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Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora Curso de Jornalismo

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Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora Curso de Jornalismo

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Trabalho apresentado à disciplina Filosofia e Ética, ministrada pelo professor Aristóteles Ladeira Rocha, pelos alunos João Gabriel Macêdo Lamarca e Rodrigo Galdino.

Juiz de Fora 2005

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INTRODUÇÃO

A carreira de jornalista, tão importante para a formação da opinião social e para os questionamentos das situações do cotidiano, exige, devido à sua complexidade e alto grau de envolvimento com inúmeras questões polêmicas, um documento deontológico regulamentador que garanta a estes profissionais da comunicação a manutenção de seus direitos e o cumprimento dos seus respectivos deveres.

Visando esta regulamentação da prática jornalística e o conseqüente melhoramento da relação destes profissionais com a sociedade e com o governo, foi criado o Código de Ética do Jornalista Brasileiro.

Este documento, redigido por representantes da categoria reunidos no XXI Congresso dos Jornalistas de São Paulo, em 1986, vigora até o dia de hoje, sob a vigilância da Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas Profissionais.

Nele, estão presentes 27 artigos divididos em 4 capítulos, nos quais são abordados temas como a conduta e responsabilidade profissional, o direito à informação, inerente aos cidadãos brasileiros, as situações de aplicação dos seus princípios e as punições às possíveis transgressões que venham a ocorrer.

Neste trabalho, faremos uma análise deste código de ética profissional, dissertando sobre os seus principais pontos e opinando sobre as suas passagens mais marcantes. Além disso, faremos críticas quanto à sua aplicabilidade e funcionalidade nas situações do jornalismo moderno – jornalismo este que, muitas vezes, se vê influenciado por questões capitalistas e/ou meramente financeiras, que nada têm a ver com os anseios da população.

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3 ANÁLISE DO CÓDIGO DE ÉTICA DO JORNALISTA BRASILEIRO

DO DIREITO À INFORMAÇÃO

Toda a sociedade possui o direito de se manter informada quanto às questões que envolvem o seu cotidiano, e é obrigação de jornalistas e meios de comunicação propiciar-lhes este direito.

Independente do valor mercadológico que os veículos de comunicação passaram a ter [devido ao capitalismo, a notícia passou a ser tida como uma mercadoria], é dever moral e ético dos jornalistas driblarem os interesses dos seus proprietários e de sua linha editorial, buscando sempre a divulgação das notícias de “interesse social e coletivo”.

A veiculação destas informações deve ser sempre realizada de forma “precisa e correta”, independente da natureza da propriedade do meio de comunicação; portanto, qualquer que seja a ideologia do proprietário do veículo, este deve sempre priorizar a informação correta e precisa.

Existe ainda a obrigação social da prestação destas informações por todas as instituições cujas atividades produzam efeitos na sociedade (sejam elas públicas, privadas ou particulares), o que visa facilitar a apuração da notícia por parte do profissional.

Quando esta prestação de informação é negada pela entidade que deveria concedê-la ou mesmo quando há um impedimento da publicação da notícia já apurada, pelo meio de comunicação no qual trabalha o jornalista, ocorre um verdadeiro “delito contra a sociedade”. Ou seja, as práticas de censura – uma constante no passado brasileiro - e de autocensura – infelizmente, tão comuns no jornalismo moderno – são tidas como um verdadeiro crime contra o “direito inerente à condição de vida em sociedade de acesso a informação pública”.

DA CONDUTA PROFISSIONAL DO JORNALISTA

A atividade jornalística, de “natureza social e finalidade pública”, está subordinada ao presente Código de Ética, que visa delimitar os principais deveres dos profissionais quando do exercício da sua atividade.

Estes profissionais devem ter como princípio fundamental que rege o seu ofício a verdade dos fatos, e seu trabalho deve estar sempre embasado na apuração e divulgação correta dos acontecimentos.

