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Código de Defesa do Consumidor p/ BANCO DO BRASIL

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Academic year: 2022

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Código de Defesa do Consumidor p/

BANCO DO BRASIL

Prof. Tiago Zanolla

w ww.concurseir o24ho ra s.com .br

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AULA INAUGURAL

1. Considerações iniciais ... 3

2. Sobre nosso curso ... 4

3. Cronograma de aulas ... 5

4. Introdução ao código de defesa do consumidor ... 6

3.1. Características do cdc ... 11

4.1.1. Norma de ordem pública e interesse social... 12

4.1.2. Microssistema multidisciplinar... 12

4.1.3. Norma principiológica ... 14

3. Princípios fundamentais do cdc ... 15

3.1. Princípio do protecionismo do consumidor ... 15

3.2. Princípio da isonomia ou vulnerabilidade do consumidor ... 16

3.3. Princípio da hipossuficiência do consumidor ... 17

3.4. Princípio da boa-fé objetiva ... 18

3.5. Princípio da transparência ou confiança ... 18

3.6. Princípio da função social do contrato ... 19

3.7. Princípio da equivalência/equidade negocial ... 20

3.8. Princípio da reparação integral dos danos ... 20

4. Relação jurídica de consumo ... 23

4.1. Consumidor ... 26

4.1.1. Consumidor por equiparação ... 30

4.2. Fornecedor... 32

4.3. Produto ... 35

4.4. Serviço ... 36

5. Considerações finais ... 44

6. Questões apresentadas em aula ... 45 Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei n.º 9.610/1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Rateio é crime!!! Valorize o trabalho do professor e adquira o curso de forma honesta, realizando sua matrícula individualmente no site www.concurseiro24horas.com.br

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1. Considerações Iniciais

Olá futuro Escriturário do Banco do Brasil!

Estamos iniciando nosso curso de Código de Defesa do Consumidor, com teoria e questões comentadas, 100% focado para o BANCO DO BRASIL.

É uma enorme satisfação poder estar aqui. Nosso compromisso com vocês é a preparação de alto nível, através de um curso completo, elaborado para ser sua única fonte de estudos de Direito do Consumidor.

Trata-se de um curso pré-edital, estruturado com base no Edital que foi publicado em Dezembro de 2014 e regeu a prova aplicada em março deste ano. Nosso objetivo agora é o concurso que visa preencher vagas para os estados do Rio de Janeiro, Amazonas, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A Fundação Cesgranrio já foi definida como organizadora, já que as partes têm um contrato de cinco anos.

A função de escriturário exige o nível médio e tem RENDIMENTO INICIAL DE R$3.280, somando vencimento de R$2.227,26, ajuda-alimentação de R$572, vale-refeição de R$431,16 e vale-cultura de R$50. Quem for contratado terá direito a participação nos lucros ou resultados, vale-transporte, auxílio-creche, auxílio a filho com deficiência, plano odontológico, assistência médica (planos de saúde) e previdência privada.

Os últimos certames têm cobrado as seguintes disciplinas:

PROVA Disciplina Qtde

Questões Valor Total

Conhecimentos Básicos

Língua Portuguesa 10 1,0 10

Raciocínio Lógico 10 1,5 15

Atualidades Mercado Financeiro 5 1,0 5

SUBTOTAL 30

Conhecimentos Específicos

Cultura Organizacional 5 1,5 7,5

Técnicas de Vendas 5 1,5 7,5

5 2,0 10

Atendimento 5 1,5 7,5

5 2,0 10

Domínio Produtivo da Informática 5 1,5 7,5

Conhecimentos Bancários 10 1,5 15

Língua Inglesa 5 1,0 5

SUBTOTAL 70

Redação Dissertativo-argumentativo 1 100,0 100

SUBTOTAL 100

TOTAL 200

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2. Sobre nosso curso

Uma das vantagens dos cursos em .pdf é ser PRÁTICO, com ABORDAGEM OBJETIVA,

CLARA e ESPECÍFICA AOS TÓPICOS DO EDITAL

Apesar do Estudo da Lei 8.078 (CDC) estar incluída dentro da ementa de “Atendimento”, seu estudo deve ser de forma autônoma, dada a especificidade do assunto.

No último concurso foram cobradas apenas 2 questões de CDC. Parece pouco, mas quando falamos em Banco do Brasil, todo ponto deve ser disputado. Na última seleção foram 535 mil candidatos inscritos. Um único ponto pode ser a diferença entre ser aprovado ou não.

Nosso curso será ESQUEMATIZADOda seguinte maneira:

Teoria Doutrina Legislação Jurisprudência Questões comentadas

Macetes Esquemas Exemplos

Acredito que essa composição seja importante para o aprofundamento, tendo como propósito uma preparação completa e integral, visando um excelente desempenho em prova.

Abrangeremos de modo aprofundado os aspectos mais relevantes de cada tópico do conteúdo exigido, evitando-se, porém, discussões doutrinárias desnecessárias. As questões servirão também de revisão, pois iremos dispor, aula após aula, questões de assuntos de aulas anteriores.

Sobre as questões, nós poderemos, em alguns casos, “abri-las” para serem analisadas item por item, no estilo Certo/Errada.

Ao longo do curso faremos, aproximadamente, 100 questões comentadas

Por tudo que foi exposto, este curso será completo. É direcionado a você que está iniciando os estudos, bem como àqueles que desejam aprofundar os conhecimentos na disciplina. E mais, ele foi elaborado visando sua única fonte de estudos sobre o Código de Defesa do Consumidor. Não será necessário livros ou materiais extras.

Por fim, uma breve apresentação:

Meu nome é Tiago Elias Zanolla, 31 anos, graduado em Engenharia de Produção e atualmente sou servidor do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, onde exerço o cargo

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de Técnico Judiciário Cumpridor de Mandados. Cargo que me trouxe enorme satisfação pessoal e profissional.

Além das funções de Oficial de Justiça, também exerço a função de Assistente da Direção do Fórum, algo como um síndico local. Uma tarefa árdua que temos que fazer o possível dentro do impossível (rsrs).

Estou envolvido com concursos públicos desde 2009. Ministro diversos cursos no Concurseiro24horas e também no TEC Concursos. Dessa forma, tenho experiência como servidor público, como professor e como concurseiro. Essa é uma grande vantagem para vocês, pois sempre poderei lhes passar a melhor visão, incrementando as aulas e as respostas a dúvidas com possíveis dicas sobre as provas, as bancas, o modo de agir em dias de provas e como se preparar para elas etc.

3. Cronograma de Aulas

Aula Data Conteúdo

01 05/05/2015

Apresentação. Cronograma.

