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TÍTULO: COMÉRCIO NAS SUPERQUADRAS DE BRASÍLIA: LEVANTAMENTO DE OCUPAÇÃO

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Academic year: 2021

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TÍTULO: COMÉRCIO NAS SUPERQUADRAS DE BRASÍLIA: LEVANTAMENTO DE OCUPAÇÃO TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA ÁREA:

SUBÁREA: ARQUITETURA E URBANISMO SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): NATHALIA BARBOZA DE OLIVEIRA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): MARIA ISABEL IMBRONITO ORIENTADOR(ES):

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Resumo

O modelo de superquadra idealizado por Lucio Costa para o Plano Piloto de Brasília adotava, entre outros conceitos, a ideia contida na Carta de Atenas de “prolongamento da moradia”. Tendo como princípio uma separação hierárquica de escalas que contrapõe a frequência diária e a frequência esporádica, tanto a prescrição da Carta como o modelo original de Costa promovem os usos complementares à habitação - lazer, serviços, comércio - junto à área residencial, para suprir as necessidades cotidianas em distância conveniente e possível de ser percorrida a pé. Na superquadra de Brasília, o lazer (no qual se incluem as áreas verdes que compõem as quadras) permeia todo o espaço; equipamentos para lazer e serviços são distribuídos nas entrequadras; e o comércio localiza-se em centros comerciais locais junto aos acessos de veículos para as superquadras, ligando-se alternadamente ora pelo Eixo Rodoviário, ora pela W2 e L2.

Nestes centros comerciais, o uso originalmente previsto por Lucio Costa deu lugar, em muitos casos, a estabelecimentos comerciais e de serviços agrupados por modalidade, com especialização em determinados segmentos ou produtos. Assim, encontram-se agrupamentos de lojas de móveis, materiais elétricos, etc. A constatação deste fenômeno já foi apontada por alguns autores e consta em bibliografia específica. Através desta pesquisa, realizou-se o mapeamento dos estabelecimentos de comércio e serviço nos Comércios Locais da Asa Sul de Brasília, para discutir seu estado atual e a transformação que sofreu frente ao conceito original proposto por Lucio Costa, conceito este que é retomado para efeito comparativo da ocupação estabelecida.

Palavras-chave

Brasília, superquadra, morfologia urbana, ocupação do solo, áreas comerciais.

As superquadras de Brasília representam a aplicação prática de um modelo de vizinhança formulado por Lucio Costa que está na base da ocupação do Eixo Residencial da nova capital. A concepção a partir de uma unidade mínima de agrupamento – a quadra - foi a estratégia adotada por Costa para constituir o tecido urbano das Asas Sul e Norte de Brasília. Além de aplicar princípios do

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urbanismo moderno contidos na Carta de Atenas, como a separação dos fluxos de pedestre e automóveis, a prevalência de blocos de habitação coletiva e a proximidade com os usos complementares à habitação (denominados, na Carta de Atenas, de “prolongamento da moradia”), Lucio Costa assume como ponto de partida a proposta tipológica da quadra e sua consequente relação de conjunto, com criterioso estudo dos percursos e acessos de modo a garantir agrupamentos habitacionais protegidos das vias de ligação Norte-Sul.

Costa descarta o tradicional modelo que se faz pela direta associação entre a rua e o edifício, cumprindo a primeira o papel de elemento de distribuição urbana para o segundo, para propor um traçado que adota a quadra como base. A conformação de cada quadra é variável no que compete à disposição dos edifícios. Contudo, uma vez fixada e aprovada em projeto, esta disposição torna-se a diretriz que determina as construções a partir da projeção estabelecida. Tendo a quadra como unidade mínima, Costa investigou possibilidades de complexão do sistema pela articulação de cada quadra às demais e aos espaços de entrequadras e comércio, através das circulações e dos acessos alternados. O modo de intercalar os acessos às quadras - ora pelo Eixo Rodoviário, ora pela W2 e L2 - e de conduzir este acesso até o miolo das mesmas, passando pelos comércios, é parte importante na constituição do agrupamento das superquadras. Ressalta-se o entendimento de que as superquadras não se comportam como unidades isoladas ocorrendo, segundo Gorovitz, a “superposição das áreas de influência de cada UV” (GOROVITZ, 2012, p.256), ou, nas palavras de Costa, “as áreas de vizinhança não são estanques – se permeiam” (COSTA, 1994, p. 308).

Isto ocorre uma vez que os equipamentos e o comércio local que servem às moradias não se localizam no centro das Unidades de Vizinhança, mas à margem destas, em situação de “entrequadra” e ligados às vias de acesso, segundo observa Gorovitz conforme o esquema de Costa (Figura 1).

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Figura 1. Esquema de entrelaçamento dos acessos às Superquadras de

Brasília.

Fonte: Costa, 1994, p.309.

