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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Maria Aparecida Martins

Trabalho do professor com o uso do chat@ educacional:

Inserção das novas Tecnologias

MESTRADO EM LINGÜÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DE LINGUAGEM

SÃO PAULO

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i

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Maria Aparecida Martins

Trabalho do professor com o uso do chat@ educacional:

Inserção das novas Tecnologias

MESTRADO EM LINGÜÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DE LINGUAGEM

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem, sob a orientação da Profª Drª Anise Abreu G. D’Orange Ferreira.

SÃO PAULO

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ii

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iii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecer a Deus, que me proporcionou saúde, tranqüilidade e transmitiu-me uma fagulha de sua infinita luz, sem a qual não seria possível a realização deste trabalho;

À Secretaria Estadual de Educação, pela bolsa, o que tornou possível à realização desta pesquisa;

A Anise de Abreu Gonçalves D`Orange Ferreira, por ter sido muito mais que uma incansável orientadora, tornando-se uma inestimável amiga;

A PUC-SP, instituição que em muito contribuiu para minha formação profissional e como pesquisadora;

A todos os professores do LAEL da PUC-SP e aos professores convidados;

À secretária do LAEL, Maria Lúcia, e aos funcionários que possibilitaram a realização deste trabalho de pesquisa;

À minha filha Carolina, que com sua paciência e inestimável presença trilhou comigo cada passo deste caminho;

À minha mãe, que sempre acompanhou de perto e muito incentivou minha vida profissional e acadêmica;

À minha família, que sempre presentes em todos os momentos souberam me incentivar no sentido de sempre buscar novos caminhos;

À Professora Rose, colega de pesquisa que de maneira solícita aceitou participar como “sujeito” deste trabalho de pesquisa;

À Professora Augusta, colega de trabalho e companheira de jornada;

A todos os alunos que de forma generosa contribuíram para a realização deste trabalho, afirmando que eles sempre foram os principais destinatários do esforço que este trabalho apresenta no sentido de estar sempre aprimorando a educação;

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FICHA CATALOGRÁFICA

MARTINS, MARIA AP. Trabalho do Professor com o uso do Chat@Educacional: Inserção das Novas Tecnologias. São Paulo. p.161.2008

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2008 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem.

ORIENTADOR: Profª Drª Anise Abreu Gonçalves D’Orange Ferreira.

PALAVRAS-CHAVE: Trabalho do professor – chat educacional – Interacionismo Sociodiscursivo.

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v

RESUMO

Em virtude do aumento da demanda por novas tecnologias de informação e comunicação na atividade educacional, o objetivo desta pesquisa foi o de verificar, como um professor representou em texto e, pelo texto, seu próprio “agir” ao ministrar aulas com o uso do chat educacional.

Os textos analisados foram produzidos por uma professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental da Rede Pública Estadual de Ensino, na posição de observadora-participante das aulas-chat. Obtivemos dois diferentes tipos de textos que relatam o trabalho já executado ou ainda a ser realizado. Denominamos os documentos de “diário-reflexivo” e “depoimento transcrito”. O primeiro, elaborado de forma escrita e o segundo, produzidos oralmente, gravados e posteriormente transcrito pela pesquisadora.

Para a análise dos textos recorremos ao Interacionismo Sociodiscursivo representado por Bronckart (2007), incluindo os procedimentos desenvolvidos por Machado & Bronckart (2004). Com o foco no trabalho docente, também buscamos aportes teóricos da Ergonomia da Atividade (Saujat, 2004; Amigues, 2004; Faïta, 2004) e da Clínica da Atividade (Clot, 1999/2006).

Os procedimentos metodológicos incluíram a interpretação do contexto de produção, levantamento das características globais dos textos, a determinação do gênero textual, os tipos de discurso, observação das instâncias enunciativas com a identificação das vozes, e mais detalhadamente uma análise dos segmentos representativos do “agir” da professora em situação de trabalho.

Observamos que o trabalho dessa profissional é representado no texto por um caráter interacional e instrumental, que envolve um agir linguageiro, um agir com instrumentos e também um agir mental com a observação de capacidade, motivos e intenções. Em relação ao seu agir com o uso do instrumento “chat”, verificamos que ela manifesta um processo de apropriação desse novo instrumento.

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vi

ABSTRACT

In virtue of the increase of the demand for new technologies of information and communication in the educational activity, the aim of this research was to verify, as a teacher represented in text and, for the text, its proper one "act" when giving lessons with the use of the educational chat one.

The analyzed texts had been produced by a teacher of Portuguese Language of High School, in the position of participant-observer of the chat-class. We got two different kinds of texts that tell the executed work already or still to be carried through. We call documents of "daily-reflexive" and "transcribed deposition". The first one, elaborated of form written. The second produced orally, recorded and later transcribed for the researcher.

For the analysis of the texts we appeal to the Sociodiscursive Interactionism represented for Bronckart (2007), including the procedures developed for Machado & Bronckart (2004). With the focus in the teaching work, also we have also adopted the views of French Ergonomics (Saujat, 2004; Amigues, 2004; Faïta 2004) and of the Activity Clinic (Clot, 1999/2006).

The methodological procedures had included the interpretation of the production context, survey of the global characteristics of the texts, the determination of the literal sort, the kinds of speech, comment of the enunciative instances with the identification of the voices, and more at great length an analysis of the representative segments of "acting" of the teacher in work situation.

We observe that the work of this professional is represented in the text for a interacional and instrumental character, that involves one to language “act” , one to “act” with instruments and also mental “act” with the capacity comment, reasons and intentions. In relation to its act with the use of the instrument "chat", we verify that teacher shows a process of appropriation of this new instrument.

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vii

SUMÀRIO Introdução... 02

CAPÍTULO I – NOVAS TECNOLOGIAS E TRABALHO DO PROFESSOR 1.1. O impacto das novas tecnologias na sociedade contemporânea... 16

1.2. A educação tecnológica... 22

1.3. Trabalho docente e as novas tecnologias... 29

CAPÍTULO II – ANÁLISE DO TRABALHO DO PROFESSOR 2.1. Aportes da Ergonomia da Atividade e Clínica da Atividade... 35

2.2. Fundamentos do Interacionismo Sociodiscursivo... 40

2.3. O agir analisado pelo Interacionismo Sociodiscursivo... 42

2.3.1. A ação de linguagem representada nos textos... 47

2.4. Procedimentos para análise de texto no ISD... 50

2.4.1. O Contexto sócio-histórico interacional de produção... 51

2.4.2. Parâmetros do contexto de produção... 51

2.4.3. Levantamento das características globais do texto... 53

2.4.4. Características lingüístico-discursivas... 54

2.4.4.1. Infra-estrutura geral dos textos... 54

2.4.4.2. Mecanismos de textualização... 60

2.4.4.3. Mecanismos enunciativos... 60

CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1. Estruturação da pesquisa... 63

3.2. Participantes... 64

3.3. Procedimento de coleta de dados, instrumentos e definição do corpus... 66

3.4. Síntese dos procedimentos de análise... 74

(9)

viii

CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. Características gerais do contexto de coleta de dados e produção dos textos... 77

