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E-book. Processo Penal. Assunto. Inquérito Policial

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Academic year: 2022

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(1)E-book. Processo Penal. Assunto. Inquérito Policial.

(2) SUMÁRIO:. INQUÉRITO POLICIAL. 2. C​ARACTERÍSTICAS. 2. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. 8. NOVAS DILIGÊNCIAS. 10. NOVAS PROVAS. 16. RAZÕES E QUESITOS. 16. INÍCIO DO IP - NOTITIA CRIMINIS. 20. REQUISIÇÃO. 23. RECURSO ADMINISTRATIVO. 23. INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA. 24. INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA. 24. INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA. 27. REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA PARA INSTAURAÇÃO DO IP. 28. PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO IP. 28. JURISPRUDÊNCIA. 31. QUESTÕES. 42. 1.

(3) INQUÉRITO POLICIAL. 1. Características • I) Escrito; • II) Sigiloso; • III) Oficial; • IV) Oficioso; • V) Autoritário; • VI) Indisponível; • VII) Inquisitivo.. 1.1 Procedimento Escrito. Art. 9º do CPP: Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.. Não existe Inquérito Policial oral, apenas escrito.. 1.2 Procedimento Sigiloso Art. 20 do CPP: 2.

(4) A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.. O sigilo é essencial para o sucesso das investigações.. 1.2.1 Extensão do Sigilo do IP O sigilo não se estende ao Ministério Público nem ao juiz, mas refere-se à comunidade.. 1.2.2 Defesa e Sigilo do IP. Súmula vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ​ter acesso amplo aos elementos de prova que, ​já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.. Assim, o STF resguarda ao advogado o acesso a toda e qualquer diligência investigatória já materializada, ou seja, aquela que já foi transformada em documento e juntada ao IP. E o que seria uma diligência investigatória não materializada? Seria, por exemplo, uma interceptação telefônica em curso. Essa interpretação do STF foi incorporada ao Estatuto da OAB:. Lei nº 8.906/94 (ESTATUTO DA OAB). 3.

(5) Art. 7º São direitos do advogado: XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016) ⇨ ​O acesso do advogado independe de procuração do investigado, mesmo que esse IP se encontre concluso à autoridade policial​. O advogado pode tomar por termo, cópia, ou fazer cópia digital do inquérito.. 1.2.3 PROCURAÇÃO E SIGILO. Lei nº 8.906/94 (ESTATUTO DA OAB) Art. 7º São direitos do advogado: § 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016). O inciso XIV trata do direito do advogado de ter acesso ao inquérito policial, na delegacia de polícia ou em qualquer órgão que realize investigação, sem que precise apresentar procuração. Lembrando que todo inquérito policial é sigiloso perante a sociedade, mas não guarda sigilo em relação ao juiz, ao investigado e ao Ministério Público​. 4.

(6) Porém existem determinadas situações em que o decreto de sigilo se estende inclusive ao advogado em face das particularidades da investigação​. Exemplo: abuso sexual de uma criança por seu ascendente. Nesses casos, há uma necessidade formal para que o advogado tenha acesso aos autos do IP, qual seja, a procuração.. ❖ DELIMITAÇÃO DE ACESSO. Lei nº 8.906/94 (ESTATUTO DA OAB) Art. 7º São direitos do advogado: § 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016). Súmula Vinculante 14 precedeu a alteração legislativa que modificou o Estatuto da Ordem, e a alteração legislativa apenas positivou a Súmula vinculante 14. Exemplo de investigação com restrição de acesso ao advogado: interceptação telefônica. O advogado poderá ter acesso a esses documentos quando aquela investigação tiver sido finalizada. No exemplo da interceptação, o advogado terá acesso à interceptação telefônica a partir da juntada das conversas transcritas ao inquérito policial.. 5.

(7) 1.3 PROCEDIMENTO OFICIAL O inquérito policial é instaurado e presidido, via de regra, pela autoridade policial. 1.4 PROCEDIMENTO OFICIOSO A autoridade policial tem a obrigação de instaurar inquérito policial para apuração das circunstâncias do cometimento de crime, cujo processamento se dá pelo oferecimento de ação penal pública incondicionada, independente de provocação de terceiros. Mas cuidado, a instauração ​ex officio é apenas para os crimes cuja ação penal é pública incondicionada. Se for ação penal pública condicionada a representação ou ação penal privada a autoridade policial está restrita à manifestação da parte.. Art. 5º do CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício;. 1.5 AUTORITARIEDADE ➫ O inquérito policial é presidido por uma autoridade pública, delegado de polícia de carreira, por exigência constitucional (CF, art. 144, §4º).. Art. 144 da CF: § 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 6.

(8) Portanto, se a competência para a ação penal for da Justiça Federal, a investigação será de responsabilidade da Polícia Federal. Se for da competência da Justiça Comum Estadual, o inquérito será de competência da Polícia Civil dos estados ou do Distrito Federal. E se um crime for de competência da justiça estadual, mas o início das investigações tiver sido realizado pela Polícia Federal? Não há nenhuma nulidade. Verificando ser o caso de competência da Justiça Estadual Comum, a autoridade policial irá requerer a alteração da competência ao juiz ao qual o IP está vinculado que declinará da competência determinando o envio dos autos para o juiz competente.. 1.6 INDISPONIBILIDADE Após sua instauração, o inquérito policial não pode mais ser arquivado pela autoridade policial. O arquivamento deve ser determinado pelo Juiz de direito, que apenas poderá fazê-lo após requisição do Ministério Público.. Art. 17 do CPP: A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL Art. 28 do CPP: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso 7.

