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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Goiânia - Estado de Goiás

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Academic year: 2022

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Processo nº 01647065920168090051 (201601647063) - Recuperação Judicial Recuperandas:

PROJETO MARES CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA – CNPJ 04964121000104 MARES ANAPOLIS CONSTRUTORA E INCORPORADORA SPE LTDA – CNPJ 09264661000107 MARES ECOVIDA ITUMBIARA CONSTRUTORA E INCORPORADORA – CNPJ 12270494000103 MARES ILHAS DA AMAZONIA CONSTRUTORA E INCORPORADORA – CNPJ 10306234000115 MARES JATAI CONSTRUTORA E INCORPORADORA SPE LTDA – CNPJ 10304842000190 Credora: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CAIXA), instituição financeira de direito privado sob a forma de empresa pública, criada pelo Decreto-Lei n° 759, de 12/08/1969, alterado pelo Decreto-Lei n° 1.259, de 19/02/1973, constituída pelo Decreto n°

66.303, de 06/03/1970, regendo-se por seu atual estatuto aprovado pelo Decreto nº 7.973, de 28 de março de 2013, publicado no Diário Oficial da União de 01/04/2013 e retificação publicada no Diário Oficial da União de 05/04/2013, alterado pelo Decreto nº 8.199, de 26/02/2014, publicado no DOU de 27/02/2014, com sede em Brasília/DF, inscrita no CNPJ/MF sob n° 00.360.305/0001-04 e filiais neste Estado de Goiás, com seu Jurídico Regional sediado em Goiânia, à Rua 11, 250, 10º andar, Centro, CEP 74015-170, onde recebe intimações e citações conforme procuração anexa, endereço eletrônico jurirgo@caixa.gov.br, por sua advogada infra-assinada, tendo em vista o “Edital de Aviso” publicado no dia 30/08/2016 vem, nos autos acima indicados, conforme o disposto no parágrafo único, do art. 55, da Lei nº 11.1001/2005, apresentar OBJEÇÃO ao Plano de Recuperação Judicial apresentado pelas Recuperandas, nos seguintes termos:

A CAIXA constou na Segunda Lista de Credores, publicada em 31/08/2016, como credora quirografária de R$ 1.399.617,86 e como credora com garantia real de R$ 2.811.234,16.

Como o Administrador Judicial não acatou a divergência dos créditos habilitados pela CAIXA, exatamente como foi requerida em 07/07/2016 diretamente ao administrador judicial, foi necessária a impugnação da 2ª Lista de Credores, protocolada em 09/09/2016.

Ao analisar o Plano de Recuperação Judicial apresentado pelas recuperandas a CAIXA também discorda de suas cláusulas e condições e oferta a presente OBJEÇÃO pelo quanto passa a discorrer:

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1 - DA FORMA PAGAMENTO AOS CREDORES – DO DESÁGIO, CARÊNCIA E PARCELAMENTO PROPOSTOS - DOS JUROS E CORREÇÃO IRRISÓRIOS

Considerando serem as Condições de pagamento previstas no Plano de Recuperação Judicial para as classes nas quais CAIXA se enquadra (GARANTIA REAL E QUIROGRAFÁRIO), pelo que consta do item 11.2 da pág. 60 e 11.6 da pág. 63 do PRJ:

Classes - Garantia Real e Quirografário (pág. 60 do PRJ)

Carência: 01 (um) ano, contados a partir da publicação da decisão judicial que homologar o PRJ

Deságio: 60%

Indexador/Taxa de Juros: TR + 1,5% a.a. a partir da decisão que homologar o PRJ

Prazo de Pagamento: prazo máximo de 07 anos

Pagamento de 40% do valor constante na lista de credores incidindo sobre o valor já com deságio (letra “g” do item 11.2) a ser pago em 4(quatro) parcelas trimestrais, sendo cada pagamento realizado no último dia útil do mês

subseqüente a cada trimestre após a carência

Denota-se que a pretensão das Recuperandas, em verdade, é de receber um desconto substancial para liquidação de todas suas dívidas, pretendendo que sua inadimplência se reverta em bônus – que de modo algum é o intuito da Lei de Recuperação e Falência -, vez que pretendem deságio de 60% para as Classes quirografária e garantia real nas quais se inserem a credora CAIXA, além de condições excepcionais de pagamento, como carência de 12 meses, sem qualquer tipo de amortização no período; prazo de longos 84 meses para pagamento; pagamento de 40% do valor já com deságio em 4 parcelas trimestrais; provocando sérios prejuízos aos credores quando se verifica que ao longo de todo este tempo, o indexador/taxa de juros é a TR + 1,5% a.a., correção esta data venia escandalosa, pois equivale a menos da metade do que paga a Caderneta de Poupança.

