• Nenhum resultado encontrado

MARIONILDK DIAS BREPOHL ARRENDANTES E ARRENDATÁRIOS NO CONTEXTO DA SOJA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "MARIONILDK DIAS BREPOHL ARRENDANTES E ARRENDATÁRIOS NO CONTEXTO DA SOJA"

Copied!
204
0
0

Texto

(1)

A R R E N D A N T E S E A R R E N D A T Á R I O S NO C O N T E X T O DA SOJA REGIÃO DE C A S C A V E L ; PARANÁ - 1960-1980

D i s s e r t a ç ã o a p r e s e n t a d a para ob- tenção de título de M e s t r e em H i s t ó r i a do B r a s i l , opção H i s t ó - ria Social. Setnride Ciências Hu- m a n a s L e t r a s e Artes. D e p a r t a m e n -

to de H i s t ó r i a da Un ive rs idade Fe- deral do P a r a n á .

C U R I T I B A 1982

(2)

A M a i t e e D a n i e l , a m i g o s que es- p e r o , p o s s a m c o n s t r u i r uma so- ciedade m e l h o r .

(3)

A G R A D E C I M E N T O S iii-

L I S T A DE T A B E L A S v

LISTA DE M A P A S vii L I S T A DE A N E X O S viii L I S T A DE F I G U R A S x

LISTA DE G R Á F I C O S : . . xi

INTRODUÇÃO 2 M E T O D O L O G I A E T É C N I C A S DE P E S Q U I S A 9

ARQUIVOS E F O N T E S 23 1 REVISÃO CRITICA DA L I T E R A T U R A 27

1.1 0 SURGIMENTO DA H I S T Ó R I A E C O N Ô M I C A 28 1.2 BASES PARA H I S T Ó R I A DA A G R I C U L T U R A 29 1.3 A A G R I C U L T U R A NA H I S T O R I O G R A F I A B R A S I L E I R A 33

1.3.1 Tendências I n t e r p r e t a t i v a s a t u a i s 37 1.3.2 A g r i c u l t u r a e pequena p r o d u ç ã o : o e n f o q u e

da sociologia h i s t ó r i c a 41 1.4 AGRICULTURA NA H I S T O R I O G R A F I A P A R A N A E N S E :

0 ENFOQUE DA H I S T Ó R I A R E G I O N A L 43

2 A REGIÃO DE C A S C A V E L 52 2.1 F O R M A Ç Ã O S Ó C I O - E C O N Õ M I C A DO OESTE E S U D O E S T E

PARANAENSE 5 3

2.2 MIGRAÇÕES NA REGIÃO DE C A S C A V E L 57 2.3 A POPULAÇÃO RURAL P E R M A N E N T E NA R E G I Ã O DE

CASCAVEL 6 2

3 A SOJA E SUAS D E T E R M I N A Ç Õ E S S Ó C I O - E C O N Ô M I C A S 67

i

(4)

4 A L T E R A Ç Õ E S NA D I V I S Ã O E NO D S O DA TERRA A P A R T I R

DA INTRODUÇÃO DA SOJA NA R E G I Ã O DE C A S C A V E L 90

4.1 A TERRA COMO M E R C A D O R I A 91 4.2 O PROCESSO DE C O N C E N T R A Ç Ã O E V A L O R I Z A Ç Ã O DAS

TERRAS NAS REGIÕES E X T R E M O - O E S T E E S U D O E S T E

PARANAENSE 93 4.3 OS A R R E N D A M E N T O S R U R A I S E SUAS A L T E R A Ç Õ E S

RECENTES 101 CONCLUSÕES 114 A N E X O S 117 R E F E R Ê N C I A S 165

FONTES M A N U S C R I T A S 166 REFERÊNCIAS B I B L I O G R Á F I C A S 167

i i

(5)

As exigências a c a d ê m i c a s o b r i g a m a a u t o r a a a s s i n a r es- te trabalho i n d i v i d u a l m e n t e ; e n t r e t a n t o , ele é fruto de inúme- ras discussões e debates r e a l i z a d o s com d i v e r s o s p r o f e s s o r e s e colegas desta e de outras á r e a s , a quem desejo e x p r e s s a r m e u s sinceros a g r a d e c i m e n t o s .

P r i m e i r a m e n t e , ao P r o f e s s o r O r i e n t a d o r Carlos R o b e r t o Antunes dos Santos, que se ocupou desde os p r i m e i r o s m o m e n t o s de definição da temática até as ú l t i m a s fases da p e s q u i s a ; com ele, espero poder p r o s s e g u i r o c a m i n h o que tenho pela f r e n t e , a saber, o a p r e n d i z a d o da ciência h i s t ó r i c a em sua função crí- tica da realidade.

Ao Professor D i t m a r B r e p o h l , por sua i n e s t i m á v e l con- tribuição c r í t i c a , p r i n c i p a l m e n t e no que tange ao d i á l o g o en- tre a História e a E c o n o m i a .

A g r a d e c i m e n t o s também são d e v i d o s ao P r o f e s s o r H e n r i q u e Soares K o e h l e r , pela c o o p e r a ç ã o d e c i s i v a na análise e s t a t í - tica e p r o c e s s a m e n t o dos dados desta d i s s e r t a ç ã o .

Aos P r o f e s s o r e s Ana M a r i a B u r m e s t e r , F r a n c i s c o M o r a e s Paz e Roseli Maria Rocha dos S a n t o s , por se d e d i c a r e m ã leitu- ra e discussão desta p e s q u i s a , dando ênfase aos instrumentais da D e m o g r a f i a , da G e o g r a f i a H u m a n a e de S o c i o l o g i a .

Ao Professor Jayme A n t ô n i o C a r d o s o , pelo a u x í l i o no tra- tamento grafico da I n f o r m a ç ã o .

À Professora Lucila Maris B r o e t t o , pelo a u x í l i o no tra-

i i i

(6)

F i n a l m e n t e , cabe m e n c i o n a r que esta d i s s e r t a ç ã o se rea- lizou sob o apoio da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do Paraná em seu cur- so de pós-graduação em H i s t ó r i a e s o b o f inane iamento dado , no período de realização de créditos pelo CAPES - C o o r d e n a ç ã o de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível S u p e r i o r , e na fase de pes- quisa, pelo CNPq - Conselho N a c i o n a l de D e s e n v o l v i m e n t o C i e n t í - fico e T e c n o l ó g i c o .

(7)

Distribuição dos migrantes residentes nas Micro- regiões Extremo-Oeste e Sudoeste do Paraná. Se- gundo os Estados de procedência. Acumulada até

1970 - numeros absolutos ..•••.••••••••••••••...•.•••... 52 2 Evolução da população do Sudoeste no Paraná ••••.••.••.• 53 3 Volume da produção de soja, milho, trigo e feijão

Paraná, 2 Microrregiões Extremo-Oeste e Sudoeste

paranaense e município de Cascavel - 1960-1980 . . . . • • • . . • 85 4 Área colhida em ha de soja, milho, trigo e feijão

Paraná, 2 Microrregiões Extremo-Oeste e Sudoeste

paranaense e município de Cascavel - 1960-1980 . . . • • . • 86 5 Preços médios recebidos para feijão, milho, soja

e trigo - 1966-1980 ..•.•.••••••..••.•.••••••••.••••.••• 86 6 Evolução da Estrutura Fundiária no Paraná -

