• Nenhum resultado encontrado

Identificação das espécies de Eimeria spp. em ovinos no município de Mostardas/RS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Identificação das espécies de Eimeria spp. em ovinos no município de Mostardas/RS"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Identificação das espécies de Eimeria spp.

em ovinos no município de Mostardas/RS

Flávio Roberto Chaves da Silva Junio Damasceno de Souza Cristina Germani Fialho Karla Scola Escopeli Flávio Antônio Pacheco de Araújo

RESUMO

Foram analisadas 100 amostras de fezes de ovinos de cinco propriedades de Mostardas/

RS, com o objetivo de identificar as espécies de Eimeria spp. Oocistos do gênero Eimeria foram encontrados em 59 amostras (59%). O método utilizado foi o de Sheather modificado e, poste- riormente, efetuou-se a micrometria ótica para identificação dos oocistos encontrados. As espécies encontradas foram: E. parva (37,28%), E. ashata (23,72%), E. punctata (23,72%), E.

granulosa (20,33%), E. ovinoidalis (11,86%), E. bakuensis (6,77), E. crandallis (5,08%), E.

pallida (1,69%), e E. faurei (1,69%). A importância dos resultados encontrados está no fato de que as espécies E. ashata e E. ovinoidalis são consideradas patogênicas para os ovinos.

Palavras-chave: Método de Sheather. Oocistos. Micrometria ótica. Eimeria spp.

Identification of Eimeria species in sheep in Mostardas, southern Brazil

ABSTRACT

Fecal samples from sheep (n = 100) from five rural estates in Mostardas, in southern Brazil were analysed, in order to identify Eimeria species. Eimeria oocysts were found in 59

Flávio Roberto Chaves da Silva – Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná/ULBRA – Departamento de Medicina Veterinária. E-mail: veterinarioflavio@gmail.com

Av. Universitária, Bairro Aurélio Bernardi, 762, A. Bernard – CEP 78.961-970 – Ji-Paraná – RO. Telefone: (69) 3416.3100 / 3416.3125 – http://www.ulbrajp.edu.br/

Junio Damasceno de Souza – Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná/ULBRA – Departamento de Biologia. E-mail: jdamascenobh@gmail.com

Av. Universitária, Bairro Aurélio Bernardi, 762, A. Bernard – CEP 78.961-970 – Ji-Paraná – RO. Telefone: (69) 3416.3100 / 3416.3125 – http://www.ulbrajp.edu.br/

Cristina Germani Fialho – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Departa- mento de Patologia e Clínica Veterinária. E-mail: cristina.fialho@gmail.com Av. Bento Gonçalves, 9090 – Agronomia – CEP 91.540-000 – Porto Alegre – RS – Caixa-Postal: 15.094. Telefone: (51) 3308.6131. Fax: (51) 3308.7305 – http://www.ufrgs.br/favet

Karla Scola Escopeli – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária. E-mail: kescopelli@gmail.com

Av. Bento Gonçalves, 9090 – Agronomia – CEP 91.540-000 – Porto Alegre – RS – Caixa-Postal: 15.094.

Telefone: (51) 3308.6131. Fax: (51) 3308.7305 – http://www.ufrgs.br/favet

Flávio Antônio Pacheco de Araújo – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Departamento de Patologia e Clínica Veterinária.

E-mail: faraujo@ufrgs.br

Av. Bento Gonçalves, 9090 – Agronomia – CEP 91.540-000 – Porto Alegre – RS – Caixa-Postal: 15.094.

Telefone: (51) 3308.6131. Fax: (51) 3308.7305 – http://www.ufrgs.br/favet

(2)

samples (59%). The modified Sheather’s method was used, followed by optical micrometry for the identification of the oocysts. The following species were detected: E. parva (37.28%), E.

ashata (23.72%), E. punctata (23.72%), E. granulosa (20.33%), E. ovinoidalis (11.86%), E.

bakuensis (6.77), E. crandallis (5.08%), E. pallida (1.69%), and E. faurei (1.69%). These results are of great importance, due to the fact that E. ashata and E. ovinoidalis are pathogenic to sheep.

Keywords: Sheather’s method. Oocysts. Optical micrometry. Eimeria spp.

