• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL. Mateus Marostega

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL. Mateus Marostega"

Copied!
82
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Mateus Marostega

AÇÕES ATUANTES EM MOEGAS PARA RECEBIMENTO DE GRÃOS

Santa Maria, RS, Brasil

2017

(2)

AÇÕES ATUANTES EM MOEGAS PARA RECEBIMENTO DE GRÃOS

Mateus Marostega

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria como parte dos requisitos para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Magnos Baroni

Santa Maria, RS, Brasil

2017

(3)

Mateus Marostega

AÇÕES ATUANTES EM MOEGAS PARA RECEBIMENTO DE GRÃOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria como parte dos requisitos para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Aprovado em 21 de dezembro de 2017:

______________________________________________

Magnos Baroni, Dr. (UFSM) (Presidente/Orientador)

______________________________________________

André Lübeck, Dr. (UFSM)

______________________________________________

Almir Barros da Silva Santos Neto, Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS.

2017

(4)

RESUMO

AÇÕES ATUANTES EM MOEGAS PARA RECEBIMENTO DE GRÃOS

AUTOR: Mateus Marostega ORIENTADOR: Magnos Baroni

Este trabalho visa analisar as pressões e os fluxos nas estruturas de moegas de recebimento de grãos, estrutura muito presente em regiões onde há produção de grãos, como o Rio Grande do Sul. O conteúdo sobre esta estrutura é raramente explorado na Engenharia Civil, e não é abrangido pelas normas técnicas brasileiras, o que justifica seu estudo. Primeiramente, é realizado um estudo de produtos armazenados. Os materiais existentes deste assunto possuem como foco principal as estruturas de silos, abrangendo o projeto de fluxo e as determinações de pressões para sua estrutura. Após, é realizado um estudo sobre a norma europeia BS EN 1991- 4:2006, e a partir das suas classificações, são determinadas as pressões para a estrutura de uma moega. Ainda, são feitos estudos de empuxos laterais de terra, força atuante para moegas enterradas. A partir destes estudos, são realizadas as possíveis combinações de cargas e pressões para a estrutura de uma moega.

Palavras-chave: Moega de recebimento de grãos. Silos verticais. Pressões. Ações atuantes.

Armazenamento de grãos.

(5)

ABSTRACT

ACTING ACTIONS IN GRAIN HOPPERS

AUTHOR: Mateus Marostega ADVISOR: Magnos Baroni

This work aims at analyzing the pressures and flows in grain hopper structures, a very common structure in regions where grain production occurs, such as in Rio Grande do Sul. The content on this structure is rarely explored in Civil Engineering, and is not covered by Brazilian technical standards, which justifies its study. First, a study of stored products is carried out. The existing materials of the subject have as main focus the silo structures, covering the flow design and the determinations of pressures for its structure. Afterwards, a study is carried out on the European standard BS EN 1991-4: 2006, and from its classifications the pressures for the structure of a hopper are determined. Also, studies of lateral thrust, acting force for buried hoppers, are made. From these studies, possible combinations of loads and pressures are made for the structure of a hopper.

Keywords: Grain hopper. Vertical silos. Pressures. Acting actions. Grain storage.

(6)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fluxograma básico de uma unidade armazenadora a granel...16

Figura 2 Moega em concreto armado com vigas metálicas...19

Figura 3 Moega em estrutura metálica...20

Figura 4 Desenho esquemático de um tombador empregado para descarga de caminhões...21

Figura 5 Tombador para moegas de recebimento de grãos...21

Figura 6 Moega de concreto armado sobre aterro em construção...22

Figura 7 Caminhão pronto para descarga em moega elevada...23

Figura 8 Moega enterrada em execução...23

Figura 9 Moega excêntrica em execução...24

Figura 10 Projeto estrutural de moega concêntrica elevada (planta de formas) ...25

Figura 11 Projeto estrutural de moega excêntrica enterrada (planta de formas) ...26

Figura 12 Estado de tensão em dois pontos do produto...28

Figura 13 Determinação do ângulo de repouso...30

Figura 14 Célula de cisalhamento de Jenike...31

Figura 15 Gráfico do lugar geométrico de deslizamento...32

Figura 16 Propriedades físicas dos produtos armazenados...32

Figura 17 Lugar Geométrico de deslizamento com a parede... 33

Figura 18 Tipos de fluxo em silos com descarregamento concêntrico...38

Figura 19 Tipos de fluxo em silos com descarregamentos excêntricos... 38

Figura 20 Determinação gráfica do tipo de fluxo...40

Figura 21 Determinação gráfica do tipo de fluxo...40

Figura 22 Tipos de tremonhas mais utilizadas...40

Figura 23 Obstrução de fluxo tipo tubo (a) e tipo arco (b) ...41

Figura 24 Segregação por tamanho...42

Figura 25 Determinação da função H(α) para tremonhas cônicas e em forma de cunha...44

Figura 26 Exemplo de gráfico para determinação do fator fluxo...44

Figura 27 Equilíbrio estático de uma fatia elementar, proposto por Janssen (1895)...47

Figura 28 Evolução das pressões horizontais de acordo com o estado de tensão atuante no silo...49

Figura 29 Equilíbrio de forças que agem em uma camada infinitesimal da tremonha..52

(7)

Figura 30 Dimensões (a) e excentricidades (b) do silo...55

Figura 31 Determinação do tipo de fluxo em tremonhas em forma de cunha...56

Figura 32 Determinação do tipo de fluxo em tremonhas cônicas e piramidais quadrada...57

Figura 33 Pressões atuantes no silo...58

Figura 34 Diferença entre as pressões em silos esbeltos e mediamente esbeltos/baixos...59

Figura 35 Pressões na tremonha no carregamento do silo...62

Figura 36 Pressões na tremonha no descarregamento do silo...63

Figura 37 Empuxo sobre um anteparo...64

Figura 38 Distribuição das tensões horizontais no estado ativo e passivo para solo coesivo...66

Figura 39 Forças que agem sobre a cunha de solo no caso ativo...68

Figura 40 Forças que atuam sobre a cunha de solo no estado passivo...69

Figura 41 Empuxo devido à sobrecarga distribuída uniformemente...70

Figura 42 Descarga com produto acima do corpo da moega...72

Figura 43 Moega modelo...73

Figura 44 Representação esquemática do peso próprio da moega...74

Figura 45 Representação esquemática das pressões dos grãos na moega...75

Figura 46 Representação esquemática do empuxo passivo na estrutura da moega...76

Figura 47 Representação esquemática do empuxo ativo na estrutura da moega...76

Figura 48 Combinação A...77

Figura 49 Combinação B...78

Figura 50 Combinação C...78

Figura 51 Combinação D...79

(8)

