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LETRA DE CÂMBIO ACORDO DE PREENCHIMENTO AVAL

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Tribunal da Relação de Lisboa

Processo nº 3273/05.9TBMTJ-B.L1-6 Relator: ANA LUCINDA CABRAL

Sessão: 29 Novembro 2012 Número: RL

Votação: UNANIMIDADE Meio Processual: APELAÇÃO Decisão: IMPROCEDENTE

LETRA DE CÂMBIO ACORDO DE PREENCHIMENTO AVAL

FIANÇA

Sumário

I – Recai sobre o obrigado cambiário o ónus de provar a alegada violação do acordo de preenchimento da letra de câmbio que constittui o título executivo;

II – Aval e fiança são institutos substancialmente diferentes já que o primeiro visa unicamente garantir obrigações cambiárias e integra uma obrigação autónoma, literal e abstracta, ao passo que a fiança constitui uma obrigação acessória cuja validade depende da da obrigação principal.

III. No aval existem duas obrigações distintas com dois devedores e na fiança apenas existe uma obrigação mas com dois obrigados;

(AP)

Texto Parcial

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa

I – Relatório:

Vieram «M – Produção de Filmes, S.A.», (…) com sede (…) A..., bem como Paulo (…), residente (…), em Lisboa, por apenso à execução comum n.º 3273/05.9TBMTJ, que contra si moveu «E – Sistemas de Electrónica, S.A.», com sede (…) em C..., deduzir Oposição à Execução, a qual corre seus termos sob a forma de processo sumário.

Para tanto, alegam os executados, muito em síntese, que a exequente preencheu a letra que lhe foi entregue em branco, aceite pela executada e avalizada pelo executado, em desacordo com o pacto de preenchimento àquela

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inerente, mormente no que tange ao valor na letra inscrito, o qual excede o montante máximo garantido, além de não ter a exequente considerado os pagamentos entretanto efectuados e de pedir juros que não são devidos, porquanto incidentes sobre montantes pagos e sobre juros já contados. Por outro lado, invocam os executados que a exequente reclamou no respectivo processo de insolvência o mesmo crédito contra a sociedade «Cinemas M, S.A.», cuja obrigação os executados garantiram, pretendendo receber duas vezes o mesmo crédito.

A exequente contestou no prazo legal, defendendo que a letra foi preenchida de acordo com o respectivo pacto de preenchimento, tendo o contrato inicial que lhe subjaz sido objecto de um aditamento, com a inerente extensão do débito da «Cinemas M, S.A.», integralmente garantido pelos executados, sendo devidos juros nos moldes calculados, além de nada ter recebido no processo de insolvência daquela sociedade.

Após saneamento e instrução dos autos, procedeu-se à realização do

julgamento, com obediência do legal formalismo, tendo sido lidas as respostas à matéria de facto sem apresentação de reclamações.

Foi proferida sentença com o seguinte dispositivo: “Julgo a oposição à

execução improcedente, por não provada e, em consequência, declaro cessada a suspensão da execução n.º 3273/05.9TBMTJ-B e determino o seu ulterior e regular prosseguimento.”

M, S. A. e Paulo interpuseram recurso, concluindo:

a) Em 17 de Janeiro de 2003, a ora recorrida celebrou com a Cinemas M, S.A., que não é parte nestes autos, um denominado contrato de “Empreitada para o fornecimento e construção para os Cinemas M no Novo Estádio do ...”;

b) Aquela empreitada tinha o preço de € 2.450.000,00, dos quais a dona da obra apenas pagou, na adjudicação, € 367.500,00, tendo a E concedido um financiamento de € 2.082.500,00.

c) Para garantir o cumprimento do contrato por parte da Cinemas M, a 1ª.

apelante constitui-se fiadora e aceitou uma letra, que entregou em branco, avalizada pelo seu administrador Paulo, ora 2º. apelante;

d) Mais tarde, em 26 de Agosto de 2003, foi celebrado um novo acordo entre a Cinemas M e a E, que tinha por objecto a instalação eléctrica do cinema.

e) Em 4 de Dezembro de 2003, foi assinado um documento intitulado

“Aditamento ao Adicional nº. 1”. relativo a equipamentos e serviços a instalar no dito Movie Lounge e no restaurante A;

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f) No quesito 8º, deu-se como provado que o valor aposto na letra dada à execução – € 3.193.261,92 – englobava o saldo em dívida do primeiro contrato e os preços dos segundo e terceiro, entendendo a Mma. Juiz a quo que se tratou de um único financiamento da E;

g) Essa resposta não tem suporte nos documentos juntos aos autos, que são autónomos entre si quanto a preços e formas de pagamento, e desconsiderou indevidamente o que sobre a matéria disseram as testemunhas João e Maria, que explicaram tratar-se de três empreitadas distintas, não sendo obrigatório que as

h) Devidamente ponderadas as provas produzidas, o quesito 8º. deveria ter sido respondido restritivamente, sendo excluída da sua redacção a parte que inculca que se tratou de um único contrato;

i) A garantia prestada pela recorrente M foi uma fiança, no âmbito da qual ocorreu a entrega de uma letra em branco, contendo apenas o aceite dela e o aval do 2º. apelante;

j) É nula a fiança cujo objecto não seja determinado ou, pelo menos, determinável segundo um critério fixado no momento em que é prestada;

k) A referência a obrigações actuais e futuras constante do pacto de

preenchimento reporta-se apenas à concreta operação de financiamento de € 2.082.500,00 (resposta ao quesito 4º.) e não a quaisquer obrigações

decorrentes de outras fontes, designadamente dos denominados “Adicional nº.