INTRODUÇÃO

A coccidiose é uma doença parasitária causada por um protozoário intracelular que prejudica seriamente o crescimento e a conversão alimentar em várias espécies. É uma parasitose de distribuição mundial (LILLEHOJ, 1999).

Em ovinos, a eimeriose é causada por diferentes espécies do gênero Eimeria. O número de espécies e a prevalência de cada uma delas variam com a região, mas os eimerídios têm sido encontrados em todas as regiões estudadas. Embora os ovinos sejam parasitados por várias espécies de Eimeria, poucas delas são consideradas patogênicas (VIEIRA; BERNE, 2001).

A eimeriose afeta principalmente ovinos jovens, estabulados ou confinados em pequenas áreas contaminadas com oocistos. A doença clínica é mais comum em bovinos e ovinos (IVET, 2002). Há uma incidência estacional, que pode estar associada com a época do ano em que os cordeiros jovens são apartados para o desmame ou transferidos para os piquetes de engorda, ou ainda alimentados em confinamento durante os meses de inverno (RADOSTITS et al., 2000).

Vieira e Berne (2001) relatam que as instalações e utensílios utilizados para a criação de animais têm grande importância na epidemiologia da eimeriose. Bebedouros e comedouros localizados dentro das instalações são facilmente contaminados com fezes, favorecendo o aparecimento da doença. Fatores estressantes como desmame, subnutrição e imunossupressão podem também contribuir para o aparecimento da infecção.

Segundo Radostits et al. (2000), a fonte de infecção é constituída pelas fezes dos animais doentes ou portadores, sendo a infecção adquirida pela ingestão de alimento e água contaminada, ou em decorrência do ato de lamber os pêlos contaminados com fezes infectadas. Os oocistos eliminados nas fezes requerem condições ambientais adequadas para esporular. A presença de umidade, bem como os climas temperados e frios, favorece a esporulação enquanto as temperaturas elevadas e condições ambientais secas a impedem. Os oocistos esporulam numa faixa de 12 a 32°C, requerendo a presença de oxigênio. Resistem ao congelamento entre -7°C a -8°C por dois meses;

porém, uma temperatura de 30°C normalmente é letal.

A prevalência de coccídeos em ovinos no México, relatada por Rodríguez-Vivas et al. (2001), foi de 91,17%.

O objetivo deste trabalho foi identificar as espécies de Eimeria spp. em 100 amostras fecais de ovinos em cinco propriedades de Mostardas/RS.

(3)

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas 100 amostras de fezes de ovinos, com idade média de 2 anos de idade, de cinco propriedades do município de Mostarda/RS (20 amostras em cada uma), direto da ampola retal. As amostras foram mantidas sob refrigeração até o momento da análise, que foi realizada no Laboratório de Protozoologia da Faculdade de Veterinária/

UFRGS, Porto Alegre/RS.

O material foi processado pelo método de Sheather modificado e, posteriormente, foi realizada a técnica de micrometria, que permite mensurar, em μm, o comprimento e a largura do oocisto, possibilitando assim o cálculo do índice do oocisto (Índice = comprimento x fator de correção / largura x fator de correção). Também foram anotadas as principais características morfológicas destes oocistos, tais como: forma, presença ou ausência de micrópila e/ou de capuz micropilar. As espécies foram identificadas de acordo com Levine (1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 100 amostras de fezes de ovinos analisadas, foram identificados oocistos de Eimeria em 59 amostras (59%). As espécies de eimerídios identificadas, parasitando os ovinos no município de Mostardas foram as seguintes: E. parva, E.

ashata, E. ovinoidalis, E. bakuensis, E. pallida, E. punctata, E. granulosa, E.

grandallis, e E. faurei.

A Eimeria ashata foi identificada em 14 (23,72%) das 59 amostras positivas, Eimeria ovinoidallis em 7 (11,86%), Eimeria parva 22 (37,28%), Eimeria bakuensis 4 (6,77%), Eimeria punctata 17 (23,72%), Eimeria pallida 1 (1,69%), Eimeria granulosa 12 (20,33%), Eimeria grandallis 3 (5,08%) e Eimeria faurei 1 (1,69%).