(9) de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.. ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO Em caso de concurso de agentes, quando o MP deixa de oferecer denúncia contra todos os envolvidos, parte da doutrina entende se estar diante de um arquivamento implícito. O arquivamento implícito não foi concebido pelo ordenamento jurídico brasileiro em razão do princípio da indivisibilidade. Todavia, nada impede que o Ministério Público proceda ao aditamento da denúncia, no momento em que se verificar a presença de indícios suficientes de autoria de outro corréu.. ARQUIVAMENTO INDIRETO Cuida-se de construção doutrinária a partir da hipótese de o promotor deixar de oferecer denúncia por entender que o juízo é incompetente para a ação penal. O STF já decidiu que se o magistrado discordar da manifestação ministerial, que entende ser o juízo incompetente, deve encaminhar os autos ao procurador-geral de justiça, para, na forma do art. 28 do CPP, dar solução ao caso, vendo-se, na hipótese, um pedido indireto de arquivamento. Trata-se, portanto, de um conflito de competência, porém a doutrina utiliza essa nomenclatura em razão da aplicação analógica do art. 28 do CPP.. 8.

(10) CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES. JUIZ E MP FEDERAL. PEDIDO DE ARQUIVAMENTO INDIRETO (ART-28 DO CPP). A RECUSA DE OFERECER DENÚNCIA POR CONSIDERAR INCOMPETENTE O JUIZ, QUE NO ENTANTO SE JULGA COMPETENTE, NÃO SUSCITA UM CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES, MAS UM PEDIDO DE ARQUIVAMENTO INDIRETO QUE DEVE SER TRATADO A LUZ DO ART-28 DO CPP. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES NÃO CONHECIDO.(CA 12, Relator(a): Min. RAFAEL MAYER, Tribunal Pleno, julgado em 01/04/1982, DJ 09-12-1983 PP-19415 EMENT VOL-01320-01 PP-00001 RTJ VOL-00108-02 PP-00455). NOVAS DILIGÊNCIAS Não havendo prova da materialidade ou indícios mínimos de autoria, o MP poderá promover o arquivamento do inquérito. Entretanto, após o arquivamento do IP pela autoridade judiciária, poderá a autoridade policial continuar realizando investigações se tiver notícia de fatos que eram desconhecidos quando do arquivamento. Encontrando novas provas, é possível a instauração de ação penal com base na investigação realizada pela autoridade policial. O STF traz a previsão jurisprudencial de situações em que o arquivamento do IP faz coisa julgada material, e não coisa julgada formal. É o caso em que o arquivamento se dá em razão da atipicidade do fato ou quando resta comprovado a ausência de autoria do investigado, por exemplo. Assim, naquela relação finalizada com o arquivamento do IP nada mais poderá ser feito, porém nada impede que a partir da realização de novas diligências se ofereça ação penal, não com base no inquérito arquivado, mas no conjunto indiciário que surgiu após o arquivamento do IP originário.. 9.

(11) Art. 18 do CPP: Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.. Decisão sobre o Tema: O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para a conclusão das diligências, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade Direito Processual Penal​ ​Investigação criminal​ ​Geral Origem: STF O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF). A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). Caso concreto: tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito praticado por Deputado Federal. O Ministro Relator já havia autorizado a realização de diversas diligências investigatórias, além de ter aceitado a prorrogação do prazo de conclusão das investigações. Apesar disso, não foram reunidos indícios mínimos de autoria e materialidade. Com o fim do foro por prerrogativa de função para este Deputado, a PGR requereu a remessa dos autos à 1ª instância. O STF, contudo, negou o pedido e arquivou o inquérito, de ofício, alegando que já foram tentadas diversas diligências investigatórias e, mesmo assim, sem êxito. Logo, a declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam continuadas as investigações seria uma medida fadada ao insucesso e representaria apenas protelar o inevitável. STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 912). No mesmo sentido: STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018. Comentários do julgado A situação concreta foi a seguinte: Em março de 2017, a Procuradoria Geral da República requereu ao STF a abertura de inquérito para apurar suposto crime que teria sido praticado, em 2010, pelo Deputado Federal Rodrigo Garcia.. 10.

(12) Em abril de 2017, o pedido foi autorizado e o Ministro Relator do inquérito, no STF, determinou que a Polícia Federal fizesse, em 30 dias, as diligências de investigação que foram requeridas pelo Ministério Público. Em julho de 2017, a PGR afirma que parte das diligências foram feitas, mas pede a prorrogação do prazo para que novas investigações sejam realizadas. O Ministro Relator deferiu o pedido de prorrogação do prazo, com base no art. 230-C, § 1º, do Regimento Interno do STF, que diz o seguinte: Art. 230 (...) § 1º O Relator poderá deferir a prorrogação do prazo sob requerimento fundamentado da autoridade policial ou do Procurador-Geral da República, que deverão indicar as diligências que faltam ser concluídas.. Diante disso, o Ministro concedeu mais 60 dias para que a PF concluísse as investigações que faltavam. Em novembro de 2017, a PGR fez novo pedido de prorrogação do prazo para as investigações e o Ministro concedeu mais 60 dias. Em março de 2018, a PGR fez novo pedido de prorrogação do prazo para as investigações e o Ministro concedeu mais 60 dias. Em junho de 2018, a PGR pediu que os autos fossem remetidos à 1ª instância. Isso porque o STF, em decisão proferida em maio de 2018, restringiu o foro por prerrogativa de funções dizendo o seguinte: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).. Desse modo, a PGR argumentou que o delito investigado teria sido praticado pelo Deputado Federal antes do exercício do cargo. Logo, não seria da competência do STF julgá-lo. Em outras palavras, a PGR disse o seguinte: agora que houve essa restrição do foro privativo, não será mais o STF que irá julgar originariamente este delito. Isso significa que também não há mais motivo para o inquérito ficar tramitando no STF, razão pela qual ele deve ser enviado para a 1ª instância, onde um Promotor de Justiça e um Juiz de 1ª instância irão atuar. O que decidiu o Supremo neste caso? O Tribunal acolheu a declinação de competência?. 11.