1940-1975 . . . 94

7 Distribuição da posse da terra pelos estabeleci-

mentos r u r a : L s . . . 95

8 Percentagem da área cultivada com soja, superior

a 20, 50 e 100 ha . . . 96

9 Distribuição de propriedades transacionadas por

classe de área . . . 98

10 Evolução do preço da terra em cruzeiros, de 1960 a 1980, segundo os Contratos de Compra e Venda de

lotes rurais - Cascavel - Paraná . . . • • . . . • • • • . . . . • • . • . 100

v

(8)

produto e renda em d i n h e i r o - 1 975 102 12 Total de a r r e n d a m e n t o em dinheiro e em produto no Paraná,

duas microrregiões H o m o g ê n e a s . E x t r e m o - O e s te e Su-

doeste p a r a n a e n s e , e Cascavel - 1 970 e 1 9 7 5 . . . . 1 03 13 Finalidade de e x p l o r a ç ã o nas áreas a r r e n d a d a s , se-

gundo os contratos de A r r e n d a m e n t o - C a s c a v e l ,

1960-1980. 106 14 Obrigações entre as partes c o n t r a t a n t e s nos ne-

gócios de A r r e n d a m e n t o r u r a l , C a s c a v e l , 1 960-1 980 ... 1 08 15 Relação Preço da T e r r a / A r r e n d a m e n t o , nos anos de

1969 , 1 976 e 1980. 1

v i

(9)

1 Municípo de Cascavel 11 2 Regiões do E x t r e m o - O e s t e e Sudoeste p a r a n a e n s e 53

v i i

(10)

Municípios que compõem as Microrregiões Extremo-

Oeste e Sudoeste paranaense . . . • • . . . 118 2 Exemplos de preenchimento da Ficha Modelo B -

Contratos de Compra e Venda . . . • . . • . . . • . . . . 120 3 Tabela utilizada para Deflação dos valores em

cruzel.ros. . . . . 123

4 Contratos de Compra e Venda - Ficha Modelo B - Codificação dos dados para seu Processamento e análise a partir do "Statistic Package for Social

S c i e n c e s t i : ( S P S S) • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 1 24

5 Exemplos de preenchimento da Ficha Modelo A -

Contratos de Arrendamento.. • . . . . . . • . . . • • . . . 127 6 Contratos de Arrendamento - Ficha Modelo A -

Codificação dos dados para seu processamento e análise a partir do tlStatitisc Package.' for Social

Sciences" ( S P S S ) . . . 132 7 Entrevista com o Presidente da Federação da

Agricultura do Paraná, Mário Stadler de Sousa. . . . . . . 138 8 Entrevista com o Presidente do Sindicato dos

Trabalhadores Rurais de Cascavel, Nicanor

Schumacher . . . 152 9 Categorias sócio-profissionais dos Adquirentes

segundQ o Registro de Contratos de Compra e Venda - Município de Cascavel, 1960-1969 e

1970-1980 • . • • . • • • • • . • • . • • • • • • • • • . • • • • . • • • • • . • . • • . . • • • • • • 159

viii

(11)

gundo os contratos de Compra e V e n d a - M u n i c í -

pio de C a s c a v e l , 1 9 6 0 - 1 9 8 0 160 11 Correlações entre v a r i á v e i s r e l e v a n t e s nos con-

tratos de Compra e V e n d a 161 12 Distribuição em p o r c e n t a g e m de p r o p r i e d a d e s tran-

sacionadas por classe de área. Anos de 1960, 1969, 1976 e 1980, segundo contratos de Compra e V e n d a —

Cascavel 162

13 Arrendamentos rurais em Cascavel. Tipos de A r r e n -

damentos, formas e tipos de p a g a m e n t o 163 14 Categorias s ó c i o - p r o f i s s i o n a i s dos a r r e n d a n t e s e

arrendatários 164 15 Correlações entre v a r i á v e i s r e l e v a n t e s para

os contratos de a r r e n d a m e n t o 165

i x

(12)

1 Ficha M o d e l o B - C o n t r a t o s de Compra e V e n d a 15 2 Ficha M o d e l o A - C o n t r a t o s de A r r e n d a m e n t o 20

x

(13)

1 M i g r a n t e s no P a r a n á , segundo a p r o c e d ê n c i a .

A c u m u l a d a até 1 970 51 2 Volume da produção de soja em C a s c a v e l , M i c r o -

regiões E x t r e m o - O e s t e e Sudoeste p a r a n a e n s e ,

Paraná e Brasil - 1960-1 980... 76 3 Volume de produção de soja, m i l h o , trigo e feijão

no Paraná - 1 960-1980 78 4 Volume da produção de soja, m i l h o , trigo e feijão

nas M i c r o r r e g i õ e s E x t r e m o - O e s t e e Sudoeste p a r a -

naense 80 5 Volume da produção de soja, trigo, m i l h o e feijão

no m u n i c í p i o de Cascavel - 1960-1 980 82 6 Análise comparativa entre p r e ç o , área colhida e

produção de soja. Paraná 84 7 Evolução em p o r c e n t a g e m da E s t r u t u r a F u n d i á r i a

no Paraná por classes de área - 1960-1 980 93

x i

(14)
(15)

A recente introdução da c u l t u r a da soja no P a r a n á é re- conhecido como um fator d e c i s i v o no que c o n c e r n e à evolução só- cio-econõmica do E s t a d o .

De fato, por se tratar de uma a t i v i d a d e t i p i c a m e n t e ca- p i t a l i s t a , a cultura da soja d e s e m p e n h o u um papel f u n d a m e n t a l no que se possa conceber por m a t u r a ç ã o do c a p i t a l i s m o na A g r i - cultura.

0 presente trabalho o b j e t i v a dar um e n f o q u e h i s t ó r i c o ã evolução acima m e n c i o n a d a , onde se p r o c u r a r á a r t i c u l a r às es- truturas de maior f ô l e g o , as t r a n s f o r m a ç õ e s internas de curto e médio prazo de uma r e g i ã o , a s a b e r , o E x t r e m o - O e s t e e S u d o e s - te p a r a n a e n s e , onde se localiza o p r i n c i p a l c e n t r o p r o d u t o r de soja no P a r a n á .

Para conhecer a p e r s o n a l i d a d e h i s t ó r i c a que a d q u i r i u tal p r o c e s s o , optou-se pela m e n s u r a ç ã o das p r i n c i p a i s a t i v i d a d e s econômicas na região c o n s i d e r a d a , onde v a r i á v e i s como preço da terra, volume de p r o d u ç ã o , área c u l t i v a d a e preço do p r o d u t o foram analisados em seu c o n j u n t o . Ao lado deste p r o c e d i m e n t o , importou detectar duas formas e s p e c í f i c a s de acesso ã p r o p r i e - dade rural, a saber, a compra e o a r r e n d a m e n t o da terra. Isto porque c o n s t a t o u - s e durante a p e s q u i s a que as formas como se

iniciaram a ocupação e u t i l i z a ç ã o da terra (nos anos de 60 a 69) são e x t r e m a m e n t e d i f e r e n t e s das a t u a i s . A l é m d i s s o , a pró- pria paisagem h i s t ó r i c o - r e g i o n a l em questão sofre p r o f u n d a s transformações sociais, e c o n ô m i c a s e p o l í t i c a s .

(16)

Se a m e t o d o l o g i a de trabalho adotada b u s c o u e x p l o r a r um pequeno espaço g e o g r á f i c o , não se propôs em nehum m o m e n t o a

"destacá-lo" do contexto g l o b a l . Pelo c o n t r á r i o , ele se d e s t i - na ã apreensão de m o v i m e n t o s p r o f u n d o s de uma s o c i e d a d e , m o v i - mentos estes ainda não p e r c e p t í v e i s numa p r i m e i r a o b s e r v a ç ã o , mas que c o n t r i b u e m para a d e t e r m i n a ç ã o da vida m e s m a da socie- dade a que c o r r e s p o n d e .

A função da ciência h i s t ó r i c a é a de ser uma forma de conhecimento de e para o h o m e m .

A l i á s , como toda a c i ê n c i a , a H i s t ó r i a p o s s u i u m a ínti- ma relação com a vida. À História cabe situar o h o m e m , que é o fim último de toda a ciência. Onde e como está este h o m e m ã História cabe r e s p o n d e r .