No presente estudo, a Eimeria mais relatada foi a E. parva, enquanto que para Arslan et al. (1999) e Menezes et al. (2001), E. ovinoidalis foi a mais freqüente, em todas as categorias de produção ovina.

No Peru, Gül e Deger (2002), concordando com os achados do presente estudo, relatam como espécies encontradas a E. parva (46,57%), a mais freqüente, seguida de E. ovinoidalis (43,14%), E. ahsata (39,42%), E. ovina (39,14%), E. crandallis (38,85%), E. pallida (33,14%), E. granulosa (16,57%), E. faurei (15,42%) e E. intrincata (11,42%).

Opitz et al. (2003) também encontraram uma maior freqüência de E. parva (60,87%), seguida de E. pallida (13,04%), E. punctata (8,69%), E. intrincata (4,35%), E.

ovinoidalis (4,35%), E. granulosa (4,35%) e E. ahsata (4,35%).

Na Alemanha, Gauly et al. (2004) encontraram 66,4% de amostras de fezes positivas para oocistos de Eimeria spp. As espécies identificadas foram: E. ahsata, E. bakuensis, E. faurei, E. granulosa, E. intrincata, E. ovinoidalis, E. pallida, E. marsica, E. parva e E. crandallis/weybridgensis. Também na Alemanha, Reeg et al. (2005) observaram

(4)

56,7% de ovinos positivos para oocistos de Eimeria spp., sendo identificadas: E.

ahsata, E. bakuensis, E. faurei, E. granulosa, E. intrincata, E. marsica, E. ovinoidalis, E. parva, E. pallida e E. weybridgensis/crandallis. Nessas duas pesquisas, as espécies mais prevalentes foram E. ovinoidalis e E. weybridgensis/crandallis, seguidas da E.

parva e E. bakuensis.

No Brasil, no Estado de São Paulo, Amarante e Barbosa (1992), os oocistos identificados em ovinos foram E. intrincata, E. parva, E. pallida, E. crandallis, E.

bakuensis, E. ashata e E. ovinoidalis.

Amarante et al. (1993), em Botucatu/SP, identificaram, por ordem decrescente, a E. crandallis, E. parva, E. ovinoidalis, E. bakuensis e E. ahsata.

Em Guaíba/RS, Silva et al. (1991) encontraram seis espécies de Eimeria na região:

E. parva, E. ovinoidalis, E. granulosa, E. pallida, E. intrincata e E. faurei. Sendo a E.

granulosa o primeiro relato no Rio Grande do Sul.

Silva et al. (1988) constataram a presença, no município de Porto Alegre/RS, das seguintes espécies de Eimeria: E. ahsata, E. crandallis, E. faurei, E. intrincata, E.

bakuensis, E. ovinoidalis, E. pallida, E. parva, e E. punctata.

A presença de Eimeria patogênica cria a necessidade da realização de tratamento com coccidiostáticos em todo rebanho ovino bem como medidas preventivas, evitando perdas de animais e prejuízos na produtividade da criação de ovinos.

CONCLUSÕES

Pelo estudo realizado no município de Mostardas/RS, nove espécies de Eimeria foram constatadas, sendo duas consideradas patogênicas, as quais são a Eimeria ahsata e E. ovinoidalis.

Apesar de ter encontrado Eimeria patogênica, estes animais não apresentaram sinais clínicos da doença, um dos motivos é que os animais eram criados extensivamente.

Como foi encontrado Eimeria patogênica no presente estudo é indicado o uso de coccidiostáticos para prevenir perdas no rebanho ovino.

REFERÊNCIAS

AMARANTE, A. F. T.; BARBOSA, M. A. Species of coccidia occurring in lambs in São Paulo State, Brazil. Veterinary Parasitology, v.41, issue 3-4, p.189-193, 1992.

AMARANTE, A. F. T.; BARBOSA, M. A.; SEQUEIRA, J. L. Coccidiose em cordeiros em Botucatu/SP, relato de dois casos. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.2, n.1, p.13-74, 1993.