LISTA DE TABELAS

Tabela 2 Valores médios de propriedades dos produtos...35

Tabela 2 Valores de coeficiente de atrito da parede...36

Tabela 3 Comparação entre os padrões de fluxos...39

Tabela 4 Análise de fluidez...43

Tabela 5 Limites superior e inferior das propriedades físicas do produto...46

Tabela 6 Classificação de riscos para silos...54

Tabela 7 Valores inferior e superior das propriedades físicas...56

Tabela 8 Classificação de esbeltez...56

Tabela 9 Classificação do fundo do silo...60

Tabela 10 Valores do coeficiente Cb...61

Tabela 11 Valor do coeficiente de atrito efetivo na tremonha...61

(9)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(10)

LISTA DE SÍMBOLOS 𝜙

𝑖

Ângulo de atrito interno

𝜙

𝑟

Ângulo de repouso do produto 𝜙

𝑒

Efeito ângulo de atrito interno 𝜙

𝑤

Ângulo de atrito com a parede δ Ângulo de atrito entre o solo-muro 𝛼 Ângulo de inclinação do muro

ρ Ângulo da superfície de ruptura com a horizontal 𝛾 Peso específico do produto armazenado

𝛾

𝑢

Valor superior para o peso específico 𝛾

𝑙

Valor inferior para o peso específico 𝛾

𝑎

Peso específico aerado

𝛾

𝑐

Peso específico compacto

µ

𝑤

Coeficiente de atrito com a parede

µ

𝑒𝑓𝑓

Coeficiente de atrito efetivo para a parede τ Tensão de cisalhamento

σ Tensão normal

𝜎

1

Tensão de consolidação 𝜎

𝑖𝑐

Tensão inconfinada A Área da seção transversal 𝑏 Dimensão da boca de descarga 𝐶

𝑐

Compressibilidade

𝐶

𝑜𝑝

Coeficiente de sobrepressão 𝐶

𝑏

Coeficiente ampliador 𝑑

𝑐

Diâmetro do silo

𝐸

𝑎

Empuxo ativo

𝐸

𝑝

Empuxo passivo

𝑒

𝑐

Excentricidade do centro do canal de fluxo 𝑒

𝑓

Excentricidade de enchimento

𝑒

𝑜

Excentricidade do centro da boca de saída h Altura do silo

Altura do cone da tremonha, do seu eixo até a transição

(11)

𝑐

Altura da corpo do silo, da transição até superfície equivalente i Inlcinação do terreno

K Relação pressão horizontal e pressão vertical 𝐾

𝑎

Coeficiente de empuxo ativo

𝐾

𝑝

Coeficiente de empuxo passivo 𝐾

𝑢

Valor superior para o coeficiente K 𝐾

𝑙

Valor inferior para o coeficiente K

𝑝

Pressão horizontal normal à parede do corpo do silo 𝑝

ℎ𝑒

Pressão horizontal dinâmica

𝑝

ℎ𝑓

Pressão horizontal estática

𝑝

𝑛

Pressão normal à parede da tremonha

𝑝

𝑛𝑒

Pressão normal dinâmica a parede da tremonha 𝑝

𝑛𝑓

Pressão normal estática a parede da tremonha 𝑝

𝑡

Pressão tangencial de atrito na parede da tremonha

𝑝

𝑡𝑒

Pressão tangencial dinâmica de atrito na parede da tremonha 𝑝

𝑡𝑓

Pressão tangencial estática de atrito na parede da tremonha 𝑝

𝑣

Pressão vertical média

𝑝

𝑣𝑓

Pressão vertical de carregamento 𝑝

𝑣𝑓𝑡

Pressão vertical na transição 𝑝

𝑤

Pressão de atrito na parede vertical 𝑝

𝑤𝑒

Pressão de atrito dinâmica na parede 𝑝

𝑤𝑓

Pressão de atrito estática nas parede

𝑅 Raio do silo

U Perímetro da seção

z Profundidade

(12)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 15

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS... 15

1.2 JUSTIFICATIVA... 16

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ... 17

1.4. METODOLOGIA DE PESQUISA ... 17

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ... 18

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 19

2.1 MOEGAS DE RECEBIMENTO DE GRÃOS ... 19

2.2 TIPOS DE MOEGAS ... 20

2.2.1 Rodoviárias ou Ferroviárias ... 20

2.2.2 Moegas sobre Aterro ou Enterradas ... 22

2.2.3 Excêntrica ou Concêntrica ... 24

2.3 SEMELHANÇAS ENTRE MOEGAS E SILOS VERTICAIS ... 26

3. PRESSÕES E FLUXO DE GRÃOS ... 28

3.1 PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO ... 28

3.2 FATORES INFLUENTES NAS PROPRIEDADES FÍSICAS ... 29

3.2.1 Peso específico ... 29

3.2.2 Compactação ... 29

3.2.3 Compressibilidade ... 29

3.2.4 Tamanho das partículas ... 29

3.2.5 Ângulo de repouso ... 30

3.3 DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS ... 30

3.3.1 Coeficiente K ... 34

3.3.2 Recomendações ... 34

3.4 FLUXO ... 36

3.4.1 Tipos de Fluxo ... 37

3.4.1.1 Fluxo de funil ... 37

3.4.1.2 Fluxo de massa... 37

3.4.2 Problemas de fluxo ... 41

3.4.3.Função Fluxo (FF) ... 42

(13)