As reportagens, obtidas junto a pessoas envolvidas nos fatos ou meros espectadores deles, são a matéria-prima do repórter; portanto, estas pessoas, fornecedoras de informações – denominadas

“fontes” – devem ter a sua identidade resguardada sempre que o profissional considerar necessário, visto que muitas vezes a divulgação de seus nomes e endereços pode causar-lhes algum dano. Este é um dos direitos do jornalista: resguardar a origem e a identidade de suas fontes de informação.

Mas, além de direitos, o Código de Ética do Jornalista Brasileiro (CEJB) submete-lhes alguns deveres básicos no que diz respeito ao seu compromisso com a população e até mesmo com à categoria profissional. Um deles refere-se à obrigação de defender a liberdade de pensamento e

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expressão, o livre exercício do jornalismo, a valorização e dignificação do jornalismo, e o prestígio a entidades representativas e democráticas da categoria – princípios estes que são obrigações básicas para qualquer pessoa que ame a comunicação social, o jornalismo.

Outro dever dos jornalistas quando do exercício da profissão é o de “combater e denunciar todas as formas de corrupção”, principalmente quando esta tiver como objetivo o controle da informação.

Caso recente de tentativa de controle da informação, visando a não divulgação de corrupção política, ocorreu em Rondônia, no mês de maio. Neste episódio, repórteres da TV GLOBO receberam fitas VHS que mostravam o pagamento de propina por parte de inúmeros deputados daquele Estado. Infelizmente, a decisão inicial da Justiça foi pela proibição da divulgação da referida matéria no estado de Rondônia, o que revela um caso recente de censura à atividade jornalística. Uma semana depois, após muitos protestos de estudantes e jornalistas da região, a Justiça voltou atrás, permitindo a veiculação da notícia.

Além destes direitos e deveres, o CEJB impõem à categoria regras como “não aceitar oferta de trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial da categoria ...” e “não exercer cobertura jornalística, pelo órgão em que trabalha, em instituições públicas e privadas onde seja funcionário, assessor ou empregado.”

E, dentro da visão humanista e social da profissão, é contrário ao Código de Ética [obviamente], o jornalista submeter-se a “diretrizes contrárias à divulgação correta da informação; frustrar a manifestação de opiniões divergentes ou impedir o livre debate; e concordar com a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, políticos, religiosos, raciais, de sexo e de orientação sexual”. Isso se justifica, visto que uma das principais funções do profissional é a de propiciar o debate público das principais questões sociais, visando o fim de todo tipo de discriminação, através da universalização da informação.

DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL DO JORNALISTA

Quanto à responsabilidade da carreira de jornalista, existem inúmeras exigências a serem seguidas quando da confecção de uma notícia. Princípios como “ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas” envolvidas no acontecimento e “tratar com respeito a todas as pessoas mencionadas nas informações a divulgar” garantem a imparcialidade e a veracidade na informação jornalística.

Além destes princípios/obrigações presentes no documento deontológico dos jornalistas brasileiros, existem muitas outras questões referentes à sua [nossa...] responsabilidade profissional: evitar a divulgação de fatos “de caráter mórbido e contrários aos valores humanos” é uma delas. [Porém, em uma sociedade cujos princípios estão a cada dia mais precários, este artigo torna-se bastante subjetivo, visto que é muito difícil identificar os reais valores humanos que a sociedade moderna cultiva].

Outro princípio bastante discutível do CEJB é a responsabilidade do jornalista “por toda informação” que vier a divulgar, “desde que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros”.

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5 Sabemos que, no jornalismo contemporâneo e globalizado, no qual existem os monopólios dos meios de comunicação, as empresas jornalísticas se tornaram amplamente capitalistas, o que fez a produção intelectual do jornalista tornar-se um produto da empresa em que ele trabalha – sua obra torna-se, cada dia, mais coletiva.

Dificilmente encontraremos, portanto, em um jornal, uma matéria que tenha as características pretendidas pelo repórter ao fazer a apuração: editores, diagramadores e até mesmo os diretores da empresa influenciam na produção final da notícia, o que pode torná-la bem diferente daquilo que o seu autor pretendia inicialmente.