(13) NÃO. O STF afirmou o seguinte: a PGR está certa quando diz que agora há uma restrição do foro por prerrogativa de função. De fato, agora o STF somente julga, originariamente, os crimes cometidos pelos Deputados Federais e Senadores se tiverem sido praticados durante o exercício do cargo e se estiverem relacionados com as funções desempenhadas. Foi o que restou decidido na AP 937 QO/RJ. Então, em princípio, o normal seria deferir o pedido da PGR e declinar a competência para a 1ª instância. Ocorre, contudo, que aqui temos uma peculiaridade: essa investigação já foi prorrogada mais de uma vez e até o presente momento não foi colhido nenhum indício que aponte que o crime possa realmente ter sido cometido. No caso, após mais de um ano de investigação, não há nenhuma perspectiva de obtenção de prova suficiente da existência do fato criminoso. A investigação apura a notícia de que o Deputado, em 2010, teria recebido dinheiro em um hotel na zona sul de São Paulo. Sucede que o inquérito sequer conseguiu localizar este suposto hotel onde o pagamento teria sido feito. Assim, a declinação da competência em investigação fadada ao insucesso representaria apenas protelar o inevitável, violados o direito à duração razoável do processo e a dignidade da pessoa humana​. O que se percebe é que não há indícios de crime e as investigações, por mais que tenham sido prorrogadas, não conseguiram ter qualquer êxito. Assim, para o Ministro Relator, a declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam continuadas as investigações seria uma medida “fadada ao insucesso” e “representaria apenas protelar o inevitável”. Diante disso, o STF decidiu, de ofício (ou seja, sem requerimento), arquivar o inquérito, com base no art. 231, § 4º, “e”, do RISTF: Art. 231 (...) § 4º ​O Relator tem competência para determinar o arquivamento​, quando o requerer o Procurador-Geral da República ​ou​ ​quando verificar​: (...) e) ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade, nos casos em que forem descumpridos os prazos para a instrução do inquérito ou para oferecimento de denúncia.. A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88)​. Dessa forma, a 2ª Turma do STF negou o pedido de remessa do inquérito à 1ª instância e, de ofício, determinou seu arquivamento.. 12.

(14) ➣​Vale ressaltar que, mesmo depois do arquivamento, a autoridade policial poderá fazer novas diligências se surgirem novas provas (art. 18 do CPP). Resumindo: O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade. STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 912).. Essa decisão ofende o sistema acusatório e o art. 129, I, da CF, que confere ao Ministério Público a titularidade da ação penal pública? Ao se arquivar, de ofício, um inquérito policial, viola-se a atribuição conferida pela CF/88 ao Ministério Público de decidir se oferece ou não a denúncia? NÃO. “Nessas hipóteses excepcionais, não obstante nosso sistema acusatório consagrar constitucionalmente a titularidade privativa da ação penal ao Ministério Público (CF, art. 129, I), a quem compete decidir pelo oferecimento da denúncia ou solicitação de arquivamento do inquérito ou peças de informação, é dever do Poder Judiciário exercer sua “atividade de supervisão judicial” (STF, Pet. 3825/MT, rel. Min. GILMAR MENDES), fazendo cessar toda e qualquer ilegal coação por parte do Estado-acusador, quando o Parquet insiste em manter procedimento investigatório mesmo ausentes indícios de autoria e materialidade das infrações penais imputadas (...) A manutenção da investigação criminal sem justa causa, ainda que em fase de inquérito, constitui injusto e grave constrangimento aos investigados (...)” (INQ 4.429, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe 13/06/2018). A decisão que determina o arquivamento de ofício viola o art. 28 do CPP? NÃO. O art. 28 do CPP não é óbice ao arquivamento de inquérito, de ofício, pelo magistrado. Nesse sentido, veja a decisão monocrática do Ministro Luís Roberto Barroso, assim ementada: (...) 1. A mera instauração de um Inquérito pode trazer algum tipo de constrangimento às pessoas com foro por prerrogativa de função. Por outro lado, os órgãos de persecução criminal devem ter a possibilidade de realizar as investigações quando verificado um mínimo de elementos indiciários, como é o caso das informações obtidas por meio de. 13.

(15) acordos de colaboração premiada. Ponderados esses dois interesses, somente se deve afastar de antemão uma notícia-crime quando completamente desprovida de plausibilidade. 2. No entanto, isso não significa que os agentes públicos devam suportar indefinidamente o ônus de figurar como objeto de investigação, de modo que a persecução criminal deve observar prazo razoável para sua conclusão. 3. No caso dos autos, encerrado o prazo para conclusão das investigações, e suas sucessivas prorrogações, o Ministério Público, ciente de que deveria apresentar manifestação conclusiva, limitou-se a requerer a remessa dos autos ao Juízo que considera competente. Isso significa dizer que entende não haver nos autos elementos suficientes ao oferecimento da denúncia, sendo o caso, portanto, de arquivamento do inquérito. 4. ​O art. 28 do Código de Processo Penal se limita a impedir que, pedido o arquivamento pelo Ministério Público e confirmado este entendimento no âmbito do próprio Ministério Público, possa o juiz se negar a deferi-lo. No entanto, não obriga o Juiz a só proceder ao arquivamento quando este for expressamente requerido pelo Ministério Público, seja porque cabe ao juiz o controle de legalidade do procedimento de investigação; seja porque o Judiciário, no exercício de suas funções típicas, não se submete à autoridade de quem esteja sob sua jurisdição 5. Inquérito arquivado sem prejuízo de que possa ser reaberto no juízo próprio, no caso de surgimento de novas provas. STF. Decisão monocrática. INQ 4.442, Rel. Min. Roberto Barroso, Dje 12/06/2018​.. Transitoriedade do inquérito Apesar de não ter sido mencionada expressamente, os julgados acima reforçam a ideia de que uma das características do inquérito é a de que se trata de um procedimento temporário. Conforme explica Renato Brasileiro: “(...) diante da inserção do direito à razoável duração do processo na Constituição Federal (art. 5º, LXXVIII), já não há mais dúvidas de que um inquérito policial não pode ter seu prazo de conclusão prorrogado indefinidamente. As diligências devem ser realizadas pela autoridade policial enquanto houver necessidade. Evidentemente, em situações mais complexas, envolvendo vários acusados, é lógico que o prazo para a conclusão das investigações deverá ser sucessivamente prorrogado. Porém, uma vez verificada a impossibilidade de colheita de elementos que autorizem o oferecimento de denúncia, deve o Promotor de Justiça requerer o arquivamento dos autos.” (Manual de Processo Penal. 4ª ed., Salvador: Juspodivm, 2016, p. 140-141). Essa possibilidade de arquivamento de ofício existe apenas para o STF? Um magistrado de 1ª instância poderá promover, de ofício, o arquivamento do inquérito. 14.