3.4.4 Fator Fluxo de Tremonha (ff) ... 43

3.7 TEORIA CLÁSSICAS DE PRESSÕES ... 45

3.7.1 Considerações ... 45

3.7.2 Teoria de Janssen (1895) ... 46

3.7.2 Teoria de Jenike et al (1973) ... 48

3.7.3 Teoria de Walker (1966)... 51

4. ANÁLISE DE RECOMENDAÇÕES DE NORMAS INTERNACIONAIS PARA SILOS E SUAS APLICAÇÕES PARA ESTRUTURAS DE MOEGAS ... 54

4.1 EUROCODE BS EN 1991-4:2006 ... 54

4.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SILOS ... 54

4.3 PROPRIEDADES FÍSICAS ... 55

4.4 CLASSIFICAÇÃO DE ESBELTEZ ... 56

4.5 TIPO DE FLUXO ... 56

4.6 PRESSÕES ... 57

4.6.1 Pressões de carregamento para silos mediamente esbeltos e baixos ... 58

4.6.2 Pressões de descarregamento para silos baixos ... 60

4.6.3 Pressões no fundo do silo ... 60

5. EMPUXO DE TERRA ... 64

5.1 CONCEITOS BÁSICOS ... 64

5.2 TEORIAS CLÁSSICAS DE EMPUXO ... 65

5.2.1 Teoria de Rankine ... 65

5.2.2 Teoria de Coulomb ... 67

6. ANÁLISE DAS AÇÕES ATUANTES NAS MOEGAS ... 72

6.1 CARREGAMENTOS ATUANTES ... 73

6.1.1 Peso Próprio ... 73

6.1.2 Pressão de grãos ... 74

6.1.3 Empuxo passivo ... 75

6.1.4 Empuxo ativo ... 76

6.2 COMBINAÇÕES DE AÇÕES ... 77

6.2.1 Combinação A ... 77

6.2.2 Combinação B ... 77

6.2.3 Combinação C ... 78

(14)

6.2.4 Combinação D ... 79

7. CONCLUSÕES ... 80

REFERÊNCIAS ... 81

(15)

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A produção de grãos como trigo, soja, arroz, milho, entre outros, representa um dos principais segmentos do setor agrícola em todo o mundo. No Brasil não é diferente, ano após ano a produção de grãos tem crescido significativamente. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a safra nacional para 2016/2017 deve alcançar um novo recorde, estima-se que 238,8 milhões de toneladas de grãos sejam colhidos no país, representando um aumento de cerca de 28% em relação à safra anterior (186,4 milhões de toneladas). Entre os grãos destacam-se: a soja, com estimativa de produção para esta safra de 114 milhões de toneladas, e o milho com estimativa de 97 milhões de toneladas.

A necessidade de manter a qualidade dos grãos colhidos faz com que sejam construídas industrias de beneficiamento e armazenagem de grãos. Sendo a capacidade de armazenagem agrícola no Brasil estimada em 168 milhões de toneladas no segundo semestre de 2016 (IBGE, 2017). Com o crescimento da produção de grãos e o déficit de capacidade armazenadora, é notável a necessidade de ampliação da rede de armazenamento. Além de suprir a necessidade, Freitas (2001) e Calil Jr. e Cheung (2007) citam diversas outras vantagens que uma unidade armazenadora pode apresentar:

 A estocagem tem fundamental papel econômico, uma vez que permite o controle do escoamento de safra e abastecimento, reduzindo a necessidade de importação e de especulações de mercado;

 Mantém o produto melhor conservado, longe de ataques de insetos e ratos;

 Economia de transporte, pois durante períodos de safras os preços de fretes tendem a aumentar;

 Diminuição do preço do transporte, pela eliminação de impurezas e excessos de água pela secagem;

 Armazenamento de grandes quantidades em espaços reduzidos;

Apesar da produção de grãos ser fundamental para nosso país, gerando renda, emprego

e alimento, ainda não existe uma norma brasileira para regulamentar projetos e construções

dessas estruturas de armazenagem. Esta falta de conhecimento, normas e estudos referentes a

estas estruturas, acabam gerando problemas e riscos, podendo causar danos ao produto e para

a estrutura, ou até mesmo levar ao colapso da mesma.

(16)

Por fim, a unidade armazenadora de grãos é composta por um conjunto de estruturas com características específicas em razão de sua função. Os grãos são descarregados em moegas de recebimento e percorrem toda a indústria, passando por processos como pré-limpeza, secagem, estoque temporário, chegando até a armazenagem final em silos. Neste trabalho o estudo será focado na primeira etapa deste processo, ou seja, na estrutura de uma moega. A Figura 1 apresenta o fluxograma básico de uma unidade amazenadora a granel.

Figura 1 - Fluxograma básico de uma unidade armazenadora a granel

Fonte: (SILVA, 2010)

As moegas são elementos estruturas de coleta dos grãos, onde os caminhões vindos da lavoura descarregam o grão colocando-o no fluxo da indústria. Normalmente as moegas são elementos tronco piramidais enterrados para facilitar a descarga.

Apesar da grande importância que estas industrias tem na economia nacional, as estruturas e obras civis envolvidas são pouco discutidas nos currículos dos cursos de engenharia civil e nas bibliografias técnicas. Como já citado, não há norma nacional que apresente as pressões de grãos que devem ser consideradas e as hipóteses comuns de carregamento.

1.2 JUSTIFICATIVA

A bibliografia técnica nacional referente ao dimensionamento de estruturas de moegas

de recebimento de grãos é deficitária. Soma-se a essa lacuna o fato do Estado do Rio Grande

do Sul estar entre os maiores produtores de grãos do Brasil, segundo a CONAB (2017),

juntamente com Mato Grosso, Paraná e Goiás, representam 67% da safra nacional. Porém, sua

capacidade armazenadora não satisfaz a demanda.

(17)

Assim, o projeto e execução de moegas tem sido realizado sem uma norma técnica nacional, e não são de amplo conhecimento público as publicações de estudos sobre essas estruturas. Além disso, falta conhecimento sobre técnicas construtivas disponíveis, requisitos mínimos necessários, tipologias estruturais de moegas, tipos de solos e equipamentos de transportes e operações. Toda essa ausência de estudos e trabalhos científicos demonstra que o tema carece de estudos mais aprofundados e justifica este estudo.

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

Este trabalho visa contribuir com estudos de determinação de fluxos, pressões e empuxos que exercem forças sobre uma moega de recebimento de grãos, permitindo encontrar as principais ações sobre essas estruturas.

Os objetivos específicos do trabalho são:

a) Determinar fluxos, pressões e comportamento dos grãos em estruturas de armazenamento.

b) Determinar empuxo de terra.

c) Analisar as ações atuantes sobre a estrutura da moega de recebimento de grão.

1.4. METODOLOGIA DE PESQUISA

O método de pesquisa realizado neste trabalho é de revisão bibliográfica. Os estudos

são realizados buscando determinar as ações atuantes nas estruturas de moegas de recebimento

de grãos. Devido à ausência de bibliografia tratando sobre este assunto em específico, neste

trabalho, será primeiro realizada um estudo de pressões em produtos armazenados, com base

principalmente em bibliografias que descrevem estruturas de silos de armazenamento, devido

a similaridade dos produtos estocados, os conceitos de dimensionamento de silos podem ser

estendidos para a estrutura de moega estudada. Ademais, como a grande parcela das estruturas

de moegas ficam enterradas, sobre elas ainda atuam esforços de empuxo, assim, também serão

revisadas as principais teorias de empuxo. Dessa forma, é possível relacionar todos os estudos

realizados para apresentar as ações atuantes em uma estrutura modelo de uma moega.