1” e “Aditamento ao Adicional nº. 1, que não se perspectivavam no momento do primeiro contrato;

l) Mesmo que os recorrentes tivessem, em abstracto, manifestado a vontade de garantir obrigações futuras, mas cujos contornos não fossem ainda

conhecidos quando o fizessem, a fiança sempre seria nula, por indeterminabilidade do objecto;

m) A, aliás douta, sentença recorrida procedeu a errada interpretação e aplicação do art. 654º do Código Civil;

n) A dívida da Cinemas M para com a E, que foi garantida pelos apelantes, no valor inicial de € 2.082.500,00, foi amortizada pela devedora principal pelo total de € 286.675,32, em razão do que o capital assegurado teria o valor de € 1.795.824,68 (resposta ao quesito 7º.);

o) Nos termos do pacto de preenchimento, a letra poderia englobar os juros contratuais e de mora, mas não o capital devido pela Cinemas M por força de contratos que não se encontravam garantidos pelos aqui apelantes;

p) A emissão da letra pelo valor de € 3.193.261,92 correspondeu a um preenchimento abusivo e, por isso, ilícito.

Pelo exposto e pelo douto suprimento do Venerando Tribunal ad quem, deve ser concedido provimento ao recurso e revogada a, aliás douta, sentença

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recorrida, como é de inteira JUSTIÇA

E, S.A., Exequente, apresentou contra-alegações, resumindo.

A sentença proferida não merece qualquer reparo, tendo adequadamente subsumido a realidade dos factos ao direito civil constituído, resultante da lei e dos estatutos. Não houve, portanto, a violação de qualquer das normas legais apontadas.

Em jeito de desabafo, termina-se afirmando que o presente recurso mais não é do que um manifesto expediente dilatório por parte dos Recorrentes para evitar a venda dos bens penhorados. Mais do que pedir a habitual justiça, como se faz abaixo, pede-se bom senso e moral. Nomeadamente, terá de ser devidamente sancionada, com o indeferimento do presente recurso, a conduta do Recorrente Paulo, que negoceia contratos em nome das “suas” empresas, deixando atrás de si um rasto de dívidas, litiga de forma dilatória – como se veio a provar na sentença de 1.ª instância, que nenhuma razão lhe atribuiu –, e culmina num enorme desrespeito ao tribunal, ao faltar sucessivamente às convocatórias para prestar depoimento de parte.

Termos em que, não ocorrendo a violação de quaisquer preceitos legais, deve ser proferido acórdão julgando o recurso improcedente e mantendo-se a decisão de 1.ª instância, com o que se fará, como habitualmente, inteira e sã JUSTIÇA.

Nos termos das disposições conjugadas dos artºs 684,º nº 3 e 690,º do CPC, na redação anterior ao Dec-Lei nº 303/2007, de 24/VIII, são as conclusões do recurso que delimitam o objecto do mesmo e, consequentemente, os poderes de cognição deste tribunal.

Assim, as questões a resolver consistem em saber se houve:

- erro de julgamento da matéria de facto e;

- violação do pacto preenchimento na letra dada à execução,

II – Fundamentação de facto.

A) Provaram-se os seguintes factos, tendo sido complementados os constantes das alíneas j) e N).

A. A exequente intentou a acção executiva n.º 3273/05.9TBMTJ em 12.12.2005, munida de um documento onde se inscreve a frase “no seu vencimento pagará(ão) V. Exa.(s) por esta única via de letra a nós ou à nossa ordem a quantia de” 3.193.261,92 euros, com a indicação de data de

“emissão” de “08.07.05” e com data de vencimento de “20.07.05”, tendo como

“sacador” a exequente (documento de fls. 14 dos autos de execução).

B. A executada «M – Produção de Filmes, S.A.» subscreveu o documento

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referido em A, transversalmente, por baixo dos dizeres “Aceite” (documento de fls. 14 dos autos de execução).

C. No verso do documento referido em A. e B. e sob a expressão “Dou por aval à firma aceitante”, constam as assinaturas de Paulo (documento de fls. 14 dos autos de execução).

D. A exequente não celebrou, para além do “pacto de preenchimento da letra e da garantia” que lhe subjaz, quaisquer negócios com os executados.

