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Caras da educação é Rhaynne Lopes Miranda

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Academic year: 2022

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Quarta-feira, 06 de Dezembro de 2017

Segmento: PUCRS

06/12/2017 | GZH | gauchazh.clicrbs.com.br | Geral

Caras da educação é… Rhaynne Lopes Miranda

https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/conhecimento-transforma/noticia/2017/12/caras-da-educacao-e-rhaynne-lopes-miranda-cjavirfk3 08ea01mkx9jw0b6v.html

Dentro de um dos pilares de seu trabalho - Apoio ao Protagonismo Jovem - Fundação Mauricio Sirotsky dá seguimento a microssérie em que retrata e dá voz a jovens estudantes

Ana Carolina Bolsson Nome

Rhaynne Lopes Miranda Idade

17 anos

Ano que está e qual colégio?

Estou no fim do 3º ano do Colégio Estadual Florinda Tubino Sampaio, em Porto Alegre.

Com quem tu moras?

Minha mãe, meu pai e meu irmão.

Onde?

Na Bom Jesus.

É um lugar legal de morar?

Eu moro bem no início da Bom Jesus, perto da Protásio. Na maioria das vezes é tranquilo, mas de vez em quando tem uns tiroteios, coisas assim. Mas no geral é tranquilo. Mudei faz pouco tempo para lá, antes eu morava não muito longe, na Protásio Alves mesmo, onde tinha muito barulho de carro, trânsito.

Desde quando estás no Tubino?

Desde o 1º ano do Ensino Médio.

Onde tu estudaste no Ensino Fundamental?

Na Escola Estadual Prudente de Morais, na Chácara das Pedras, perto do Shopping Iguatemi. E aí, de lá, muitos alunos vão para o Tubino. Foi o que aconteceu comigo.

Fizeste todo o Fundamental lá?

Sim, desde os seis anos.

Tu vens para o Tubino de ônibus?

Não, meu pai me traz.

O que ele faz?

Ele trabalhava em farmácia, mas agora ele trabalha no Cabify.

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E a tua mãe?

É dona de casa.

O que tu achas do teu colégio?

Ah, eu gosto daqui apesar de tudo, apesar de ser uma escola pública, mas que a gente sabe que é uma situação geral no país. Mas eu gosto muito porque, de uma maneira geral, me ajudou a cresceu muito como pessoa. Principalmente no ano passado quanto teve as ocupações e eu participei junto. Ocupamos por 40 dias a escola contra a PL da Privatização, contra a Lei da Mordaça e também contra problemas estruturais internos do colégio.

Como quais?

Por exemplo, ano passado, nos dias que chovia caía praticamente uma cachoeira dos pilares e alagava muito o pátio do colégio.

Tinha também algumas salas de aula que estavam afundando e como a gente conseguiu um repasse de R$ 80 mil para a escola com a ocupação, essas questões foram arrumadas.

Tu és do Grêmio?

Integrei no ano passado como vice-tesoureira.

E como foi a decisão da ocupação e a articulação entre os estudantes?

A gente estava vendo as notícias das escolas ocupadas de São Paulo e de alguns colégios ocupados em Porto Alegre. Aí nasceu a ideia dentro do Grêmio Estudantil, que eu fazia parte, e começamos essa discussão. Falamos com alguns alunos conhecidos pra ver a opinião deles, pensamos nas coisas que estavam acontecendo na nossa volta e então nós chamamos a assembleia no colégio já com as pautas prontas. Aí foi aprovado.

Qual foi a tua principal atividade durante o Ocupa Tubino? O que tu fazias?

Bom, na época eu fazia o Go Code, projeto que ensina linguagem de programação para jovens da rede pública de ensino do Estado, então usava o notebook que ganhamos ao entrar no projeto para cuidar da página que nós criamos, a Ocupa Tubino. Basicamente lá eram postados as fotos das oficinas, as atividades diárias dos integrantes da ocupação, e a agenda do dia. Usávamos para também tirar as dúvidas dos pais e dos alunos. Eu cuidava dessa parte, de tirar as fotos e postar o conteúdo lá.

Dormiste no colégio?

Todos os dias da ocupação. Só ia pra casa pra tomar banho.

Como foi a reação dos teus pais? Eles apoiaram?

Meus pais apoiaram desde o começo, apesar de preocupados com possíveis represálias. Mas foram tranquilos desde o princípio.

Há relatos de que houve oficinas, palestras, atividades ministradas durante a ocupação? Quem era e sobre o que falavam?