4.1.1. Produção dos Diários-Reflexivos (D1/D2)... 77

4.1.2. Produção dos Depoimento Transcrito (DT1/DT2)... 79

4.2. Determinação do Gênero... 80

4.3. O Conteúdo Temático e o Plano Global dos Textos... 81

4.3.l. Diários-Reflexivos (D1/D2)... 81

4.3.1.1. Identificação Conteúdo Temático (D1/D2)... 81

4.3.2. Depoimentos Transcritos (DT1/DT2)... 85

4.3.2.1. Identificação Conteúdo Temático (DT1/DT2)... 85

4.4. Os tipos de Discurso... 91

4.4.1. Diários-Reflexivos (D1/D2)... 91

4.4.2. Depoimentos Transcritos (DT1/DT2)... 95

4.4.3. Conclusões sobre os Tipos de Discurso... 96

4.5. Identificação das figuras do agir construídas nos textos... 98

4.5.1. O “agir” nos diferentes tipos de textos (D1/D2/DT1/DT2)... 99

4.5.2. Instâncias enunciativas/vozes em (D1/D2/DT1/DT2)... 110

4.6. Levantamento dos aspectos avaliativos (D1/D2)... 112

4.7. Levantamento dos aspectos avaliativos (DT1/ DT2)... 119

4.8. Considerações Finais... 132

Referências Bibliográficas... 136

ANEXOS Anexo 01- Diário Reflexivo I... 141

Anexo 01a – Diário Reflexivo I – texto original... 144

Anexo 02- Depoimento Transcrito I ... 148

Anexo 03- Depoimento Transcrito II... 150

Anexo 04 - Diário Reflexivo II... 153

(10)

ix

SÍMBOLOS DE TRANSCRIÇÃO

Os textos denominados Depoimento Transcrito I (DT1) e Depoimento Transcrito II (DT2) foram registrado por intermédio de gravação de fita de vídeo e transcritos pela pesquisadora deste trabalho baseado em MARCUSCHI (2003). Os documentos apresentam marcas de transcrição as quais relacionamos abaixo com exemplos extraídos de nosso corpus:

/ = truncamento brusco

ex :anexo 03,DT2,66s:

“elas se dispersavam muito facilmente / hoje o segundo Chat foi um assunto...” MAIÚSCULA = ênfase ou acento forte

ex :anexo 03,DT2,23:

“...dentro de uma aula GOSTOSA, que rendeu que teve informação...”

(( )) = comentário do analista (pesquisadora)

ex :anexo 02,DT1,19s:

“...com muito esforço a gente se organizou e conseguimos chegar até o final da atividade.TUDO BEM?” ((pergunta dirigida a pesquisadora))

Né = sinais de saída ou entrega de turno, aparecem no final das expressões e apresentam forma indagativa

ex :anexo 02,DT1,5:

“... qual era a importância dele? ”? Na atualidade.

Ah! ou Eh!= pausa preenchida, hesitação ou sinais de atenção

ex :anexo 03,DT2,26:

Ah! Eu acho que então o assunto fez com que o chat produzisse eh!

” = (sinais de entonação) aspas duplas – para uma sílaba rápida – corresponde mais ou menos ao ponto de interrogação

ex :anexo 03,DT2,16s:

“Mas elas tentaram e conseguiram puxar até alguns questionamentos que eu fiquei surpresa né”?

: : = alongamento de vogal - quando ocorre um alongamento da vogal, coloca-se uma marca (dois pontos), esta marca pode ser repetida dependendo da entonação

ex :anexo 03,DT2,21: “ e eu achei assi::m, que foi produtivo.

é é é = repetições reduplicação de letra ou sílaba

ex :anexo 02,DT1,20:

“os aspectos positivos é é é (( pausa para pensamento)) pode ser que sejam...”

(11)

x

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 01 Sessões das aulas-chats 67

Tabela 02 Data de realização dos textos 73

Tabela 03 Quadro dos textos 73

Tabela 04 Situação de Linguagem – Lugar Físico 79 Tabela 05 Situação de Linguagem – Lugar Social 80

Tabela 06 Referências ao Conteúdo Temático 91

Tabela 07 Os Tipos de Discurso nos textos 96

Tabela 08 Predicativos representativos do agir que implica uma ação dos alunos

102

Tabela 09 Predicativos representativos do agir que não implica uma ação dos alunos

103

Tabela 10 Predicativos representativos do agir da professora em relação ao agir dos alunos

103

Tabela 11 Predicativos representativos do agir dos alunos em relação ao agir da professora

104

Tabela 12 O agir da professora com o uso de instrumentos simbólicos ou materiais

105

Tabela 13 Predicativos que indicam atividade mental 106

Tabela 14 Predicativos que indicam capacidade 106

Tabela 15 Critérios Avaliativos no texto Diário-Reflexivo I (D1) 115 Tabela 16 Critérios Avaliativos no texto Diário-Reflexivo II (D2) 118 Tabela 17 Critérios Avaliativos no texto Depoimento Transcrito I (DT1) 121 Tabela 18 Critérios Avaliativos no texto Depoimento Transcrito II (DT2) 124 Tabela 19 Avaliação das experiências anteriores e posteriores à realização

das aulas-chat

(12)

1

INTRODUÇÃO

Novas exigências educacionais pedem às universidades e cursos de formação para o magistério um professor capaz de ajustar sua didática às novas realidades da sociedade, do conhecimento, do aluno, dos diversos universos culturais, dos meios de comunicação.

(13)

2

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem por objetivo verificar como um professor recria nos

textos representações de seu próprio “agir” ao ministrar aulas com o uso do chat

educacional. Mais especificamente, procurarei compreender como esse professor

avalia sua atuação profissional, principalmente em relação à inserção das novas

tecnologias na educação. Para isso, realizarei a análise e a interpretação das

representações construídas sobre esse agir, em textos escritos em forma de “diário” e

“depoimento”, produzidos em situação de trabalho, por um professor de Ensino

Fundamental na área de Língua Portuguesa da Rede Pública Estadual de São Paulo.

Consciente de que este trabalho teria necessariamente um estreito

relacionamento com o mundo da prática docente, fui buscar subsídios nos trabalhos

do Grupo ALTER1 do LAEL – Programa de Lingüística Aplicada e Estudos da

Linguagem da PUC/SP, responsável por projetos de pesquisas que visam a

desenvolver um aprofundamento teórico-metodológico sobre as relações entre

linguagem e trabalho educacional.

Para a realização dessa dissertação, adotei como linha

teórico-metodológica o Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 2007) que visa a investigar

a problemática do agir humano, tendo como base a linguagem e, os procedimentos

desenvolvidos por Machado & Bronckart (2004) para a semântica do agir. Também

utilizei, para analisar o trabalho do professor, alguns aportes oriundos da Ergonomia

da Atividade (Amigues, 2004; Saujat, 2004; Faïta, 2004) e da Clínica da Atividade

(Clot, 1999/2006).

A

s dificuldades encontradas em meu cotidiano na sala de aula, como

professora da Rede Pública Estadual, com alunos altamente desmotivados, sem

interesse pelo conhecimento ou mesmo incapazes de compreender a importância de

1

(14)

3

uma boa formação acadêmica, levaram-me a investigar novas estratégias de ensino

que pudessem desenvolver e melhorar a qualidade de meu trabalho.

Senti a necessidade de buscar inovações que pudessem fazer frente a

uma concorrência desleal, que se manifestava quando o assunto estava relacionado à

motivação dos alunos, pois tudo ao redor deles parecia ser mais interessante do que a

minha aula expositiva. Não importava minha dedicação na preparação de estratégias

diferenciadas e de tarefas dinâmicas para as aulas, nada parecia surtir efeito.

Então, tentei conseguir ajuda buscando, no Programa de Formação

Continuada, o curso “Reflexão sobre a Ação”, uma parceria da Secretaria da

Educação, Cultura Inglesa e PUC-SP. Um curso voltado para a melhoria da qualidade

no Ensino da Língua Inglesa e que, trazia em seu currículo uma grande preocupação

com a formação de um professor reflexivo em suas práticas pedagógicas, para que

este profissional pudesse alcançar aprimoramento na qualidade do trabalho docente,

bem como facilitar a sua interação com seus alunos no delicado processo de

ensino-aprendizagem.