(18)

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho de conclusão de curso é composto por uma estrutura de sete capítulos. No primeiro capítulo é realizada uma introdução ao tema abordado, são esclarecidos de forma geral a importância e como é realizada a estocagem de um produto em uma indústria de armazenamento. Somados a isto, ainda são apresentadas as justificativas, os objetivos específicos do trabalho e a metodologia da pesquisa.

No segundo capítulo, a estrutura de uma moega é o enfoque principal, abordando definições, seus tipos e classificações, dessa forma, trazendo um conhecimento amplo da estrutura que é tema principal deste estudo.

O terceiro capítulo refere-se a um estudo geral das estruturas de silos e do produto armazenado, devido a sua semelhança com a estrutura de moega. Neste capítulo o comportamento dos grãos é analisado, juntamente com as classificações de fluxos e as principais teorias de pressões em silos.

O quarto capítulo é destinado a uma análise a norma internacional BS EN 1991-4:2006 – “Eurocode 1: Actions on structures. Part 4: Silos and tanks”, ainda neste capítulo a estrutura da moega é classificada conforme recomenda a norma e a partir das classificações são apresentadas as equações recomendadas para determinações das pressões.

O quinto capítulo trata sobre os empuxos de terra, pressões laterais que atuam em estruturas de moegas enterradas, abordando os possíveis casos de empuxo e suas determinações.

No sexto capítulo são mostradas as forças atuantes e são realizadas combinações de cargas que podem ocorrerem durante a vida útil da estrutura de uma moega.

Por fim, o sétimo capítulo é destinado para a conclusão do trabalho, no qual foram

verificados o alcance dos objetivos e demais constatações referentes ao aprendizado do

trabalhos.

(19)

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A grande lacuna de bibliografias técnicas faz com que não sejam de conhecimento público trabalhos nacionais que apresentem um enfoque das obras civis em industrias de armazenagem de grãos e menos ainda a respeito das moegas de recebimento de grãos. As bibliografias internacionais consultadas, em sua maioria, não são aplicadas à realidade brasileira, assim, as classificações a seguir foram baseadas em Lübeck (2017).

2.1 MOEGAS DE RECEBIMENTO DE GRÃOS

Moegas são estruturas com formato tronco-piramidal, em concreto armado ou estrutura metálica, destinadas ao recebimento de grãos, como soja, milho, trigo e outros, ou ainda a forragem, diversas plantas ou partes delas, sejam elas verdes ou secas, que tem como principal serventia o alimento de animais como o gado. Nas Figuras 2 e 3 são encontradas, respectivamente, exemplos de moegas em concreto armado e metálica.

Assim, os grãos que são trazidos por caminhões ou trens, são despejados na moega, e destinados a algum transportador que colocam os grãos no fluxo da indústria.

Figura 2 - Moega em concreto armado com vigas metálicas

Fonte: (http://arquitetotecnico.blogspot.com.br)

(20)

Figura 3 - Moega em estrutura metálica

Fonte: (http://santamariamaquinas.com.br/produtos/moegas-recepcao/)

2.2 TIPOS DE MOEGAS

2.2.1 Rodoviárias ou Ferroviárias

As moegas rodoviárias são aquelas abastecidas por caminhões, sejam eles comuns ou

basculantes. Enquanto as ferroviárias são moegas abastecidas por trens. As moegas rodoviárias

ainda podem ser adaptadas para receber um tombador hidráulico, estrutura que eleva o

caminhão, despejando o produto de maneira mais rápida, conforme ilustra as Figuras 4 e 5.

(21)

Figura 4 - Desenho esquemático de um tombador empregado para descarga de caminhões

Fonte: (SILVA, 2010)

Figura 5 - Tombador para moegas de recebimento de grãos

Fonte: (LÜBECK, 2017)

(22)

2.2.2 Moegas sobre Aterro ou Enterradas

Como as moegas são elementos de formato tronco-piramidal, compostas normalmente por lajes inclinadas, essas estruturas costumam ser construídas enterradas ou sobre aterro (elevadas), tendo o solo como elemento de suporte para os elementos inclinados. Cada uma das tipologias tem vantagens e desvantagens, enquanto as enterradas normalmente demandam menor quantidade de elementos de sustentação e resultam em uma estrutura mais “leve”, acabam tendo influência do lençol freático. Por outro lado, as estruturas elevadas são mais

“pesadas” mas não demandam drenagem ou desmonte de rocha para a escavação. No sul do Brasil, na maioria das vezes, são construídas enterradas para facilitar a descarga e não necessitar construir grandes estruturas. Quando o solo encontrado é de difícil escavação, como em solos rochosos, uma boa solução é elevar a construção com aterro. As Figuras 6 e 7 são exemplo de moegas construídas sobre aterro, enquanto a Figura 8 demonstra uma estrutura enterrada em execução.

Figura 6 - Moega de concreto armado sobre aterro em construção

Fonte: (LÜBECK, 2017)

(23)

Figura 7 - Caminhão pronto para descarga em moega elevada

Fonte: (LÜBECK, 2017)

Figura 8 - Moega enterrada em execução

Fonte: (LÜBECK, 2017)

(24)

2.2.3 Excêntrica ou Concêntrica

Quando há o despejo dos grãos na moega, o conjunto dos grãos formam um carregamento na estrutura. Quando o centro de gravidade desta carga coincide com o centro da boca da tremonha, dizemos que a tremonha é concêntrica. Já quando o centro desta carga não coincide com o centro da tremonha, sendo assim, ele se afasta do centro da boca da tremonha, dizemos que a moega é excêntrica. Na Figura 9 é possível encontrar um exemplo de moega excêntrica em execução. Ainda, nas Figuras 10 e 11, os projetos para estrutura de moega concêntrica e excêntrica são mostrados de forma detalhada.