Quando se c o g i t a , p o r t a n t o , q u a n t i f i c a r uma a t i v i d a d e e c o n ô m i c a , quando se procura a v a l i a r a p r o d u ç ã o social - sob novas técnicas de i n v e s t i g a ç ã o c i e n t í f i c a - em n e n h u m m o m e n t o se permite ao h i s t o r i a d o r abrir mão de seu c o m p r o m e t i m e n t o pri- m e i r o : o homem em sociedade (Bloch). E não será outra a n o s s a a m b i ç ã o , senão a de p e r s e g u i r o "homem da soja" em um E s t a d o agrário como é o caso do P a r a n á .

Este h o m e m não se c o n f i g u r a r á , e n t r e t a n t o , n u m h e r ó i em- p r e e n d e d o r , como talvez se p u d e s s e e s p e r a r . Ele se e x p r e s s a antes de mais n a d a , um t r a b a l h a d o r em luta pela d e t e n ç ã o da

terra, sua d e f i n i t i v a forma de e x i s t ê n c i a e i n c o r p o r a ç ã o na sociedade.

A N Á L I S E DA P R O B L E M Á T I C A

A região que p r e t e n d e m o s e s t u d a r , é formada pelas 2 Mi-

crorregiões H o m o g ê n e a s Oeste e E x t r e m o - O e s t e p a r a n a e n s e (de acordo com a d e l i m i t a ç ã o do Instituto B r a s i l e i r o de Geografia e

(17)

Estatística - IBGE), das quais o Polo Central a d o t a d o foi o município de C a s c a v e l . Este espaço g e o g r á f i c o c o n t i t u i - s e uma das mais recentes regiões a a d q u i r i r e m r e p r e s e n t a t i v i d a d e eco- nômica internacional no p r o c e s s o de ocupação do E s t a d o .

0 período que se p r e t e n d e a b r a n g e r é de 1960 a 1980, on- de a extração da m a d e i r a como a t i v i d a d e p r i n c i p a l e a p o l i c u l - tura, aliada ã s u i n o c u l t u r a vão sendo g r a d a t i v a m e n t e s u b s t i - tuídas pela produção agrícola e s p e c i a l i z a d a , onde a soja de- sempenha um papel f u n d a m e n t a l .

Este período se impõe p o r t a n t o como uma fase de transi- ção de uma. economia tradicional para uma e c o n o m i a m o d e r n a , com bases c a p i t a l i s t a s . De fato, estas t r a n s f o r m a ç õ e s fazem parte de um processo v o l t a d o à r e p r o d u ç ã o e e x p a n s ã o do sistema ca- pitalista. P o r é m , este p r o c e s s o não se deu de forma linear e h o m o g ê n e a . Para a região e s t u d a d a , ele se v i a b i l i z o u a t r a v é s de m o v i m e n t o s c o n t r a d i t ó r i o s , quais sejam, a f o r m a ç ã o de uma camada p r i v i l e g i a d a de e m p r e s á r i o s ligados às a t i v i d a d e s co- merciais de mate e m a d e i r a (responsáveis pelas p r i m e i r a s fases

de acumulação de c a p i t a l ) . Ao lado d e s t a , levas m i g r a t ó r i a s oriundas das regiões m e r i d i o n a i s do país i n s t a l a r a m - s e n a q u e l a localidade, r e s p o n s a b i 1 i z a n d o - s e pela formação de uma economia de s u b s i s t ê n c i a , t i m i d a m e n t e a r t i c u l a d a ao m e r c a d o r e g i o n a l .

Esta sociedade que c o n c e b e m o s como t r a d i c i o n a l , ao pas- sar pela e x p e r i ê n c i a da s o j i c u l t u r a , deixou m a r c a s p r o f u n d a s - que nos interessam estudar em sua i n t e r i o r i d a d e .

Estas c o n t r a d i ç õ e s são ainda m a i s p e r c e p t í v e i s quando se constata a significativa i m p o r t â n c i a da p e q u e n a p r o d u ç ã o no Oeste e E x t r e m o - O e s t e p a r a n a e n s e , i m p o r t â n c i a esta que c o n t r a - ria a concepção tradicional - de ser a pequena p r o d u ç ã o signi-

(18)

ficativa e viável apenas em regiões m e n o s f é r t e i s , como d e f e n - dem Caio Prado Jr. e A n t ô n i o C â n d i d o , entre outros a u t o r e s .

Para contestar este p r e s s u p o s t o , d e s t a c a - s e para a Re- gião E x t r e m o - O e s t e e S u d o e s t e , três c a r a c t e r e s p r i n c i p a i s :

a) fertilidade do solo;

b) p o p u l a ç ã o e s t a b e l e c i d a em p e r í o d o s r e c e n t e s , c o n s t i - tuída em sua m a i o r parte por uma faixa etária jovem

(migrantes c a t a r i n e n s e s e g a ú c h o s ) ;

c) a pequena p r o p r i e d a d e em suas origens h i s t ó r i c a s . Neste s e n t i d o , os m e c a n i s m o s de d o m i n a ç ã o e s u b o r d i n a - ção existentes na a g r i c u l t u r a , p r i n c i p a l m e n t e no p r o c e s s o his- tórico b r a s i l e i r o , p r e c i s a m ser a n a l i s a d o s em suas e s p e c i f i - cidades, pois elas se c o m p o r t a m de m a n e i r a d i f e r e n c i a d a - no tempo e no espaço.

Os o b j e t i v o s a serem a l c a n ç a d o s neste t r a b a l h o v i s a m ao conhecimento das p r i n c i p a i s t r a n s f o r m a ç õ e s sofridas na região Extremo-Oeste e Sudoeste p a r a n a e n s e , a partir da i n t r o d u ç ã o da cultura da soja. P r o c u r a r - s e - á v e r i f i c a r o p r o c e s s o de c o n c e n - tração da p r o p r i e d a d e e p a r a l e l o a e l e , a e s p e c i a l i z a ç ã o agrí- cola. Para atender a tais p r e o c u p a ç õ e s , i n t e r e s s a d e t e c t a r o comportamento da pequena p r o p r i e d a d e em uma região onde o pro- gresso técnico se impõe como a l t e r n a t i v a lógica de e x p l o r a ç ã o agrícola, com v i s t a s ao d e s e n v o l v i m e n t o do sistema capitalista.

A análise aí r e a l i z a d a p e r m i t i u que se o b s e r v a s se a emer- gência de uma nova p e r s o n a l i d a d e h i s t ó r i c a nos arrendamentos ru- rais, onde esta forma de e x p l o r a ç ã o deixa de ser u t i l i z a d a por trabalhadores d e s p o s s u í d o s de terra e passa a ser a d m i n i s t r a d a por médios e grandes p r o d u t o r e s , que detêm a t e c n o l o g i a quími- ca e mecânica i n d i s p e n s á v e i s para as culturas d i n â m i c a s espe- cial izadas.

(19)

A questão que se coloca n e s t e trabalho sobre estas trans- formações diz respeito ao destino m e s m o desta p o p u l a ç ã o que ainda detém uma pequena p a r c e l a de terra: até que ponto esta

inserção em um sistema p r o d u t i v o t i p i c a m e n t e c a p i t a l i s t a en- gendra (ou n ã o ) uma situação s u b o r d i n a d a em r e l a ç ã o aos d e t e n - tores de capital na a g r i c u l t u r a ? E n t e n d e r a tarefa revolucioná- ria diante da situação de classe desta camada é trabalho para o h i s t o r i a d o r .