Isso sem contar que pela proposta apresentada pelas recuperandas sequer o principal mutuado será ressarcido.

As condições de Deságio (pagamento de pouco mais que a metade dos créditos), parcelamento extenso, juros e correção irrisórios, somente corroboram para a utilização do expediente da Recuperação Judicial para auferir vantagens não permitidas por lei em detrimento de terceiros. Na verdade a má utilização do instituto da Recuperação Judicial.

Cabe salientar que o Plano não faz menção aos encargos a serem imputados às Recuperandas em caso de eventual impontualidade no pagamento das parcelas, o que reforça o favorecimento declarado das recuperandas em relação a seus credores, já penalizados pelas absurdas condições de pagamento propostas.

2 – DA PREVISÃO DE LEILÃO REVERSO

E as ilegalidades não cessam por aí.

No item 11.9 do Plano de recuperação judicial prevê expressamente “LEILÃO REVERSO” promovendo não apenas tratamento diferenciado entre credores da mesma classe como de classes diversas, e promovendo uma verdadeira “correria”

de credores para obter êxito na recuperação do seu crédito.

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Está consignado no item 11.9 do PRJ a possibilidade de credores receberem antecipadamente seus créditos consignado no plano que “na prática, significa destinar recursos da própria empresa para aquisição de créditos com deságio. Vencerão o leilão os credores que ofertarem seus créditos com a maior taxa de deságio possível”.

Tal previsão afronta a par conditio creditorum pois possibilita que credores tenham seus créditos quitados em detrimento dos demais credores. Fere frontalmente o espírito da Lei e somente visa desigualmente o benefício exacerbado das empresas recuperandas.

Eventual excedente de caixa deve ser utilizado para amortização ou quitação das dividas de forma igual para todos os credores ou antecipação de pagamentos previstos no plano, e não para promover a desigualdade e a disputa entre credores.

3 - DA NOVAÇÃO DAS DÍVIDAS E DA PREVISÃO DE SUSPENSÃO DE TODAS AS AÇÕES E EXECUÇÕES

Encontra previsão no PRJ:

“A aprovação do Plano acarretará por força do disposto no art. 59 da Lei nº.

11.101/2005 a novação das dívidas sujeitas à recuperação.” (pág. 68)

“Após a aprovação do plano de recuperação judicial, deverão ser suspensas todas as ações de cobrança, monitórias, execuções judiciais ou qualquer outra medida judicial ajuizada contra o “GRUPO MARES”, referente aos créditos sujeitos à recuperação judicial e que tenham sido novados pelo Plano aprovado. É vedada ainda, a constrição de bens e prosseguimento processual enquanto o Plano aprovado estiver sendo regularmente cumprido.

Os processos permanecerão suspensos enquanto as obrigações assumidas neste Plano estiverem sendo cumpridas a tempo e modo, até eventual solução, resilição ou alteração do Plano aprovado.”

A CAIXA desde já discorda totalmente da pretensão das Recuperandas, uma vez que se reserva no direito de executar/cobrar judicialmente a dívida de sócios/avalistas e não liberar as garantias prestadas visando maximizar a recuperação do crédito, questão que já está reconhecida pelos Tribunais Pátrios, especialmente pelo STJ.

A eventual aprovação do PRJ não deve implicar em novação de todas as obrigações sujeitas nos termos e para os efeitos propostos no PRJ. Inaceitável que eventual aprovação do Plano de Recuperação judicial acarrete automática liberação de todas as garantias pessoais, inclusive avais e fianças que tenham sido prestadas por seus administradores ou acionistas aos credores, pois afrontam o contido no §4º do art.6º da Lei 11.101/2005 e §1º do artigo 49 do mesmo ordenamento jurídico.

4 - DO INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO PARA PAGAMENTOS

Encontra previsão no plano que a contagem do prazo para início dos pagamentos somente se dará a partir da publicação em da decisão que homologar o PRJ.

Não encontra fundamento na Legislação e não pode ser aceito tal prazo vez que se trata de data incerta e que pode ser por demais estendida em evidente

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prejuízo ao recebimento dos créditos pelos credores concursais estando evidente a pretensão de alongar ainda mais o não cumprimento das obrigações por parte das Recuperandas. O intuito é postergar e mais postergar o pagamento, utilizando-se indevidamente da Recuperação Judicial.

