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Academic year: 2022

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o

Estágio Supervisionado:

Estudo Preliminar

*

ALZIRA FERNANDES DE OLIVEIRA JÚLIA MARIA DE ALMEIDA CHERMONT LÚCIA MARIA DE IPANEMA MOREIRA GLYCÉRIO SARAH COUTO CÉSAR THEREZINHA LINS DE ALBUQUERQUE YONE CALDAS

**

1. Considerações Gerais.

2. Um Esbôço de Realidade.

2.1. Análise das Condições dos Campos de Estágio. 2.2. Análise das Condições dos Es~agiários.

3. Conclusões e Sugestões.

tste trabalho resultou de uma mesa-redonda de supervisores em Psicologia Clínica, com trabalho de supervisão aceito por Uni- versidades, integrantes do Grupo de Psicologia Clínica da Associa- ção Brasileira de Psicologia Aplicada.

O estudo abrange campos de estágio fora do âmbito das Uni- versidades, em instituições públicas e particulares, para atendimento de crianças e adolescentes com problemas emocionais, com defi- ciência mental e adultos doentes mentais, visando a conhecer a rea- lidade atual do estágio supervisionado.

Para melhor compreensão, dividimos o trabalho em três partes:

1 . Considerações gerais;

2. Um esbôço de realidade:

* Trabalho apresentado no Forum comemorativo do XX aniversârio da Associação Brasileira de PsicOlogia Aplicada.

* * Integrantes do Grupo de Psicologia Clínica da Associação Brasileira de Psicologia Aplicada.

Arq. bras, Psic. apl., Rio de Janeiro, 22(2) :47-53, abr./jun. 1970

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2 . 1. análise das condições dos campos de estágio;

2 .2. análise das condições dos estagiários.

3 . Conclusões e sugestões.

1 . CONSIDERAÇÕES GERAIS

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trabalho de supervisão pode ser conceituado como aprendi- zagem através de uma experiência supervisionada, com os obje- tivos de:

a) proporcionar desenvolvimento profissional;

b) permitir a aprendizagem de técnicos pela prática;

c) levar à formação de atitudes e hábitos profissionais, com relação ao manejo do material e atendimento do cliente.

Para que estas finalidades sejam atingidas, um conjunto de condições se faz necessário, conjunto êsse referente à instituição que programa o estágio, ao supervisor e ao estagiário.

Do ponto de vista da instituição que assume a responsabilidade de oferecer estágio supervisionado, consideramos como indispen- Sável:

1. que a atividade de estágio esteja integrada no plano geral da organização;

2. que seja estabelecido um plano específico para o estágio onde estejam delimitadas as atividades do estagiário, suas funções e responsabilidades;

3. que sejam oferecidas as condições de ambiente físico neces- sárias à formação técnica e ética;

4. que o estagiário, considerado em sua individualidade, seja levado à integração na equipe, respeitada a sua pessoa.

Por outro lado, deve o estagiário apresentar condições neces- sárias à sua integração na equipe e ao aproveitamento do trabalho que vai realizar, tais como:

a) motivação quanto ao tipo de estágio oferecido;

b) desejo de se integrar na equipe, respeitando seus membros e as condições que a instituição estabelece ao se iniciar o estágio;

c) formação teórica ou prático-teórica ao nível de trabalho que deve realizar.

Na dinâmica de supervisão, o supervisor é aquêle que procura levar o estagiário a descobrir por si mesmo as respostas para os

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problemas que surjam durante o trabalho. ~ na relação com o super- visor que o supervisionado chega a conhecer as próprias possibili- dades e limitações, num processo de identificação que leva ao de- senvolvimento de suas capacidades. Neste processo deve ser consi- derado, no que se refere à pessoa do supervisor:

a) sua formação teórica e experiências na profissão;

b) seu nível de integração na estrutura geral da organização e na equipe;

c) as satisfações que obtém na tarefa de supervisão;

d) a se~rança que já tenha atingido profissionalmente;

e) as dificuldades inconscientes com relação ao estagiário e o equilíbrio que deva possuir para não acentuar suas ansie- dades persecutórias.

Observando todos êstes fatôres que intervêm no desenvolvi- mento do estagiário, sentimos a complexidade da natureza do es- tágio supervisionado e o trabalho cuidadoso que exige para que dêle resulte uma formação profissional consciente.

2. UM ESBOÇO DE REALIDADE

Passaremos agora ao estudo que teve por fim dar-nos uma visão da situação atual do estágio supervisionado, fora do âmbito das Universidades.