Estas i n q u i e t a ç õ e s não se deram sem a clara c o n s c i ê n c i a de que a c o n c e n t r a ç ã o da p r o p r i e d a d e no Paraná se realiza atra- vés da v a l o r i z a ç ã o da terra como uma m e r c a d o r i a a ser incor- porada pela produção agrícola t i p i c a m e n t e c a p i t a l i s t a ; n e s t e contexto, a pequena p r o p r i e d a d e sofre uma g r a d a t i v a perda de r e p r e s e n t a t i v i d a d e , mas não chega a ser e l i m i n a d a . Ela se re- define enquanto f o r n e c e d o r a de a l i m e n t o s b á s i c o s ã p o p u l a ç ã o

(ainda que v í t i m a de grande i n s t a b i l i d a d e ) mas também se pres- ta ã ampliação da área de cultivo dos p r o d u t o s exportáveis,tais como a soja e o trigo. Isto se tem r e a l i z a d o p r e d o m i n a n t e m e n t e através do a r r e n d a m e n t o r u r a l , onde o p e q u e n o p r o d u t o r se trans- forma em a r r e n d a n t e , e cede suas terras a quem tenha recursos para nela cultivar os chamados p r o d u t o s " n o b r e s " . E s t e s a r r e n - damentos aumentam ou d i m i n u e m sua r e p r e s e n t a t i v i d a d e de acordo com as oscilações de m e r c a d o a que estão sujeitas tais culturas.

Neste s e n t i d o , importa i n v e s t i g a r e x a u s t i v a m e n t e as cau- sas de alteração na p e r s o n a l i d a d e h i s t ó r i c a dos a r r e n d a m e n t o s , pois estas a l t e r a ç õ e s de caráter r e c e n t e , e x p l i c a m o c o n s e n s o que existe entre p e q u e n a e grande p r o d u ç ã o na r e g i ã o e s t u d a d a . Não se d e i x a r á , c o n t u d o , de se levar em conta a e x i s t ê n c i a de outros destinos ã classe t r a b a l h a d o r a r u r a l , como a p r o l e t a r i -

(20)

zação e os d e s l o c a m e n t o s c o l e t i v o s .

A ênfase dada na pequena p r o p r i e d a d e v i s a o c o n h e c i m e n t o mais profundo deste segmento da sociedade r u r a l , a p a r e n t e m e n t e

em situação de maior e s t a b i l i d a d e que as d e m a i s . Tal e q u í v o c o importa ã H i s t ó r i a e l u c i d a r .

(21)
(22)

A v i a b i l i d a d e da a b o r d a g e m de uma temática recente é re- sultado de inquetações de p e s q u i s a d o r e s , ligados ã r e n o v a ç ã o m e t o d o l ó g i c a das Ciências Sociais.

Tais inquietações são devidas aos a v a n ç o s o c o r r i d o s no interior da H i s t ó r i a , o que levou seus e s t u d i o s o s a se e n t e n - derem no dever de ampliar seus p r ó p r i o s h o r i z o n t e s de a n á l i s e .

A influência m a r x i s t a no d e s e n v o l v i m e n t o da H i s t ó r i a e a postura m e t o d o l ó g i c a do grupo de A n n a l e s c o o p e r a r a m para a decisiva d e s m i s t i f i c a ç ã o das f r o n t e i r a s c r o n o l ó g i c a s do h i s t o - riador não só na F r a n ç a , mas também na h i s t o r i o g r a f i a latino- americana .

Em primeiro lugar, o r e c o n h e c i m e n t o da n e c e s s i d a d e de uma síntese g l o b a l , quando se parte da c o n s t a t a ç ã o de que a história humana reflete uma t o t a l i d a d e o r g â n i c a , m u t á v e l ape- nas a longo p r a z o , mas p e r m e a d a de a c o n t e c i m e n t o s de curto e médio prazo, que trazem consigo a d i n â m i c a de .transformações mais amplas.

Em segundo lugar, o peso que m u i t o s h i s t o r i a d o r e s (não todos) têm dado ao econômico como fator e x p l i c a t i v o ; e por fim, a n e c e s s i d a d e de a p r o x i m a ç ã o da H i s t ó r i a com as demais ciên- cias humana s.

Ha que se c o n s i d e r a r ainda o a r g u m e n t o que aponta o pe- rigo de p a r c i a l i d a d e do h i s t o r i a d o r ao analisar o p r e s e n t e ; t a l risco não só o h i s t o r i a d o r i n c o r r e , mas também o s o c i o l ó g o , o

(23)

a n t r o p o l ó g o , o e c o n o m i s t a . A d e m a i s , i n c o r r e - s e o m e s m o risco ao se estudar o p a s s a d o . 0 que se a s s e g u r a sim, por parte do historiador c o n t e m p o r â n e o , é o c o m p r o m i s s o que este m a n t é m com as estruturas de maior f ô l e g o , uma noção que p o s s i b i l i t a en- globar o passado a análise e x p l i c a t i v a do p r e s e n t e . A s s i m , o tratamento h i s t ó r i c o de qualquer r e a l i d a d e c o n t e m p o r â n e a , emes- mo do p a s s a d o , exige que a v a r i á v e l tempo seja c o n s i d e r a d a em

todo seu rigor. E é n e s t e sentido que se p r e t e n d e e n c a m i n h a r esta p e s q u i s a .

0 presente trabalho tem um caráter interdiscip1inar. Ne- le, b u s c a r - s e - á o encontro da H i s t ó r i a com a E c o n o m i a , a Esta- tística, a I n f o r m á t i c a , a S o c i o l o g i a , e a l g u m a s v a r i á v e i s da Demografia. À H i s t ó r i a , c o n t u d o , caberá a função de síntese, on- de se procurará detectar as p e r m a n ê n c i a s e r u p t u r a s r e s p o n s á - veis pelos avanços de uma sociedade d e t e r m i n a d a .

A idéia de se t r a b a l h a r com um espaço e c o n ô m i c o e so- cial d e f i n i d o , a saber, o E x t r e m o - O e s t e e Sudoeste paranaense,*

concretizou-se p r i n c i p a l m e n t e por três fatores p r i n c i p a i s :

a) alta r e p r e s e n t a t i v i d a d e destas regiões no que tange â p r o d u ç ã o de s o j a ;

b ) sua h o m o g e n e i d a d e h i s t ó r i c o - r e g i o n a l , p r i n c i p a l m e n t e no que se refere ao c o n t i n g e n t e p o p u l a c i o n a l aí ins- talado ;

c) sua e v o l u ç ã o r e c e n t e , no que diz r e s p e i t o ãs suas a t i v i d a d e s a g r í c o l a s .

Esta d e l i m i t a ç ã o , contudo não esteve isolada em m o m e n t o algum de seu c o n j u n t o : durante todas as n o s s a s i n v e s t i g a ç õ e s ,

* 0 s m u n i c í p i o s q u e c o n s t i t u e m e s t a s 2 M i c r o r r e g i õ e s H o - m o g ê n e a s , s e g u n d o o I B G E , e n c o n t r a m - s e no A n e x o n ° 1, p . 1 1 8

(24)

estiveram p r e s e n t e s tanto a realidade de um Estado c a r a c t e r i s - ticamente agrário (como é o caso do P a r a n á ) como o p r ó p r i o con- texto da formação e c o n ô m i c a do B r a s i l . De f a t o , em um país con- cebido h i s t o r i c a m e n t e como a g r í c o l a , a g r a n d e p r o p r i e d a d e ru- ral constituiu-se um dos elementos e x p l i c a t i v o s das r e l a ç õ e s econômicas i n t e r n a c i o n a i s , por um lado, mas também r e s p o n s a - b i l i z o u - s e pela estrutura e c o n ô m i c a interna deste p a í s ; ambos os a s p e c t o s , r i g i d a m e n t e c o n d i c i o n a d o s pelo c o m p o r t a m e n t o es- pecífico do Sistema C a p i t a l i s t a no B r a s i l .

Para as i n v e s t i g a ç õ e s junto às f o n t e s p r i m á r i a s d a q u e - la região, optamos por analisar o m u n i c í p i o de Cascavel por tratar-se este de um pólo r e g i o n a l de e x t r e m a i m p o r t â n c i a para ãs atividades e c o n ô m i c a s r e l a c i o n a d a s ã soja.