5 - DA AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE – ADEQUAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA À CUSTA DOS CREDORES – TRANSFERÊNCIA DO RISCO EMPRESARIAL E DO PREJUÍZO

A proposta de pagamento não guarda razoabilidade e não atende aos interesses da CAIXA, motivo pelo qual, da forma em que a mesma se apresenta, não reúne condições que permita a CAIXA votar favoravelmente à aprovação do PRJ numa eventual Assembléia Geral de Credores

Denota-se que a pretensão única da Recuperanda, em verdade, é de receber um desconto substancial para liquidação de todas suas dívidas, o que leva a concluir que sua inadimplência agora se reverterá em bônus, vez que não elencou bens de seu patrimônio para venda e satisfação dos credores. Ora, esse não é o espírito da lei de recuperação.

Ressalte-se ainda que sob o nome de deságio, pretende a empresa devolver valor inferior ao capital mutuado. Ora, quando a lei de recuperação judicial dispõe, em seu art. 50, que constitui meio de recuperação a concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas, em nenhum momento autoriza a conclusão de que poderá ser exigido de qualquer mutuante que receba menos do que emprestou, pois se assim o fosse, tratar-se-ia de verdadeiro enriquecimento sem causa, vedado pela lei civil, sob o argumento da continuidade das atividades da empresa.

Ademais, as Recuperandas continuam responsáveis pelos atos de gestão que culminaram com a inadimplência. A responsabilidade da empresa não pode ser

“rateada” entre os credores, como se estes fossem os responsáveis pela situação atual da empresa.

A condição de inadimplência gerada pela empresa e seus reflexos são responsabilidade da própria empresa e dos seus gestores (sócios/avalistas) e tais ônus não podem ser direcionados aos credores, como se estes tivessem que suportar um deságio, implicando em retorno inferior ao capital emprestado. Se assim fosse, estar-se-ia a promover o enriquecimento sem causa, o que certamente não é o objetivo da Lei de Recuperação Judicial.

Adequar o fluxo de caixa, submetendo seus compromissos mensais, logo de início, a um desconto estratosférico, totalmente fora do padrão, é clara a intenção de gerar prejuízos aos credores, dentre eles a CAIXA.

Em tese, qualquer fluxo de caixa ficaria ajustado se, pela ordem dos fatores, se aplicasse em primeiro lugar (na cabeça), o deságio de 60%, e depois se alongasse o prazo “a perder de vista” até o limite necessário. Ora, pelo visto, a Recuperanda calcula o desconto e projeta o prazo para então afirmar que o fluxo de caixa está correto.

Parece que tal premissa está invertida. Diferente do demonstrado, o fluxo de caixa tem o condão de permitir a gestão de entrada e saída de recursos, de forma a demonstrar o seu caixa num determinado período.

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Para ajudar a viabilizar a atividade empresarial da recuperanda, seria até possível o razoável alongamento dos prazos de pagamento e a redução de encargos;

não a redução do próprio capital mutuado, como proposto.

6 – DA VENDA DE ESTOQUES/ BAIXA DE HIPOTECAS

O item 13 do PJR prevê a venda de estoques “Considerando a necessidade de intensificar suas operações, o “GRUPO MARES” poderá vender seus estoques objetivando a geração de caixa e operacionalizar suas atividades.” (pág. 50).

Contudo, não há no PJR referência a obrigatoriedade, caso essas unidades possuam ônus do devido pagamento ao credor titular da garantia. Considerando assim, os créditos da CAIXA garantidos por hipoteca de unidades em estoque, a presente premissa poderá impactar em desconstituição da garantia de pagamento e consequente prejuízo a CAIXA, situação essa vedada pela Lei 11.101/05.

De sorte que eventual venda de estoque não pode implicar em perda de garantia ao credor com garantia real, dependendo de autorização para venda e baixa da hipoteca mediante quitação proporcional da dívida frente ao credor detentor da garantia hipotecária (onde se insere a CAIXA).

NESTE ASPECTO O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL APRESENTADO PELAS RECUPERANDAS VIOLA DIRETAMENTE O ART. 50, § 1º DA LEI Nº 11.101/2005:

“Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:

(...)OMISSIS

§ 1o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.”

7 - CONCLUSÃO

Pelo exposto, a CAIXA discorda totalmente da proposta de pagamento apresentada no “Plano de Recuperação Judicial” e requer que seja convocada Assembléia Geral de Credores para deliberação sobre a recuperação judicial das requerentes.

A CAIXA também não concorda com a supressão de quaisquer garantias, ou substituição delas, sem sua concordância expressa, conforme lhe garante a lei (Lei nº 11.101/2005, art. 50, § 1º), nem com a pretendida novação das dívidas ou impedimento de execução em face dos co-devedores, fiadores, avalistas, garantidores, que de livre e espontânea vontade prestaram garantias em nome próprio.

Pede deferimento.

Goiânia, 28 de setembro de 2016.

Allinny Gracielly de Oliveira Alves Advogada – OAB/GO 27.281

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