunicação diferida, não-simultânea) (BELLONI, 1999).

Isso requer pensar em um sistema de gestão estruturado em tecnologias da informação e comunicação, sejam elas de primeira (correspondência), segunda (rádio e tv) ou terceira geração (processos informatizados, multimídia e telemática).

Nesse sentido, vale considerar que um sistema de gestão em EaD não pode preterir das tecnologias de informação e comunicação, mas a decisão acerca de quais tecnologias utilizar deve levar em consideração a quantidade de estudantes, suas características (idade, acessibilidade, interesses de formação, etc), o quadro institucional (iniciativa privada, pública, autônoma, mista, rede) e o financiamento.

Segundo Alonso (2005) é necessário que os sistemas de gestão em EaD busquem fontes alternativas de financiamento para que o sistema não se sustente nos estudantes.

De fato, um sistema de gestão de EaD sustentado em estudantes poderá se tornar bastante caro ao estudante e, em se pensando na EaD como possibilidade para a democratização do ensino, isso se tornaria um importante problema, principalmente nos países não-desenvolvidos.

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Portanto, vale ter sempre presente que as decisões acerca dos objetivos da formação, das bases epistemológicas nas quais as práticas serão fundamentadas, da organização curricular, dos princípios para o trabalho, para o relacionamento interpessoal, da estrutura física, financeira, administrativa, comunicacional e tecnológica faz parte das ações inerentes ao sistema de gestão.

E, considerando que esse sistema é a fase embrionária de uma instituição, de um curso, é na sua estruturação que as práticas serão pensadas, portanto, a opção por uma prática mais pragmática ou mais democrática resultará de uma identidade do grupo que pensou o sistema.

Sendo assim, podemos considerar que os objetivos da formação/educação são elementos reveladores de ideologias, valores e costumes dos grupos que pensam um projeto formativo ou uma instituição.

Nessa via, vale considerar que uma gestão democrática e participativa requer dos sujeitos participantes do processo uma postura de auto-crítica e vigília constante para que o confrontamento de interesses, de concepções, conceitos e pré-conceitos não se constituam em embates pessoais, mas como na dialética, possibilidades para a contraposição de idéias e avanços significativos na práxis.

Referências Bibliográficas

ALONSO, Kátia M. Algumas considerações sobre a educação a distância, aprendizagem e a gestão de sistemas não-presenciais de ensino. PRETI, O. (Org.). Educação a Distância: ressignificando práticas. Brasília: LiberLivro, 2005. p. 17-38.

BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. Campinas, SP.: Autores Associados, 1999. DEMO, Pedro. Questões para a Teleducação. Petrópolis, RJ.: Vozes, 1998.

LÜCK, Heloisa. “Evolução da Gestão Educacional, a partir de mudança paradigmática”. NEDER, Maria Lúcia C. Avaliação na Educação a Distância: significações para definição de percursos. In: PRETI, O. (Org.). Educação a Distância: inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: EdUFMT, 1996. p. 75-94.

RUMBLE, Greville. A gestão dos sistemas de ensino a distância. Brasília: UnB: UNESCO, 2003.

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