E. Aos quais jamais vendeu bens ou prestou serviços.

F. A executada «M – Produção de Filmes, S.A.» é sócia maioritária da

«Cinemas M, S.A.».

G. O executado Paulo, ao tempo da subscrição da “letra”, era o Presidente dos Conselhos de Administração da «Cinemas M, S.A.» e da «M – Produção de Filmes, S.A.».

H. A «Cinemas M, S.A.» não dispunha de meios financeiros suficientes para pagar o preço à exequente, de pronto, e esta dispôs-se a conceder-lhe

facilidades de crédito.

I. Por carta elaborada em 19 de Fevereiro de 2003, sob minuta da exequente, a «M – Produção de Filmes, S.A.» declarou, entre outras coisas, que:

a) As facilidades concedidas pela E à «Cinemas M, S.A.» eram-no também no interesse dela, «M – Produção de Filmes, S.A.»;

b) Assumia o compromisso de não alterar a sua participação na «Cinemas M, S.A.», enquanto se mantivessem responsabilidades emergentes do

financiamento concedido pela «E, S.A.»;

c) Para garantia do compromisso assumido, entregava à E uma letra em branco subscrita pela declarante, com “aval pessoal” do seu Administrador (Paulo), acompanhada por carta irrevogável de autorização de preenchimento.

J. Na mesma data, sob minuta da exequente, «M – Produção de Filmes, S.A.»

subscreveu a carta (fls. 32) onde consta assinaladamente: Para garantir a segurança das obrigações decorrentes da operação de financiamento

concedido por V. Exas. à nossa associada Cinemas M, S.A., actuais e futuras, designadamente, saldos em dívida, comissões e juros contratuais e de mora, junto remetemos a V. Exas. Uma livrança com a data de emissão, montante e data de vencimento em branco, subscrita por M – Produção de Filmes, S.A. e com o aval pessoal do nosso Administrador.

A E – Engenharia, S.A. fica, desde já, autorizada a preencher a referida letra, na data que tiver por conveniente e com o vencimento e pelo valor das

obrigações supracitadas então em dívida.

K. Com aquela carta foi enviada à exequente a “letra” que, depois de preenchida, haveria de ser dada à execução.

L. Tal “letra”, no momento da sua entrega à exequente, apresentava-se por

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preencher.

M. A “letra” apenas continha o carimbo da «M – Produção de Filmes, S.A.» no espaço destinado ao nome e morada do “sacado”, o “aceite” por parte da «M – Produção de Filmes, S.A.» e o “aval” à “aceitante” subscrito por Paulo.

N. O “pacto de preenchimento da letra” consta de dois documentos, ambos datados de 19 de Fevereiro de 2003, o referido em J) e o de fls 31 com o

timbre “M Produção de Filmes” e com assinatura sob o carimbo “M, Produção de Filmes, SA Administração: “Exmos Senhores.

Tomámos conhecimento das condições acordadas por V. Ex.as e Cinemas M Ltda para a concessão de facilidades de crédito sob forma de um pagamento diferido do contrato para a construção do Complexo de Salas de Cinema no novo estádio do ....

Tais facilidades são concedidas também, em nosso interesse, merecendo as respectivas condições a nossa inteira concordância.

Assim, declaramos que tudo faremos para que a Cinemas M Ltda esteja, sempre, munida do meios financeiros que lhe permitam, com pontualidade, fazer face às obrigações assumidas perante essa Empresa e decorrentes do crédito referido.

Desde modo, comprometemo-nos, de forma irrevogável, caso a nossa

associada não cumpra, no todo ou em parte, as obrigações contraídas perante V. Ex.as, a regularizar, no prazo de 8 (oito dias) o montante em dívida.

Assumimos igualmente o compromisso de não alterar a nossa participação na Cinemas M Ltda, enquanto se mantiveram quaisquer responsabilidade

contraídas no âmbito do crédito concedido.

Para garantir o compromisso assumido por via deste documento, entregamos a essa empresa uma letra em branco subscrita por esta Sociedade, com aval pessoal do nosso administrador, acompanhada por carta irrevogável de autorização de preenchimento”.

O. A “letra” foi emitida pelo montante de € 3.193.261,92.

P. No dia 17 de Janeiro de 2003, a exequente e «Cinemas M, S.A.» celebraram o contrato que conta de fls. 10 a 29.

Q. No âmbito do qual a «Cinemas M, S.A.» se obrigou a pagar à exequente o montante de € 2.450.000,00, como consta da cláusula 3.ª do documento de fls.

10 a 29.

R. Dos € 2.450.000,00, a «Cinemas M, S.A.» apenas procedeu ao adiantamento de € 367.500,00.

S. A «E, S.A.» concedeu à «Cinemas M, S.A.» um financiamento de €

2.082.500,00, como consta da “folha de cálculo do pagamento diferido” a fls.

30.

T. No âmbito de tal contrato e para garantir o financiamento concedido pela

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exequente à «Cinemas M, S.A.», a «M – Produção de Filmes, S.A.» garantiu o pagamento do montante cujo crédito foi facilitado pela exequente à «Cinemas M, S.A.», no valor inicial de € 2.082,500,00, como consta do documento de fls.