Sendo assim, as experiências que lá vivi em muito contribuíram para

ampliar meus horizontes em relação à problemática, já que pude compartilhar minhas

dúvidas com outras pessoas e trilhar um caminho coletivo, tentando encontrar novas

estratégias que viessem a facilitar o meu agir em sala de aula.

Posteriormente, fui convidada pela Diretoria de Ensino de Diadema

para atuar como mediadora de um curso para professores, chamado “Liter@arte”. O

curso se apresentava em formato de oficinas pedagógicas e visava à capacitação dos

professores para o uso do computador em sua prática educacional.

Na ocasião, tive a oportunidade de travar um aprofundado processo

de discussão a respeito desse tema com meus pares e também de observar a grande

dificuldade apresentada por eles, em relação as estratégias didático-pedagógicas

(15)

4

recebendo capacitação para a informática pela primeira vez e consideravam bastante

difícil o domínio desta nova prática.

Na época, pude constatar que as minhas inquietações em relação à

qualidade do ensino eram também por eles compartilhadas e, dessa forma,

encontrávamo-nos todos em busca de novos caminhos.

Como resultado da troca de experiências no decorrer das oficinas, foi

possível verificar que, o impacto inicial foi negativo, por parte daquele grupo, quanto

ao uso do computador em suas escolas, os professores se apresentavam, de certa

forma, muito apreensivos, pois tudo era novidade e desafio naquele momento.

É importante lembrar que as unidades educacionais estavam

recebendo, pela primeira vez, a instalação de salas de aula informatizadas (SAIS) e

vivíamos, portanto, um momento de transição.

Entretanto, um fato em particular chamou-me a atenção em relação à

inserção dessas novas tecnologias. Todos os participantes eram unânimes em afirmar

que a aceitação, por parte do corpo discente, não poderia ter sido melhor e que a

motivação nas aulas havia melhorado muito, independentemente do conteúdo

programático discutido; portanto, o interesse que estes alunos apresentavam quanto

às novas estratégias era incontestável.

Imediatamente, interessei-me pelo ocorrido, visto que há tempos

procurava algo que pudesse trazer para o cotidiano de minha sala de aula a “tão

dispersa” motivação e o almejado interesse dos alunos (aspectos observados com

maior freqüência nas aulas que envolviam a utilização do computador).

Buscando, então, um maior aprimoramento, matriculei-me em um

curso a distância para verificar a efetiva utilização das estratégias educacionais com o

uso do computador, o que, para mim, se apresentava como um desafio e era

absolutamente inovador na época.

O curso em questão nomeava-se “Interaction Teachers”, uma parceria

(16)

5

para a capacitação continuada dos professores de Língua Inglesa da Rede Pública

Estadual.

Na ocasião e na qualidade de aluna, pude compreender toda a

dinâmica apresentada no citado curso, e acumular experiências que ajudariam no trato

com a aplicação das novas tecnologias em minhas aulas.

Todo esse processo levou-me a uma trajetória de aproximação com a

área do estudo da linguagem mediada por tecnologia da informação, pela qual

desenvolvi grande interesse, e pude finalmente encontrar respostas para algumas

dúvidas e questionamentos.

Mais tarde, e com um amadurecimento um pouco maior a respeito dos

aspectos que envolvem as questões de tecnologia na educação e, consciente de que

o estudo da linguagem seria capaz de abrir caminhos para a concretização de um

projeto de pesquisa que priorizasse a melhoria do ensino nas Escolas Públicas

Estaduais com a inserção de novas estratégias, percebi o quanto seria interessante

uma abordagem voltada à análise de textos, elaborados por um professor em situação

de trabalho.

Considerei optar por um percurso teórico-metodológico que me

possibilitasse observar, através de textos produzidos por esse professor, o seu “agir”

relacionado à prática docente, pois, como coloca Bronckart (2007:14), “... os textos e

/ou discursos2 são as únicas manifestações empiricamente observáveis das ações de

linguagem humanas...”. O autor ainda esclarece que as análises de textos produzidos

pelo sujeito pesquisado são um modo válido de se chegar cientificamente à

configuração do agir humano, uma vez que este se materializa pela linguagem.

2

(17)

6

Com isso, procurei concentrar minha atenção em um artefato3

computacional específico: o chat e a possibilidade de sua utilização como estratégia

no processo de ensino-aprendizagem, visto particularmente pela ótica de um professor

com atuação na Rede Pública Estadual.

Segundo Melo & Rebelo (2005:10) a definição do ambiente de “chat”,

utilizado pelas pessoas, de forma livre, como ferramenta comunicacional pode ser

apresentada como:

... um lugar de liberdade, porta para a imaginação onde a palavra é o ingrediente, espaço de comunicação intensa, estímulo a criatividade, facilitador da comunicação, lugar onde se conversa escrevendo com números de falantes ilimitados, lugar de experiências, local de interação, local de convívio, local onde um grupo de pessoas se exprime de forma livre, e meio de socialização.

A escolha do chat como o artefato computacional em foco nesta

pesquisa se justifica pelo fato de o mesmo apresentar um leque bastante extenso de

qualificativos, o que atraiu uma grande quantidade de interessados para este

ambiente, e de o mesmo possuir características muito apreciadas pelo público jovem

(representativo de minha clientela de trabalho), ou ainda, por ser o mesmo

responsável por uma comunicação síncrona, que possibilita grande agilidade na

interação, e o fato de já ter atingido uma parcela significativa dos estudantes da Rede

Pública Estadual.

Entretanto, é necessário observar que a utilização desse artefato com

finalidades educacionais apresenta caráter controverso e que sua popularidade nem

sempre é observada nos meios acadêmicos.

3 -

(18)

7

Autoras como Collins4, Ferreira et al. (2003:41) discutem as dificuldades quanto à correta utilização desse artefato como mediador no processo de

aprendizagem, afirmando que:

Para que a ferramenta possa ser mediadora de aprendizagem, é necessário evitar digressões, manter uma pequena variedade de tópicos e, portanto, um foco mais definido no tema programado para a discussão. Igualmente cuidadosa deve ser a mediação do professor para incentivar as problematizações e as sínteses, além de garantir, mediante o apoio aos turnos dos alunos menos experientes, que todos contribuam com informação nova.

Apesar de constatadas as dificuldades ligadas a esse artefato e, ao

mesmo tempo, levando em consideração os diversos lados da questão, ainda acredito

que o chat mereça ser investigado, em virtude da motivação que inspira e visto que se

apresenta como um meio de comunicação informal e popular para atrair o aluno a

produzir textos na linguagem padrão.

Inicialmente levantei a hipótese de que essa investigação pudesse me

levar a compreender o porquê do fascínio que os educandos demonstravam em

relação às tarefas que envolviam os chats, com motivação para passarem diversas

horas “teclando” e participando de um processo dialógico com pessoas que, na

maioria das vezes, não conheciam, sendo que, por outro lado, demonstravam

significativa resistência quando lhes era solicitado participarem de uma atividade de

escrita, nos moldes tradicionais, como a realização de uma redação escolar, por

exemplo.

A observação de tais contrastes tem despertado grande curiosidade

na peculiar dinâmica das salas de aula, por conseguinte, considero que a escola

4

(19)

8

tradicional não pode se esquivar do reconhecimento desse novo fenômeno dialógico

que vem tomando conta do cotidiano de nossos jovens estudantes.