No Plano Piloto de Brasília, Lucio Costa assim descreve o uso dos espaços de entrequadra:

.

Ao fundo das quadras estende-se a via de serviço para o tráfego de caminhões, destinando-se ao longo dela a frente oposta às quadras à instalação de garagens, oficinas ,depósitos de comércio em grosso, etc., e reservando-se uma faixa de terreno, equivalente a uma terceira ordem de quadras, para floricultura, horta e pomar. Entaladas entre essa via de serviço [atual W2] e as vias do eixo rodoviário, intercalaram-se então largas e extensas faixas com acesso alternado, ora por uma, ora por outra, e onde se localizaram a igreja, as escolas secundárias, o cinema e o varejo do bairro, disposto conforme a sua classe ou natureza.

O mercadinho, os açougues, as vendas, quitandas, casas de ferragens, etc., na primeira metade da faixa correspondente ao acesso de serviço [nos núcleos com entrada pela W2]; as barbearias, cabelereiros, modistas, confeitarias, etc., na primeira seção da faixa do acesso privativo dos automóveis e ônibus, onde se encontram igualmente os postos de serviço para venda de gasolina [junto ao eixo rodoviário]. As lojas dispõem-se em renques com vitrinas e passeio coberto na face fronteira às cintas arborizadas de enquadramento dos quarteirões e privativas dos pedestres, e o estacionamento na

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face oposta, contígua às vias de acesso motorizado, prevendo-se travessa de ligação de uma parte à outra, ficando assim as lojas geminadas duas a duas, embora o seu conjunto constitua um corpo só. Na confluência das quatro quadras localizou-se a igreja do bairro, e aos fundos dela as escolas secundárias, ao passo que na parte da faixa de serviço fronteira à rodovia se previu o cinema a fim de torná-lo acessível a quem proceda de outros bairros, ficando a extensa área livre intermediária destinada ao clube da juventude, com campo de jogos e recreio. (COSTA, 1994, p.293)

Lucio Costa compreendia, portanto, que os comércios em meio às superquadras atenderiam às necessidades diárias, e ficariam mais ou menos afastados do Eixo Rodoviário em função da necessidade de abastecimento ou carga e descarga. Reforçando a ideia da rua de serviço, é importante notar a existência, no eixo dos centros comerciais locais junto à W2 e L2, de edifícios que abrigavam entrepostos de abastecimento (SAB – Serviço de Abastecimento de Brasília).

Na constituição inicial da cidade, o desenvolvimento do Plano estabeleceu a implantação de uma nova sequência de quadras com unidades residenciais a oeste da W3, bem como reservou uma faixa de quadras estreitas para comércio e serviço ao longo de toda a W3 (as quadras 500) com acesso de serviço pela W2. Nestas quadras, os edifícios beneficiam-se do movimento da W3, extenso corredor que conecta a cidade de norte a sul. A W2, por sua vez, faz uma separação/transição entre as quadras residenciais e o eixo comercial da W3.

Não há como considerar a transformação do comércio local sem levar em conta o importante eixo comercial representado pela W3, bem como o papel que os shopping-centers desempenham na cidade. É preciso considerar ainda um comércio informal de pequeno porte, como chaveiros, bancas de jornal, flores ou frutas, que ocorrem nas esquinas junto à W1 (Figura 2), e os grandes

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estabelecimentos que se instalaram nos antigos centros de abastecimento, no eixo dos Comércios Locais junto a W2 e L2 (Figura 3).

Figura 2 - Comércio informal no interior das Superquadras.

Fonte: Foto dos autores

Figura 3 - Supermercado ocupa antigo Centro de Abastecimento, junto à W2. Fonte: Foto dos autores.

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Heliana Comin Vargas relata brevemente as transformações do comércio de Brasília no livro Espaço Terciário, e constata a especialização do comércio local entre as superquadras por especialidades de produtos (Figura 4). Segundo Vargas (2001, p.285),

“os centros entre as superquadras, considerados de nível local, foram superdimensionados em termos de espaço reservado para tal quantidade de centros. Para enfrentar essa dificuldade, espontaneamente, esses centros acabaram por se especializar de forma a criar massa crítica para ampliar sua área de influência, atraindo consumidores a maiores distâncias. Na década de 1980, essas especializações eram evidentes, sendo de conhecimento geral a relação entre alguns produtos e suas respectivas quadras. Ainda hoje podem ser observadas essas especializações (farmácias em frente ao Hospital de Base), embora o crescimento da população e o fluxo mais intenso de automóveis tenham contribuído para uma maior diversificação do comercio nas superquadras”.

Figura 4 - Comércio especializado – farmácias junto ao Hospital de Base.

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Nossa pesquisa teve como objetivo a verificação deste fenômeno de concentração dos tipos de comércio e serviço na atualidade. A partir de uma impressão inicial obtida no local e da constatação de Heliana Vargas, levantou-se o uso atual dos imóveis nos Comércios Locais da Asa Sul de Brasília, cujos dados estão indicados no mapa a seguir (Figura 5).