As pessoas que davam as palestras e oficinas vinham de lugares muito variados, tanto da UFRGS, como da PUCRS, professores de outros colégios, pessoas da comunidade em geral que demonstravam interesse em participar ativamente da ocupação. Cada pessoa que veio aqui ajudou a gente a crescer porque chegamos muito puros e acabamos crescendo de um jeito e de outro.

Poderias descrever como foi essa experiência para ti?

Acho que eu nunca me imaginei nessa situação, nunca imaginei que eu e algumas pessoas que eu nem sequer conhecia podiam fazer algo tão grandioso. Antes da gente ocupar, a gente pensava que não seria algo de tanta visualização, que íamos ficar uma semana e pronto, e quando vimos estávamos chegando a 40 dias de ocupação. Foi muito gratificante pra mim fazer parte do movimento, as coisas aconteciam tão rápido que a gente perdia a noção do tempo, era tão bom, finalmente, poder fazer algo concreto pelas coisas que a gente acreditava, acho que acabou sendo a melhor época da vida de todo mundo que tava lá.

Como saiu a Rhaynne depois da ocupação?

Foi muito interessante, saí revigorada, com esperança de que as coisas não estavam perdidas. Estar lá me trouxe um crescimento muito grande. Eu aprendi coisas que nenhuma aula poderia me ensinar, descobri que a melhor forma de aprender algo é “botando a cara a tapa”. Passei por diversas situação lá dentro que fizeram repensar se tudo aquilo valia a pena, mas a cada sorriso dos meus colegas pelas nossas conquistas mostravam que eu estava andando no caminho certo. E não tem nada mais gratificante que isso.

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E neste ano tu estás no Grêmio Estudantil?

Não estou mais. Até tentei montar uma chapa, mas felizmente eu não ganhei.

O que tu gostas do Tubino?

Faz pouco que tempo que mudou a vice-diretora, que hoje é a Alexandra. Ela foi nossa professora no 1º ano e tivemos um contato muito grande com ela por causa de outros projetos. Assim, a gente se aproximou mais dela e esse ano ela virou vice, então temos uma abertura muito boa com ela. Eu gosto das pessoas, temos um companheirismo muito grande, dos professores, que, aliás, são muito bons. Mas é muito difícil dizer que eu gosto do espaço ou algo do tipo porque eu acho que o colégio tem uma linha muito antiga e tradicional. A gente entra aqui e é tudo cinza, com cores escuras e isso não estimula o estudo. Mas dá para dizer que o Tubino acabou virando a minha família por tudo o que aconteceu aqui, pelas coisas que eu fiz e aprendi aqui.

A biblioteca (local da entrevista) parece boa, tem muitos títulos e uma estrutura legal.

É uma biblioteca ótima, tem quase de tudo aqui.

E vocês, alunos, costumam frequentar? Laboratórios?

A gente frequentava mais os laboratórios no 1º ano, como o de Química. Já o de Biologia é constante, a gente está sempre indo para lá. São laboratórios muito bons, eles são bem equipados. E a gente usava mais a biblioteca no 1º ano, mas hoje a gente viemos sozinho e não mais em turma.

E tu costumas vir frequentemente? Retira livros?

Não costumo retirar livros porque eu gosto de ter os livros para mim e por isso prefiro comprar em livrarias ou comprar em sebos e brechós.

Tu lê bastante?

Costumo ler bastante, mas agora como estou bastante atarefada com a questão do cursinho e do colégio não tem dado mais tempo para ler tanto.

Tu estás no cursinho?

Sim, desde março no Universitário da Doutor Flores.

Qual turno?

À tarde, das 14h às 18h30.

Tu trabalhas?

Não.

Teus pais pagam o cursinho?

Sim.

Tu vais daqui para lá e depois para a casa de ônibus?

Sim.

E agora em janeiro tem o vestibular da UFRGS, que tem lista de obras obrigatórias. Já leste todas?

Não. Li Dom Casmurro, comecei a ler O Cortiço, de Aluisio Azevedo, Gota d’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, os mais famosos. No cursinho eu estou lendo o livro de resumos que eles disponibilizam. Mas não li todas porque eu não estou muito focada na UFRGS, eu quero fazer faculdade na PUCRS com bolsa.

E que curso tu queres fazer?

Arquitetura.

Por quê PUCRS?

Eu andei pensando e pesquisando sobre essas duas universidades... A UFRGS é ótima, excelente, recentemente eleita a melhor universidade federal do Brasil segundo o MEC, mas eu gosto da estrutura da PUCRS, do ambiente. Ela tem mais a ver comigo, tem

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espaço de árvores, amplos, eu gosto de lá, não adianta, me sinto acolhida. Eu conheço bem lá, participei do Go Code em 2016 lá e as aulas eram lá. E conseguindo a bolsa eu tenho como cursar lá.