A criação de uma espécie de novilíngua pela comunidade de

internautas, que transforma a frase “Ninguém se entendia” em “ngm c intendia”, com a

sistemática supressão de vogais, bem como a abreviação de quase todos os termos

lingüísticos sem grandes prejuízos em relação à semântica, é um fator de inovação

que precisa ser mais bem estudado. Também inovadora é a inserção de emoticons 5,

que utiliza como símbolos representativos de emoções, sentimentos ou mesmo sons,

resultando em um canal de comunicação extremamente rápido e muito eficiente, o que

vem demonstrar que esse novo meio de comunicação não parece representar apenas

um modismo passageiro.

Observei que a polêmica quanto à validade de uso desses recursos já

havia se instaurado, e que, um processo de discussão aprofundado se fazia

necessário, pois a inserção do computador e das mídias globalizadas, tais como a

Internet, tem se imposto como um desafio a ser enfrentado pelos profissionais da

educação.

Verificamos hoje uma verdadeira campanha, incentivando a utilização

das NTIC (Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação), levando inclusive

alguns autores, como Braslavsky (2004:77), a afirmarem que “estamos imersos numa

transformação social e às portas de uma transformação educativa de grande

envergadura”.

Essa campanha, naturalmente, vai afetar os papéis atribuídos ao

professor, pois as mudanças impostas pela citada revolução tecnológica incluem

novas expectativas e novas relações desse profissional com seu trabalho. Nesse

sentido,Grinspun (2001:18)argumenta:

5

(20)

9

Observamos que as grandes repercussões da tecnologia trouxeram novos paradigmas científicos que, por sua vez, vão repercutir no modelo pedagógico, na noção de educação, na relação entre educador e educando.

Em relação ao ambiente da escola pública estadual, observo que há

uma preocupação das instâncias governamentais quanto ao fornecimento de suporte

material (computadores, software, conexão à Internet, entre outros) para a

implantação dessas novas tecnologias. Evidentemente esse contexto pressupõe que

haja profissionais capacitados e motivados para tal processo de atualização.

Em meu contexto de pesquisa, percebi uma grande quantidade de

textos prescritivos, incentivando mudanças em uma campanha nacional em prol de

tais inovações; vi que recursos materiais existem e estão sendo disponibilizados para

as unidades educacionais, e também, que a figura do professor se encontra, nesse

processo de transformação, em busca da consciência de qual será o seu verdadeiro

lugar na educação do futuro.

Assim, instaurada a problemática em relação à utilização da tecnologia

para fins educacionais, estudos têm sido feitos na tentativa de alargar os horizontes

desta questão.

O PROINF (Programa Nacional de Informática na Educação), projeto

vinculado a Seed (Secretaria de Educação a Distância), tem apresentado preocupação

com o tema. As publicações de Almeida (2000a; 2000b) colocam no centro da

discussão as principais relações que a Informática e a formação de professores

mantêm com as transformações que envolvem a educação. A autora apresenta uma

contra-argumentação para as profecias que postulam que a solução para todos os

problemas no processo de ensino-aprendizagem estaria na implantação dessas novas

tecnologias, fato de que a autora discorda, colocando em discussão, de forma mais

(21)

10

Do mesmo modo, Brunner (2004:19)discute o assunto, afirmando que

“... não são apenas os sistemas de comunicação que servem de suporte para os

processos de ensino e aprendizagem que põem a educação no terreno das

tecnologias”. O novo ciclo de transformação educacional que favorece a educação

maciça e padronizada voltada a formação de uma massa de trabalhadores, também

exerce pressão para essas transformações. Tal fato, segundo o autor, torna

impossível minimizar a força transformadora das novas tecnologias.

Na PUC-SP, o tema também vem ganhando relevância com os

trabalhos de vários pesquisadores do programa de pós-graduação do LAEL

(Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem), como Cerqueira (2005), que

investigou a mediação pedagógica em situação de chat educacional, tomando como

sujeito os (as) alunos (as) de um curso de mestrado stricto sensu. Os estudos dessa

pesquisadora possibilitaram, entre outras constatações, verificar melhor a abrangência

e os limites do uso educacional do chat. Como resultado de suas análises, a autora

apresenta como fundamental o papel de mediação do professor com essa ferramenta

pedagógica.

TambémAbreu-Tardelli (2006) apresentou pesquisa com o objetivo de

contribuir para a compreensão do trabalho do professor iniciante em Educação a

Distância (EAD). Para isso, a pesquisadora realizou a análise e a interpretação das

representações construídas sobre o agir nos textos produzidos na situação de trabalho

em EAD, mais especificamente o chat educacional. A autora observa, entre outros

aspectos, que mesmo um professor experiente em educação presencial pode

apresentar certa instabilidade em seu agir em EAD, e ainda coloca, como alguns dos

impedimentos desse agir, a não-apropriação, pelo professor, do chat educacional

como ferramenta de ensino aprendizagem ou mesmo a não-ação do “outro”

(participante em um processo de interação), como forma de impedimento para o “agir”

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11

Tem-se ainda, no programa de Educação e Currículo, da PUC-SP,

estudos como o de Vecchio (2007), que vieram contribuir para um aprofundamento na

discussão do tema. Essa pesquisadora investigou a formação do professor que atua

em ambiente virtual de aprendizagem e concluiu que a experiência no papel do aluno

em ambiente virtual pode se apresentar como uma fonte de conhecimento para a

formação do professor.

Com o exposto, é possível verificar que as questões ligadas à

utilização da tecnologia para fins educacionais têm recebido atenção de muitos

pesquisadores, tanto no processo de formação do professor ou em efetivo trabalho

docente.

Esse conjunto de informações aumentou em mim a vontade de

compreender melhor as relações estabelecidas entre o trabalho do professor e os

novos recursos tecnológicos. Busquei, então, literatura específica que pudesse me

auxiliar nesse processo de conhecimento do tema. Li autores, como Marcuschi &

Xavier (2005), que discutem os novos gêneros digitais; Tedesco (2004), que apresenta

as esperanças ou incertezas da educação em relação às novas tecnologias; Morin

(2003), que apresenta os novos saberes necessários à educação do futuro; Grinspun

(2001), que discute os desafios e perspectivas em relação à educação tecnológica;

Almeida (2005), que discute os computadores na escola, entre outros.

Contudo, foi lendo o trabalho de Mazzillo (2006) que me decidi pelas

questões finais pendentes em meu próprio trabalho de pesquisa. Esta pesquisadora

(apesar de seus estudos não abordarem as questões tecnológicas) analisou a

representação e a avaliação do agir de professores em sala de aula de língua

estrangeira (curso de alemão), por intermédio do registro de aprendizagem em diários

produzidos por pesquisadoras na qualidade de observadoras-participantes. Ela,

(23)

12

O agir é principalmente interpretado e representado ... pelo ângulo de suas realizações práticas, das condutas observáveis (ou seja, da práxis). Essas condutas observáveis se realizam na linguagem por meio de “figuras do agir”, ou seja, a figura do agir linguageiro e a figura do agir por instrumentos. (Mazzillo, 2006:153)

Percebi que seria muito interessante se meu trabalho pudesse vir a

contribuir no sentido de ampliar as análises em relação ao uso do “diário”.

Outro aspecto a ser observado, é o fato de Mazzillo (2006:154) ter

justificado que, em virtude da limitação de seu corpus, não teria sido possível uma

ampla investigação a respeito da aplicabilidade das categorias de análise por ela

desenvolvidas, com a finalidade de identificar as diferentes dimensões do agir

representado, nos textos. Assim, e em virtude deste trabalho de pesquisa também

recorrer à análise das citadas categorias, vimos aqui a possibilidade de estender a

investigação iniciada por Mazzillo.

Por fim, é importante acrescentar que, para a realização desta

dissertação, utilizaremos os pressupostos teóricos do Interacionismo Sociodiscursivo

(ISD) representado por Bronckart (2007), o que inclui os procedimentos desenvolvidos

por Machado & Bronckart (2004), bem como aportes teóricos da Ergonomia da

Atividade (Amigues, 2004; Saujat, 2004; Faïta 2004) e da Clínica da Atividade (Clot,

1999/2006).