30.

U. Entre a data da assinatura do contrato e a do preenchimento da “letra”, a

«Cinemas M, S.A.» efectuou à «E, S.A.» os seguintes pagamentos:

DATA MEIO DE PAGAMENTO MONTANTE 30.09.2003 Cheque ... € 11.424,90

30.09.2003 Cheque ... € 11.424,90 31.01.2004 Cheque ... € 35.313,99 29.02.2004 Cheque ... € 35.313,99 31.03.2004 Cheque ... € 25.644,50 31.03.2004 Cheque ... € 25.644,50 30.04.2004 Cheque ... € 16.057,73 31.08.2004 Cheque ... € 25.000,00 30.09.2004 Cheque ... € 25.000,00 30.09.2004 Cheque ... € 29.592,36 31.10.2004 Cheque ... € 30.000,00 31.10.2004 Cheque ... € 16.258,45 TOTAL € 286.675,32

V. O documento referido em A. e B. reporta-se a um financiamento concedido a

«Cinemas M, S.A.», para construção do complexo de salas de cinema do novo Estádio do ... , designadamente abrangendo os trabalhos relativos às

Instalações Especiais de Electricidade a A... e fornecimentos suplementares de equipamentos, no âmbito do contrato base, adicional n.º 1 e aditamento da Empreitada de Fornecimento e Montagem dos Cinemas M, Movie Lounge e Restaurante ..., realizadas naquele estádio, como consta do documentos de fls.

81 a 88 e do documento de fls. 32.

W. No decorrer da execução daquele contrato de empreitada, a sociedade

«Cinemas M, S.A.» solicitou à exequente a prestação de serviços e o

fornecimento de bens adicionais necessários à conclusão do referido complexo de salas de cinema.

X. A exequente celebrou com a «Cinemas M, S.A.» um aditamento ao contrato inicial – “Adicional n.º 1” – e um aditamento a este – “Aditamento ao Adicional n.º 1

–, em 26 de Agosto de 2003 e em 4 de Dezembro de 2003, como conta dos documentos de fls. 81 a 88.

Y. Tais aditamentos comportavam um aumento no preço da empreitada de € 431.000,00, acrescido do IVA à taxa legal em vigor, de 19%, num total de € 512.890,00, conforme resulta das cláusulas 2.ª dos documentos de fls. 81 a 88

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e de fls. 89.

Z. Ficou determinado o pagamento pela «Cinemas M, S.A.» à exequente de três novas prestações, a pagar em 20.04.2004, 20.10.2004 e 20.04.2005.

AA. No montante global de € 512.890,00.

BB. O plano de pagamentos acordado, composto por um total de 7 (sete) prestações, jamais foi cumprido pela sociedade «Cinemas M, S.A.».

CC. O que originou a emissão de “títulos cambiários com vencimentos

diferidos”, cujo somatório dos valores que titulam ascende a € 3.194.034,92, como consta dos documentos de fls. 90-97.

DD. A exequente interpelou os oponentes para pagamento do valor em dívida, no montante de € 3.193.261,92, sob pena de preenchimento da letra que constitui o título executivo da presente execução, como consta dos

documentos de fls. 98 e 99.

B) Impugnação da matéria de facto.

(…)

III – Fundamentação de direito.

Diz a Apelante que a garantia prestada pela recorrente M foi uma fiança, no âmbito da qual ocorreu a entrega de uma letra em branco, contendo apenas o aceite dela e o aval do 2º. Apelante.

A referência a obrigações actuais e futuras constante do pacto de

preenchimento reporta-se apenas à concreta operação de financiamento de € 2.082.500,00 (resposta ao quesito 4º) e não a quaisquer obrigações

decorrentes de outras fontes, designadamente dos denominados “Adicional nº.

1” e “Aditamento ao Adicional nº. 1”, que não se perspectivavam no momento do primeiro contrato.

A dívida da Cinemas M para com a E, que foi garantida pelos apelantes, no valor inicial de € 2.082.500,00, foi amortizada pela devedora principal pelo total de € 286.675,32, em razão do que o capital assegurado teria o valor de € 1.795.824,68 (resposta ao quesito 7º.); Nos termos do pacto de

preenchimento, a letra poderia englobar os juros contratuais e de mora, mas não o capital devido pela Cinemas M por força de contratos que não se

encontravam garantidos pelos aqui apelantes.

A emissão da letra pelo valor de € 3.193.261,92 correspondeu a um preenchimento abusivo e, por isso, ilícito.

Apreciando.

Estamos, pois, no caso vertente, perante uma acção executiva cujo título é uma letra de câmbio, em que a recorrida figura como sacadora e portadora e a recorrente, a executada «M – Produção de Filmes, S.A.» como sacada ou

aceitante e o recorrente Paulo, como avalista.