O que tu gostas de fazer quando não está na escola?

De jogar videogame, eu gosto muito de Tecnologia. Eu queria muito fazer Engenharia da Computação há um mês atrás, mas eu fui no Open Campus da PUC (iniciativa para conhecer a experiência universitária na universade) e acabei vendo que eu gostava muito de Arquitetura porque fui nas oficinas do curso e vi que gosto de ver como as coisas são construídas, de construir as coisas e porque eu gosto muito de trabalhos manuais. Aí, eu pensei depois em fazer depois de terminar a Faculdade um curso de especialização ou técnico em Hardware para complementar o conteúdo de Arquitetura. E assim eu poderia juntar duas coisas que eu gosto.

O que mais tu gostas de fazer?

Eu sou muito caseira, não curto muito parque, essas coisas... Adoro ficar em casa vendo série na Netflix, mas também uso o Torrent, tudo, filmes.

Alguma série que tu gostes mais?

Atualmente, a minha série favorita é How To Get Away With Murder, mas também vi muito Criminal Minds porque eu gosto muito de série policial.

Tu és estudiosa?

Na medida do possível.

Como estão as notas?

Está tudo certo, sempre passei de ano e vou passar esse ano com certeza. Às vezes a gente aprende as coisas no cursinho e no outro dia no colégio também ou vice-versa. O cursinho é um grande reforço, ajuda muito, complementa muito. Mas aqui no colégio também o conteúdo é bom e forte.

Mas aí teve a greve.

É, teve. Eu sempre apoiei a greve, achei justo porque acho que ninguém tem que trabalhar sem receber e eu sempre vou apoiar os meus professores. Por mim está tudo certo, tenho ainda alguns professores que estão em greve e vamos com aulas até fevereiro, mas a gente corre atrás. E o cursinho, para quem tem condições, ajuda muito.

Tu enfrentas muita pressão em casa para quando acabar o colégio?

A normal, mas é tranquilo, tolerável. É muito difícil a gente ter de escolher o que vai fazer para o resto da vida agora, é muita pressão, passar no colégio, estudar para o Enem e, ainda por cima, uma decisão tão importante quanto esta. O mundo e as pessoas não ajudam a tornar essa escolha mais fácil... É difícil. Parece que cada vez a gente só tem mais pressão para a gente escolher as coisas.

Tem alguma disciplina que tu mais gosta?

História, por causa do conteúdo e por causa da minha professora do 1º e do 3º ano, eu gosto muito dela.

Tu te sentes ouvida na escola e lá fora?

É difícil ser ouvido aqui dentro quando não se é lá fora. É difícil cobrar aqui dentro se lá fora as coisas não são como deveriam. E não adianta cobrar muito quando não tem como fazer as coisas ou ficar dependendo da direção... Mas eu me sinto bem ouvida aqui dentro, sim. A gente tenta e costuma fazer a nossa parte, envolver e engajar os alunos a lutarem pelos seus direitos, a não deixarem as coisas passarem.... E eu acho que muita das coisas ruins que acontecem é porque as pessoas se calam e não falam. O dia que as pessoas se derem conta que as coisas não podem ser assim ou que não podem funcionar desse jeito teremos uma realidade diferente.

O que achas que tem de mudar?

O sistema em sim. O sistema educacional é muito retrógrado, funciona de uma maneira antiga, que não traz vontade da gente estar aqui, as avaliações, as notas, somos mais um número e isso acaba mexendo com a cabeça da gente e nós somos muitos novos. Nos tratam como robôs porque dizem que a gente tem de aprender isso porque precisaremos crescer para ganhar dinheiro. Mas a vida não pode ser assim! A vida não é só isso! Mais do que estar aqui para aprender e, assim tirar notas boas, a escola tem de nos ajudar a crescer como pessoa, como cidadão. A gente não aprende sobre o voto, sobre a constituição, esse tipo de coisa... E isso é

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fundamental.

Tu participaste do projeto piloto da Mobis, iniciativa que pretende ser um portal de recursos educacionais abertos para professores de educação para a cidadania, né? Como foi essa experiência?

Sim, a minha sorte foi ter participado da Mobis logo no 1º ano do Ensino Médio, me ajudou muito, muito mesmo. A me dar conta de tudo! Antes de aprender esse tipo de conteúdo (cidadania) a gente não imaginava o quão grandioso era ter esse tipo de conhecimento, mas depois, a nossa vida mudou completamente. Hoje, a gente enxerga melhor as coisas ao nosso redor e isso nos faz crescer como pessoa.

Referências

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