Figura 5 – Mapeamento dos Comércios Locais por Categoria. Asa sul de Brasília. Fonte: Autores

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Para agrupar os comércios e serviços de modo a possibilitar um gráfico em barra, considerou-se o seguinte:

 Comércio cotidiano: padaria, farmácia, hortifruti, mercearia, açougue, flores, bebidas, papelaria, perfume, bolos, alimentos para animais, etc.  Comércio especializado: lojas como vestuário, decoração, materiais de

construção, utensílios de cozinha, acessórios para festas, artigos religiosos, artigos esportivos, etc.

 Serviços cotidianos: lotérica, correio, cabelereiro, lavanderia, academia, copiadora, costureira, lan house, etc.

 Serviços especializados: agência de viagem, farmácia de manipulação, veterinário, dentista, auto-elétrico, reforço escolar, cursos, imobiliárias, etc.

 Os serviços bancários foram considerados à parte por ocuparem, muitas vezes, uma grande testada ou todo o bloco comercial, diminuindo significativamente o número de estabelecimentos da quadra.

Além disso, para a montagem do gráfico, considerou-se um campo de preenchimento para cada estabelecimento, independentemente do tamanho do estabelecimento mapeado. Cada tipo de uso correspondeu a uma cor, conforme a legenda da figura 5.

Resultados

Antes de qualquer consideração, é preciso ressaltar mais uma vez que as superquadras possuem uma área de influência que extrapola a divisão estanque de quadras. Esta área de influência é incrementada pelos percursos a pé e por conexões com a W1 e L1, que permeia as quadras. O comércio das quadras não se restringe, deste modo, à vizinhança a qual pertence.

Isso posto, é possível notar que o comércio ou serviço especializado ocorre em diversas quadras da Asa Sul, sem entretanto constituir o padrão de ocupação. Há quadras com comércio e serviços variados, que atendem aos moradores em meio aos centros comerciais especializados. Nas vizinhanças, o comércio

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cotidiano poderá ser suprido também por grandes estabelecimentos como supermercados localizados nos antigos centros de abastecimento.

É possível notar a predominância de restaurantes nos CLS 201/202, 402/403 e 404/405, com uso diurno e noturno. Estes estabelecimentos concentram-se próximo ao setor hoteleiro e bancário, conseguindo atender a funcionários de estado, executivos, visitantes, turistas e moradores.

Outro comércio especializado que beneficia-se da localização é o CLS 102 e 302, que concentra drogarias, farmácias de manipulação e produtos hospitalares junto ao Hospital de Base do Distrito Federal.

É possível encontrar comércio de vestuário concentrado nos CLS 205/206, 314/315, 304/305, e 308/309, intercalado por tecidos e roupas para festas no CLS 306/307.

Há predominância de material elétrico e lustres no CLS 109/110, bem como material hidráulico na quadra próxima, no CLS 310/311. Há ainda certa concentração de elétrico/eletrônicos no CLS 312/313.

O comércio para decoração agrupa-se no CLS 406/407 e no CLS 410/411.

Há concentração de estabelecimentos de cursos de línguas no CLS 115/116. Nota-se também a concentração de óticas (CLS 302/303), funerárias (CLS 412/413) e vidraçarias (214/215).

O comércio agrupado por modalidade restringe a presença de comércio e serviço cotidianos nos CLS 109/110, 205/206, 304/305, 308/309, 402/403, 404/405, 406/407. Nota-se assim uma acomodação com relação à proposta original de Lucio Costa, que naturalmente ocorreu nos Centros Comerciais Locais, seja devido à necessidade de fortalecimento do comércio especializado dado pelo poder de atração de um conjunto maior de lojas, seja em sincronia com modo de vida atual com busca por comércio e serviços centralizados em maior escala, nos shopping-centers.

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Cabe ressaltar que a conformação destes comércios continua original, com marquise e passagens entre os blocos de comércio, sendo que a orientação predominante, inicialmente prevista para as superquadras, voltou-se para os estacionamentos em frente ao acesso de quem chega pelos eixos principais de ligação norte-sul.

Referências bibliográficas

Carta de Atenas. Disponível em:

http://www.icomos.org.br/cartas/Carta_de_Atenas_1933.pdf

Costa, L. (1994) Registro de uma Vivência. São Paulo: Empresa das artes. El-Dahdah F. (2005) Case: Lucio Costa Brasilia´s superquadra. Munich: Prestel Verlag.

Gorovitz, M. (2012) Brasília – sobre as áreas de vizinhança. in Xavier, A; Katinsky, J. Brasília. Antologia Crítica. São Paulo: Projeto.

VARGAS, H. C. (2001) Espaço Terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do

Referências

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