Introdução ao código de defesa do consumidor Princípios fundamentais do CDC

Relação jurídica de consumo

02 12/05/2015 Política nacional de relações de consumo Direitos básicos do consumidor

03 19/05/2015

Da proteção à saúde e segurança Responsabilidade civil pelo CDC

Responsabilidade por vício do produto e do serviço

04 26/05/2015

Prescrição e decadência

Da desconsideração da personalidade jurídica Das práticas comerciais

05 03/06/2015 Da proteção contratual.

Sanções administrativas

06 10/07/2015 Lei 8.078/1990 (CDC) - Legislação Destacada

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4. Introdução ao Código de Defesa do Consumidor

Um pouco de história:

Com o advento da Revolução Industrial (sim, no milênio passado), iniciou-se uma massiva migração da população rural para os centros urbanos. Essa mudança na estrutura das cidades fez nascer novas necessidades.

Novos produtos e serviços tinham alta demanda e os produtores passaram a focar no quantitativo da produção para atender as necessidades da população, deixando de lado o aspecto qualitativo.

O fornecedor ditava as regras de consumo, cabendo ao consumidor (elemento vulnerável da relação de consumo) aderir ao contrato (contrato de adesão) e adquirir o produto, seja ele com a qualidade que fosse.

Nesse modelo de mercado, problemas começaram a surgir. Quando o fornecedor preza pela quantidade em detrimento da qualidade, o consumidor encara produtos e serviços viciados ou portadores de defeitos que lhe causarão prejuízos, seja de ordem econômica ou física.

Aumento populacional. Produção em série ou standartização da produção é a feitura de um protótipo e os demais modelos são cópias desse protótipo. Preza pela quantidade, em detrimento da qualidade. A característica marcante dessa fase é a UNILATERALIDADE DA PRODUÇÃO, pois é o fornecedor que estabelece o que, como e quando produzir.

No Brasil, no início da década de 90 o país passava por um momento de abertura política e econômica. Como consequência direta, aumentou consideravelmente o interesse da sociedade por normas de regulamentação das relações de consumo - conforme a economia do país se estabiliza, cresce o poder de consumo e o reconhecimento da importância da regulamentação das atividades comerciais.

Ensina o mestre Fabricio Bolzan:

“O Direito da época não estava “apto” a proteger a parte mais fraca da relação jurídica de consumo, pois, no Brasil, por exemplo, a legislação aplicável na ocasião era o Código Civil de 1916, que foi elaborado para disciplinar relações individualizadas, e não para tutelar aquelas oriundas da demanda coletiva, como ocorre nas relações consumeristas”.

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Os interesses difusos e coletivos começaram a chamar atenção: implicavam mudança no tocante à legitimidade ativa para a sua defesa, com a compreensão de que um interesse pode estar mais afeito a um grupo ou à coletividade do que às pessoas individualmente.

O consumidor deveria ser o destinatário de todo esse processo, tornando-se o “rei do sistema”, todavia, face ao incremento do processo produtivo, o que se viu foi o consumidor tornar-se cada vez mais vulnerável e impotente frente ao fornecedor, ao poderio econômico, reconhecendo-se também sua desproteção educacional, informativa, material e legislativo, demandando maior atenção para tal problema.

O CDC veio tutelar o consumidor diante do poder econômico das empresas. É neste sentido que a magnífica professora AMARANTE (1998, p.15-16) discorre que o consumidor:

“exposto aos fenômenos econômicos, tais como a industrialização, a produção em série e a massificação, assim vitimados pela desigualdade de informações, pela questão dos produtos defeituosos e perigosos, pelos efeitos sobre a vontade e a liberdade, o consumidor acaba lesionado na sua integridade econômica e na sua integridade físico-psíquica, daí emergindo como vigoroso ideal a estabilidade e a segurança, o grande anseio de protegê-lo e colocá-lo em equilíbrio nas relações de consumo”.

E como consequência deste movimento, o ilustre doutrinador BONATTO (2003, p. 72) expõe que:

“... as regras de proteção e de defesa do consumidor surgiram, basicamente, da necessidade de obtenção de igualdade entre aqueles que eram naturalmente desiguais”.

No direito brasileiro, o direito do consumidor surgiu apenas a partir da Constituição Federal de 1988. Sim, o consumidor é protegido constitucionalmente, sendo inclusive cláusula pétrea (nenhuma lei pode reduzir os direitos já conquistados).

O direito do consumidor é um direito fundamental do cidadão brasileiro. Veja o que diz a CF/88:

Art. 5º, XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

Os direitos do consumidor são direitos fundamentais, já que “o Estado promoverá, na

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Observe que houve clara intenção do legislador de proteger o consumidor, devendo o estado prover esta proteção. Mais à frente, a Constituição ainda discorre:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

V - defesa do consumidor;

Adiante, a Constituição determina:

ADCT, Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.

Apesar da previsão, demorou 2 anos! Não obstante a Constituição tendo determinado ao Congresso a elaboração do Código, a Competência é concorrente da União e dos Estados membros (o município não pode editar normas de direito do consumidor, mas pode editar normas que regulamente o comércio local). Atos normativos criados por órgãos ou instituições (tem força de Lei – do PROCON, do IMETRO e do IPEM).

CUIDADO

Em função do inc. XXXII do art. 5º, CR, cabe à União estabelecer o “piso” mínimo de proteção ao consumidor, cabendo aos demais entes ampliarem essa proteção.

O Município então, não pode legislar sobre matéria consumerista?

1) NÃO, por força da redação do art. 24, CR.

Esta corrente é minoritária na doutrina consumerista, mas majoritária na doutrina constitucional-administrativista (normalmente adotada em concursos).

2) SIM, por força do art. 30, I, CR, pois o Município pode legislar de forma suplementar para adequar a proteção do consumidor aos interesses locais, ex.: lei da cidade de SP que regulamenta o tempo máximo de espera em filas bancárias

O ponto de partida do código é a inexistência de igualdade entre os integrantes da relação consumerista, considerando que os consumidores nem sempre escolhem livremente os produtos e serviços.

Assim, O CDC BUSCA TRAZER IGUALDADE/EQUILÍBRIO NA RELAÇÃO CONSUMERISTA: fornecedor x consumidor, ou seja, através da proteção ao consumidor, este é elevado e negocia em “igualdade” com o fornecedor.

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FORNECEDOR CONSUMIDOR

O CDC trouxe uma ruptura no direito civil clássico, pois, o direito privado estava influenciado por princípios e dogmas romanistas1 tais como:

pacta sunt servanda;

 autonomia da vontade; e

 responsabilidade fundada na culpa.

O pacta sunt servada é o instituto que reza que OS PACTOS DEVIAM SER RESPEITADOS, pois refletiam um ato de liberdade individual. O contrato, pela sua própria natureza, por decorrer de um acordo de vontades, devia ser considerado justo e, consequentemente, era intangível, devendo ser executado, custasse o que custasse.