Figura 9 - Moega excêntrica em execução

Fonte: (LÜBECK, 2017)

(25)

Figura 10 - Projeto estrutural de moega concêntrica elevada (planta de formas)

Fonte: (LÜBECK, 2017)

(26)

Figura 11 - Projeto estrutural de moega excêntrica enterrada (planta de formas)

Fonte: (LÜBECK, 2017)

(27)

2.3 SEMELHANÇAS ENTRE MOEGAS E SILOS VERTICAIS

Consultando a bibliografia técnica e as normas internacionais, percebe-se que a teoria

de pressão dos grãos foi desenvolvida em sua maioria pensando no dimensionamento de silos,

cilíndricos ou prismáticos. Sendo as pressões determinadas nas paredes verticais ou fundo do

silo. Elementos inclinados ou sob ação de grãos em movimento são avaliados apenas nas

estruturas de descarga de silos de fundo inclinado, como silos de fundo cônico elevado ou tulhas

de fundo tronco-piramidal. Esses elementos são chamados de cone, funil ou tremonha, a

depender da região do país. Na tremonha há o afunilamento dos grãos e a tendência a existir

movimento relativo entre os grãos. As moegas ainda podem ter a estrutura do corpo, com alturas

muito reduzidas, quando comparada com a dos silos. Assim, quando forem discutidas as

pressões dos grãos, é importante destacar que aquelas pressões foram adaptadas a partir das

teorias de silos.

(28)

3. PRESSÕES E FLUXO DE GRÃOS

3.1 PROPRIEDADES FÍSICAS DO PRODUTO ARMAZENADO

Para o entendimento de pressões e fluxos que ocorrem em estruturas de silos, se faz necessário compreender as propriedades físicas dos produtos que serão destinados a esta estrutura. As características destes produtos estão ligadas diretamente ao tipo de fluxo e pressões que irão se desenvolver, influenciados também pela geometria e rugosidade das paredes da estrutura.

As propriedades físicas dos produtos armazenados mais importantes são: Peso específico (𝛾), granulometria, ângulo de repouso do produto (𝜙

𝑟

), ângulo estático de atrito interno (𝜙

𝑖

), efetivo ângulo de atrito interno (𝜙

𝑒

), ângulo cinemático (dinâmico) de atrito (𝜙

𝑤

) entre o produto armazenado e a parede, função fluxo instantânea (FF) e fator fluxo da tremonha (ff).

O comportamento do produto armazenado pode ser considerado uma combinação de um liquido e um sólido. Segundo Jenike (1964), o produto armazenado se difere dos fluidos por transferir tensões de atrito entre os grãos e nas paredes e por adquirir resistência após a aplicação de uma pressão sobre ele, podendo formar taludes estáveis quando armazenados em repouso sobre uma superfície horizontal. Ainda, se difere dos sólidos pois não é capaz de suportar tensões elevadas sem a presença de contenções. Assim, há diferenças significativas quando comparadas as pressões de um produto armazenado e um fluido, conforme mostrado na Figura 12.

Figura 12 - Estado de tensão em dois pontos do produto

Fonte: (CALIL JR. E CHEUNG, 2007)

(29)

3.2 FATORES INFLUENTES NAS PROPRIEDADES FÍSICAS 3.2.1 Peso específico

Definido como peso por unidade de volume, é afetado pela grau de compactação do produto. De acordo com Calil (1990) existem três tipos de peso específico para o produto: solto (𝛾), compacto (𝛾

𝑐

) e aerado (𝛾

𝑎

). Para determinar o peso específico solto, pesa-se a célula de cisalhamento com o produto seco, após o ensaio de cisalhamento, subtrai-se o peso próprio da célula, o resultado é dividido pelo volume da célula e multiplicado pela aceleração da gravidade (g=9,81m/s²). O valor de 𝛾

𝑎

pode ser tomado como 0,75 𝛾, enquanto o valor de 𝛾

𝑐

como 1,25 𝛾.

O peso específico aerado 𝛾

𝑎

é utilizado para determinação da capacidade do silo e da tremonha, enquanto o peso específico compactado 𝛾

𝑐

é utilizado para determinação da taxa de carregamento.

3.2.2 Compactação

É um processo artificial, no qual através de impacto, rolagem, vibração ou pressão vertical, o produto tem sua densidade aumentada. Influencia diretamente nas pressões e fluxos.

3.2.3 Compressibilidade

Mudança de volume sólido causada por alterações nas tensões atuantes. Pode ser definida pela seguinte Equação:

𝐶

𝐶

= 𝛾

𝑐

− 𝛾

𝑎

𝛾

𝑐

= 1 − 𝛾

𝑎

𝛾

𝑐

Onde:

Cc = Compressibilidade 𝛾

𝑎

= Peso específico aerado 𝛾

𝑐

= Peso específico compacto

(1)

3.2.4 Tamanho das partículas

Pode ser determinada em ensaios granulométricos. Materiais granulares são geralmente

não-coesivos e de fluxo livre, enquanto os pulverulentos apresentam maior dificuldade de fluir

devido à coesão.

(30)

3.2.5 Ângulo de repouso

Quando um produto é deixado cair em queda livre até uma superfície horizontal, ele formará um volume com a superfície. O ângulo formado entre a superfície do produto e a horizontal é chamado de ângulo de repouso. Como a rugosidade da superfície e a altura da queda influenciam diretamente no valor do ângulo de repouso, foram determinados procedimentos padrões pela literatura. Assim, é recomendado que a superfície seja bem rugosa e a altura de queda livre deve estar entre 𝜙

𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎

< h < 10cm, como mostra a Figura 13.

Figura 13 - Determinação do ângulo de repouso

Fonte: (CALIL Jr. E CHEUNG, 2007)

3.3 DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS

A determinação e o entendimento das propriedades do produto armazenado são primordiais para os projetos de silos. Diversos autores buscam encontrar formas adequadas para determinar as propriedades físicas do produto em fases de operação, isto é, carregamento, armazenamento e descarga. Em busca de resultados adequados, Jenike (1964), fez a utilização de equipamentos de teste da mecânica dos solos, porém os resultados foram considerados insatisfatórios, uma vez que o nível de tensões em silos é menor do que o do solo. Com isso, Jenike desenvolveu um aparelho de ensaio. O aparelho, denominado “Jenike Shear Cell”, demonstrado na Figura 14, baseia-se no ensaio de cisalhamento direto dos solos, mas conta com a adição de alguns procedimentos de consolidação da amostra como a torção, para representar o comportamento do produto dentro da estrutura de armazenamento.