(16) policial? No julgamento do Inq 4420/DF não houve uma resposta expressa a pergunta. O STJ, contudo, possui precedentes em sentido contrário:. (...) 1. Esta Corte possui entendimento jurisprudencial no sentido de que compete ao Ministério Público, na condição de dominus litis, promover a ação penal pública, avaliando se as provas obtidas na fase pré-processual são suficientes para sua propositura, por ser ele o detentor do jus persequendi. Portanto, não cabe ao magistrado assumir o papel constitucionalmente assegurado ao órgão de acusação e, de ofício, determinar o arquivamento​ do inquérito policial. (...) STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1284335/MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 01/04/2014.. Fonte: ​CAVALCANTE, Márcio André Lopes. ​O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para a conclusão das diligências, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade​. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <​https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/60131a2a3f223dc8 f4753bcc5771660c​>. Acesso em: 27/08/2019. NOVAS PROVAS Sem novas provas não se dá continuidade às investigações e não se oferece a ação penal.. Súmula nº 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.. INQUISITIVO. 15.

(17) O inquérito policial tem natureza inquisitiva; nele não se observando o contraditório. Art. 14 do CPP: O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.. RAZÕES E QUESITOS É possível ao advogado apresentar quesitos e o oferecer memoriais.. Lei nº 8.906/94 (ESTATUTO DA OAB) Art. 7º São direitos do advogado: XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016). Veja Decisão sobre o tema: Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial Direito Processual Penal​ ​Investigação criminal​ ​Geral Origem:STF 16.

(18) Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933). ❖ Comentários do julgado: Lei nº 13.245/2016 O art. 7º do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) traz um rol de direitos que são conferidos aos advogados. A Lei nº 13.245/2016 acrescentou o inciso XXI a este artigo prevendo o seguinte: Art. 7º São direitos do advogado: (...) XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos; b) (VETADO).. Contextualizando o cenário que inspirou a alteração legislativa Durante muito tempo, houve uma divergência entre os advogados e Delegados de Polícia a respeito da participação da defesa técnica durante o interrogatório ou depoimento de testemunhas. Isso porque ​alguns Delegados não aceitavam que o advogado participasse do interrogatório do indiciado e, com mais frequência, não permitiam que o causídico estivesse presente durante o depoimento das testemunhas. Tais autoridades policiais argumentavam que não havia previsão legal para isso. Outros Delegados até permitiam que o advogado estivesse presente nas oitivas, mas não era autorizado que ele formulasse perguntas e requerimentos durante o ato. A participação do advogado, quando facultada, acontecia na condição de mero ouvinte 17.

(19) e espectador. Diante deste cenário, a OAB se articulou para alterar a legislação, que passa a prever, expressamente, o direito do advogado de estar presente no interrogatório do investigado e nos depoimentos, podendo, inclusive, fazer perguntas. Entendendo o que prevê o novo inciso XXI O advogado, com o objetivo de assistir (auxiliar) seu cliente que esteja sendo investigado, possui o direito de estar presente no interrogatório e nos depoimentos que forem colhidos durante o procedimento de apuração da infração​. Durante os atos praticados, além de estar presente, o advogado tem o direito de: • ​apresentar razões (argumentar e defender seu ponto de vista sobre algo que vá ser decidido pela autoridade policial ou sobre alguma diligência que precise ser tomada); e • ​apresentar quesitos (formular perguntas ao investigado, às testemunhas, aos informantes, ao ofendido, ao perito etc.)​. As razões e os quesitos poderão ser formulados durante o interrogatório e o depoimento ou, então, por escrito, durante o curso do procedimento de investigação, como no caso de um requerimento de diligência ou da formulação de quesitos a serem respondidos pelo perito. O advogado tem o direito de ser intimado previamente da data dos depoimentos e interrogatório? Vamos discutir o tema a partir do seguinte exemplo hipotético: Foi instaurado inquérito policial para apurar suposto crime que teria sido praticado por João. O advogado de João peticionou ao Delegado requerendo que todas as vezes em que ele for ouvir alguma testemunha a defesa seja intimada previamente, com antecedência razoável, a fim de que possa participar do ato mediante a apresentação de razões e quesitos, sob pena de nulidade, nos termos da alínea ‘a’ do inciso XXI do art. 7º da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB). O Delegado será obrigado a atender ao requerimento do advogado? A defesa tem o direito, no inquérito policial, de ser intimada previamente da realização dos atos de investigação? NÃO. Vamos entender os motivos.. 18.