Porém, não há que falar em autonomia de vontade se o contrato de consumo possuir cláusula abusiva, por serem estas nulas de pleno direito, podendo, inclusive, ser assim reconhecidas de ofício pelo Juiz de Direito, numa das manifestações da intervenção estatal.

No tocante à responsabilidade, ressalta-se aí outra diferença em relação ao Direito Civil clássico. Enquanto neste modelo prevalecia a responsabilidade subjetiva — pautada na comprovação de dolo ou culpa —, no Código de Defesa do Consumidor a responsabilidade é, em regra, quase que absoluta, objetiva — que independe da comprovação dos aspectos subjetivos

DIREITO CIVIL

Autonomia de Vontades

Pacta Sunt Servanda

Responsabilidade Subjetiva

CDC

Normas de Ordem Pública

Intervenção Estatal

Responsabilidade Objetiva

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Essa é também a posição do STJ a respeito da ruptura de paradigmas entre o Direito Civil clássico e o CDC:

“A jurisprudência do STJ se posiciona firme no sentido que a revisão das cláusulas contratuais pelo Poder Judiciário é permitida, mormente diante dos princípios da boa--fé objetiva, da função social dos contratos e do dirigismo contratual, devendo ser mitigada a força exorbitante que se atribuía ao princípio do pacta sunt servanda” (AgRg no Ag 1.383.974/SC, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, 4ª T., DJe 1º--2--2012

O Superior Tribunal de Justiça pacificou posicionamento no sentido de coibir práticas abusivas de fornecedores no mercado de consumo quando violadoras de princípios do CDC, conforme entendimento assentado pela Segunda Seção desta Corte no sentido de que “a pretensão da seguradora de modificar abruptamente as condições do seguro, não renovando o ajuste anterior, ofende os princípios da boa--fé objetiva, da cooperação, da confiança e da lealdade que deve orientar a interpretação dos contratos que regulam relações de consumo” (REsp 1.073.595/MG, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 29--4--2011).

Em última análise, o “pacta sunt servanda” foi mitigado pela necessidade do intervencionismo estatal que buscou atingir o reequilíbrio da relação de consumo que é muito desigual.

Desta forma, sendo abusiva uma cláusula contratual, ela será anulada, não cabendo a alegação de que o consumidor estava consciente e de que gozava da plenitude de sua capacidade mental.

Assim, o juiz pode reconhecer de ofício [sem pedido expresso] o direito do consumidor, inclusive declarar a nulidade de cláusula abusiva.

Apesar de pacificado na doutrina, o STJ não admite o reconhecimento de ofício de nulidade de cláusula contratual pelo juiz, tratando-se de contratos bancários.

O assunto foi sumulado no ano de 2009 pelo Enunciado 381 da Segunda Seção do STJ, in verbis:

“Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”.

A doutrina rechaça esse pensamento. Nelson Nery Júnior assim leciona:

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"Atendendo aos reclamos da doutrina, o CDC enunciou hipóteses de cláusulas abusivas em elenco exemplificativo. (...) Sempre que verificar a existência de desequilíbrio na posição das partes no contrato de consumo, o juiz poderá reconhecer e declarar abusiva determinada cláusula, atendidos os princípios da boa-fé e da compatibilidade com o sistema de proteção do consumidor. (...) Como a cláusula abusiva é nula de pleno direito (CDC, art. 51), deve ser reconhecida essa nulidade de ofício pelo juiz, independentemente de requerimento da parte ou interessado2."

PARA FIXAR, tenha em mente os posicionamentos:

DOUTRINA O Judiciário pode rever de ofício todo e qualquer contrato CDC O Judiciário pode rever de ofício todo e qualquer contrato STJ O Judiciário pode rever de ofício os contratos, exceto os

bancários

3.1. Características do CDC

O CDC é uma lei ordinária [lei comum] e de ordem pública. Dizer que é de ordem pública é dizer que as normas são de interesse social, as quais sobrepõe o interesse individual.

Essas normas ditas de ordem pública, são fundamentais para a convivência harmoniosa da sociedade, pois, se suprimidas, inviabilizaria essa boa convivência. Os interesses individuais sobreporiam os da coletividade.

O CDC, possui três características principais:

Principais Características do CDC

Lei Principiológica

Norma de Ordem Pública e interesse social

Microssistema Multidisciplinar

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4.1.1. Norma de Ordem Pública e Interesse Social

Suas normas são cogentes e imperativas, de observância obrigatória e cumprimento coercitivo, de ordem pública e interesse social, inderrogáveis pela vontade das partes em determinada relação de consumo, embora se admita a livre disposição de alguns interesses privados. Há dessa forma uma clara disposição do Estado de intervir no mercado de consumo em favor do consumidor vulnerável.

Vejamos o primeiro artigo do CDC:

Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

Com isso, podemos considerar o CDC uma norma cogente, ou seja, de observância obrigatória, não sendo um direito apenas do indivíduo, mas de todo o grupo social.

Isso significa que suas normas não podem ser derrogadas pela vontade das partes e podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz.

4.1.2. Microssistema Multidisciplinar

O Código de Defesa do Consumidor compõe um sistema autônomo dentro do quadro constitucional. É um subsistema próprio inserido no sistema constitucional brasileiro e esse subsistema interage com as demais leis.

O direito do consumidor se utiliza de conceitos de outras áreas de conhecimento (Teoria do Diálogo das Fontes).

Trata-se de um verdadeiro microssistema jurídico, em que o objetivo não é tutelar os iguais, cuja proteção já está contida no CC, mas tutelar os desiguais, tratando de maneira diferente o fornecedor e o consumidor com o objetivo de alcançar a isonomia

Por isso é chamado de microssistema multidisciplinar, pois se relaciona com outros ramos do Direito, como o Direito Constitucional quando são abarcados assuntos relacionados à dignidade humana; ao Direito Penal quanto há traços de tipos penais; Direito Civil, Direito Processual Civil, entre outros. Vejamos alguns exemplos:

Direito Constitucional

CDC — “Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua

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qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:”

Direito Civil

CDC — “Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”

Processo Civil

CDC — “Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) VIII — a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;”

Processo Civil Coletivo

CDC — “Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I — interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II — interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III — interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.”

Direito

Administrativo

CDC — “Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas: I — multa; II — apreensão do produto; III — inutilização do produto; IV — cassação do registro do produto junto ao órgão competente; V — proibição de fabricação do produto;

VI — suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; VII — suspensão temporária de atividade; VIII — revogação de concessão ou permissão de uso; IX

— cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; X — interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; XI — intervenção administrativa; XII — imposição de contrapropaganda.

Direito Penal

CDC — “Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes” e “Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: Pena — Detenção de seis meses a dois anos e multa.”