2 . 1. Análise das Condições dos Campos de Estágio Nesta análise vamos focalizar os seguintes aspectos:

1. finalidade da instituição;

2. tipo e planejamento do estágio, 3. dinâmica do serviço;

1. ambiente físico;

5. supervisão.

1. Do ponto de vista da finalidade da instituição, o que encon- tramos foi o seguinte:

a) campo de estágio com atividades voltadas primordialmente para estudo, pesquisa e treinamento de pessoal além da as- sistência;

b) campo de estágio com atividades voltadas primordialmente para assistência.

2. Quanto ao tipo de estágio oferecido, observamos:

a) estágio de observação em nível de pós-graduação em diag- nóstico, terapia e a grupos que trabalham na comunidade;

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b) estágio de formação a alunos de Universidade em diagnós- tico e orientação.

No que se refere, propriamente, ao plano de estágio encontra- mos, por um lado, instituições com planejamento detalhado, desde a seleção dos estagiários, de acôrdo com a finalidade do estágio e os objetivos do serviço que o recebe, até a discriminação das etapas propostas, incluindo observação inicial, leitura de documen- tação existente, participação das reuniões que visem à integração, e atendimento de casos selecionados de acôrdo com as condições de cada estagiário. Por outro lado, há instituições onde não se elabora um plano de estágio, com delimitação das atividades do estagiário, que estabeleça uma gradação nas responsabilidades que deve assumir.

3. A dinámica dos campos de estágio se caracteriza pelos tra- balhos em equipe, sendo que existe equipe completa com equitati- vidade de membros, equipe completa sem equitatividade de membros e equipes incompletas. Em tôdas, as orientações são decididas em reuniões clínicas quando o caso requeira. Faltam-nos dados que pos- sibilitem, no momento, um conhecimento maior do tipo de relação entre os membros da equipe e entre a equipe e a organização onde esteja inserida.

4. No aspecto relativo ao ambiente físico observamos que ao lado de locais onde todos os cuidados são tomados no sentido de assegurar formação condizente com os princípios que a norteiam, encontramos outros que para isso não se encontram preparados.

5. Quanto à atividade propriamente de supervisão, a situação em têrmos de supervisores é a seguinte:

a) a escolha do supervisor é da indicação do chefe do serviço ou clínica;

b) os critérios de escolha variam; se tomarmos a experiência no campo como um dos critérios encontramos uma faixa em anos que vai de 3'" a 12"', além de supervisores recém- formados.

Não nos foi possível o levantamento relativo a outras caracte- rísticas tais como: curso em pós-graduação, análise pessoal, tempo de supervisão de pessoal, bem como obter dados sôbre a dinâmica da relação supervisor x supervisionado, que nos parece importan- tíssima, devendo ser objeto de estudo mais aprofundado. Aqui assi- nalamos que, quando não há plano de estágio, nem sempre cabe ao supervisor a delimitação das atividades do estagiário.

No momento, duas das instituições que constituíram nossa amostra suspenderam o estágio por absoluta falta de condições em têrmos de local e supervisão.

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2.2. Análise das condições dos estagiários

Procuramos aqui dar uma visão geral das características dos estagiários, desde sua motivação, seu preparo para o tipo de estágio que vai fazer e o estágio que realiza.

A motivação na escolha do local de estágio é variável, embora de um modo geral encontremos o estagiário pressionado no sentido de ter que completar X horas para receber o diploma, não signifi- cando o campo de estágio um lugar de real interêsse para seu cres- cimento.

A limitação do número de vagas dá motivo a que o estagiário dependa de pistolão ou precise entrar em fila aguardando a vez, o que acentua sua ansiedade.

Freqüentemente, o estagiário desconhece a natureza dos servi- ços, que exige conhecimentos teóricos e práticos que não possui ainda.

Quando a atividade preponderante é a assistência e inexiste um plano específico de estágio, o estagiário com freqüência é conside- rado, em têrmos de produção, como profissional de experiência no campo, o que não acontece quando o estudo e o treinamento de pessoal são fundamentais.

Cabe aqui assinalar um fato da maior importância que se refere às relações que a Universidade, como centro formador, mantenha com os locais de campo de estágio. No momento, êste relaciona- mento se restringe ao aspecto formal da questão, consistindo numa carta de apresentação à direção da instituição e ao conceito que o supervisor envia ao final do estágio, ou apenas se limitando a êste último.