Sob essa ótica, acreditamos que esta pesquisa possa contribuir para

uma compreensão melhor dos processos que envolvem o agir humano representado

em textos e principalmente quando esse agir fizer referência ao trabalho docente.

Também consideramos poder contribuir com as discussões relacionadas à inserção

das novas tecnologias aos meios educacionais.

No sentido de atingir o objetivo maior a que nos propusemos, que é o

(24)

13

representações de seu próprio “agir” ao ministrar aulas com o uso do chat educacinal, apresentamos a pergunta principal da pesquisa:

Como se apresenta, em textos produzidos como “diário” e “depoimento”, o “agir” de um professor em relação ao desenvolvimento da aula-chat?

Para respondermos a esta pergunta, procedemos a uma investigação

em nosso corpus, do ponto de vista organizacional, semântico e enunciativo, com o

objetivo de compreender melhor o agir do professor em situação de trabalho. Para a

realização dessa tarefa, elaboramos algumas perguntas auxiliares no sentido de

direcionar nossas análises.

No ponto de vista organizacional, realizamos nossos trabalhos com base nos procedimentos para análise de textos, desenvolvidos por Bronckart (2007),

para definir as características do contexto de produção, a definição do gênero e do

conteúdo temático, o plano global e os tipos de discursos presentes, e procuramos

responder às seguintes perguntas:

1º) - Qual o contexto de produção dos textos?

2º) - A que gêneros textuais pertencem os documentos?

3º) - Qual o plano global dos textos?

4º) - Que conteúdos temáticos foram mobilizados?

5º) - Quais os tipos de discurso observados?

Do ponto de vista semântico, realizamos nossos trabalhos a partir de análise semântica do agir, com base nos procedimentos desenvolvidos por Bronckart

(2007) e Bronckart e Machado (2004) para a análise do agir nos textos, e procuramos

responder à seguinte pergunta:

(25)

14

Finalmente, do ponto de vista da análise enunciativa, também realizamos nossos trabalhos com base na análise semântica do agir observando os

procedimentos desenvolvidos por Bronckart (2007) e Bronckart e Machado (2004)

para a análise do agir nos textos, e procuramos responder às seguintes perguntas:

1º) - Que critérios avaliativos podem ser detectados nesses textos?

2º) - Quais instâncias enunciativas se apresentam como responsáveis

pelas avaliações?

3º) - Haveria e quais seriam os indícios que apontam para dificuldades

ou impedimentos na realização de uma aula-chat?

A partir dessas considerações, apresento a estruturação desta

dissertação que foi realizada em quatro capítulos.

No Capítulo I, abordo o tema das novas tecnologias com um especial

olhar para as questões da educação tecnológica e as relações mantidas com o

trabalho do professor nesse contexto. Para isso, subdividi o mesmo em três seções: O

impacto das novas tecnologias na sociedade contemporânea, A educação tecnológica

e Trabalho docente e as novas tecnologias.

No Capítulo II, discorro sobre os pressupostos teórico-metodológicos

que fundamentam a presente pesquisa, subdividindo-o em quatro seções: na primeira,

apresento aportes da Ergonomia da Atividade e da Clínica da Atividade necessários a

uma pesquisa que discute o trabalho do professor; na segunda, apresento o

Interacionismo Sociodiscursivo, seus fundamentos; a terceira seção do capítulo III é

dedicada a análise e a compreensão da importância da “ação de linguagem” dentro do

ISD; na quarta e última seção apresento o detalhamento dos procedimentos

metodológicos, com a apresentação do contexto da pesquisa, levantamento de

hipóteses sobre o contexto de produção, levantamento das características globais, as

características lingüístico-discursivas (infra-estrutura, mecanismos de textualização e

(26)

15

No Capítulo III, são apresentados os procedimentos metodológicos.

Para isso, subdividi-o em quatro seções: na primeira, apresento a estrutura da

pesquisa; na segunda, os participantes; na terceira discorro sobre os procedimentos

de coleta de dados, definição do corpus; e na quarta seção elaboro uma síntese dos

procedimentos de análise.

No Capítulo IV, apresento a discussão das análises e os resultados

obtidos. Para isso, subdividi o mesmo em oito seções: Na primeira seção, analiso as

características gerais do contexto de produção dos textos; na segunda, busco

identificar os gêneros textuais; na terceira, identifico o conteúdo temático e o plano

global dos textos; na quarta seção, analiso os tipos de discurso; na quinta, realizo a

identificação das “figuras do agir” constituídas nos textos e as instâncias

enunciativas/vozes; na sexta seção, identifico os aspectos avaliativos de D1 e D2; na

sétima seção, identifico os aspectos avaliativos de DT1 e DT2 e, por fim, na oitava,

apresento as considerações finais.

(27)

16

CAPÍTULO I

NOVAS TECNOLOGIAS E TRABALHO DO PROFESSOR

Na tentativa de abarcar, embora não exaustivamente, a questão do

impacto das novas tecnologias relacionadas ao trabalho do professor, este capítulo foi

dividido em três seções. A primeira traz o impacto das novas tecnologias na sociedade

contemporânea; a segunda apresentará conceitos da educação tecnológica; a terceira

abordará aspectos do trabalho docente e as novas tecnologias.

1.1. O impacto das novas tecnologias na sociedade contemporânea

Conforme o dicionário de etimologia6 da língua portuguesa a palavra

Tecnologia significa “tratado ou dissertação sobre uma arte e, exposição das regras de

uma arte”. A palavra é a conjunção dos termos tecn(o) e lógia, cuja origem provém da

Grécia antiga. O termo tecn(o) surge do grego techno, de techne (técnica),

expressando a idéia de arte ou habilidade. No entanto, a partir do século XIX, na

linguagem erudita, surgiu o termo lógia que deriva do grego log(o), significando

palavra, estudo, tratamento ou conhecimento.

Atualmente esse termo recebeu um significado mais abrangente,

sendo que o mesmo vem sendo utilizado para designar vários aspectos do uso da

técnica. Vargas (1994) atenta para os diversos usos da palavra ‘tecnologia’, que vão

do sentido de técnica com referência às máquinas, equipamentos, instrumentos e sua

fabricação até um sentido relacionado aos estudos dos aspectos econômicos da

6

(28)

17

tecnologia e seus efeitos sobre a sociedade, o que designa a relação de produção ou

consumo de bens materiais, entre outros sentidos.

No entanto, apesar das diversas designações, o autor alerta que o

termo deve ser tratado no contexto das relações sociais e dentro de seu

desenvolvimento histórico. Também considera que ele seja o conhecimento científico

transformado em técnica, que por sua vez, irá ampliar a possibilidade de produção de

novos conhecimentos científicos. O autor ainda propõe que devemos entender

tecnologia como: “aplicação científica e característica da sociedade moderna. É um

saber aplicado integrante de nossa cultura”. Vargas (1994: 225).

Para a geração atual, que já nasceu influenciada por inúmeros

aspectos tecnológicos, fica muito difícil perceber a importância e a magnitude que

essa revolução tecnológica trouxe, visto que tais mudanças são constantemente

incorporadas ao cotidiano das pessoas e, com o passar do tempo, tornam-se quase

imperceptíveis.

Novas invenções são observadas a todo instante, atualizações

acontecem em um ritmo frenético, tudo muda muito rapidamente, o que inclusive torna

difícil manter o homem atualizado nos dias de hoje.