O aparelho de Jenike se tornou popular mundialmente, utilizado por diversos

pesquisadores e normas internacionais. De acordo com Schwedes (1981), a principal razão para

isto é a versatilidade do aparelho, uma vez que ele permite determinar a função fluxo, ângulos

de atrito interno, com a parede e o efeito do tempo de consolidação.

(31)

Figura 14 – Célula de cisalhamento de Jenike

Fonte: (NASCIMENTO, 2008)

O equipamento de Jenike é composto por uma célula de cisalhamento cilíndrica, colocada sobre a base da máquina; um pendural com pesos, o qual aplica uma carga vertical;

um suporte de carga, acionado eletro-mecanicamente, o qual promove a ação do cisalhamento, movendo-se horizontalmente com velocidade de 3mm/s; uma célula de carga para medir a força de cisalhamento e um registrador desta força.

O teste de cisalhamento pode ser resumido em duas fases. Na primeira fase, a tensão de cisalhamento e a densidade do produto aumentam com o tempo até se tornarem constantes, atingindo assim o chamado fluxo estável. Diz-se que no processo de pré-cisalhamento (primeira fase), o produto é colocado num estado de consolidação definido. Posteriormente, ocorre a segunda fase, quando com uma redução da tensão normal, a amostra é cisalhada. O ponto de deslizamento do produto armazenado é determinado pela envoltória da resistência, que é a relação entre tensão de cisalhamento (τ) e tensão normal (σ), representado pela curva que tangencia os círculos de Mohr, este ponto de deslizamento é chamado de “yield locus” ou ponto de escoamento.

Conforme ilustra a Figura 15, os parâmetros que descrevem as propriedades de fluxo

podem ser determinados através do lugar geométrico de deslizamento. A tensão de

consolidação (𝜎

1

) é igual a tensão principal maior do círculo de Mohr. Este círculo mostra a

tensão no final do procedimento de consolidação. A tensão inconfinada (𝜎

𝑖𝑐

) resulta do círculo

de tensões que é tangente ao lugar geométrico de deslizamento e que passa através da origem.

(32)

Figura 15 – Gráfico do lugar geométrico de deslizamento

Fonte: (PALMA, 2005)

Conforme apresentado na Figura 16, o ângulo formado pela linha reta do lugar geométrico de deslizamento e com o eixo σ é denominado ângulo de atrito interno (𝜙

𝑖

) . Enquanto a linha tangente ao maior círculo de Mohr que passa pela origem, é denominada de efetivo lugar geométrico de deslizamento, e o ângulo que forma com o eixo σ é denominada efetivo ângulo de atrito interno (𝜙

𝑒

).

Figura 16 – Propriedades físicas dos produtos armazenados

Fonte: (NASCIMENTO, 2008)

Para a determinação do atrito entre o produto armazenado e a parede, com a utilização

do aparelho de Jenike, é feita a substituição da célula de cisalhamento por uma amostra do

material de parede que deseja ser avaliado. A tensão de cisalhamento (𝜏

𝑤

) necessária para

mover a célula de cisalhamento com o produto armazenado através do material da parede são

medidos sob diferentes tensões normais (𝜎

𝑤

).

(33)

Quando plotados os pares de valores medidos (𝜎

𝑤

; 𝜏

𝑤

), num diagrama 𝜏

𝑤

versus 𝜎

𝑤

, o resultado da união dos pontos medidos fornece o lugar geométrico de deslizamento com a parede, conforme ilustra a Figura 17. O ângulo formado pela linha do lugar geométrico de deslizamento com a parede com o eixo σ é denominado ângulo de atrito com a parede (𝜙

𝑤

).

Este ângulo pode ser determinado pela equação 2.

𝜙

𝑤

= 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 𝜏

𝑤

𝜎

𝑤

(2)

Onde:

ϕ

w

= Ângulo de atrito com a parede τ

w

= Tensão de cisalhamento σ

w

= Tensão normal

O coeficiente de atrito, pode ser determinado pela seguinte expressão:

µ

𝑤

= 𝑡𝑔 𝜙

𝑤

(3)

Onde:

µ

𝑤

= Coeficiente de atrito de atrito com a parede

Figura 17 – Lugar Geométrico de deslizamento com a parede

Fonte: (PALMA, 2005)

(34)

Assim, é possível fazer ensaios de diversos tipos de materiais para a parede, como concreto, aço, PVC, entre outros, determinando as propriedades necessárias.

3.3.1 Coeficiente K

A relação entre as pressões verticais e horizontais é expressa pela constante denominada K. Apesar de seu valor ter significativa influência nas pressões em silos, os valores de K não são consenso. Diversas pesquisas e normas internacionais sugerem diferentes valores e recomendações para determinar este valor. Na maior parte dos casos, os fatores determinantes para o cálculo do coeficiente K são apenas o ângulo de atrito interno do produto e ângulo de atrito com a parede. Porém, segundo Kaminski e Wirska (1998), o parâmetro K está relacionado a diversos outros fatores, como as propriedades físico-químicas do produto, forma e dimensões do silo, tipo de fluxo do produto, efeitos do tempo, temperatura, umidade e interação entre a estrutura e o produto granular.

A norma Eurocode BS:EN 1991-4:2006 estabelece os valores médios K tabelados para 24 produtos, variando de 0,36 até 0,63, conforme a Tabela 1. Para valores que não constam na Tabela 1, o valor de K pode ser determinado experimentalmente, por uma metodologia definida pela norma. Ou ainda pode ser determinado de forma indireta, ao partir do ângulo de atrito interno efetivo (𝜙

𝑒

) do produto, pela seguinte expressão:

𝐾 = 1,1 (1 − 𝑠𝑒𝑛 𝜙

𝑒

)

(4)

Onde:

K = Relação entre as pressões horizontais e verticais 𝜙

𝑒

=Ângulo de atrito interno efetivo

3.3.2 Recomendações

Sempre que possível é recomendado realizar ensaios para a determinação de todas as propriedades físicas do produto que será utilizado para que se encontre valores mais próximos da realidade em cada caso. Ainda, é possível consultar normas técnicas para valores de propriedades físicas de produtos e coeficientes de atrito da parede com o produto.

Avaliando a Tabela 1 percebe-se que os as propriedades médias para grãos como milho,

soja e trigo são apresentados, mas um grão muito comum no Brasil que é o arroz, não.