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4.1.3. Norma Principiológica

Ele traz uma série de princípios que visam conferir direitos à parte mais fraca da relação (consumidores) e impor obrigações à parte mais forte (fornecedores).

Podemos caracterizar o CDC também como norma principiológica em virtude de sua proteção constitucional. Segundo Rizzato Nunes:

“A lei 8.078 é ordem de ordem pública e de interesse social e principiológica, o que significa dizer que é prevalente sobre todas as demais normas especiais anteriores que com ela colidirem. As normas gerais principiológicas tem prevalência sobre as normas gerais e especiais anteriores.

“A Lei n. 8.078/90 é um Código, não só porque a Constituição nesses termos a denomina (ADCT, art. 48) como a própria lei assim se expressa (arts. 1°, 7°, §§ 2° e 3° do art. 28 etc.), mas, também, e principalmente, porque o CDC é um subsistema jurídico próprio, lei geral com princípios especiais voltadas para a regulação de todas as relações de consumo, tão caras à sociedade de massas contemporânea e representando o mais importante e largo setor da economia”.

Os princípios no CDC estão organizados da seguinte forma:

Organização dos Princípios do CDC

Princípios Gerais

Princípios Específicos Direitos Básicos do

Consumidor

Princípios Complementares

Previstos no Artigo 4º

Estipulados no Artigo 6º

Em especial os referentes à publicidade e contratos de consumo

Com destaque aos princípios constitucionais

Esses princípios buscam concretizar a igualdade material na relação jurídica de consumo.

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3. Princípios Fundamentais do CDC

Os princípios são usados na busca de soluções mais rápidas para casos concretos.

Segundo Silva (2003, p. 63):

“as técnicas legislativas passaram a fundamentar-se em princípios, meio julgado mais célere e adequado para a solução de lides modernas, dada a complexidade de sua natureza”.

Assim, encontramos vários princípios previstos na Constituição Federal, bem como na legislação complementar e ordinária, da qual o CDC faz parte.

No que se refere ao CDC, a fim de estabelecer o equilíbrio e a justiça contratual, este consagrou princípios aplicáveis a todos os contratos de consumo.

CONSUMIDOR Protecionismo ao

consumidor

Hipossuficiência do Consumidor Vulnerabilidade do

Consumidor

Boa fé Objetiva Transparência e

Confiança

Função Social do Contrato

Equivalência Negocial

Reparação Integral dos Danos

3.1. Princípio do protecionismo do Consumidor

Extraído de nosso já conhecido Art. 1º:

Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

A natureza de ordem pública justifica a obrigatoriedade de todo e qualquer estabelecimento comercial ou de prestação de serviços manter, em local visível e de fácil

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acesso ao público, um exemplar do CDC, sob pena de multa no valor de R$ 1.064,00 (mil e sessenta e quatro reais e dez centavos).

Outra consequência desse princípio é que, por ser de ordem pública, o disposto no CDC não pode ser rejeitado pelas partes, sob pena de tornar o negócio nulo.

Devemos ainda ressaltar que, cabe sempre a intervenção do Ministério Público em questões envolvendo relações consumeristas.

3.2. Princípio da Isonomia ou Vulnerabilidade do Consumidor

Vulnerabilidade é a fragilidade do consumidor em relação ao fornecedor. É um pressuposto absoluto da relação de direito material de consumo (todo consumidor é vulnerável).

O CDC foi concebido na suposição de que nas relações de consumo há a preponderância da situação jurídica do fornecedor com relação ao consumidor, o que se deve ao fato de que, na maioria das vezes, o fornecedor detém e exercita o poder econômico.

Diante dessa vulnerabilidade do consumidor, surge o CDC para trazer igualdade [isonomia] nas relações consumeristas. É o entendimento extraído do próprio CDC:

Art. 4º, I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

A vulnerabilidade decorre do desequilíbrio entre as partes e se dá em 03 aspectos:

1) VULNERABILIDADE ECONÔMICA (ou fática) : o consumidor é um agente de mercado economicamente mais fraco do que o agente de mercado fornecedor;

2) VULNERABILIDADE TÉCNICA: o agente fornecedor domina as técnicas de produção, enquanto que o agente consumidor em regra é leigo no assunto; e,

3) VULNERABILIDADE JURÍDICA: no mercado de consumo a regra é a existência do contrato de adesão, ou seja, aquele cujas cláusulas já estão previamente estabelecidas pelo fornecedor. O consumidor não pode influir na relação jurídica.

4) para alguns temos um quarto aspecto – o INFORMACIONAL: porquanto o consumidor, muitas vezes, não detém as informações necessárias sobre os produtos e serviços disponíveis no mercado.

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Basta uma destas modalidades para a caracterização da vulnerabilidade.

O princípio da vulnerabilidade reforça o princípio constitucional da igualdade, pois determina que a lei ( CDC ) deve tratar os desiguais de forma desigual na medida das suas desigualdades.

3.3. Princípio da hipossuficiência do consumidor

É um conceito processual. É a fragilidade do consumidor em juízo para produzir a prova, de forma que a paridade de armas é incapaz de garantir o equilíbrio processual. Não se confunde com “vulnerabilidade”, pois esta é um pressuposto absoluto da condição de consumidor e é um conceito de direito material.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

Pressupõe-se que o todo consumidor é vulnerável, porém, nem todo consumidor é hipossuficiente.

Inversão do ônus da prova é uma falácia que consiste em isentar-se de provar uma afirmação feita, exigindo que o outro prove a que essa não é válida, ou seja, o consumidor alega e cabe ao fornecedor provar que o contrário.

O termo hipossuficiente aqui aplicado vai muito além da ideia de pobre ou sem recursos.

O consumidor em relação ao fornecedor nas relações de consumo, ou seja, o consumidor é mais fraco [discrepância financeira, técnica, política, entre outras], portanto hipossuficiente em relação ao fornecedor (menos capaz).

O princípio da hipossuficiência no leva, ainda, às seguintes conclusões (aprofundaremos na aula sobre contratos):

Princípio da vinculação do fornecedor

Qualquer declaração de vontade, escritos, recibos, pré- contratos, obrigam o fornecedor.

Princípio in dubio pro consumidor

A interpretação das cláusulas serão sempre favoráveis ao consumidor (favor debilis – em favor do debilitado).

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3.4. Princípio da boa-fé objetiva

Boa-fé significa a transparência obrigatória em relação aos contratantes, um respeito obrigatório aos interesses do outro contratante, uma ação positiva do parceiro contratual mais forte com relação ao parceiro contratual mais fraco, permitindo as condições necessárias para a formação de uma vontade liberta e racional.

Art. 4º, III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;

As partes devem agir com sinceridade, veracidade, sem objetivar somente o lucro fácil com a consequente imposição de prejuízos ao outro. Dessa forma, esse princípio não alcança apenas o fornecedor, abrangendo também o consumidor, vedando-lhe vantagem desmedida através de benefícios reservados pelo CDC.