0 m u n i c í p i o de C a s c a v e l c o n s t i t u i - s e uma cidade de m é - dio porte, a b r a n g e n d o uma área rural b a s t a n t e s igni f icativa, con- forme nos ilustra o Mapa n9 1. F u n d a d a em 1930, p a s s o u ã con- dição de m u n i c í p i o apenas em 1952. C o m e ç o u a ter e x p r e s s i v i d a - de . econômica com a e x t r a ç ã o do mate e da m a d e i r a , t o r n a n d o - s e um dos núcleos de p o v o a m e n t o mais p r o c u r a d o s pelos t r a b a l h a - dores, e mais tarde também pelas e m p r e s a s m a d e i r e i r a s .

Ao lado destas duas a t i v i d a d e s , d e s e n v o 1 v e r a m - s e também a suinocultura e a lavoura de m i l h o , r e a l i z a d a s pelos m i g r a n - Jzevs cuja atividade de s u b s i s t ê n c i a nos p e r m i t e c a r a c t e r i z a r co- .nyp uma produção a g r í c o l a t r a d i c i o n a l .

Mas será com a soja que ela a d q u i r i r á a personalidade que tem h o j e : v o l t a d a às funções r u r u r b a n a s , sofreu um c r e s c i m e n - to extremamente v i o l e n t o , não só em termos p o p u l a c i o n a i s , mas principalmente no setor de serviços.

Além d i s t o , as p r i n c i p a i s a t i v i d a d e s c o o p e r a t i v i s t a s da

(25)

:::> ..J N <

:::>

'UJ U

i i \ /',

I

CAFELÃNDIA DO OESTE

I

-'-'-'-'-'-'-'-'-'-'-',

...

\.. --....

... .

STA. TER ElA.

. . . 6.111 • • •

Ç" -- (" ...

". . . . . NPd

.!

LIHDOESTE

l: ,

í . ~ .; ... _)

... T~

~ .. , ,

\..,_.

.. "... .." ....

._._-_._)

,-o ,c

.'~ '. O~

.. ... : •• '-... <9<s-

.,) <~

, .

" --...

, ,

•• ,,"lA e . . . . J .'

...

~I • • ';"'"

..~1IlA ...

.O"M'& . . . o

-'-'_.---' "L""*' . & "'''I -'-' .

DISTRITO DE SÃO JOÃO

\ ,

. ,

,.~ ...

. ... I

, , DISTRI TO DE RIO DO SALTO

!tI.O ... TI

.--...

... ~ ... ' \"",

-'

~_ .. '

... n

DISTRITO ~ JUVINOPOLIS

...

. _.--_ .•. -.-.-.-. ~-~. -.-.-._.-.

-'-'-' ESCALA- 1:250.000

CAP. L EÔNIDAS MARQUES

LEGENDA FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE CASCAVEL ~ SEDE DE DISTRITO

• POVOADOS

~ E STRADA PAVIMENTADA _.- LIMITE DE DISTRITO

(26)

nar tal espaço de região de C a s c a v e l ; de f a t o , principalmente no que tange ã s o j i c u l t u r a , o centro de C a s c a v e l é o m a i s impor- tante de toda a r e g i ã o .

0 enfoque da H i s t ó r i a Regional exige que se lance mão de investigações e m p í r i c a s , o que foi r e a l i z a d o a partir de dois tipos de fontes p r i n c i p a i s : os dados e s t a t í s t i c o s do Ins- tituto Brasileiro de G e o g r a f i a e E s t a t í s t i c a (IBGE) e os docu- mentos n o t a r i a i s - junto ao I Cartório de Registros de Imóveis, Títulos e D o c u m e n t o s da Comarca de C a s c a v e l .

Ainda em um caráter c o m p l e m e n t a r , importou lançar mão dos testemunhos orais e também da Imprensa P e r i ó d i c a , pois que muitas lacunas p r e c i s a v a m ser p r e e n c h i d a s com estes r e c u r s o s .

A análise dos l e v a n t a m e n t o s o f i c i a i s do IBGE (Instituto Brasileiro de G e o g r a f i a e E s t a t í s t i c a ) tiveram dois o b j e t i v o s principais:

a) avaliar o v o l u m e da p r o d u ç ã o a g r í c o l a da soja (e de alguns outros c e r e a i s ) na região e s t u d a d a , e também no Estado do P a r a n á . L e v o u - s e também em c o n s i d e r a ç ã o o volume de p r o d u ç ã o da soja a nível n a c i o n a l , para que se deixasse claro a r e p r e s e n t a t i v i d a d e a g r í c o l a deste Estado ;

b) analisar a e v o l u ç ã o da e s t r u t u r a f u n d i á r i a no Estado e nas 2 M i c r o r r e g i õ e s h o m o g ê n e a s , bem como as alte- rações nas formas de a d m i n i s t r a ç ã o da terra, dando ênfase p r i m o r d i a l aos a r r e n d a m e n t o s a g r í c o l a s . A par- tir destes dados, põde-se calcular o índice de G I N I1 1 HOFFMANN, R. Medidas de concentração de uma distribuição e a de- sigualdade econômica em uma sociedade. Piracicaba, Universidade de São Pau- lo. Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". Departamento de Ciên- cias Sociais Aplicadas, 1976. 88p.

(27)

para m e l h o r compreender o processo de concentração da pro- priedade durante o período analisado, a saber, de 1960 a 1980.

Os gráficos c o n s t r u í d o s com o a u x í l i o da S e m i o l o g i a grá- fica, pôde acompanhar a transição de uma a t i v i d a d e a g r í c o l a di- versificada para uma fase de e s p e c i a l i z a ç ã o a g r í c o l a ; outra ca- racterística ficou b a s t a n t e e v i d e n t e : a i m p o r t â n c i a dos a r r e n - damentos agrícolas para as pequenas p r o p r i e d a d e s , bem como sua tendência à diminuição a nível m u n i c i p a l , v e r i f i c a - s e um sig- nificativo aumento - j u s t a m e n t e na cidade de C a s c a v e l , bem co- mo nas 2 M i c r o r r e g i õ e s c o n s i d e r a d a s , onde a p r o d u ç ã o de soja á extremamente r e l e v a n t e .

Estes dados, no e n t a n t o , p r e c i s a m ser c r i t i c a d o s . Se por um lado eles nos p e r m i t e m a v e r i g u a r a r e p r e s e n t a t i v i d a d e da

soja (e conseqílentemente a e s p e c i a l i z a ç ã o a g r í c o l a ) , quanto ao processo de c o n c e n t r a ç ã o da p r o p r i e d a d e n e s t e s ú l t i m o s 20 anos, não se pode esperar um rigor m e t o d o l ó g i c o s a t i s f a t ó r i o .

A m e t o d o l o g i a a d o t a d a pelo IBGE o b s c u r e c e as formas de concentração a s s u m i d a s na Região Sul, pois que suas origens estão p r e d o m i n a n t e m e n t e nas pequenas p a r c e l a d a s . Na m e d i d a em que se considera um e s t a b e l e c i m e n t o rural a partir da área con- tínua, sujeito a uma ú n i c a a d m i n i s t r a ç ã o ,2 não se leva em con- ta a existência de p a r c e l a s esparsas sob a a d m i n i s t r a ç ã o e pro- priedade de um só i n d i v í d u o .

A s s i m , é p o s s í v e l que os r e s u l t a d o s obtidos nos Censos (ainda que e v i d e n c i e m um alto p r o c e s s o de c o n c e n t r a ç ã o ) não correspondam e f e t i v a m e n t e â c o n c e n t r a ç ã o e f e t i v a da terra (su- postamente maior para o caso p a r a n a e n s e , nestes últimos 10 anos).

2F U N D A Ç Ã O I N S T I T U T O P A R A N A E N S E DE D E S E N V O L V I M E N T O E C O - N Ô M I C O E S O C I A L - I P A R D E S . S u b d i v i s ã o , p o s s e e u s o d a t e r r a no P a r a n á . I P A R D E S , C u r i t i b a , 1 9 7 5 . p . 1 8 .

(28)

obtidos junto às fontes p r i m á r i a s , obtidas no "I C a r t ó r i o de Registros de I m ó v e i s , Títulos e D o c u m e n t o s da Comarca de Cas- cavel".