(35)

A norma europeia BS EN 1991-4:2006 define quatro tipos de parede de acordo com a sua rugosidade: polido, liso, rugoso, e corrugado. Para a parede corrugada é feito um cálculo específico levando em conta chapas corrugadas senoidais e trapezoidais que dependem dos valores de ângulo de atrito interno(𝜙

𝑖

), coeficiente da parede lisa (µ

𝑤

) e um fator (𝒂

µ

). Os demais possuem valores tabelados, apresentados na Tabela 2.

Tabela 1 - Valores médios de propriedades dos produtos.

Produtos Armazenados

Peso específico

Ângulo de repouso

Ângulo de atrito interno

Relações pressões laterais

𝐂

𝒐𝒑

𝜸

𝒍

(KN/m³)

𝜸

𝒖

(KN/m³)

𝜙

𝒓

(º)

𝜙

𝒊𝒎

(º) 𝒂

𝜙

𝑲

𝒎

𝒂𝒌

Açúcar 8,0 9,5 38 32 1,19 0,50 1,20 0,4

Agregado 17,0 18,0 36 31 1,16 0,52 1,15 0,4

Alumina 10,0 12,0 36 30 1,22 0,54 1,20 0,5

Areia 14,0 16,0 39 36 1,09 0,45 1,11 0,4

Batata 6,0 8,0 34 30 1,12 0,54 1,11 0,5

Beterraba 6,5 7,0 36 31 1,16 0,52 1,15 0,5

Cal hidratado 6,0 8,0 34 27 1,26 0,58 1,20 0,6

Calcário em pó 11,0 13,0 36 30 1,22 0,54 1,20 0,6

Carvão 7,0 10,0 36 31 1,16 0,52 1,15 0,6

Carvão betuminoso 6,5 8,0 36 31 1,16 0,52 1,15 0,6

Carvão em pó 6,0 8,0 34 27 1,26 0,58 1,20 0,5

Cevada 7,0 8,0 31 28 1,14 0,59 1,11 0,5

Cimento 13,0 16,0 36 30 1,22 0,54 1,20 0,5

Cinzas 8,0 15,0 41 35 1,16 0,46 1,20 0,5

Clínquer 15,0 18,0 47 40 1,20 0,38 1,31 0,7

Escória de clínquer 10,5 12,0 39 36 1,09 0,45 1,11 0,6

Farinha 6,5 7,0 45 42 1,06 0,36 1,11 0,6

Fosfato 16,0 22,0 34 29 1,18 0,56 1,15 0,5

Milho 7,0 8,0 35 31 1,14 0,53 1,14 0,9

Minério de ferro 19,0 22,0 36 31 1,16 0,52 1,15 0,5

Mix ração animal 5,0 6,0 39 36 1,09 0,45 1,10 1,0

Pellets ração animal 6,5 8,0 37 35 1,06 0,47 1,07 0,7

Soja 7,0 8,0 29 25 1,16 0,63 1,11 0,5

Trigo 7,5 9,0 34 30 1,12 0,54 1,11 0,5

Fonte: (BS:EN 1991-4:2006)

(36)

Tabela 2 - Valores de coeficiente de atrito da parede

Fonte: (BS:EN 1991-4:2006)

3.4 FLUXO

As descargas do produto armazenado ocorrem por gravidade. Essa descarga gera pressão nas paredes e a intensidade dessa pressão depende diretamente do fluxo do produto.

Portanto, é de extrema importância determinar este fluxo, que depende principalmente das propriedades físicas do produto, da geometria e rugosidade da superfície da tremonha.

Conforme afirma Calil Jr. (1990) o tipo do fluxo caracteriza o descarregamento do produto, o tipo de segregação e a formação ou não de zonas de produto sem movimento, também conhecidas como zonas estagnadas ou estacionárias.

Produtos Armazenados

Coeficiente de atrito da parede µ = 𝒕𝒂𝒏 𝝓

𝒘

Parede

Polida Parede Lisa Parede

Rugosa 𝒂

µ

Açúcar 0,46 0,51 0,56 1,07

Agregado 0,39 0,49 0,59 1,12

Alumina 0,41 0,46 0,51 1,07

Areia 0,38 0,48 0,57 1,16

Batata 0,33 0,38 0,48 1,16

Beterraba 0,35 0,44 0,54 1,12

Cal hidratado 0,36 0,41 0,51 1,07

Calcário em pó 0,41 0,51 0,56 1,07

Carvão 0,44 0,49 0,59 1,12

Carvão betuminoso 0,49 0,54 0,59 1,12

Carvão em pó 0,41 0,51 0,56 1,07

Cevada 0,24 0,33 0,48 1,16

Cimento 0,41 0,46 0,51 1,07

Cinzas 0,51 0,62 0,72 1,07

Clínquer 0,46 0,56 0,62 1,07

Escória de clínquer 0,48 0,57 0,67 1,16

Farinha 0,24 0,33 0,48 1,16

Fosfato 0,39 0,49 0,54 1,12

Milho 0,22 0,36 0,53 1,24

Minério de ferro 0,49 0,54 0,59 1,12

Mix ração animal 0,22 0,30 0,43 1,28

Pellets ração animal 0,23 0,28 0,37 1,20

Soja 0,24 0,38 0,48 1,16

Trigo 0,24 0,38 0,57 1,16

(37)

3.4.1 Tipos de Fluxo

Segundo Jenike (1964), existem dois tipos principais de fluxo, que são definidos por fluxo de funil e fluxo de massa. Há ainda a possibilidade de ocorrer os dois tipos de fluxos simultaneamente, denominado então de fluxo misto.

3.4.1.1 Fluxo de funil

O fluxo de funil é caracterizado por apresentar apenas parte do produto em movimento através de um canal vertical, ou canal de fluxo, formado no interior da estrutura e alinhado com a boca de descarga. A outra parcela do produto permanece estática, criando uma zona estagnada ou parada, o que reduz a capacidade de armazenamento, pois a parcela estática só poderá ser removida quando há um completo esvaziamento do silo. Por outro lado, esta zona estagnada não permite o contato direto do produto com a parede, reduzindo assim o desgaste nas paredes.

O fluxo de funil geralmente ocorre quando as paredes da tremonha são rugosas e seu ângulo de inclinação com a vertical é elevado. Este tipo de fluxo ainda permite menores alturas e menores tremonhas.

3.4.1.2 Fluxo de massa

O fluxo de massa caracteriza-se por apresentar todo o produto em movimento, tanto no corpo como na tremonha, apresentando um fluxo mais estável e regular. Porém, gera maior desgaste nas paredes e apresenta maiores pressões na transição da tremonha. Este tipo de fluxo ocorre quando as paredes da tremonha são suficientemente inclinadas e lisas e não existem transições abruptas.