(20) Inquérito é procedimento inquisitorial O inquérito constitui procedimento de natureza ​inquisitorial destinado à formação da opinio delicti​ do órgão acusatório.. ➫ Logo, nessa fase, as garantias do contraditório e da ampla defesa são ​mitigadas​, até mesmo porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal (art. 155 do CPP). Obs: apesar de no inquérito policial não existirem as mesmas garantias que em um processo judicial, é preciso dizer que “o investigado não é mero objeto de investigação; ele titulariza direitos oponíveis ao Estado” (Min. Celso de Mello). ​Assim, alguns autores e Ministros defendem que existe um contraditório no inquérito policial, mas que ele é mitigado. Lei nº 13.245/2016 não garantiu intimação prévia do advogado A alteração promovida pela Lei nº 13.245/2016 no art. 7º da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB) garante ao advogado do investigado o direito de assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, inclusive nos depoimentos e interrogatório, podendo apresentar razões e quesitos. ​No entanto, essa alteração legislativa ​não impôs um dever à autoridade policial de intimar previamente o advogado constituído para os atos de investigação. Desse modo, embora constitua prerrogativa do advogado apresentar razões e quesitos no curso de investigação criminal (art. 7º, XXI, da Lei nº 8.906/94), daí ​não se pode extrair direito subjetivo de que se intime a defesa previamente e com necessária antecedência quanto ao calendário das inquirições a ser definido pela autoridade policial. E como o advogado saberá as datas para poder participar dos depoimentos? Se é do interesse do advogado acompanhar os atos do inquérito, ele poderá ficar consultando os autos do procedimento a fim de verificar as datas que foram designadas para os depoimentos, conforme autoriza o inciso XIV do art. 7º do EOA Art. 7º São direitos do advogado: (...) XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;. Fonte: ​CAVALCANTE, Márcio André Lopes. ​Não é necessária, mesmo após a Lei 19.

(21) 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial​. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <​https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7f687767ccf20fcea 1c9dc4a5adc2326​>. Acesso em: 27/08/2019. INÍCIO DO IP - ​NOTITIA CRIMINIS É a ciência que se dá à autoridade policial da prática de infração penal, dá-se o nome de ​notitia criminis​. - NOTITIA CRIMINIS - CLASSIFICAÇÃO I) Direta, imediata ou espontânea; II) Indireta, mediante ou provocada; e III) Coercitiva.. - NOTITIA CRIMINIS DIRETA O IP é iniciado de ofício próprio delegado, durante investigações, descobre a prática de infração pena.. Art. 5º do CPP: Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I – de ofício; (...).. COGNIÇÃO DIRETA (SELF STARTER). 20.

(22) • Por informação reservada (é o encontro fortuito de provas, aplicação do princípio da serendipidade. É aceito pela jurisprudência. É o caso em que a autoridade policial, no contexto de uma interceptação telefônica judicialmente autorizada, toma conhecimento da prática criminosa por um terceiro); • Por meio da voz pública; • Através da notoriedade do fato.. - NOTITIA CRIMINIS INDIRETA A autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso por meio de comunicação formal do delito, oficial (requisição da autoridade competente) ou particular (requerimento do ofendido – ​delatio criminis​, ou de terceiro). Art. 5º do CPP: Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.. Notícia apócrifa ou anônima: pode a autoridade policial instaurar o IP com base em uma notícia apócrifa? É necessária realização de investigações. 21.

(23) preliminares que possam verificar a razoabilidade dessa notícia. Se verificada a sua plausibilidade, poderá ser instaurado o IP.. EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. SUBSTITUTIVO DE RECURSO CONSTITUCIONAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CRIMES FISCAIS. QUADRILHA. CORRUPÇÃO. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. DENÚNCIA ANÔNIMA. ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS. INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE DE TRIBUTOS TIDOS COMO SONEGADOS. 1. Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a Constituição Federal remédio jurídico expresso, o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a, da Constituição da República, a impetração de novo habeas corpus em caráter substitutivo escamoteia o instituto recursal próprio, em manifesta burla ao preceito constitucional. 2. Notícias anônimas de crime, desde que verificada a sua credibilidade por apurações preliminares, podem servir de base válida à investigação e à persecução criminal. 3. Apesar da jurisprudência desta Suprema Corte condicionar a persecução penal à existência do lançamento tributário definitivo (Súmula vinculante nº 24), o mesmo não ocorre quanto à investigação preliminar. 4. A validade da investigação não está condicionada ao resultado, mas à observância do devido processo legal. Se o emprego de método especial de investigação, como a interceptação telefônica, foi validamente autorizado, a descoberta fortuita, por ele propiciada, de outros crimes que não os inicialmente previstos não padece de vício, sendo as provas respectivas passíveis de ser consideradas e valoradas no processo penal. 5. Fato extintivo superveniente da obrigação tributária, como o pagamento ou o reconhecimento da invalidade do tributo, afeta a persecução penal pelos crimes contra a ordem tributária, mas não a imputação pelos demais delitos, como quadrilha e corrupção. 6. Habeas corpus extinto sem resolução de mérito, mas com concessão da ordem, em parte, de ofício. (HC 106152, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 29/03/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-106 DIVULG 23-05-2016 PUBLIC 24-05-2016). REQUISIÇÃO A requisição é uma modalidade de notícia-crime qualificada, tendo em vista a especial condição do sujeito ativo e a imperatividade. Pode ser feita tanto pela autoridade judiciária quanto pelo Ministério Público.. 22.

(24) A autoridade policial não tem discricionariedade para instaurar o IP, a requisição é imperativa.. RECURSO ADMINISTRATIVO Cabe recurso em face do indeferimento do pedido de instauração do inquérito quando o requerimento é feito por um popular? Sim. O recurso tem natureza administrativa e é direcionada a autoridade policial.. Art. 5º do CPP § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.. INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA A instauração do inquérito policial se dá de ofício ou por meio de requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público​.. INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA Nos crimes de ação penal pública condicionada, a instauração do inquérito policial depende da representação da vítima ou de seu representante legal; bem como de requisição do Ministro da Justiça.. - REPRESENTAÇÃO PARA INSTAURAÇÃO DO IP. 23.