Sabemos, entretanto, que é inerente à natureza humana a

necessidade de explicar os diversos fenômenos da vida. Nas culturas pré-históricas e

primitivas, a magia foi o primeiro modo encontrado pelo homem para expressar o seu

relacionamento com o mundo natural. Nesta época, o mago, curandeiro ou sacerdote

procuravam descobrir qual a relação do homem com o mundo a sua volta e, com o

passar do tempo, esses seres místicos aprenderam como tirar proveito e, de certa

forma, dominar as forças da natureza e ao mesmo tempo colocá-las a seu serviço.

Observamos o surgimento da “técnica”, que a princípio teve um início

mágico, e provocou mudanças sociais importantes, já que a prática desses rituais

(29)

18

Nesse período, conforme Cardoso (2001:187), “a transmissão dos

conhecimentos técnicos, feita ao longo de gerações, apresentava um caráter de

segredo revelado pelos deuses e, portanto, deveria ter sua divulgação restrita a uns

poucos escolhidos na comunidade”. Constata-se, que desde o princípio, o

“conhecimento” era destinado a uma minoria criada para liderar.

O domínio da “técnica”, que agora era utilizada de forma estruturada e

dirigida, auxiliava cada vez mais na realização de eventos sociais importantes, como a

caça, a colheita, o plantio de grãos e as expedições militares. O homem passou a

caminhar, no seu processo evolutivo, em um rítmo mais dinâmico.

Observou-se que a posse desses conhecimentos secretos (técnicos

em geral), tornara-se símbolo de status social e, conta a história, que os povos que

conseguiram o domínio de tais técnicas alcançaram elevado grau de desenvolvimento,

como os povos da Mesopotâmia ou do Egito Antigo, por exemplo.

É o caso dos sumérios, que desenvolveram um sistema de pesos e

medidas, além da aritmética; dos babilônios, que descobriram a álgebra; ou ainda dos

egípcios, que desenvolveram um eficiente sistema de irrigação e aventuraram-se na

arquitetura com a construção de magníficos templos.

Em 1200 a.C., o homem, mais uma vez dominando a “técnica”,

aprendeu a fundir o ferro e esse fato em muito alavancou o processo de

desenvolvimento da época, transformando a vida das pessoas radicalmente.

Contudo, foi só na Grécia, entre os séculos VI e IV a.C., que o homem

deu início à prática de responder às suas questões metafísicas via pensamento

racional. É de lá que vem o conceito de teoria “theoreo”, que significa ver, mas “ver”

com os olhos do espírito, numa atitude de contemplar, examinar, longe de qualquer

atividade experimental.

Surge, então, nesta época o conceito de supervalorizar o

conhecimento teórico em detrimento da ação-empírica. Como exemplo desta situação

(30)

19

tipo de trabalho era destinado aos escravos e considerado uma atividade “menor” sem

nenhum prestígio social. Essa supremacia dos conceitos teóricos sobre os empíricos

reinaria por muito tempo, até que, na Renascença, observou-se uma efervescência no

campo intelectual, o que abalaria a época e ampliaria os horizontes do homem

renascentista europeu e o colocaria diante de um fato iminente: a Revolução

Científica, e isso, faria com que essa situação começasse a mudar.

A descoberta da bússola, o que possibilitou a navegação nos oceanos

com maior segurança e rapidez; a utilização da pólvora, permitindo a fabricação de

novas armas para as batalhas; as novas técnicas de impressão de livros,

proporcionadas pela descoberta de Gutenberg (1390-1468), inventor do tipo móvel,

que serviu para democratizar e difundir os novos conhecimentos apresentaram-se

como alguns dos fatores que impulsionariam o desenvolvimento da época.

Somente neste ponto da história, o homem começou a perceber que

a união dos conceitos teóricos aos das ações empíricas se faziam necessários para

sustentar tantas evoluções e fazer funcionar as novas descobertas.

A Revolução Científica, deflagrada por Galileu, teve seu ápice nas

contribuições do inglês Isaac Newton (1642-1727), culminando no que se chamou de a

Civilização das Luzes, ou Iluminismo, no final do século XVII e possibilitou à

humanidade grandes avanços, transformando o conceito de trabalho de forma

significativa. Agora a substituição da força animal pelo vapor traria benefícios às

classes trabalhadoras, com a melhoria de sua qualidade de vida. Avanços na área da

medicina prolongaram a expectativa de vida das pessoas, que podiam sonhar com a

longevidade e uma vida mais produtiva em todos os aspectos. Definitivamente o

homem reconhecera a necessidade de atrelar a teoria às questões práticas.

Segundo Cardoso (2001:204), “a ascensão da burguesia e a

consolidação das monarquias e dos estados nacionais favoreceram a crença, que

remonta ao fim do século XVII, de que o conhecimento científico tinha importância

(31)

20

Daquela época até os nossos dias, o homem vem trilhando a passos

largos a trajetória de uma nova revolução, agora denominada “Revolução Tecnológica

e dos Meios de Comunicação”.

O impacto que as novas descobertas tiveram sobre a sociedade foi de

uma magnitude sem precedentes na história da humanidade e, com certeza, mudou e

ainda está mudando a maneira de viver da população mundial.

Segundo Cardoso (2001:183), desde o surgimento, em 1764, da

“Jenny”, uma máquina de fiar portátil, inventada pelo mecânico inglês James

Hargreaves; da descoberta do primeiro tear mecânico por Samuel Crompton, em

1779; ou da invenção de um tear-automático em 1804, por um tecelão francês

chamado Joseph-Marie Jacquard, que utilizava uma programação por cartões

perfurados, os quais dariam origem, cerca de 150 anos mais tarde, aos sistemas de

programação de computadores que conhecemos hoje, o homem não parou mais de

aprimorar suas descobertas.

Hoje é possível observar claramente a amplitude alcançada pela

Revolução Tecnológica, que não trouxe somente novas técnicas ao cotidiano das

pessoas, com a invenção de inúmeros objetos, mas também conseguiu mudar a

própria crença que o homem mantinha em si mesmo, no seu potencial de desbravar

novos caminhos, alcançar novos conhecimentos em prol de uma vida melhor para

todos. Com isso, a trajetória traçada pela humanidade em seu processo de

desenvolvimento ganhou preciosos aliados e pôde, então, seguir em uma velocidade

ainda maior.

Cardoso (2001) esclarece que o conceito moderno de “tecnologia” só

aparece com a ciência moderna, quando, no século XVII, desenvolve-se a crença de

que um saber, apesar de teórico, deve necessariamente ser verificado pela

experiência científica.

Observamos, nessa época, uma importante mudança: agora o homem

(32)

21

para o desenvolvimento. Não basta uma preocupação teórica, mas a aplicação dessa

teoria nas questões práticas do cotidiano das pessoas é que será capaz de determinar

o sucesso ou o fracasso de qualquer conceito observado. Consciente, disso, o homem

começou a caminhar muito rapidamente.

Conforme Aranha (2004), em 1943, um projeto britânico, sob a

liderança do matemático Alan Turing, colocou em operação uma série de máquinas

tecnológicas chamadas “COLOSSUS”, (o que poderíamos chamar de a primeira

geração de computadores). Esse equipamento trabalhava com símbolos perfurados

numa argola de fita de papel, que era inserida na máquina de leitura fotoelétrica. Ela

conseguia processar 25.000 caracteres por segundo, o que, para a época,

representava um grande avanço.

Em 1946, entretanto, surgiu uma nova versão dessa máquina

chamada ENIAC – Eletronic Numerical Interpreter and Calculator, ou seja,

“computador e integrador numérico eletrônico”, projeto para fins militares desenvolvido

pelo Departamento de Material de Guerra do Exército dos EUA, na Universidade de

Pensilvânia, que representava o primeiro computador digital eletrônico de grande

escala, sendo projetado por John W.Mauchly e J.Presper Eckert.