(5)

ARSLAN, M. O.; UMUR, S.; KARA, M. The prevalence of Coccidian Species in Sheep in Kars Province of Turkey. Tropical and Animal Health and Production, v.31, issue 3, p.161-165, 1999.

GAULY, M. et al. Influence of production system en lambs on the eimeria oocyst output and weight gain. Small Ruminant Research, v.55, p.159-167, 2004.

GÜL, A.; DEGER, S. The prevalence and distribution of Eimeria species found in sheep in Van. Turkish Journal of Veterinary and Animal Sciences, v.26, issue 4, p.859-864, 2002.

IVET. Coccidiose em Ovinos e Caprinos, 2002. Disponível em: http://www.

bestconsulting.com/veterinaria/coccidia/rum.htm. Acesso em 31 out. 2003.

LEVINE, N. D. Veterinary Protozoology. Iowa State University Press, EUA, 413p., 1985.

LILLEHOJ, H. Imunologia em Coccidiose Aviária. In: Anais do Simpósio Internacional sobre Coccidiose Aviária. Foz do Iguaçu. 1999. p.3-9.

MENEZES, R. de C. A. A. de; PAIVA, R. do V.; HASSUM, L. C. Prevalência das espécies de Eimeria em ovinos da raça Santa Inês em um criatório na Microrregião Serrana, Estado do Rio de Janeiro: dados preliminares. Ciência Veterinária nos Trópicos, v.4, n.2-3, p.268-273, 2001.

OPITZ, F. C. et al. Freqüência de protozoários dos gêneros Eimeria e Giardia em ovinos no Rio Grande do Sul (Resultados Iniciais). Anais do XV Salão de Iniciação Científica da UFRGS, n.33, p.165, 2003.

RADOSTITS, O. M. et al. Clínica Veterinária – um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e eqüinos. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 9.ed., 1737p, 2000.

REEG, K. J. Et al. Coccidial infections in housed lambs: oocyst excretion, antibody levels and genetic influences on the infection. Veterinary Parasitology, v.127, p.209-219, 2005.

RODRÍGUEZ-VIVAS, R. I.; COB-GALERA, L. A.; DOMÍNGUEZ-ALPIZAR, J. L.

Frecuencia de parásitos gastrointestinais en animales domésticos diagnosticados en Yucatán, México. Revista Biomédica, v.12, p.19-25, 2001.

SILVA, N. R. S da; ARAUJO, F. A. P.; CHAPLIN, E. L. Eimerídios de ovinos constatados no município de Porto Alegre. Arquivos da Faculdade de Veterinária da UFRGS, v.15/

16, p.41-45, 1988.

SILVA, N. R. S da et al. Aspectos epidemiológicos de Eimeriose ovina em Guaíba, RS.

Arquivos da Faculdade de Veterinária da UFRGS, v.19, p.125-141, 1991.

VIEIRA, L. S.; BERNE, M. E. A. Eimeriose de Caprinos e Ovinos. Doenças de ruminan- tes e eqüinos. São Paulo: Varela, 2.ed. 2001, 280p.

Recebido em: 2/1/08 Aceito em: 12/9/08

Referências

Documentos relacionados

Esta atividade possibilitou o primeiro contato com a EJA e, também, o surgimento de inquietações sobre as relações entre o currículo e as práticas de ensino realizadas com

Este artigo tem como norteamento central realizar uma análise do con- to A afilhada da dona do vestido preto, do escritor brasileiro Ricardo Azevedo, particularmente refletir sobre

• Se a estrutura técnica ou mecânica do veículo for modificada com a substituição e adição de componentes, peças, acessórios ou equipamentos originais por outros não

Tem o nome de Hospital de Sousa Martins, em homenagem ao trabalho pioneiro do mesmo na luta contra a tuberculose, trabalho este que conduziu à promoção

E asseverou que “a adjudicação ao vencedor é obrigatória salvo se este desistir expressamente do contrato ou se não o firmar no prazo prefixado, a menos que comprove

To quantify temporal variance in population growth, we used stochastic demographic models based on at least 5-year study periods (four annual transition matrices) for marine

Conclusão: Após o processo de adaptação transcultural, a versão brasileira da PEM-CY pode ser considerada um instrumento válido e confiável para medir a