3.5. Princípio da transparência ou confiança

A informação clara, sem possibilidade de interpretação dúbia pelo fornecedor, assegurará ao consumidor o direito de vincular-se ou não, de forma consciente, ao contrato. As manifestações anteriores, como propaganda veiculada ou informação prestada devidamente comprovada, tornam-se fontes contratuais, e a sua interpretação deve ser sempre a mais favorável ao consumidor, já que não é ele quem redige as normas as quais irá aderir.

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo (...).

Contudo, a transparência que se espera do fornecedor não deverá estar presente somente no momento da conclusão do negócio jurídico. Deverá existir durante a oferta e publicidade, ao longo da execução do contrato e até mesmo depois desta, como, por exemplo, no instante em que o consumidor, munido do termo de garantia, procura o reparo do produto junto à assistência técnica autorizada (Silva, 2003, p. 69).

Dessa forma, o princípio da transparência gera para o fornecedor o dever de esclarecer ao consumidor as características e o conteúdo do contrato.

(19)

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

A informação tem dupla característica:

Fornecedor Dever de Informar Consumidor Direito de ser Informado

3.6. Princípio da função social do contrato

Embora seja um princípio explícito, tal princípio visa tentar o equilíbrio da situação vulnerável face ao fornecedor.

A sociedade de consumo, ao contrário do que se imagina, não trouxe apenas benefícios para os seus atores. Muito ao revés, em certos casos, a posição do consumidor, dentro desse modelo, piorou em vez de melhorar.

Se antes fornecedor e consumidor encontravam-se em uma situação de relativo equilíbrio de poder de barganha (até porque se conheciam), agora é o fornecedor (fabricante, produtor, construtor, importador ou comerciante) que, inegavelmente, assume a posição de força na relação de consumo e que, por isso mesmo, ‘dita as regras3”.

A função social do contrato tem uma característica de ordem pública, sendo o seu alcance estabelecido pelo art. 2035, do Código Civil:

Art. 2.035, §Ú Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos”.

Os interesses sociais das partes devem ser protegidos na medida em que os valores sociais relevantes, que ultrapassam a esfera individual, sejam também protegidos. Os interesses privados devem atender aos interesses sociais no âmbito da atividade econômica, com reflexos na ordem contratual.

(20)

3.7. Princípio da equivalência/equidade negocial

O princípio da equidade tem por função básica a promoção do equilíbrio na relação contratual, dispondo não só das atribuições, mas também das funções de partes envolvidas no processo de fornecimento e no processo de consumo, assegurando o desenvolvimento do negócio, promovendo o combate à prática considerada abusiva, situação comprometedora das relações de consumo.

Art. 6º, II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, assegurados a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

Nos ensinamentos de Almeida (2003, p. 46):

O art. 4º do CDC prevê também que deve haver equilíbrio entre direitos e deveres dos contratantes. Busca-se a justiça contratual, o preço justo. Por isso, são vedadas as cláusulas abusivas, bem como aquelas que proporcionam vantagem exagerada para o fornecedor ou oneram excessivamente o consumidor.

O art. 51, IV, considera abusiva a cláusula incompatível com a boa-fé ou a equidade.

[...] Institui o CDC normas imperativas, as quais proíbem a utilização de qualquer cláusula abusiva, definidas como as que assegurem vantagens unilaterais ou exageradas para o fornecedor de bens e serviços, ou que sejam incompatíveis com a boa-fé e a equidade [...] (Marques, 2002, p. 741).

3.8. Princípio da reparação integral dos danos

Art. 6º VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

Tal dispositivo objetiva a prevenção e reparação de danos ao consumidor, sejam eles materiais ou morais.

Dano material no caso

concreto É o que efetivamente se perdeu ou o que deixou-se de lucrar Dano Moral É aquela que atinge a personalidade (imagem, nome etc)

(21)

Haverá reparação também quando os danos forem individuais, coletivos ou difusos.

Os interesses/direitos difusos Assim entendidos os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato

Interesses/Direitos Coletivos

Assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base

Interesses/Direitos Individuais Assim entendidos os decorrentes de origem comum Veja como é cobrado em provas:

QUESTÃO 01 (CEPERJ - 2012 - PROCON-RJ - Técnico em Contabilidade) No rol dos princípios que podem ser aplicados às relações de consumo reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor não se inclui:

a) vulnerabilidade b) confiança

c) autonomia da vontade d) boa-fé

e) equilíbrio contratual

COMENTÁRIOS: Vamos lembrar-nos do nosso quadro. GRAVE ISSO pode salvar vidas na hora da prova:

CONSUMIDOR Protecionismo ao

consumidor

Hipossuficiência do Consumidor Vulnerabilidade do

Consumidor

Boa fé Objetiva Transparência e Confiança

Função Social do Contrato

Equivalência Negocial

Reparação Integral dos Danos

Veja que o princípio da autonomia da vontade não está presente. Na verdade, segundo a doutrina moderna todo contrato deve atender o principio da função social. Hoje, a

(22)

ideia clássica do direito francês pacta sunt servanda traduzido pela expressão '' autonomia da vontade'' não é suficiente para formação do contrato. É necessário que ele esteja e consonância com os princípios norteadores do direito. Apesar de ainda ser a regra dizer que o contrato faz lei entre as partes essa expressão caiu em desuso dando lugar a AUTONOMIA PRIVADA, mais correta tecnicamente.

GABARITO DA QUESTÃO: LETRA “C”.

QUESTÃO 02 (CEPERJ - 2012 - PROCON-RJ - Agente de Proteção e Defesa do Consumidor) A defesa do consumidor tem base constitucional que indica a necessidade de edição do seguinte Código:

a) Civil

b) de Defesa do Consumidor c) Comercial

d) Tributário e) Desportivo

COMENTÁRIOS: Questão tranquila. Como vimos, a Constituição indica:

CF, art. 5º, XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

CF art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

V - defesa do consumidor;

ADCT, art. 48 - Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.

Viu como é fácil? Por isso, não desperdice nossos comentários.

A defesa do consumidor tem base constitucional que indica a necessidade de edição do seguinte Código de Defesa do Consumidor

GABARITO DA QUESTÃO: LETRA “B”.

QUESTÃO 03 (Prova: FCC - 2012 - TJ-GO – Juiz) O Código de Defesa do Consumidor:

a) estabelece normas de defesa e de proteção dos consumidores e fornecedores de produtos e serviços, de ordem pública e de interesse social.

b) estabelece normas de defesa e de proteção do consumidor, de ordem pública e de interesse social, regulamentando normas constitucionais a respeito.