Grandes dificuldades foram superadas para a manutenção desses

sistemas computacionais que, em suas implantações, apresentaram diversas

limitações ou imperfeições, contudo, a rapidez com que esse processo se desenvolveu

nunca, na história da humanidade, havia sido registrada.

Assim, já em 1981, podíamos nos deparar com um computador de

quinta geração, o chamado computador pessoal (PC), que apresentava alta

velocidade, interatividade e mobilidade, resultando em impressionantes avanços, o

que se estenderia às versões dos “notebooks” e “palmtops” conhecidas atualmente.

Com o advento da Internet, a informação passou a ser difundida com

uma rapidez impressionante. Pela primeira vez na história da humanidade,

(33)

22

maneira de viver das pessoas. Hoje, um episódio que está acontecendo do outro lado

do mundo pode ser transmitido em tempo real para todos os cantos do planeta. Já é

possível assistirmos às grandes tragédias ou aos grandes feitos da humanidade quase

em tempo real.

Dependemos da tecnologia cada dia mais: a saúde, o trabalho, o lazer

e, até mesmo, o ir e vir dos indivíduos estão sendo dirigidos por sistemas

computacionais. O cotidiano das pessoas tem absorvido aspectos tecnológicos que se

tornam fundamentais para a realização das mais simples tarefas diárias.

Nesse processo de mudanças, a importância da conectividade tem

sido apontada como uma das causas de maior impacto no presente milênio. Para

Cardoso (2001:217), “o impacto do computador na reformatação da sociedade é e

será tão grande ou maior do que a Revolução Industrial”.

Com a disseminação da informação em redes interligadas no mundo

todo e com uma gama de informações a serem selecionadas por cada indivíduo,

segundo suas necessidades, surge a idéia de que o “livre acesso” a esse tipo de mídia

passa necessariamente por uma educação de qualidade que dê conta de vencer

obstáculos na formação de um cidadão globalizado e com consciência de seus direitos

e deveres individuais e coletivos. Esse é o tema que será apresentado em nossa

próxima seção.

1.2. A educação tecnológica

No Brasil, a Revolução Industrial levou o país a um conceito de

educação voltado para uma instrução padronizada, tecnicista e dirigida a uma clientela

destinada à produção industrial e ao trabalho nas fábricas.

Esse formato educacional favorecia a formação de muitas pessoas

(34)

23

poucas mentes pensantes que tinham como função principal organizar essa massa de

trabalhadores.

Por muitos anos, esse conceito de educação se mostrou eficiente.

Segundo Brunner (2004:20):

As exigências formativas da Revolução Industrial desencadearam um novo ciclo de transformações educacionais ao favorecer a educação maciça e padronizada, a única capaz de alimentar, com corpos e mentes adequadamente adestradas, as fábricas que fundam o novo modo de produção.

Entretanto, com o advento das novas tecnologias e a democratização

da Internet, surgiu a necessidade de uma adequação também dos sistemas

educacionais a essa nova situação. Tornou-se, desejável a união da educação e da

tecnologia para vencermos as novas exigências da vida moderna e também de um

mercado de trabalho em acelerado processo de transformação.

Conforme Almeida (2000a), a aplicação pedagógica do computador

tem duas abordagens possíveis: a Instrucionista e a Construcionista. Segundo essa

autora, a primeira tentativa de aplicação pedagógica do computador foi elaborada para

que este fosse usado como uma máquina de ensinar skinneriana7, a chamada

Abordagem Instrucionista, na qual o aluno recebia um estímulo e deveria produzir uma

resposta (teoria do reforço).

Em meu ambiente de trabalho, ainda observo a inserção dos

computadores comparados a recursos audiovisuais, cuja dinâmica de manuseio

estabelecida é muito parecida com a acima citada. Neste caso, a escola adquire

softwares” que promovem os estímulos, sendo solicitado ao aluno apenas que

responda à máquina sem grandes interferências do professor ou de um processo

7

(35)

24

reflexivo mais apurado. Observo, assim, que ainda hoje temos problemas com a

aplicação dessas abordagens.

Almeida (2000a) também apresenta que outra abordagem possível é a

Construcionista. Nela, o computador não é o detentor do conhecimento, mas uma

ferramenta tutorada pelo aluno e que lhe permite buscar informações em redes de

comunicação à distância. Aqui a posição do professor é a de mediador entre o

manuseio da ferramenta e o processo de ensino aprendizagem, devendo guiar seu

aluno a resultados significativos.

Essas são apenas algumas das abordagens conhecidas que tentam

auxiliar nesse momento de transição. Entretanto, os complicadores são muitos, por

exemplo, constatamos a grande dificuldade que a presente geração está encontrando

para adequar à educação tradicional as novas tecnologias disponíveis na sociedade.

Brunner (2004:17), a esse respeito, constata que:

A educação vive um tempo revolucionário, carregado, por isso mesmo, de esperanças e incertezas. Isso se manifesta claramente na aproximação entre educação e novas tecnologias da informação e da comunicação (NTIC). Em torno desse contato, existe hoje um verdadeiro fervilhar de conceitos e iniciativas, de políticas e práticas, de associações e organismos, de artigos e livros.

Conseqüentemente, como todo processo de mudanças, este não tem

sido fácil e seus domínios têm se estendido por áreas que envolvem âmbitos sociais e

políticos, acarretando significativas transformações em antigos conceitos, como o de

soberania de uma nação, governabilidade global, mudanças nos conceitos de domínio

público e privado, mudanças no conceito de tempo e espaço, entre outras importantes

situações.

Na esfera pessoal, também são grandes as transformações advindas

(36)

25

pessoas, em seu trabalho, nas relações de consumo, no lazer, e não poderia deixar de

ser, também no conceito de transmissão de conhecimento ou na educação.

Neste ponto, paramos e nos perguntamos: “Que tipo de educação

seria a adequada para as gerações futuras?”; “Quais os caminhos seguros para uma

formação de qualidade?”; “Como inserir as novas tecnologias a educação sem

encadear um processo de dependência a essas tecnologias?”

O único consenso observado nestas questões é que precisamos

encontrar um caminho para resolver tais questionamentos com segurança, mas esse

não é um processo simples, pois vivemos atualmente uma situação inovadora: a

História da Humanidade nos revela que a informação, ou o acesso a ela, sempre

foram objetos “difíceis” e “caros”, acessíveis apenas a uns poucos privilegiados, que

possivelmente faziam parte de uma classe dominante. Entretanto isso está mudando.

Hoje, a informação está disponível a um grande número de pessoas

via Internet, em um movimento de democratização sem precedentes na história

mundial.

Contudo, sabemos que não se pode confundir informação com

conhecimento. Evidentemente que se trata de coisas diferentes, porém a relação entre

informação e conhecimento sempre esteve muito próxima e o desafio atual, com

certeza, será como a escola transformará essa enorme gama de informação em

conhecimento significativo, que resulte em benefício na qualidade de vida de todos

que a ela tiverem acesso.

Conforme Rocha et al. (2006), esforços têm sido observados no

sentido de auxiliar nesse momento de transição, como por exemplo, a Proposta de

Intervenção, formulada em 1999, na Conferência Mundial “Ciência para o século XXI:

Um novo compromisso”, que aconteceu na cidade de Budapeste, na Hungria. Esse

encontro foi promovido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a

(37)

26

Unidas) e reuniu representantes de 155 países, além de organizações não

governamentais, para discutirem sobre esse tema.

Países como os Estados Unidos apostaram nas NTIC e criaram metas

para conectar a rede da Internet todas as suas salas de aula.