(25) A representação é a simples manifestação, inequívoca, da vontade da vítima, ou seu representante legal, de querer ver o autor do crime punido. Os tribunais superiores entendem que a representação não carece de formalidade, ou seja, não há necessidade de um termo de representação. O STJ entende que o registro da ocorrência policial feito pela própria vítima deve ser entendido como manifestação inequívoca de ver o autor do crime processado e punido.. RECURSO EM HABEAS CORPUS. ART. 140, § 3°, DO CP. REPRESENTAÇÃO. PRESCINDIBILIDADE DE FORMALIDADE. MANIFESTAÇÃO INEQUÍVOCA DA VÍTIMA, QUE REALIZOU A NOTÍCIA CRIME. TRANCAMENTO PREMATURO DA AÇÃO PENAL. EXCEPCIONALIDADE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA NOS ELEMENTOS INFORMATIVOS. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A representação prescinde de rigores formais, não sendo imprescindível, para o seu exercício, a existência de uma peça com tal nome jurídico, mas a manifestação de vontade da vítima ou de seus representantes legais, com sinais de sua intenção em deflagrar a persecução penal. 2. A condição de procedibilidade da ação penal condicionada deve ser reconhecida quando constatado que, no dia dos fatos, a vítima compareceu à delegacia para relatar a suposta injúria racial, registrou o boletim de ocorrência, levou testemunha para prestar declarações e assinou o termo, pois inequívoca sua intenção de promover a responsabilidade penal do agente. 3. No início da persecução penal, o órgão jurisdicional deve verificar, hipoteticamente e à luz dos fatos narrados pela acusação, se esta é plausível e se, portanto, é viável a instauração do processo, sem, todavia, valer-se de incursão profunda sobre os elementos de informação disponíveis. Não se cuida de analisar se, efetivamente, os fatos narrados na denúncia ocorreram e se o denunciado foi, verdadeiramente, o autor do crime a ele imputado, matéria reservada ao juízo de mérito, oportuno após a atividade probatória das partes, sob o contraditório judicial. 4. O trancamento prematuro da persecução penal por ausência de justa causa é medida excepcional, não admissível quando a denúncia está amparada por indícios razoáveis de que o réu tenha sido autor de um delito. 5. Deve ser reconhecido o lastro probatório mínimo, apto para o exercício da ação penal, quando a denúncia narra suposta ofensa à honra subjetiva referente a raça e a cor e há declarações da vítima e de testemunhas acerca do fato, prestadas na fase policial. 6. Recurso ordinário não provido.. 24.

(26) (RHC 53.130/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 01/12/2015, DJe 11/12/2015). No entanto, quando a notícia crime é levada a autoridade pública por terceiro e ele verifica que se trata de ação penal pública condicionada, haverá necessidade de um termo de representação da vítima ou do Ministro da Justiça para a instauração do IP.. - OBJETO DA REPRESENTAÇÃO • Fato noticiado; • Autorização para que o Estado proceda contra o suposto autor. Na representação não é necessário a identificação do tipo penal violado.. AMEAÇA – REPRESENTAÇÃO – FLEXIBILIDADE. Nos crimes de ação penal pública condicionada, como a ameaça, descabe impor forma especial relativamente à representação. A postura da vítima, a evidenciar a vontade de ver processado o agente, serve à atuação do Ministério Público. (Inq 3714, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 15/09/2015). - PRAZO PARA REPRESENTAÇÃO Prazo decadencial de 6 meses.. Art. 38 do CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de ​seis 25.

(27) meses​, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. A decadência é a perda do ​ius puniendi do Estado em face do não exercício de um determinado direito de natureza processual ou da capacidade postulatória. No tocante à ação penal pública incondicionada, a ausência da representação no prazo de 6 meses trará a extinção da punibilidade do acusado. Portanto, não haverá a possibilidade, em momento posterior, de oferecimento de ação penal pública condicionada respectiva. Por ser um prazo de natureza material, a contagem do prazo é feita conforme previsto no art. 10 do CP, iniciando a contagem a partir do ​dies a quo desprezando o ​dies ad quem​. Art. 10 do CP - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Exemplo: crime de ameaça feita por rede social no dia 01/01/2017. A vítima terá de 01/01/2017 a 31/05/2017, e não até 01/06/2017.. O prazo se inicia com a ciência pela vítima do autor do crime.. 26.

(28) INSTAURAÇÃO DE IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA Nas ações penais privadas, a autoridade policial apenas poderá instaurar o inquérito penal a requerimento da vítima.. Art. 5º do CPP § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.. REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA PARA INSTAURAÇÃO DO IP Em alguns casos, como no crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil; no caso de crimes contra a honra de chefe de governo estrangeiro; no caso de crime contra a honra do Presidente da República, dentre outros; a instauração do inquérito policial depende da requisição do Ministro da Justiça. É condição de procedibilidade da ação penal.. PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO IP Em regra, segundo o Código de Processo Penal, o prazo é de 10 dias se o réu estiver preso e 30 dias se solto. Art. 10 do CP. O inquérito deverá terminar no prazo de ​10 dias​, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a 27.

(29) partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de ​30 dias​, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.. - BAIXA PARA DILIGÊNCIAS É a devolução dos autos do inquérito para a autoridade policial para a continuação das investigações mesmo após o decurso do prazo previsto em lei para o seu encerramento. Somente é permitido para réu solto. O prazo de 10 dias para o encerramento do IP no caso de réu preso é improrrogável. Nos crimes em que a complexidade demonstrar a necessidade de extensão do prazo, não há óbice legal para que seja concedida a devolução dos autos à autoridade policial quantas vezes forem necessárias.. Art. 10 do CPP. § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.. - CONCORRÊNCIA DE FATORES PARA A CONCESSÃO DE PRAZO EXTRA • Fato de difícil elucidação (fato com complexidade necessária para estender o prazo); • Indiciado solto. • A complexidade do fato não justifica a prorrogação do IP quando o indiciado estiver preso​. 28.