(23)

c) prevê normas de interesse geral, dispositivas e de regulamentação constitucional.

d) prevê normas de defesa e de proteção ao consumidor, dispositivas e de interesse individual, sem vinculação constitucional.

e) estabelece normas de interesse coletivo geral, de ordem pública e interesse social, sem vinculação com normas constitucionais.

COMENTÁRIOS: A questão é para magistratura, mas é bem fácil. Remete-nos ao Art. 1º:

Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art.

48 de suas Disposições Transitórias.

Vamos analisar as assertivas:

a) ALTERNATIVA INCORRETA, pois o CDC é voltado aos consumidores e não aos fornecedores como mencionado na assertiva.

b) estabelece normas de defesa e de proteção do consumidor, de ordem pública e de interesse social, regulamentando normas constitucionais a respeito. ALTERNATIVA CORRETA.

c) ALTERNATIVA INCORRETA, pois, Norma dispositiva, também chamada de Facultativa, é aquela que se limita a declarar direitos, autorizar condutas, ou atuar em caso duvidoso, ou omisso. É o oposto de norma cogente que é o CDC.

d) ALTERNATIVA INCORRETA. Como vimos, há diversos dispositivos de proteção constitucional.

e) ALTERNATIVA INCORRETA. Há diversos dispositivos de proteção constitucional.

GABARITO DA QUESTÃO: LETRA “B”.

4. Relação Jurídica de Consumo

Relação de consumo é aquela em que um sujeito consumidor exige de outro sujeito fornecedor a implementação de uma prestação, cujo objeto é uma obrigação de dar ou de fazer, consistente num produto ou serviço.

Aquela existente entre consumidor e o fornecedor e que tem por objeto a aquisição de um produto ou a contratação de um serviço.

(24)

Uma relação torna-se jurídica quando repercute no mundo do direito. Para invocar as normas do CDC é necessário caracterizar a relação jurídica como consumerista, configurando cada um dos seus elementos.

Importante dizer que o CDC não definiu a relação jurídica de consumo no Código, mas, conceituou os elementos dessa relação.

Assim, só haverá relação de consumo quando, em cada um dos polos existirem a figura do consumidor e a do fornecedor e quando estiverem negociando serviços e produtos.

MEMORIZE:

RELAÇÃO DE

CONSUMO Consumidor Fornecedor Negociação de

produtos/serviços Estes elementos da relação de consumo dividem-se em:

ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO

Subjetivo

Finalístico Objetivo

Fornecedor

Finalidade com a qual o produto/serviço é

adquirido Consumidor São as partes

envolvidas na relação

É o objeto sobre a

qual recai a relação Serviços Produtos

Destinação Final

As definições estão atreladas umas nas outras, necessitando da presença de ambas para ensejar a aplicação do CDC.

Nery Jr. leciona que se “a aquisição for apenas meio para que o adquirente possa exercer outra atividade, não terá adquirido como destinatário final e, consequentemente, não terá havido relação de consumo. A chave para a identificação de uma relação jurídica como sendo de consumo é, portanto, o elemento teleológico: destinação final, ao consumidor, do produto ou serviço”

Vamos imaginar as seguintes situações hipotéticas:

a) Comprar uma caixa de ovos no mercado para fazer um bolo em casa.

b) Comprar uma caixa de ovos no mercado para fazer bolos para revender.

c) Comprar uma caixa de ovos no mercado para fazer um bolo na empresa para consumo dos funcionários.

Agora me diga: Quais das situações acima pode ser aplicado o CDC? Vamos analisar:

(25)

a) Aplica-se. É destinatário final do produto.

b) Não aplica. Adquire como meio para exercer a atividade comercial. Em suma: caso a aquisição seja um insumo para a atividade de comércio, não aplica o CDC.

c) Aplica-se! Observe que está claro que o consumidor é destinatário final da mercadoria.

O problema desse conceito está na definição de destinatário final. Não há consenso na doutrina e na jurisprudência. Alguns entendem que destinação final é a destinação fática, e outros entendem que é a retirada do objeto de consumo da cadeia produtiva.

Há 03 posições, a saber:

1) no que pese o conceito do art. 2º, CDC, acolher a pessoa jurídica como consumidora, ela assim será somente quando a aquisição não tiver um fim profissional. Se o intuito único for viabilizar sua própria atividade produtiva, esta relação regulada pelo direito comum. Esta é uma posição minoritária.

2) a pessoa jurídica é consumidora quando adquire insumos de produção de caráter indireto, ex.: a fábrica de papel que adquire refeição para os seus funcionários “é consumidora”, mas quando adquire celulose “não é consumidora”. Ex.: uma fazenda de café quando compra a semente do café não é consumidora, mas quando ela adquire um automóvel para a administração central da fazenda ela é consumidora. Esta é a posição majoritária na jurisprudência e na doutrina.

3) admite que a pessoa jurídica seja sempre consumidora.

Nesse contexto, duas grandes correntes se debruçaram sobre o tema.

1ª CORRENTE FINALISTA/SUBJETIVA -> é aquele que adquire ou utiliza produto ou serviço para consumo próprio ou de sua família. Para essa corrente, o consumidor destinatário final é o destinatário fático e econômico do bem. O que significa que não basta retirar o produto ou serviço do mercado de consumo, tem também que ser ele a consumir o produto ou o serviço. Esse conceito é bem restrito. Para ela, pessoa jurídica não pode ser consumidor, porque o produto ou serviço vai integrar a cadeia produtiva, de uma forma ou de outra.

(26)

2ª CORRENTE MAXIMALISTA -> é aquele que retira o produto ou serviço do mercado de consumo. Pessoa jurídica, desde que não revenda o bem, será sempre considerada consumidor.

No STJ prevalece a teoria finalista, porém, de maneira atenuada. Para o Tribunal, alguns profissionais e pessoas jurídicas podem ser consideradas consumidores, desde que provada a sua “vulnerabilidade” (tecnicamente, o que se comprova é a hipossuficiência). Ex.: Um advogado compra um computador para peticionar. Ele deve ser protegido sim pelo CDC. Microempresa ou empresa de pequeno porte, a mesma coisa.

(RESP 476428/RESP 716877)

É importante também destacar que a relação jurídica pode ser efetiva ou presumida:

RELAÇÃO JURÍDICA

Efetiva

Presumida

Ocorre quando se dá a efetiva transação entre o consumidor e o fornecedor

Se realiza pelas simples oferta ou pela publicidade inserida no mercado de consumo

4.1. Consumidor

O CDC trouxe quatro definições de consumidor, sendo uma em sentido estrito e três delas consumidor por equiparação.