A v a l i d a d e de se lançar mão de um c o n j u n t o de documentos como estes é i n c o n t e s t á v e l , de vez que se pode d e t e c t a r quan- tativa e q u a l i t a t i v a m e n t e a evolução que sofreu a m o d e r n a pro- priedade fundiária em C a s c a v e l .

Para o l e v a n t a m e n t o e a r r o l a m e n t o dos " C o n t r a t o s de com- pra e v e n d a " optou-se por fazer uma a m o s t r a g e m d u r a n t e este pe- ríodo, já que o n ú m e r o de d o c u m e n t o s n e s t e s 20 anos é extre- mamente vasto. Por se tratar de um trabalho artesanal do pesquisador estabeleceu-se como critério a escolha de datas baliza de m a i o r impor-

importância para:os interesses desta p e s q u i s a , de onde se ^ r e t i - raram 1946 dados para a a m o s t r a g e m . Os anos e s c o l h i d o s foram portanto os s e g u i n t e s :

1960 - Onde nada ou quase nada se p r o d u z i a com v i s t a s

ao m e r c a d o i n t e r n a c i o n a l (com e x c e ç ã o de um raro con- tato com regiões e países v i z i n h o s ) . Até esta época, to- da a atividade estava v o l t a d a para a p o l i c u l t u r a e sui- n o e u l t u r a . A í , o b s e r v a - s e o r e s u l t a d o da p o l í t i c a ofi- cial de c o l o n i z a ç ã o a g r í c o l a .

A" soja começa a ser p l a n t a d a em c a r á t e r experimental, não chegando sequer a ser citada nos l e v a n t a m e n t o s o f i c i a i s

(a nível m u n i c i p a l ) ;

1969 - Este é um ano que se c a r a c t e r i z a pela queda de produção de diversos cereais (entre eles o trigo e o m i - lho) no m u n i c í p i o de C a s c a v e l . Q u a n t o a soja, ela pros- segue a tendência c o n t í n u a . d e a u m e n t o de p r o d u ç ã o . Po-

(29)

f·t:x1elo B - Cont:ratoS de C011pN li Venda

ArquiVO: I eazotório de Ftristro de Imóveis, T-ttuws e doownentos da- Cotrm'oa de Cascavel.

Tttuto: Livro do Cartório de Registro de Imóveis, xttulos e Doc~ntos

Livro ---

Lote

Nome

---

PrOfiSSdo

---

Origem~ __________________ __

EstaàD Civil. ---

Ti tuZo de Propriedade do Livro de

Titulos e Lotes CoZ.oniais DGTC[]

Ti. tuto de Dormnio Pl.eno de terras do Livro de Ti.tu"lo de.:corrpra e - venda de terras devolutas pe'Lo DGTe Cl

Escritura PúbUoa de oonpra e venda O

Outl'aB O

---

Zona

GZeb-a--- Área

MUni-o~~·~--·---

Nr; de Ordem - - - Lata _ _ _

Nome

---

Profissd.o

---

Origem~ ____________________ _ Estado Oivil

---

Vaz'or do contrato ---

Corldü;oes: As dõTi tu Lo

Outras ---,---,-":"":--

Finalidade de E:r:ploração --,....,..---

Benfeitoria8 ______________ ~---

(30)

de-se deferir daí que a p r o d u ç ã o d i v e r s i f i c a d a já come- ça g r a d a t i v a m e n t e a ser substituída pela p r o d u ç ã o espe- cializada;

1976 - 0 ano que r e p r e s e n t a o q ü i n q ü ê n i o r e s p o n s á v e l pe-

lo take-off da soja no Paraná e no B r a s i l ( 1 9 7 3 - 1 9 7 7 ) , somando-se ainda para este período o início do p r o c e s - samento da soja no país (1974). A í , a c o n j u n t u r a dos n e g ó c i o s tende a sofrer uma s i g n i f i c a t i v a a c e l e r a ç ã o ;

1980 - R e s p o n s á v e l pela safra r e c o r d e de soja, d u r a n t e o período a n a l i s a d o .

Neste mesmo a n o , o b s e r v a - s e uma queda de preços deste produto no m e r c a d o .

Tal p r o c e d i m e n t o levou à n e c e s s i d a d e de h o m o g e n e i z a ç ã o dos dados, através da e l a b o r a ç ã o de uma ficha (conforme figura n9 1), onde se desse atenção aos seguintes itens p r i n c i p a i s : *

- P r o f i s s ã o , O r i g e m e E s t a d o Civil dos C o n t r a t a n t e s . Es- tes dados se p r e s t a m a v e r i f i c a r a o r i g e m destes p r o d u - tores, bem como se os v e n d e d o r e s p e r t e n c i a m ao m e i o agrícola ou se eram externos a ele; i m p o r t a n t e também ê detectar as empresas c o l o n i z a d o r a s de t e r r a , bem como a ação estatal neste mesmo sentido.

- F o r m a s de Título:. . E s tão d i r e t a m e n t e ligadas ã q u e s t ã o da política estatal para a r e g u l a m e n t a ç ã o de t e r r a s . - Ã r e a e Preço dos I m ó v e i s . São de r e l e v â n c i a c e n t r a l , dado o objetivo da p e s q u i s a . Aqui p o d e r e m o s o b s e r v a r o c o m p o r t a m e n t o dos preços nos dois p e r í o d o s d i s t i n t o s - anterior ã soja ( 1 960 - 1 969) e c o n j u n t u r a da soja(1970-

* A l g u n s e x e m p l o s da f i c h a M o d e l o B - c o n t r a t o s d e " C o m - p r a e V e n d a " e n c o n t r a m - s e no A n e x o n 9 2. p. 1 2 0

(31)

1980), e também v e r i f i c a r a evolução do tamanho m é d i o das p r o p r i e d a d e s . Para que se r e a l i z a s s e esta c o m p a r a - ção, foi n e c e s s á r i o d e f l a c i o n a r os v a l o r e s d e c l a r a d o s em cada c o n t r a t o . *

- B e n f e i t o r i a s - Se estão c i t a d a s , quais as m a i s cons- tantes, e se elas e n c a r e c e m ou não o preço das p r o p r i e - dades.

Após a o r d e n a ç ã o e c o d i f i c a ç ã o de tais d a d o s , * * r e a l i - zou-se se p r o c e s s a m e n t o junto a um programa e s p e c i a l m e n t e des- tinado a pesquisas em Ciências S o c i a i s .3 Em tal p r o g r a m a , p Õ d e - se verificar no conjunto das i n f o r m a ç õ e s o c o m p o r t a m e n t o dopre- ço da terra, bem como c o m p r o v a r as a l t e r a ç õ e s na e s t r u t u r a fun- diária. Também a ação estatal e p r i v a d a foram r e l a c i o n a d a s ao conjunto dos dados. As c a t e g o r i a s p r o f i s s i o n a i s dos c o n t r a t a n - tes (bem como sua o r i g e m ) puderam completar o quadro de infor- maçõe s .

C o n t u d o , também para estas f o n t e s , e x i s t e m severas crí- ticas a f a z e r .

Em primeiro lugar, os c o n t r a t o s nem sempre t r o u x e r a m to- das as informações e x i g i d a s , como por e x e m p l o , o item " p r o f i s - são" e "origem" dos c o n t r a t a n t e s são b a s t a n t e e s c a s s o s .

A e x i s t ê n c i a ou não de b e n f e i t o r i a s nas p r o p r i e d a d e s nem sempre está c i t a d a , o que d i f i c u l t a a a v a l i a ç ã o de sua impor- tância no valor da p a r c e l a .