(30) - PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO IP SOBRE TRÁFICO DE DROGAS Prazo de 30 dias se preso e 90 dias se solto. Mediante demonstração de necessidade, o prazo pode ser duplicado, sendo de 60 dias se preso e 180 dias se solto.. Lei 11.343/2006. Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de ​30 (trinta) dias​, se o indiciado estiver preso, e de ​90 (noventa) dias​, quando solto. Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.. - PRAZO DA POLÍCIA FEDERAL Prazo para réu preso: 15 dias podendo ser prorrogado por mais 15 dias. Em relação ao indiciado solto, o que vale é o disposto no CPP, ou seja, o prazo de 30 dias.. Lei nº 5.010/66 Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias​, quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo. 29.

(31) - CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR Prazo de 10 dias.. Lei 1.521/51 Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo V, Título II, Livro II, do Código de Processo Penal, o processo das contravenções e dos crimes contra a economia popular, não submetidos ao julgamento pelo júri. § 1º. Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão terminar no prazo de ​10 (dez) dias​. - INQUÉRITO POLICIAL MILITAR. Art 20 do CPM. O inquérito deverá terminar dentro em ​vinte dias​, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de quarenta dias​, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito.. JURISPRUDÊNCIA É desnecessária a remessa de cópias dos autos ao Órgão Ministerial prevista no art. 40 do CPP, que, atuando como custos legis, já tenha acesso aos autos Direito Processual Penal​ Investigação Criminal​ ​ ​Gera​l Origem: STJ. 30.

(32) No caso em que o Ministério Público tem vista dos autos, a remessa de cópias e documentos ao Órgão Ministerial não se mostra necessária. O Parquet, na oportunidade em que recebe os autos, pode tirar cópia dos documentos que bem entender, sendo completamente esvaziado o sentido de remeter-se cópias e documentos. Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.338.699-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 22/05/2019 (Info 649). Existe julgado em sentido contrário: STJ. 2ª Turma. REsp 1.360.534-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/3/2013 (Info 519). Fonte: Buscador do Dizer o Direito. STF, ao receber pedido da PGR para remessa de investigação contra Senador para a 1ª instância, determinou o retorno dos autos ao MP a fim de que apresente os indícios contra o investigado Direito Processual Penal​ Investigação Criminal​ ​ ​Geral Origem:STF Em 2016, foi instaurado inquérito no STF para apurar crimes de corrupção passiva (art. 317 do CP) e de lavagem de dinheiro (art. 1º, V, da Lei nº 9.613/98) que teriam sido praticados por Aécio Neves. O Delegado de Polícia Federal concluiu as investigações, opinando, no relatório policial, pelo arquivamento do inquérito sob a alegação de que não foram reunidos indícios contra o investigado. A Procuradoria-Geral da República afirmou que, após a manifestação do Delegado, surgiram novos indícios e que, portanto, as investigações deveriam continuar. Afirmou, contudo, que o STF deveria remeter os autos à 1ª instância para que as investigações continuassem lá, tendo em vista que os delitos praticados por Aécio Neves teriam sido praticados fora do cargo de parlamentar federal, não havendo competência do STF. O STF determinou o retorno dos autos à PGR para que ela conclua as diligências ainda pendentes de execução, no prazo de 60 dias, e que depois apresente manifestação conclusiva nos autos, apontando concretamente os novos elementos de prova a serem considerados. De posse de manifestação mais objetiva da PGR, com provas suficientes para eventual continuidade das investigações, o STF poderá avaliar se é mesmo o caso de arquivamento ou se a investigação deve prosseguir e em que condições. STF. 2ª Turma. Inq 4244/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/11/2018 (Info 924). Fonte: Buscador Dizer o Direito. 31.

(33) É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial Direito Processual Penal​ Investigação Criminal​ ​ ​Geral Origem:STF A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória. STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824) Fonte: Buscador Dizer o Direito. Denúncia Anônima Direito Processual Penal​ Investigação Criminal​ ​ ​Geral Origem: STF As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819). ❖ Comentários do julgado: O que é a chamada "denúncia anônima"? Denúncia anônima ocorre quando alguém, sem se identificar, relata para as autoridades (ex: Delegado de Polícia, MP etc.) que determinada pessoa praticou um. 32.

(34) crime. É o caso, por exemplo, dos serviços conhecidos como "disk-denúncia" ou, então, dos aplicativos de celular por meio dos quais se "denuncia" a ocorrência de delitos. O termo "denúncia anônima" não é tecnicamente correto porque em processo penal denúncia é o nome dado para a peça inaugural da ação penal proposta pelo Ministério Público. Assim, a doutrina prefere falar em "delação apócrifa", "notícia anônima" ou "​notitia criminis​ inqualificada". É possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em “denúncia anônima”?. NÃO. A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, para ser decretada, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima. É possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em “denúncia anônima”? NÃO. A Lei n.° 9.296/96 (Lei de Interceptação Telefônica) estabelece: Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;. Desse modo, a doutrina defende que a interceptação telefônica deverá ser considerada a ultima ratio,​ ou seja, trata-se de ​prova subsidiária​.. Tendo como fundamento esse dispositivo legal, a jurisprudência pacífica do STF e do STJ entende que é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base em “denúncia anônima”. Veja: (...) 4. A jurisprudência desta Corte tem prestigiado a utilização de notícia anônima como elemento desencadeador de procedimentos preliminares de averiguação, repelindo-a, contudo, como fundamento propulsor à imediata instauração de inquérito policial ou à autorização de medida de interceptação telefônica. 5. Com efeito, uma forma de ponderar e tornar harmônicos valores constitucionais de tamanha envergadura, a saber, a proteção contra o anonimato e a supremacia do interesse e segurança pública, é admitir a denúncia anônima em tema de persecução penal, desde que com reservas, ou seja, tomadas medidas efetivas e prévias pelos órgãos de investigação no sentido de se colherem elementos e informações que confirmem a plausibilidade das acusações. 6. Na versão dos autos, algumas pessoas - não se sabe quantas ou quais compareceram perante investigadores de uma Delegacia de Polícia e, pedindo para. 33.