Vejamos o que diz o CDC:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Esse é exatamente o conceito de consumidor em sentido restrito. Apesar do inciso não demonstrar a complexidade da definição de “consumidor”, Inicialmente podemos concluir que consumidor é:

 Consumidores são as pessoas naturais ou jurídicas;

 Consumidor é aquele que adquire produto ou contrata serviço;

 Consumidor é também aquele que utiliza produto ou serviço;

 consumidor é o destinatário final do produto ou do serviço adquirido/contratado no mercado de consumo.

(27)

Em suma, o consumidor pode ser:

CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. DESTINATÁRIO FINAL. A expressão destinatário final, de que trata o art. 2º, caput, do Código de Defesa do Consumidor abrange quem adquire mercadorias para fins não econômicos, e também aqueles que, destinando-os a fins econômicos, enfrentam o mercado de consumo em condições de vulnerabilidade;

espécie em que caminhoneiro reclama a proteção do Código de Defesa do Consumidor porque o veículo adquirido, utilizado para prestar serviços que lhe possibilitariam sua mantença e a da família, apresentou defeitos de fabricação.

É importante destacar que existem diversas teorias que conceituam consumidor. Vejamos as principais características de cada uma:

Teoria Finalista Também chamada de subjetiva ou teleológica, identifica o consumidor como sendo aquele que definitivamente retira o produto ou o serviço de circulação e utiliza-o para satisfazer uma necessidade.

Teoria Maximalista Consumidor é aquele que adquire o produto ou o utiliza na condição de destinatário final, não interessando a destinação final, seja ela para consumo ou uso econômico

Teoria Mista/Híbrida

Nesta corrente doutrinária, o consumidor – destinatário final seria aquela pessoa que adquire o produto ou o serviço para o uso privado, porém, admitindo-se esta utilização em atividade de produção, com a finalidade de desenvolver atividade comercial ou profissional, desde que seja provada a vulnerabilidade desta pessoa física ou jurídica que está adquirindo o produto ou contratando o serviço.

Apesar da divergência doutrinária, observa-se que no Brasil os julgamentos têm adotado a Teoria Mista/Híbrida.

Para a definição de consumidor é preciso verificar, no caso concreto, a vulnerabilidade do adquirente

APROFUNDANDO CONSUMIDOR

Pessoa Física Pessoa Jurídica

Coletividade

(28)

Segundo posicionamento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, a comprovação da vulnerabilidade da pessoa jurídica é pressuposto sine qua para o enquadramento desta no conceito de consumidor previsto no CDC.

Trata-se da adoção pela jurisprudência da Teoria Finalista, porém de forma atenuada, mitigada ou aprofundada que admite a pessoa jurídica como consumidora, desde que comprovada sua fragilidade no caso concreto. Tal contexto é muito recorrente às relações envolvendo microempresas, empresas de pequeno porte, profissionais liberais, profissionais autônomos, dentre outros.

A relação jurídica qualificada por ser “de consumo” não se caracteriza pela presença de pessoa física ou jurídica em seus polos, mas pela presença de uma parte vulnerável de um lado (consumidor), e de um fornecedor, de outro. — Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise da hipótese concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a pessoa-- jurídica consumidora e a fornecedora, deve--se aplicar o CDC na busca do equilíbrio entre as partes.

Vejamos alguns exemplos que é de suma aplicação para seu concurso:

Não incidência do CDC na relação envolvendo pessoa jurídica e banco na celebração de contrato bancário para fins de aplicação em sua atividade produtiva, por se tratar de consumo intermediário na visão do STJ: “I.

Cuidando--se de contrato bancário celebrado com pessoa jurídica para fins de aplicação em sua atividade produtiva, não incide na espécie o CDC, com o intuito da inversão do ônus probatório, porquanto não discutida a hipossuficiência da recorrente nos autos. Precedentes. II. Nessa hipótese, não se configura relação de consumo, mas atividade de consumo intermediária, que não goza dos privilégios da legislação consumerista”

(REsp 716.386/SP, Rel. Ministro Aldir Passarinho Júnior, 4ª T., DJe 15--9-- 2008).

Não incidência do CDC na relação envolvendo pessoa jurídica e banco na celebração de contrato de mútuo bancário para fins de incrementar capital de giro da empresa, por se tratar também de consumo intermediário na visão do STJ.

Não incidência do CDC e o consequente reconhecimento da legalidade do foro de eleição na relação envolvendo pessoa jurídica e a contratação de serviço de crédito junto a instituição financeira para fins de aplicação em sua atividade produtiva, por se tratar de consumo intermediário na visão

(29)

do STJ: “o serviço de crédito tomado pela pessoa jurídica junto à instituição financeira de certo foi utilizado para o fomento da atividade empresarial, no desenvolvimento da atividade lucrativa, de forma que a sua circulação econômica não se encerra nas mãos da pessoa jurídica, sociedade empresária, motivo pelo qual não resta caracterizada, in casu, relação de consumo entre as partes” (CC 92.519/SP, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Segunda Seção, DJe 4--3--2009).

Incidência do CDC na relação envolvendo pessoa jurídica e banco de fomento comercial (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul — BRDE), por ser considerada a empresa destinatária final na visão do STJ:

Não incidência do CDC na relação envolvendo pessoa jurídica na aquisição de equipamentos médicos de vultoso valor para fins de incrementar a atividade profissional lucrativa, por se tratar de consumo intermediário e pela ausência de comprovação da hipossuficiência[41] na visão do STJ: “o hospital adquirente do equipamento médico não se utiliza do mesmo como destinatário final, mas para desenvolvimento de sua própria atividade negocial; não se caracteriza, tampouco, como hipossuficiente na relação contratual travada, pelo que, ausente a presença do consumidor, não se há falar em relação merecedora de tutela legal especial. Em outros termos, ausente a relação de consumo, afasta--se a incidência do CDC, não se havendo falar em abusividade de cláusula de eleição de foro livremente pactuada pelas partes, em atenção ao princípio da autonomia volitiva dos contratantes” (CC 46.747/SP, Rel. Ministro Jorge Scartezzini, DJe 20­-3-- 2006).

Não incidência do CDC na relação envolvendo banco e empresa de vigilância contratada, pelo fato de não estar comprovada a vulnerabilidade na visão do STJ: “A jurisprudência do STJ tem evoluído no sentido de somente admitir a aplicação do CDC à pessoa jurídica empresária excepcionalmente, quando evidenciada a sua vulnerabilidade no caso concreto; ou por equiparação, nas situações previstas pelos arts. 17 e 29 do CDC” (AgRg no REsp 687.239/RJ, Relatora Nancy Andrighi, 3ª T., DJe 2­- 5--2006).

(30)

EM RESUMO, NO ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO DO STJ, A PESSOA JURÍDICA PARA SE ENQUADRAR NO CONCEITO DE CONSUMIDOR DEVERÁ:

COMPROVAR A SUA VULNERABILIDADE (TECNICAMENTE, A HIPOSSUFICIÊNCIA) NO CASO CONCRETO;

NÃO SER CONSUMIDOR INTERMEDIÁRIO.