Alguns v a l o r e s e x p r e s s o s nos c o n t r a t o s de compra e v e n -

* E s t e s c á l c u l o s se b a s e a r a m no í n d i c e G e r a l d e P r e ç o s , c o n f o r m e A n e x o n? 3 [ m e d i d a a d o t a d a p a r a t o d o s o s v a l o r e s em c r u z e i r o s a n a l i s a d o s n e s t a p e s q u i s a ] , p. 1 2 3

**üs c ó d i g o s u t i l i z a d o s p a r a o p r o c e s s a m e n t o d e s t a f i c h a e n c o n t r a m - s e no A n e x o n? 4 . p. 1 2 4

U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r a n á . " S p e c i a l P a c k a g e f o r S o - c i a l S c i e n c e s " . C u r i t i b a , C e n t r o d e C o m p u t a ç ã o da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r a n á . 1 9 8 2 .

(32)

da (principalmente r e a l i z a d o s após 1970) não são dignos de to- tal c r e d i b i l i d a d e . Pela d e f a s s a g e m de tais preços (10 a 100 ve- zes menor do que o valor r e a l ) o b s e r v a - s e que tal e x p e d i e n t e é adotado para diminuir ou eliminar a incidência t r i b u t á r i a e o controle do f i s c o , e x p e d i e n t e este adotado p r i n c i p a l m e n t e por pessoas j u r í d i c a s , ligadas a n e g ó c i o s de terras e de m a d e i r a . Toda a checagem sobre a v a l o r i z a ç ã o da p r o p r i e d a d e em função da soja fica em parte c o m p r o m e t i d a - pois em t r a t a m e n t o esta- tístico mesmo que não se c o n s i d e r e todo o u n i v e r s o de dados co- mo fictício, sabe-se que os v a l o r e s falsos d i s t o r c e m os parâ- metros da amostra.

No que tange aos anos de 1976 e 1980, e n c o n t r o u - s e um problema com relação aos r e g i s t r o s . A partir de 1975, e x t i n - guiu-se a escritura m a n u s c r i t a , p a s s a n d o - s e a r e g i s t r a r os imó- veis a partir do critério de m a t r í c u l a s , tornando impossível a partir desta data a c o n t i n u i d a d e do a r r o l a m e n t o através da m e - todologia adotada. De f a t o , o r e g i s t r o por m a t r í c u l a dá-se a cada p r o p r i e d a d e um n ú m e r o fixo, para qualquer efeito de tran- sação. Desta m a n e i r a , não se pode a c o m p a n h a r tais dados pela data do n e g ó c i o , mas somente pelo seu n ú m e r o .

Por este m o t i v o , lançamos mão (a partir de 1975) dos

"Contratos de C o m p r o m i s s o de Compra e V e n d a " , que embora m e n o s n u m e r o s o s , possuem e s p e c i f i c a ç õ e s m a i s d e t a l h a d a s de cada par- cela (o que foi m a i s i n t e r e s s a n t e para n o s s o s o b j e t i v o s ) .

Outro p r o b l e m a é com r e l a ç ã o â análise da c o n c e n t r a ç ã o da p r o p r i e d a d e . Tal p r o c e s s o não se deu via compra e v e n d a em sua totalidade, mas o r i g i n o u - s e de a g l u t i n a ç õ e s de pequenas par- celas, via eliminação de p o s s e i r o s que ali se i n s t a l a r a m . In- felizmente, estes fatos não são a r r o l á v e i s , pois m e s m o que fos-

(33)

se possível inquirir aos f a z e n d e i r o s sobre a origem de suas p r o p r i e d a d e s , a p o n t a - s e a p o s s í v e l e x i s t ê n c i a de e s cr i turas. con- seguidas, na m a i o r i a fora do próprio E s t a d o , com o intuito de legitimar tais e s t a b e l e c i m e n t o s .

Os d o c u m e n t o s da p r e f e i t u r a e do Fórum foram incendiados (por volta de 1970), o que i m p o s s i b i l i t a uma v e r i f i c a ç ã o mais cuidadosa das e x p u l s õ e s de g r i l e i r o s , p o s s e i r o s e i n t r u s o s .

Mesmo com todas estas 1 imitações ,.põde-se o b s e r v a r prin- cipalmente a v a l o r i z a ç ã o da p r o p r i e d a d e em função da sojicul- tura, fator este que d i f i c u l t a i m e n s a m e n t e o acesso de camadas mais baixas à p r o p r i e d a d e da terra, e também aos p e q u e n o s pro- dutores em aumentar suas p a r c e l a s . Pelo c o n t r á r i o , o b s e r v a - s e nesta camada um r e f r a c c i o n a m e n t o da t e r r a , não apenas por m o - tivo de h e r a n ç a , mas porque o m é d i o p r o d u t o r passa a se d e s f a - zer de parte do seu e s t a b e l e c i m e n t o no m o m e n t o em. que os cus- tos de produção acabam por lhe trazer p r e j u í z o s incontroláveis.

Aí, a terra é v e n d i d a na m a i o r i a das v e z e s , para saldar dívi- das b a n c á r i a s ou p e s s o a i s . A s s i m sendo, ambos os p r o c e s s o s evi- denciados, a saber, o de c o n c e n t r a ç ã o e o de f r a c c i o n a m e n t o es- tão articulados à introdução de c a p i t a i s na a g r i c u l t u r a , que pressionam as a t i v i d a d e s t r a d i c i o n a i s junto às o s c i l a ç õ e s do mercado. As i n v e s t i g a ç õ e s junto aos dados sobre o a r r e n d a m e n t o agrícola foram e x t r e m a m e n t e i m p o r t a n t e s para a a m p l i a ç ã o dos quadros desta p e s q u i s a . Sua e x p r e s s i v i d a d e quanto às p e q u e n a s e médias p r o p r i e d a d e s se c o n s t i t u i u objeto de n o s s a s p r e o c u p a - ções, p r i n c i p a l m e n t e em função da s o j i c u l t u r a .

0 conjunto de c l á u s u l a s e n c o n t r a d a s nestes d o c u m e n t o s merecem maior c r e d i b i l i d a d e do que nos c o n t r a t o s de compra e venda, pois em qualquer caso de litígio entre os c o n t r a t a n t e s , o único documento existente com as c o n d i ç õ e s a c e r t a d a s é o"Con-

(34)

trato de Arrendamento". Além d i s t o , eles trazem m a i o r e s e s p e c i f i - cações no teor do C o n t r a t o , tais como as o b r i g a ç õ e s entre as partes, as condições de p a g a m e n t o , e as f i n a l i d a d e s de explo- ração - embora não d i s c r i m i n a d a s na t o t a l i d a d e dos c o n t r a t o s .

Os m a i o r e s p r o b l e m a s que se e n f r e n t a com este c o n j u n t o são basicamente dois:

a) escassez dos c o n t r a t o s r e g i s t r a d o s em C a r t ó r i o no pe- ríodo de 60 a 70. Estes a c e r t o s eram até então usual- mente r e a l i z a d o s de forma c o n s e n s u a l , não havendo por- tanto d o c u m e n t a ç ã o e s c r i t a . Também para este p e r í o - do o b s e r v a - s e ainda a e x i s t ê n c i a de terras não regu- l a m e n t a d a s , o que f a c i l i t a v a a o c u p a ç ã o sem Ônus

(exercício de p o s s e ) ;

b ) i m p o s s i b i l i d a d e de v e r i f i c a ç ã o da p r o p o r c i o n a l i d a d e dos a r r e n d a m e n t o s a nível m u n i c i p a l . Embora: e s t e j amo s trabalhando com o u n i v e r s o dos c o n t r a t o s de a r r e n d a - mento junto a este c a r t ó r i o , m u i t a s v e z e s o c o r r e a

suspensão do c o n t r a t o , ou ainda a b u s c a de outras formas de r e g u l a m e n t a ç ã o que não v i a c a r t ó r i o . Por isto, lançamos mão dos dados o f i c i a i s para v e r i f i - car sua r e p r e s e n t a t i v i d a d e .