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Trata-se de um título cambiário de natureza formal, que contém o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada, o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga, a assinatura de quem a passa e a

indicação da data em que e o lugar onde é passada (artigo 1º da LULL).

É um título de crédito à ordem, de natureza formal, pelo qual uma pessoa se compromete, para com outra, a pagar-lhe determinada importância, em certa data, é envolvido, sob a motivação de facilitar a sua circulação como tal e de salvaguardar os interesses de terceiros de boa-fé, das características da incorporação, da literalidade, da abstracção, da independência recíproca das obrigações nele assumidas e da autonomia do direito do portador.

Com efeito, o direito de crédito cambiário está consubstanciado no documento, o conteúdo da obrigação cambiária é o que ele revela, e é independente da respectiva causa debendi.

Dir-se-á que os princípios da literalidade e da abstracção são instrumentais em relação à independência do direito cambiário face à causa que esteve na

origem da sua constituição.

Mas a plena relevância das mencionadas características da literalidade e

abstracção depende de as letras entrarem em circulação, ou seja, de passarem à titularidade de terceiros, certo que a sua criação é originada por uma

declaração unilateral de vontade negocial.

Por isso, nas relações cambiárias, importa distinguir entre as imediatas, que se estabelecem entre os sujeitos seus intervenientes directos, sem

intermediação de outrem, como é o caso, por exemplo, do sacador e do aceitante, e as mediatas, em que o portador é estranho às relações

extracartulares, o que ocorre quando as letras são endossadas a um terceiro, que, por via desse endosso, passa a integrar a cadeia de sujeitos cambiários.

Assim, no que concerne ao sacador e ao aceitante das letras de câmbio, o quadro é de relações imediatas.

A letra em branco é admissível, como claramente resulta do disposto no art.º 10º da LULL, sendo que é de considerar como tal a que, embora contendo a assinatura de pelo menos um obrigado cambiário, não inclua, no momento de ser passada, algum dos requisitos enumerados no art.º 1º daquela Lei, sem embargo de a obrigação que incorpora só se poder efectivar desde que o título se encontre preenchido no momento do vencimento, o que deve ser feito de harmonia com a autorização concedida ao credor pelo subscritor e integrante do contrato de preenchimento respectivo.

A obrigação cambiária constitui-se mesmo antes do total preenchimento da livrança (Prof. Mário de Figueiredo, RLJ, 55-242), ou, pelo menos, aquando do preenchimento (Prof. Pinto Coelho, obra citada, II, 1943, 31).

Sendo o fundamento da execução o próprio título preenchido, a sua natureza é

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cambiária, o que torna irrelevantes, em princípio, as relações extracartulares, podendo porém os executados opor à exequente o incumprimento do acordo de preenchimento que tenham subscrito, desde que se encontrem no âmbito das relações imediatas, ou seja, enquanto o título não é detido por alguém estranho às relações extracartulares.

O contrato ou pacto, de preenchimento, é o acto pelo qual as partes ajustam os termos em que se deverá definir a obrigação cambiária, tais como a fixação do seu montante, as condições relativas ao seu conteúdo, o tempo do

vencimento, o local do pagamento, a estipulação de juros, etc. (Ac. do STJ de 3/5/05 – 05A1086 cit no acórdão do mesmo tribunal de 17/4/2008, prc. nº 08ª727, inwww.itj.pt)

Este acordo é uma convenção extracartular e designa-se por pacto de preenchimento» (Pedro Pais de Vasconcelos, Títulos de Crédito, AAFDL, 1990:105).

Trata-se de uma convenção obrigacional e informal, que pode ser verbal ou meramente consensual, embora na prática comercial revista quase sempre a forma escrita.

A violação do pacto de preenchimento designa-se por preenchimento abusivo.

O poder de preenchimento, com origem naquele pacto, pode ser mais ou menos vinculado.

José Alberto dos Reis referindo-se aos documentos, em geral, estabelece a distinção entre um poder de preenchimento arbitrário e outro condicionado (Código de Processo Civil, anotado, III:420).

Lebre de Freitas acrescenta uma terceira hipótese, a de um preenchimento vinculado (A Falsidade no Direito Probatório, Coimbra, 1984: 67).

Quando o preenchimento é arbitrário «o signatário concedeu a possibilidade de o documento ser preenchido com qualquer conteúdo e sujeitou-se,

portanto, a tudo quanto o possuidor nele viesse a escrever».

No preenchimento condicionado o signatário não determina o conteúdo da declaração antes fixa limites à sua concretização. Ex: foi acordado que a data a apor no documento não podia exceder o dia Y.

Este pacto de preenchimento de um título de crédito não carece de forma especial, não se encontrando sujeito a qualquer formalidade, podendo ser expresso ou tácito, definindo-se, então, os seus contornos a partir da natureza da relação fundamental e dos usos do comércio, podendo implicitamente derivar da relação jurídica fundamental.