4.1.1. Consumidor por Equiparação

Quanto à equiparação a consumidor, devemos observar o seguinte:

Art. 2º. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 17. (...) equiparam-se aos consumidores todas as vítimas de evento danoso no mercado;

Art. 29. (.) equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

Nesse contexto, o CDC protege, além do consumidor propriamente dito [stricto sensu], aqueles que, mesmo não tendo adquirido diretamente o bem ou serviço, mas tendo o consumidor utilizando-os, haverá entre eles, relação de consumo, o que consequentemente haverá incidência do CDC.

Consumidor por equiparação

Coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis

Vítimas de Acidente de Consumo

Pessoas expostas à praticas abusivas

A Coletividade é quando os consumidores têm seus direitos violados, mesmo não sendo os destinatários final na relação de consumo. É o caso de uma propaganda enganosa.

As vítimas de acidente de consumo são aquelas que, sendo consumidores ou não, poderão invocar o CDC em sua proteção. É o caso de um acidente de ônibus em que este tenha batido em um posto de gasolina. Os que no posto estavam não eram usuários do serviço, porém, o patrimônio destes foi lesado em razão disso.

Pessoas expostas à práticas abusivas são aquelas que, de uma forma ou de outra são vítimas do poder econômico.

(31)

Claudia Lima Marques ensina que “pessoas, grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relações de consumo de outra forma, a ocupar uma posição de vulnerabilidade. Mesmo não preenchendo as características de um consumidor stricto sensu, a posição preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posição de vulnerabilidade dessas pessoas sensibilizaram o legislador e, agora, os aplicadores da lei”

E agora o supra sumo do consumidor por equiparação:

O que se percebe é a desnecessidade da existência de um ato de consumo (aquisição ou utilização direta), bastando para incidência da norma, que esteja o sujeito exposto às situações previstas no Código, seja na condição de integrante de uma coletividade de pessoas (artigo 2º, parágrafo único), como vítima de um acidente de consumo (artigo 17), ou como destinatário de práticas comerciais, e de formação e execução do contrato (artigo 29)4

Exemplificando:

a) Imagine que você ganhe um celular de aniversário e este está com defeito. Você não é consumidor no sentido estrito e sim consumidor por equiparação e está

“protegido” pela lei consumerista.

b) Imagine agora que você vá ao shopping “estrear” o celular novo e lá estando, sofre um acidente. Você não consumiu nada, mas, pela condição de estar no local, é caracterizado como acidente de consumo [isso é chamado de bystanders, ou seja, circunstantes ou terceiros que sofreram danos em razão de defeitos de produtos ou serviços.

FIQUE LIGADO

1) COLETIVIDADE DE CONSUMIDORES (art. 2º, § Ú, CDC) : visa reforçar a ideia de que o direito do consumidor pertence à esfera dos direitos difusos, e que, portanto, é necessária a defesa coletiva do consumidor em juízo (Lei n. 7.347/85 e arts. 81 e ss. CDC).

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

2) VÍTIMAS DO ACIDENTE DE CONSUMO (art. 17, CDC) : quando um produto ou serviço é colocado no mercado há sempre o risco da ocorrência de acidentes por defeitos.

Portanto, toda vítima do acidente, independentemente de não ter relação contratual com

(32)

o fornecedor pode valer-se do CDC para a ação de reparação de danos. Ex.: moradores do Jabaquara atingidos por avião da TAM em acidente aéreo.

Art. 17. Para os efeitos desta Seção ( Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço ) , equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

3) PESSOA EXPOSTA ÀS PRÁTICAS COMERCIAIS DE OFERTA, PUBLICIDADE, PRÁTICAS ABUSIVAS, COBRANÇA DE DÍVIDAS, BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES (art. 29, CDC): ex.: pessoa indevidamente negativada por órgão de proteção ao crédito. Ex.: publicidade das Casas Bahia dizendo “pague quanto quiser”.

4.2. Fornecedor

A definição legal de fornecedor se dá no art. 3º do CDC:

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Para se enquadrar no conceito de fornecedor tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica, aliás, até mesmos os entes despersonalizados, é necessária a prova da sua habitualidade na atividade.

Bruno Miragem leciona que são fornecedores, para os efeitos do CDC, todos os membros da cadeia de fornecimento, o que será relevante ao definir se a extensão de seus deveres jurídicos, sobretudo em matéria de responsabilidade civil”.

O Fornecedor para ser caracterizado, desenvolve uma atividade econômica de inserção e circulação de produtos e serviços no mercado de consumo.

Segundo Rizzato Nunes, “este é gênero do qual fabricante, produtor, construtor, importador e comerciante são espécies. Ver-se-á que, quando a lei consumerista quer que todos sejam obrigados e/ou responsabilizados, usa o termo “fornecedor”. Quando quer designar algum ente específico, utiliza-se de termo designativo particular: fabricante, produtor, comerciante etc”.

Assim, nos termos do Código de Defesa do Consumidor, toda pessoa física ou jurídica que desenvolve atividade mediante remuneração (desempenho de atividade mercantil ou

(33)

civil) e de forma habitual, seja ela pública ou privada, nacional ou estrangeira e até mesmo entes despersonalizados.

ATENÇÃO: Quando há relação fornecedor-consumidor, o consumidor é protegido pelo CDC. Já nas transações entre os fornecedores (por exemplo, uma concessionária de carros), são reguladas pelo direito comum.

Consumidor Concessionária

(fornecedor) Fabricante

(fornecedor)

CDC Direito Comum

E quanto a pessoa física?

José Geraldo Brito Filomeno entende que “fornecedor é qualquer pessoa física, ou seja, qualquer um que, a título singular, mediante desempenho de atividade mercantil ou civil e de forma habitual, ofereça no mercado produtos ou serviços.

Além desta categoria de profissional, destaca-se ainda que poderão ser enquadradas no conceito de fornecedora outras pessoas físicas que prestam serviços com habitualidade, tais como o eletricista, o encanador etc.

A doutrina pátria, classifica os fornecedores da seguinte forma:

FORNECEDOR

Real

Presumido

Aparente

Fabricante Produtor Construtor Importador

Comerciante de produto sem identificação

É aquele que coloca sua marca no produto final

FORNECEDOR REAL: incluindo o fabricante, o produtor e o construtor. Fabricante é aquele que, direta ou indiretamente insere produtos no mercado, seja assumindo todo o processo, seja fornecendo peças ou componentes, seja montando-os apenas. Produtor é aquele que coloca no mercado produto não industrializado, de origem animal ou vegetal.

Construtor é aquele que introduz produtos imobiliários no mercado, fornecendo bens ou serviços.

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