Sendo assim, a responsabilidade do jornalista por tudo aquilo que venha a divulgar é, infelizmente, algo bastante complexo: [é claro que este artigo – de n°11, do CEJB – é muito válido, pois faz com que os profissionais tomem cuidado com aquilo que venham a publicar; mas tornou-se impraticável no atual jornalismo, pelas questões já mencionadas anteriormente.]

Ainda relacionado às responsabilidades éticas, o jornalista deve evitar a divulgação de fatos com

“interesse de favorecimento pessoal [e/ou] vantagem econômica”, o que só vem a reforçar a

“natureza social e a finalidade pública” da profissão, constantes no artigo 6° do CEJB: portanto, os interesses particulares do jornalista, quando não condizentes com os da sociedade, não devem ser fruto de notícia.

E, também relativo à boa prática profissional, itens do CEJB como a garantia do “direito de resposta às pessoas envolvidas ou mencionadas em ... matéria, quando ficar demonstrada a existência de equívocos ou incorporações” visam facilitar a relação do jornalista com a sociedade, possibilitando a correção de erros provocados pelo profissional de comunicação e a respectiva manutenção da verdade, que é a principal meta desta atividade profissional.

É bom lembrar que os jornalistas, em todos os seus direitos e responsabilidades, tão explicitamente enumerados no presente Código [e mais exaustivamente no capítulo III], terão o

“apoio e respaldo das entidades representativas da classe”, como sindicatos e associações.

APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA

Todas as transgressões ao CEJB estão sujeitas a punições, “apuradas e aplicadas pela Comissão de Ética”. Esta comissão é composta por cinco membros eleitos por voto secreto em Assembléia Geral da Categoria.

A Comissão de Ética dos Jornalistas é incumbida de aplicar as seguintes penalidades aos profissionais que descumprirem o CEJB:

“a) Aos associados do sindicato, [punição] de observação, advertência, suspensão e exclusão do quadro social do sindicato;

b) Aos não associados, [punição] de observação, advertência pública, impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do sindicato.”[artigo 19, do CEJB].

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É importante ressaltar o caráter democrático deste artigo do Código de Ética, visto que as suas penas máximas só poderão ser aplicadas “após prévio referendo da Assembléia Geral especialmente convocada para este fim.”, e a aplicação da penalidade só se dá após audiência do jornalista objeto de representação.

Além disso, “os jornalistas atingidos pelas penas de advertência e suspensão podem recorrer à Assembléia Geral, no prazo máximo de dez dias corridos, a contar do recebimento da notificação.”

Existe ainda, no CEJB, a prerrogativa da participação popular na punição de atividades jornalísticas incoerentes com o Código de Ética – “por iniciativa de qualquer cidadão ou instituição atingida, poderá ser dirigida representação escrita e identificada à Comissão de Ética, para que seja apurada a existência de transgressão cometida por jornalista”.

Sendo assim, empresas, instituições ou mesmo pessoas físicas que venham a se sentir lesadas por qualquer matéria podem denunciar junto à Comissão de Ética, o que ocasionará, na pior hipótese, a suspensão do jornalista do quadro social Sindicato ou o impedimento de sua filiação futura, caso ainda não seja o seja.

Em contrapartida, a representação sem necessário fundamento, que objetive unicamente prejudicar o jornalista e/ou a empresa jornalística a que este faz parte, está sujeita a “censura pública contra o seu autor”.

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7 CONCLUSÃO

A análise crítica e atenciosa do Código de Ética do Jornalista Brasileiro, documento tão valioso para a carreira dos profissionais de Comunicação Social, é de fundamental importância para a prática desta profissão, visto que a sua leitura, em concomitância com outros livros que tratem da deontologia, permite ao profissional [ou futuro profissional...] uma visão diferenciada da relação da carreira com a sociedade, através da ênfase em conceitos como ética, direitos e deveres dos jornalistas.

Ao lermos o presente CEJB, conseguimos verificar a sua grande aplicabilidade nas inúmeras questões que envolvem a carreira de jornalismo, e a sua grande importância para a disciplinalização do cotidiano da profissão.

Apesar de ter sido escrito há cerca de 19 anos, em um período totalmente conturbado para a democracia brasileira – início da abertura política - , o CEJB ainda é bastante funcional, pois rege e disciplina as principais ações dos profissionais, traçando claramente os direitos e deveres dessa classe.