De qualquer m a n e i r a , a s i g n i f i c â n c i a da F o r m a de E x p l o - ração por a r r e n d a m e n t o é m u i t o g r a n d e , pelas r e s p o s t a s m e s m a s que se tem encontrado no decorrer desta p e s q u i s a .

Para o a r r o l a m e n t o destes d a d o s , que somaram 1 264 con- tratos, elaborcu-se também uma ficha que s i n t e t i z a s s e as in- formações a serem c o l e t a d a s (conforme figura 2),* levando em

* A l g u n s e x e m p l o s de p r e e n c h i m e n t o d e s t a f i c h a e n c o n - t r a m - s e no A n e x o 5. p - 1 2 7

(35)

FIGURA N9 2 - FICHA MODELO A. CONTRATOS.DE ARRENDAMENTO

Modelo A - Contratos âa Arrendamento

Arquivo: I Cartório ãe "Registro de ImóveisTttxílos e documentos âa Comarca de Cascavel Txtulo: Registro de Títulos, documentos e outros papéis

Livro Folha h'Ç de Ordem Data

Noms

Profis8Õo_

Origem_

Estado Civil <s>

Nome

Profissão_

Origem Estado Civil

Produto • Trabalho • Dinheiro •

Prazo Preço

Tipo de Pagamento Ben feitorias

Lote Zona Gleba Área Município

Obrigações do Arrendante Obrigações do Arrendatário

(36)

conta os p r i n c i p a i s itens, tais como:

- P r o f i s s ã o , O r i g e m , E s t a d o C i v i l dos C o n t r a t a n t e s . Es- tes dados importam para o r e c o n h e c i m e n t o da a t i v i d a d e eco- nômica destes c o n t r a t a n t e s . Q u a n d o p e r t e n c e n t e s ao Se-

tor P r i m á r i o , d e d u z - s e que t r a b a l h a r ã o d i r e t a m e n t e com a terra. Também importa aqui avaliar o c o n t i n g e n t e de explorações e m p r e s a r i a i s e ainda a p o s s í v e l e x i s t ê n c i a de e s p e c u l a ç ã o i m o b i l i á r i a ;

- Tipo de A r r e n d a m e n t o . As formas de p a g a m e n t o encon- tradas são b a s i c a m e n t e três: em trabalho (as m a i s inco- m u n s ) , em dinheiro e em p r o d u t o (a grande m a i o r i a após

1970). Esta t e n d ê n c i a em se pagar em p r o d u t o traz con- sigo um c o n d i c i o n a n t e : os a r r e n d a t á r i o s devem trazer con- sigo os ins t rument a i s para a p r o d u ç ã o (tecnologia quí- mica e m e c â n i c a , bem como e m p r e g a d o s , se n e c e s s á r i o ) .

Quanto a forma de p a g a m e n t o em t r a b a l h o , estas estão ligadas a formas t r a d i c i o n a i s de a r r e n d a m e n t o , onde o a r r e n d a t á r i o trabalha para si e r e a l i z a serviços espe- cíficos ao p r o p r i e t á r i o , tais como arar a t e r r a , cons- truir casas, zelar pela p r o p r i e d a d e , cuidar do g a d o . S u a pouca r e p r e s e n t a t i v i d a d e n u m é r i c a i m p o s s i b i l i t o u - n o s de analisá-lo de forma m a i s p r o f u n d a .

- Prazo de A r r e n d a m e n t o . À esta p e s q u i s a , tal item servi- rá como dado complementar, pois ele se c o n d i c i o n a a par- tir da finalidade de e x p l o r a ç ã o . A í , e n c o n t r a m o s a du- ração m á x i m a de 25 anos (nos casos de r e f l o r e s t a m e n t o ) , até uma duração m í n i m a de 3 m e s e s (para safras de cul- turas e s p e c í f i c a s ) .

- Custo do A r r e n d a m e n t o . E m b o r a para este caso ele não

(37)

ocupe r e l e v â n c i a central (como o era nos c o n t r a t o s de compra e v e n d a ) , importa a n a l i s á - l o à luz dos p r e ç o s médios de compra e v e n d a e n c o n t r a d o s na a n á l i s e ante- rior. A l é m d i s t o , p r i n c i p a l m e n t e quando em d i n h e i r o , f o i possível inquirir sobre a v a l o r i z a ç ã o ou não desta for- ma de e x p l o r a ç ã o a g r í c o l a .

- O b r i g a ç õ e s do A r r e n d a n t e e do Arrendatário. Serviu-nos para que t i v é s s e m o s dados c o m p l e m e n t a r e s a r e s p e i t o des-

te tipo de n e g ó c i o .

Para a ordenação e p r o c e s s a m e n t o destes d a d o s , a p l i c o u - se o mesmo p r o g r a m a citado no caso a n t e r i o r . *

A semelhança de tratamento nos dois casos p o s s i b i l i t o u uma análise comparativa entre estas duas formas de e x p l o r a ç ã o , onde se pôde d e m o n s t r a r as p r i n c i p a i s r e l a ç õ e s entre p e q u e n a e grande p r o p r i e d a d e .

As técnicas de H i s t ó r i a Oral e os dados da Imprensa Pe- riódica foram u t i l i z a d o s n e s t e trabalho em um c a r á t e r c o m p l e - m e n t a r . * * Sem exagero, os t e s t e m u n h o s orais e o m a t e r i a l dos diversos jornais e r e v i s t a s c o n c e r n e n t e s ao tema dariam subsí- dios para uma outra d i s s e r t a ç ã o . Em que pese não se ter esgo- tado tais f o n t e s , foi p o s s í v e l e l u c i d a r um grande n ú m e r o de dú- vidas através destas i n v e s t i g a ç õ e s . P r i n c i p a l m e n t e no que tan- ge ao processo m i g r a t ó r i o (a r e s p e i t o dos quais não se p o s s u i levantamentos no IBGE) foi de extremo interesse os dados da

* 0 s c ó d i g o s u t i l i z a d o s p a r a o p r o c e s s a m e n t o d e s t e s d a - d o s e n c o n t r a m - s e no A n e x o B, p. 132. P a r a o s v a l o r e s e x p r e s s o s em d i n h e i r o , a d o t o u - s e o e x p e d i e n t e d e d e f l a c i o n a m e n t o , c o m o no c a s o a n t e r i o r .

* * D o c o n j u n t o d e e n t r e v i s t a s r e a l i z a d a s , s e 1 e c i o n o u - s e d u a s d e n t r e a s m a i s s i g n i f i c a t i v a s , p a r a i l u s t r a r o p r o c e d i - m e n t o m e t o d o l ó g i c o aí a d o t a d o ( A n e x o s 7 e 8 ] . p. 138-1-52

Referências

Documentos relacionados

Diamante 2º OFíCIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS ‐ ALAGOINHAS/BA KAROLINE SALES MONTEIRO CABRAL BA Diamante

Foi realizado um levantamento das tarifas vigentes nas cooperativas de créditos singulares, que possuem bancos cooperativos (Cresol, Sicoob, Sicredi, Unicredi) com

20 serão exercidos por membros da Igreja civilmente capazes, eleitos a cada 2 (dois) anos pela Assembléia Geral - exceção feita ao cargo de Presidente, que será

44. Juan Carlos Gamarra fez uma apresentação ao Conselho sobre o Plano Nacional do Café do Governo do Peru, que fora lançado em outubro de 2018 e tinha como foco a produtividade, a

Aqui apresentamos um estudo mais aprofundado que tem como objetivo estudar as interações do Silício Orgânico com a epiderme, junção dermoepidérmica, derme e ativi- dade

graduação em Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem (Unicamp) em 1988, quando a autora era aluna do Programa. Por vivenciar, ora como aluna, ora como colega o

Já nos testes realizados para a estrutura beamforming envolvendo sinais de faixa larga, foi utilizado o algoritmo CLMS no domínio do tempo [8], no domínio da transformada

Diversos estudos e simulações têm sido realizados visando à implantação de sistemas de telefonia celular, com recursos de processamento cada vez mais eficientes utilizando-se redes