3. CONCLUSõES E SUGESTõES

Do nosso estudo, que consideramos apenas trabalho prelimi- nar, podemos tirar algumas conclusões que nos permitam uma visão da realidade dos campos de estágio e dos estagiários. Quanto aos campos de estágio, observamos que apesar de procurarem realizar trabalho de equipe e de representarem uma experiência bastante rica no campo da Psicologia Clínica, os tipos de problemas encon- trados, ao nível atual dos estagiários, tornam-se uma fonte de gran- des frustrações. uma vez que êstes não se encontram suficiente- mente preparados para participarem de trabalhos tão complexos, principalmente quando a instituição não possui um planejamento gradativo de estágio.

Assim é que o estagiário pode, de início, ter que fazer um diag- nóstico diferencial entre oligofrenia e esquizofrenia, sem nunca an- tes ter tido treinamento de técnicas de aplicação de testes, de observação de comportamento ou ainda de diagnóstico em outro

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tipo de cliente. A inexistência de um plano de estágio, que demonstra claramente que a atividade não é parte integrante da estrutura geral, faz com que o estágio assuma responsabilidade muito acima do que lhe seja possível, Jevando-o a uma desorientação que reputamos altamente prejudicial à formação. Quando êste plano existe, quando o estagiário seja respeitado como pessoa, com escolha criteriosa dos casos que devam ser atendidos por êle, verificamos aperfeiçoa- mento gradativo que diminui sua ansiedade e sentimento de incapa- cidade em face do trabalho que realize.

A situação de supervisão, no momento, nos parece grave por uma procura que excede de muito as possibilidades de oferta, uma vez que os cursos de Psicologia cresceram de forma assustadora nos últimos anos, assustadora no sentido de que não houve uma prepa- ração da estrutura que assumiria a responsabilidade de dar formação aos alunos, uma vez que as Universidades não podem prescindir dos campos de estágio fora de seu âmbito. tste fator de aumento do número de estudantes de Psicologia, em relação aos locais de estágio supervisionado, e a ausência de critérios já considerados vâlidos para escolha e treinamento de supervisores, redundam no fato de encontrarmos ao lado de supervisores bastante experimen- tados, outros em que nos parece a própria experiência profissional seja insuficiente, mostrando uma forma ansiosa e inadequada de solucionar o problema.

Resta, ainda, cOJ,lsiderar que as inadequações que encontramos no ambiente físico concorrem para deformações do ponto de vista técnico e ético do estagiário, pois contradizem frontalmente a for- mação que deve proporcionar.

Diante de todos êsses problemas, cabe-nos a responsabilidade de refletir sõbre a necessidade urgente de solução. No que se refere à supervisão, estuda o Grupo de Psicologia Clínica, da Associação Brasileira de Psicologia Aplicada os critérios para qualificação e treinamento de supervisores em diagnóstico e psicoterapia.

A partir do estudo realizado, gostaríamos de apresentar suges- tões às Universidades como uma colaboração, uma vez que com a autoridade e responsabilidade de centros formadores, têm condições para promover uma melhoria da situ.ação do estágio. Assim sugeri- mos que:

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a) procurem estabelecer um relacionamento estreito com os campos de estágio em nível de direção geral;

b) procurem promover reuniões de supervisores para discussão dos problemas decorrentes do estágio e busca de soluções;

c) procurem planejar o estágio gradativo e, se possível, o acompanhamento do aluno desde o início do curso, para melhor conhecer suas motivações e orientá-lo na escolha do campo de estágio;

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d) procurem adaptar, tanto quanto possível, o currículo em função do tipo de estágio que o aluno vai encontrar e das atividades que poderão ser exercidas pelo psicólogo (pesquisa de campo de estágio e de mercado de trabalho) .

É de nosso desejo que êste estudo preliminar seja de utilidade àquilo que se propõem todos aquêles empenhados na formação e aperfeiçoamento do psicólogo: o crescimento do profissional dentro de uma dinâmica de condições que o tornem mais aprimorado em sua técnica, mais participante do grupo a que pertença e mais cons- ciente de suas responsabilidades para com a pessoa humana.

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Leia ainda: A Importância do Diagnóstico Precoce e O Fumo e o Câncer.

Pedidos para a Fundação Getúlio Vargas, Serviço de Publi- cações, Praia de Botafogo, 188, CP 21.120, ZC-05, Rio, GB.

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Referências

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