Em matéria de ónus da prova, uma vez que o preenchimento abusivo da letra (no caso) constitui um facto impeditivo do direito invocado pelo exequente e, tendo essa natureza impeditiva, ao alegante incumbe a respectiva prova.

O credor não tem que justificar o seu direito de preenchimento duma letra,

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nem o pode fazer na acção executiva; o executado é que tem de infirmar o título para lhe retirar a força executiva, total ou parcialmente.

Assim, a quem quiser invocar a excepção do preenchimento abusivo, será essencial alegar a existência de contrato de preenchimento em certas

condições que depois foram desrespeitadas, ou então que tal contrato inexiste, mas, neste caso, tem de ser alegada a razão por que, apesar disso, aparece nas mãos dum credor um título devidamente assinado.

Quer dizer, esta excepção, dita de preenchimento abusivo, como excepção de direito material que é, deve ser articulada e provada pelos executados, face ao disposto no art.º 342º, n.º 2, do Cód. Civil.

No caso dos autos está provado o seguinte:

1. A presente execução tem por base um documento onde se inscreve a frase

“no seu vencimento pagará(ão) V. Exa.(s) por esta única via de letra a nós ou à nossa ordem a quantia de” 3.193.261,92 euros, com a indicação de data de

“emissão” de “08.07.05” e com data de vencimento de “20.07.05”, tendo como

“sacador” a exequente.

(…) (ver pontos da matéria de facto das alíneas B., C., F., G., e I. a CC.) Como decorre do já explanado, por força dos princípios da literalidade, da abstracção e autonomia só aos obrigados cambiários imediatos é possível a invocação da relação subjacente, o que é o caso.

Ora, retira-se inequivocamente da factualidade em relevo que os executados se responsabilizaram por todas as obrigações contraídas perante a exequente e que o montante da dívida era o que foi inscrito na letra independentemente dos pagamentos efectuados pelos Apelantes e que ficaram provados.

Evidencia-se que os Apelantes não fizeram qualquer prova do preenchimento abusivo, como era seu ónus. Antes se tendo demonstrado a conformidade do preenchimento da letra com pacto assumido.

Sustentam ainda os Apelantes que a garantia prestada pela Recorrente M foi uma fiança, no âmbito da qual ocorreu a entrega de uma letra em branco, contendo apenas o aceite dela e o aval do 2º. Apelante e que é nula a fiança cujo objecto não seja determinado ou, pelo menos, determinável segundo um critério fixado no momento em que é prestada;

Mesmo que os Recorrentes tivessem, em abstracto, manifestado a vontade de garantir obrigações futuras, mas cujos contornos não fossem ainda conhecidos quando o fizessem, a fiança sempre seria nula, por indeterminabilidade do objecto pelo que houve errada interpretação e aplicação do art. 654º do Código Civil.

Como se refere a Apelada, trata-se de uma questão que não foi objecto de alegação nos articulados anteriores, isto é, não foi objecto de pronúncia em 1ª Instância.

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Com efeito, toda a factualidade e argumentação dos Apelantes e

circunscreveu-se à violação do pacto de preenchimento da letra dada à

execução referente às responsabilidades da executada aceitante e do garante avalista. Nunca foi referida a questão da fiança de bens futuros agora

colocada no recurso.

Na verdade aval e fiança são institutos diferentes como se dirá.

O aval garante unicamente obrigações cambiárias, tratando-se efectivamente de uma obrigação abstracta e literal;

Ainda que ambas assegurem o cumprimento de dividas pecuniárias, o aval é uma obrigação autónoma, materialmente, enquanto que a fiança é acessória de outra principal - a fiança não pode constituir-se sem uma obrigação válida.

Isto significa que o aval consigna duas obrigações distintas com dois devedores e a fiança somente uma obrigação mas com dois devedores;

O aval é um acto unilateral, pois que deve constituir-se por escrito no próprio título ou em folha anexa a este, para além de que deve constar a assinatura do avalista. A fiança é normalmente consensual.

O aval é sempre comercial já que provêm de acto de comércio. A fiança segue a materialidade da obrigação garantida.

O aval persiste e produz efeitos legais ainda que a obrigação do avalizado seja nula, o que não acontece com a fiança pois que o vicio da obrigação afiançada afecta a fiança civil, convertendo-a em nula ou anulável. Se a obrigação

principal está afectada de nulidade absoluta a fiança também se verá afectada;

O aval não deriva da lei nem de decisões judiciais tendo sempre a sua origem na vontade do avalista, sendo por isso que se diz que tem um valor objectivo porquanto o avalista obriga-se a si mesmo, mediante a sua assinatura. A fiança é legal, judicial ou voluntária;

O exercício da responsabilidade contra o avalista não exige a excussão nem a interpelação judicial prévia do avalizado; a fiança civil admite a divisão ou a excussão prévia;

Não se permite ao avalista que se valha das excepções pessoais do avalizado já que a sua obrigação é independente e o direito do terceiro é autónomo; o fiador pode opor as mesmas excepções que o afiançado sempre e quando não sejam pessoais do mesmo devedor;