Esta é uma iniciativa que, de maneira geral, pode ser observada em

quase todos os países desenvolvidos ou até mesmo nos considerados em

desenvolvimento e tem chamado a atenção da comunidade educacional mundial e

causado muita polêmica em relação às corretas medidas a serem adotadas em

relação à adoção de novas tecnologias pela educação.

O assunto ganha proporção e torna-se controverso, visto que alguns

autores consideram que o fato de se equiparem as salas de aulas com computadores

de última geração não é o bastante para uma educação tecnológica de qualidade.

Almeida (2005:29), tratando das competências que o computador

pode ajudar a construir, esclarece que:

Tal competência constrói-se também com o conhecimento das potencialidades e limitações do saber gerido pelo computador. Saber este que se relaciona dialeticamente com o levantamento das metodologias educativas trabalhadas até hoje e dos problemas dos currículos escolares.

O autor acredita que investimentos em qualificação profissional ou a

realização de adequações no currículo tradicional para a inserção das NTIC aos

contextos educacionais sejam tão ou mais importantes para esse processo, do que

subsídios materiais. Em sua opinião, é necessário que se adotem as NTIC, como um

instrumento de apoio pedagógico no processo de ensino aprendizagem e não como

uma ferramenta milagrosa, que irá resolver todos os problemas da educação.

(38)

27

Não é possível saber exatamente de que maneira as NTIC transformarão os cenários em que se desenvolverá a educação do futuro. Mas quase ninguém duvida de que elas mudarão a atual estrutura da empresa educacional, assim como seus modos de operação.

No Brasil, presenciamos uma política pública educacional voltada à

instalação de equipamentos nas escolas públicas. Vivemos uma campanha de

incentivo à utilização das novas tecnologias.

Entretanto, não é possível observar essa preocupação em relação a

investimentos em qualificação de profissionais, para a devida implantação dessas

mudanças. Este fato, de certa forma, destoa do restante do projeto e se apresenta

como um fator que ainda precisa ser trabalhado e receber, por parte dos responsáveis

pelas implantações, uma atenção maior.

Rivoltella (2007) 8 baseado-se em dados do MEC/2006, afirma que

nosso país ainda “engatinha” quando se fala em inclusão digital nas escolas públicas.

Até o ano passado, das 143 mil instituições de Ensino Fundamental do país, apenas

17 mil contavam com laboratórios de informática, sendo que, dessas, apenas 15%

tinham acesso à Internet.

Correndo contra o atraso tecnológico nas escolas públicas do país, é

possível observar algumas iniciativas por parte do Governo Federal como, por

exemplo, a distribuição de “laptops”, em um projeto-piloto que será lançado

primeiramente em seis escolas das cidades de Manaus, João Pessoa, Tiradentes

(MG), Piraí (RJ), Rio de Janeiro e Palmas.

Esses computadores portáteis seguiram o modelo de baixo custo

lançado originalmente pelo MIT (Massachusetts Institute Tecnology) dos Estados

8

- RIVOLTELLA, P.C. Entrevista concedida a Arnaldo Rabelo. “Falta cultura digital na sala de aula”,

(39)

28

Unidos. Se aprovada, essa iniciativa traria grandes facilidades para os estudantes das

classes menos favorecidas, bem como viria a facilitar enormemente o acesso à

Internet em escolas rurais, distantes dos grandes centros, já que a ação representaria

uma democratização do acesso às informações que veiculam o conhecimento

mundial.

Ainda segundo dados do Ministério da Educação (MEC), também são

esperadas as ampliações dos laboratórios de informática nas escolas públicas, que

em 2008 devem receber mais 75.580 computadores de mesa para 7.500 escolas de

Ensino Médio que ainda não possuem os tais laboratórios. Essas medidas, porém, se

revelam paliativas em virtude da grande defasagem em termos que informatização,

que se observa nas instituições educacionais brasileiras.

Conseqüentemente, é importante lembrar que nossa realidade está

longe de ser a ideal quando comparada a países como Estados Unidos, Japão,

Alemanha, Dinamarca, que há muito tempo conseguiram uma democratização, não

somente no acesso as novas tecnologias, como também realizaram adaptações nos

currículos de suas instituições educacionais, garantindo assim que o uso do

computador esteja atrelado a um currículo representativo das necessidades de uma

população educacional, sendo este capaz de promover uma educação de qualidade.

É fundamental observar que a amplitude das mudanças propostas

pela Revolução Tecnológica atinge limites nunca antes imaginados e, conforme

Martinez (2001:108) observa:

(40)

29

A afirmação do autor demonstra claramente os limites e a

grandiosidade desse movimento de reformas educacionais que envolvem as novas

tecnologias. Assim, conscientes de que o professor é uma figura importante nesse

processo, perguntamo-nos: “Como fica o papel do professor nesse contexto atual de

mudanças?”; “O que se espera desse profissional neste momento?”; “Quais as suas

novas atribuições?” Porém, esse é o tema que será discutido em nossa próxima

seção.

1.3. Trabalho docente e as novas tecnologias

Por muitos anos, a “Instituição Escola” manteve uma posição acima

das questões ordinárias que norteavam o cotidiano das pessoas. Julgava-se que os

pilares que sustentavam essa Instituição não poderiam ser abalados e, com isso, seu

prestígio por muito tempo se manteve intacto, apesar das diversas revoluções

observadas na História da Humanidade com o intuito de buscar mudanças e

renovações.

Porém, nos dias de hoje, essa situação de acomodação está sendo

muito questionada e sofrendo pressões que clamam por mudanças e alterações desse

paradigma vigente. Com o advento das novas tecnologias, e, principalmente, das

novas formas de comunicação de massa, o homem moderno ampliou enormemente

suas possibilidades de aquisição de informação e também de conhecimento científico.

Se, por um lado, a educação no mundo contemporâneo ganhou

importância e passou a ser mais valorizada, por outro, também entrou em um rigoroso

processo avaliativo e a “Escola” deixou de ser o principal meio de informação para as

novas gerações, passando a concorrer com uma gama de outros meios

comunicacionais, como a Internet, a televisão, filmes, entre inúmeros outros

(41)

30

disseminação de conhecimento, papel que há muito tempo tem sido de

responsabilidade exclusiva da instituição “Escola”.

Como lembra Cardoso (2001:221), “a educação nunca foi tão

valorizada como agora (...), os conceitos de escolacomo local de aprendizado, mestre

como fonte do saber, aluno como objeto do aprendizado e as tradicionais disciplinas,

nunca foram tão questionados”.

Vivemos um momento de discussão de valores, redefinição de papéis,

em que a figura do professor tornou-se alvo de muitas opiniões e ou críticas em

relação ao sucesso ou não na aplicação de políticas educacionais.

A Escola do futuro recebe uma nova conceitualização que segundo

Brunner (2004:34) é exposta da seguinte maneira:

Educação é mais do que apenas a transmissão de conhecimentos e a aquisição de competências valorizadas no mercado. Envolve valores, forja o caráter, oferece orientações, cria um horizonte de sentidos compartilhados, em suma, introduz as pessoas numa ordem moral. Por isso mesmo, também deve dar conta das transformações que experimenta o contexto cultural...

Observamos que um novo conceito de Escola pressupõe um novo

conceito também de professor, profissional esse que deverá ser capaz de colocar em

prática as inúmeras mudanças sugeridas por uma Revolução Tecnológica que

rapidamente se instaurou no cotidiano das pessoas: um professor atualizado e

consciente de seu papel nesse novo modelo de educação. Mas, perguntamo-nos:

“Qual será o perfil desse profissional?”; “Como seria a formação desse professor

capacitado a trabalhar com as NTIC?”

Érnica (2004:108)coloca que o trabalho do professor atualmente pode

ser entendido como “um processo de organização do meio social no qual se dará o

Referências

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