(35) que seus nomes não fossem identificados, passaram a narrar o suposto envolvimento de alguém em crime de lavagem de dinheiro. Sem indicarem, sequer, o nome do delatado, os noticiantes limitaram-se a apontar o número de um celular. 7. A partir daí, sem qualquer outra diligência, autorizou-se a interceptação da linha telefônica. 8. Desse modo, a medida restritiva do direito fundamental à inviolabilidade das comunicações telefônicas encontra-se maculada de nulidade absoluta desde a sua origem, visto que partiu unicamente de notícia anônima. 9. A Lei nº 9.296/96, em consonância com a Constituição Federal, é precisa ao admitir a interceptação telefônica, por decisão judicial, nas hipóteses em que houver indícios razoáveis de autoria criminosa. Singela delação não pode gerar, só por si, a quebra do sigilo das comunicações. Adoção da medida mais gravosa sem suficiente juízo de necessidade. (...) STJ. 6ª Turma. HC 204.778/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 04/10/2012. Logo, se a autoridade policial ou o Ministério Público recebe uma “denúncia anônima” (“delação apócrifa”) contra determinada pessoa, não é possível que seja requerida, de imediato, a interceptação telefônica do suspeito. Isso seria uma grave interferência na esfera privada da pessoa, sem que houvesse justificativa idônea para isso. É possível a propositura de ação penal com base unicamente em “denúncia anônima”? NÃO. A propositura de ação penal exige indícios de autoria e prova de materialidade. Logo, não é possível oferecimento de denúncia com base apenas em "denúncia anônima". É possível instaurar investigação criminal (inquérito policial, investigação pelo MP etc.) com base em “denúncia anônima”? SIM, mas a jurisprudência afirma que, antes, a autoridade deverá realizar uma investigação prévia para confirmar se a "denúncia anônima" possui um mínimo de plausibilidade. Veja o que diz Renato Brasileiro: "Diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de instaurar o inquérito policial, verificar a procedência e veracidade das informações por ela veiculadas. Recomenda-se, pois, que a autoridade policial, antes de proceder à instauração formal do inquérito policial, realize uma investigação preliminar a fim de constatar a plausibilidade da denúncia anônima. Afigura-se impossível a instauração de procedimento criminal baseado única e exclusivamente em denúncia anônima, haja vista a vedação constitucional do anonimato e a necessidade de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal." (LIMA, Renato Brasileiro de. ​Manual de. 34.

(36) Processo Penal. ​Salvador: Juspodivm, 2015, p. 129). Confira julgado recente que espelha este entendimento: (...) As autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de persecução (penal ou disciplinar), apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças apócrifas ou em escritos anônimos. É por essa razão que o escrito anônimo não autoriza, desde que isoladamente considerado, a imediata instauração de “persecutio criminis”. – Nada impede que o Poder Público, provocado por delação anônima (“disque-denúncia”, p. ex.), adote medidas informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, “com prudência e discrição”, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal instauração da “persecutio criminis”, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse procedimento estatal em relação às peças apócrifas. – Diligências prévias, promovidas por agentes policiais, reveladoras da preocupação da Polícia Judiciária em observar, com cautela e discrição, notadamente em matéria de produção probatória, as diretrizes jurisprudenciais estabelecidas, em tema de delação anônima, pelo STF e pelo STJ. (...) (STF. 2ª Turma. RHC 117988, Relator p/ Acórdão Min. Celso de Mello, julgado em 16/12/2014). Segundo o STF, não é possível desprezar a utilidade da "denúncia anônima". Isso porque em um mundo no qual o crime torna-se cada vez mais complexo e organizado, é natural que a pessoa comum tenha receio de se expor ao comunicar a ocorrência de delito. Daí a admissibilidade de notícias crimes anônimas. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui credibilidade (aparência mínima de procedência), instaura-se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (como visto, esta é a ​ultima ratio)​ . Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. Fonte: Buscador Dizer o Direito.. 35.

(37) Legalidade da Resolução 063/2009-CJF que determinou a tramitação direta do IP entre a PF e o MPF Direito Processual Penal​ Investigação Criminal ​Geral Origem:STJ Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. STJ. 5ª Turma. RMS 46165-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/11/2015 (Info 574). Fonte: Buscador Dizer o Direito.. Inviabilidade de MS impetrado pela vítima para evitar o arquivamento de IP Direito Processual Penal​ Investigação Criminal ​Geral Origem:STJ Existe alguma providência processual que a vítima possa adotar para evitar o arquivamento do IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de segurança com o objetivo de impedir que isso ocorra? NÃO. A vítima de crime de ação penal pública não tem direito líquido e certo de impedir o arquivamento do inquérito ou das peças de informação. Considerando que o processo penal rege-se pelo princípio da obrigatoriedade, a propositura da ação penal pública constitui um dever, e não uma faculdade, não sendo reservado ao Parquet um juízo discricionário sobre a conveniência e oportunidade de seu ajuizamento. Por outro lado, não verificando o Ministério Público que haja justa causa para a propositura da ação penal, ele deverá requerer o arquivamento do IP. Esse pedido de arquivamento passará pelo controle do Poder Judiciário, que poderá discordar, remetendo o caso para o PGJ (no caso do MPE) ou para a CCR (se for MPF). Existe, desse modo, um sistema de controle de legalidade muito técnico e rigoroso em relação ao arquivamento de inquérito policial, inerente ao próprio sistema acusatório. Nesse sistema, contudo, a vítima não tem o poder de, por si só, impedir o arquivamento. Cumpre salientar, por oportuno, que, se a vítima ou qualquer outra pessoa trouxer novas informações que justifiquem a reabertura do inquérito, pode a autoridade policial proceder a novas investigações, nos termos do citado art. 18 do CPP. STJ. Corte Especial. MS 21081-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/6/2015 (Info 565). Fonte: Buscador Dizer o Direito.. 36.

Referências

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