A obrigação do avalista é directa e independente; a do fiador é sempre acessória;

O avalista que paga tem acção cambiária contra o avalizado e os que respondem perante este, implicando o exercício de um direito autónomo e literal como legitimo portador do título e é evidente que os devedores se tornam solidários; o fiador é um credor por sub-rogação e a sua repetição não

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pode prosperar se não interpõe excepções que incumbiam ao devedor principal ou pagou sem ser interpelado ou deixou de avisar o obrigado principal;

O aval não pode ser sujeito a condição; a fiança pode;

O aval é irrevogável, o fiador pode retractar-se em determinados casos;

O aval tem como referente uma operação bancária determinada; a fiança pode vincular-se a operações futuras e indeterminadas, ou até a uma soma certa ou incerta;

O aval surge mediante declaração cartular, a fiança derivada de um convénio.

Se o avalista se torna insolvente o portador do título não pode solicitar um substituto; na fiança é possível suplantá-lo ou substitui-lo ou se trata de co- fiadores a parte correspondente ao insolvente rateia-se entre os demais que possuam solvência.

Quer dizer, a oposição em causa tem por base uma execução cujo título é tão só uma letra e cujos executados são a aceitante e os avalistas, inexistindo qualquer título de obrigação de fiança.

Ora, o recurso jurisdicional visa apreciar a decisão recorrida, revogando-a, modificando-a ou confirmando-a, estando vedado ao tribunal de recurso conhecer de questão nova, que nela não tenha sido apreciada, salvo se a mesma for de conhecimento oficioso ou seja suscitada pela própria sentença.

Contudo, salvaguardando melhor opinião, e por apelo à velha máxima, quod abundant non nocet, sempre se dirá o seguinte.

O art. 280.º, nº 1 do CC considera nulo o negócio cujo objecto seja indeterminável.

Assim, o objecto do negócio pode ser indeterminado, se bem que, por força da lei, não possa ser indeterminável.

Sendo a prestação indeterminada mas determinável quando, embora não se sabendo, num momento anterior, qual o seu teor, exista, no entanto, um critério que possibilite determiná-la.

Tendo em conta que se admite a fiança por débitos futuros (art. 628.º, nº 2 do CC) estas considerações são aplicáveis a esta garantia das obrigações.

Com efeito, a exigência da determinabilidade é aplicável à fiança: não pode alguém declarar-se fiador de todas as dívidas, incluindo as futuras, sem critério nem limite.

É que a fiança, a que se poderá chamar de fiança genérica ou fiança omnibus, tendo por objecto os direitos de crédito que visa garantir, tanto se pode referir a obrigações já constituídas como a obrigações futuras, caracterizando-se por apresentar um conteúdo genérico, muito amplo, com variável grau de

determinabilidade, suscitando fortes dúvidas a conclusão acerca da sua

validade, justamente por vincular quem a presta de forma quase ilimitada, ou,

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pelo menos, subsistindo dificuldades para a definição dos limites da determinabilidade do seu objecto.

O Supremo Tribunal de Justiça decidiu, em uniformização de jurisprudência (AUJ nº 4/2001), que “é nula, por indeterminabilidade do seu objecto, a fiança de obrigações futuras, quando o fiador se constitua garante de todas as

responsabilidades provenientes de qualquer operação em direito consentida, sem menção expressa da sua origem ou natureza e independentemente da qualidade em que o afiançado intervenha”.

Apesar de tudo salienta-se que “…não oferece dúvida relevante, por um lado, a admissibilidade de prestação de fiança relativamente a obrigações futuras, surgidas posteriormente à prestação de tal garantia pessoal – apenas sendo necessário à validade de tal negócio jurídico que existam critérios objectivos de determinabilidade das possíveis responsabilidades assumidas pelo fiador como principal pagador: ou seja, no dizer do Ac. de 19/12/06, proferido pelo STJ no P. 06A4127, se à data da sua prestação ( mediante fiança genérica ou

«omnibus») e em relação aos débitos não constituídos existem elementos que permitem inferir, com segurança, a origem , o prazo, os possíveis montantes e as relações entre os outorgantes, permissivas do enquadramento do crédito na fiança prestada”- vide Ac do STJ, Proc. nº 6065/04.9TVLSB.L1.S1, de 8/9/2011, relatado pelo Sr. Juiz Conselheiro Lopes do Rego in www.itij.pt.

"É perfeitamente admissível uma fiança para garantir obrigações futuras: art.

628, nº 2 e 654 do CC.

Só que, em tal caso e em qualquer outro, a fiança, como qualquer obrigação, tem de ter objecto determinado, ou, pelo menos, determinável: art. 280, nº 1 do CC.

Sendo isto pacífico, cuida-se apenas de saber se a obrigação ali assumida pelos Réus pessoas singulares se pode dizer de objecto determinado ou determinável.