Sua preocupação em ditar regras que visem um maior respeito aos “princípios básicos do cidadão” faz do CEJB um documento de grande validade para os profissionais e para a sociedade, e precisa, portanto, ser colocado em prática com mais freqüência por alguns jornalistas e seus respectivos veículos de comunicação.

Freqüentemente, vê-se os princípios contidos nos 27 artigos do CEJB serem violados por programas de TV, de rádio, empresas de jornalismo online e pela imprensa em geral, que se utilizam de sensacionalismo e até de calúnia e difamação para obter uma maior visibilidade [audiência !!!] junto à população.

Essa empresas [e profissionais] exploram a miséria humana [ferindo portanto, o artigo 13°, do presente CEJB, que afirma que os jornalistas devem evitar a divulgação de fatos “de caráter mórbido“], divulgam notícias fantasiosas e com interesses escusos aos da sociedade e não seguem, portanto, os princípios básicos do Código de Ética, mas, infelizmente, não sofrem nenhum tipo de punição.

Enfim, apesar de ter um texto que regulamente a profissão de jornalista, o CEJB parece não estar cumprindo integralmente a sua função prática, que seria a de traçar limites teóricos para a atividade profissional dos jornalistas, coibindo assim as ações contrárias aos seus princípios.

É preciso que os profissionais da comunicação passem a seguir rigorosamente os princípios do seu [nosso..] código de Ética, para que danos à sociedade não continuem acontecendo. Só assim, a relação do jornalismo com a população poderá ser realmente benéfica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRÉ, Alberto. Ética e Códigos da Comunicação Social. 4ª ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2001

Código de Ética do Jornalista Brasileiro. Federação Nacional dos Jornalistas Brasileiros - Fenaj, 1986

GALVÃO, Aurélio. Ética jornalística é fazer valer o bem comum. Disponível em www.aureliogalvao.com.br. Acesso em 02/05/05

KARAM, Francisco José Castilhos. Jornalismo, Ética e Liberdade. 2ª ed. São Paulo: Summus, 1997

SILVÉRIO, Alessandra. Jornalismo, uma questão de Ética. Disponível em www.mnemocine.com.br/aruanda/index.html. Acesso em 20/04/05

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9 ANEXOS

“(...) Falar de ética jornalística no contexto brasileiro é, em primeiro lugar, relembrar que o código atualmente vigente foi eleborado pelo Congresso Nacional de Jornalistas, reunidos no Rio de Janeiro em 1985, e posteriormente modificado por outro congresso no ano seguinte.

Mas por que falar de ética? No meu entender, falar de ética é importante porque a principal matéria-prima do jornalismo, a notícia, lida diretamente com os interesses de grupos organizados da sociedade. Toda e qualquer notícia vai promover o interesse de um grupo da sociedade em detrimento do interesse de outro, por mais que ela seja isenta e se paute pela objetividade e pela busca da verdade, que são fundamentais. A questão é que grupo promover.

Mas essa questão está resolvida, ao menos teoricamente. O congresso dos jornalistas abraçou a causa da Ética e afirmou, por meio do código, que o grupo a ser beneficiado quando da produção de notícias e reportagens tem de ser sempre o conjunto da sociedade.

E como se faz isso na prática? Em primeiro lugar, defendendo arduamente o direito da sociedade à informação. Defender esse direito é combater todas as formas de censura. “

Aurélio Galvão

“(...) Com base nas aulas de Ética em Jornalismo é possível constatar que o Código de Ética rege a conduta profissional do jornalista e dos veículos de comunicação. No entanto, a cada dia que passa tenho a nítida sensação que esta cadeira parece ter sido abolida na prática profissional de alguns jornalistas e responsáveis por meios de comunicação atualmente integrados ao mercado de trabalho. Não é raro você abrir um jornal ou ver na TV notícias tendenciosas, pejorativas, que visam beneficiar uma das partes ou mesmo mascarar a verdade dos fatos.(...)”

Alessandra

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