Tanto a doutrina (Varela, na RLJ, ano 107-255 e seguintes; Meneses Cordeiro, na CJ/STJ, ano XVII, tomo III, 61/62; Almeida Costa, Direito das Obrigações, 5 edição, 580/581; Galvão Telles, Direito das Obrigações, 6ª edição, 41; Pedro Romano Martínez e Pedro Fuzeta da Ponte, Garantias de Cumprimento, 36;

etc.), como a jurisprudência (acórdãos do STJ de 21/1/93, de 11/5/93, de

10/5/94, de 14/12/94, de 3/2/99 e de 30/9/99, todos na CJSTJ, ano I, tomo I, 71, e tomo II, 99, ano II, tomo II, 93 e 171, ano VII, tomos I, 75 e III, 48,

respectivamente, para só citar jurisprudência deste Tribunal e a mais recente) têm dado o conceito de determinabilidade do objecto do negócio jurídico para que este possa ser válido.

Diz-se assim, em geral, que, passando o problema da determinabilidade do objecto pela interpretação do contrato, negócio de objecto indeterminável será

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aquele cujo objecto não possa determinar-se através de um critério suficiente, existente já quando o negócio seja celebrado: "a determinabilidade do negócio jurídico da fiança consiste na possibilidade do fiador de prefigurar ex ante o tipo, o montante e a medida do próprio compromisso (...). Impõe-se a

necessidade de o fiador conhecer o critério ou critérios indispensáveis para delinear o limite do seu compromisso, sendo que a sua eventual obrigação futura deve ter conteúdo previsível no momento da estipulação da fiança."

(Romano Martínez e Fuzeta da Ponte, ob. Loc. Cit.).

Nem deixa de ser assim, por poder determinar-se a prestação nos termos do art. 400 do CC, pelas partes ou terceiro, visto as partes ou terceiro

continuarem, então, a não dispor de critério para a determinação: como inexiste esse critério, a obrigação é nula, nos termos do art. 280 do CC, não podendo por isso aplicar-se o dispositivo do art. 400 do CC (STJ, 30/9/99).

Isto é válido em tese geral.

Mas o nosso caso tem a especialidade de os fiadores serem os sócios gerentes da sociedade afiançada: os fiadores, sócios gerentes da sociedade "...",

obrigaram-se, como fiadores e principais pagadores dessa sociedade, por todas e quaisquer responsabilidades em que a mesma seja encontrada para com a "P... Portuguesa", na sua qualidade de revendedora.

Neste caso, estando determinado o título ou fonte da obrigação, e dependendo o montante desta apenas do critério e da decisão das pessoas que se assumem como fiadores, então o objecto da obrigação garantida pela fiança, não sendo de montante determinado, é porém de montante determinável pelos (ou para os) fiadores (não na qualidade de fiadores, mas na qualidade de sócios

gerentes da sociedade afiançada) - ou seja, determinável precisamente para as pessoas protegidas pela necessidade de determinabilidade do objecto.

Quer isto dizer, ao contrário do que entenderam as instâncias, que a obrigação assim assumida, é de objecto indeterminado, mas determinável, porque o critério que permite a sua determinação depende apenas da pessoa que se obriga pela fiança: sabe-se a origem da obrigação garantida

(responsabilidades da "..." perante a P..., na sua qualidade de revendedora); e, se não se sabe o montante, os próprios obrigados sabem-no e virão a sabê-lo no futuro, porque são eles que o determinam” idem.

Na situação dos autos colhem perfeitamente estes ensinamentos

A executada/garante «M – Produção de Filmes, S.A.» é sócia maioritária da devedora «Cinemas M, S.A.».

O executado/garante Paulo, ao tempo da subscrição da “letra”, era o

Presidente dos Conselhos de Administração da «Cinemas M, S.A.» e da «M – Produção de Filmes, S.A.».

.A letra e aval reportam-se a um financiamento concedido a «Cinemas M,

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S.A.», para construção do complexo de salas de cinema do novo Estádio do ... , designadamente abrangendo os trabalhos relativos às Instalações Especiais de Electricidade a A... e fornecimentos suplementares de

equipamentos, no âmbito do contrato base, adicional n.º 1 e aditamento da Empreitada de Fornecimento e Montagem dos Cinemas M, Movie Lounge e Restaurante A, realizadas naquele estádio, como consta do documentos de fls.

81 a 88 e do documento de fls. 32.

Portanto não só a obrigação está perfeitamente definida no seu objecto, como os garantes, pelo posição que detinham na sociedade devedora tinham

perfeito conhecimento do negócio em causa e seu desenvolvimento pois tinham de ter participação nas decisões da sociedade devedora.

Assim, a garantia em questão tem por objecto obrigação perfeitamente determinável.

IV. Decisão

Pelo exposto, decide-se julgar totalmente improcedente a presente apelação.

Confirmando-se a sentença recorrida.

Custas pelos apelantes.

Lisboa, 29 de Novembro de 2012

Ana Lucinda Mendes Cabral Maria de Deus Correia

Maria Teresa Pardal

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