As Figuras 18 e 19 ilustram os tipos de fluxo para silos concêntricos e excêntricos:

(38)

Figura 18 - Tipos de fluxo em silos com descarregamento concêntrico.

Fonte: (BS EN 1991-4:2006)

Figura 19 - Tipos de fluxo em silos com descarregamentos excêntricos

Fonte: (BS EN 1991-4:2006)

Para Palma (2005) o fluxo de massa é ideal, apresentando diversas vantagens quando

comparado com o fluxo de funil, e por isso deve ser obtido sempre que possível. Roberts (1987),

ainda cita que o fluxo de massa é mais facilmente reproduzido e determinado, enquanto o fluxo

de funil apresenta dificuldades para se investigar. Calil Jr. e Cheung (2007) listam as vantagens

e desvantagens para cada tipo de fluxo, apresentados na Tabela 3:

(39)

Tabela 3 - Comparação entre os padrões de fluxos

VANTAGENS DESVANTAGENS

FLUXO DE MASSA

 Vazão regular

 Efeitos de segregação radial é reduzido, com a melhora da homogeneidade

 Campo de tensões mais previsível

 Toda capacidade é utilizada

 Maior capacidade de armazenamento, pois não possui regiões com produto estagnado

 Altas tensões na transição da tremonha

 Desgaste superficial das paredes

 São necessárias tremonhas mais profundas

 Maior energia de elevação

 As partículas devem resistir a queda livre de alturas maiores

FLUXO DE FUNIL

 Menor altura da tremonha

 Diminuição das pressões dinâmicas na região da tremonha

 Menor desgaste superficial da parede

 Flutuações na vazão

 Segregação de sólidos

 Efeitos de consolidação com o tempo podem causar obstruções de fluxo

 Maiores casos de colapsos

 Redução da capacidade de armazenagem

 Formação de tubos

 Picos de pressões na região de transição efetiva

Fonte: Adaptado pelo autor (CALIL JR. E CHEUNG, 2007).

Para a determinação do tipo de fluxo que ocorrerá no silo, as principais normas internacionais apresentam dois gráficos que fornecem o tipo do fluxo em função do coeficiente de atrito com a parede, da inclinação das paredes da tremonha e do tipo de tremonha, alguns destes gráficos podem ser visualizados nas Figuras 20 e 21.

Para o ângulo de inclinação da tremonha, é recomendado sempre diminuir 3° para se obter um fluxo seguro (Calil Jr e Cheung, 2007).

De acordo com Calil Jr. e Cheung (2007) a saída excêntrica em silos com fluxos mistos

e em tubo, provocam carregamento assimétricos. Carson et al. (1993) afirmam que é provável

que a geometria do canal de fluxo dependa de propriedades que ainda não são medidas. Assim,

é recomendado que se faça projetos com formas geométricas simples e carregamentos

simétricos, a fim de facilitar essas determinações. Diversas geometrias para as tremonhas são

utilizadas, as mais comuns são mostradas na Figura 22.

(40)

Figura 20 - Determinação gráfica do tipo de fluxo

Fonte: (DIN 1055-6:2005; EUROCODE 1991-4:2003)

Figura 21 - Determinação gráfica do tipo de fluxo

Fonte: (AS 3774:1996).

Figura 22 - Tipos de tremonhas mais utilizadas

Fonte: (COELHO, 2016)

(41)

3.4.2 Problemas de fluxo 3.4.2.1 Obstrução de fluxo

De acordo com Calil Jr. e Cheung (2007), quando o produto armazenado adquire resistência suficiente para suportar seu próprio peso, devido a consolidação do produto, ocorre uma obstrução de fluxo, que pode ser em arco ou tubo. Assim, para que se tenha um fluxo satisfatório, nenhuma dessas obstruções devem ocorrer. A Figura 23a demonstra uma configuração de obstrução do produto do tipo tubo, enquanto a Figura 23b mostra uma obstrução na forma de arco.

Figura 23 - Obstrução de fluxo tipo tubo (a) e tipo arco (b)

Fonte: (CALIL JR. E CHEUNG, 2007).

A obstrução em arco geralmente ocorre logo acima da saída, interrompendo o fluxo, sua causa é devido a força de adesão para produtos finos e coesivos e devido ao entrosamento entre as partículas para produtos maiores (grãos).

A obstrução em tubo geralmente ocorre quando há fluxo de funil, devido a consolidação do produto com o tempo.

3.4.2.2 Segregação

Este problema ocorre quando há variação nas dimensões das partículas, desta maneira, as

maiores partículas acumulam-se próximas das paredes, enquanto as menores localizam-se mais

(42)

próximas do centro. A Figura 24 apresenta uma configuração de problemas de fluxo decorrentes da segregação das partículas.

Figura 24 - Segregação por tamanho

Fonte: (PALMA, 2005)

3.4.3.Função Fluxo (FF)

A função fluxo é um indicativo da capacidade do produto em fluir. Esta Função Fluxo deve ser conhecida para que sejam evitados problemas de fluxo. A determinação da Função Fluxo se dá pela razão entre a tensão principal de consolidação (𝜎

1

) pela tensão inconfinada de ruptura (𝜎

𝑖𝑐

).

𝐹𝐹 = 𝜎

1

𝜎

𝑖𝑐

(5)

Onde:

𝐹𝐹 = Função fluxo

𝜎

1

= Tensão principal de consolidação 𝜎

𝑖𝑐

= Tensão inconfinada de ruptura

A fluidez é difícil de ser avaliada pois é uma combinação de diversas propriedades

físicas, as quais estão sujeitas a modificações devido à alta umidade, altas temperaturas e longos

períodos de tempo em que o produto permanece armazenado. Porém esta função fluxo pode ser

estimada de acordo com os valores apresentados por Jenike (1964), mostrados na Tabela 4:

(43)

Tabela 4 - Análise de fluidez

FF < 2 Produtos muito coesivos não fluem

2 < FF < 4 Produtos coesivos

4 < FF < 10 Produto que flui facilmente

FF > 10 Produto de fluxo livre

Fonte: (JENIKE, 1964)

É notável que quanto maior o valor de FF, melhor será o fluxo.

3.4.4 Fator Fluxo de Tremonha (ff)

Parâmetro importante para determinação da fluidez dos produtos armazenados no canal.

É uma função das propriedades do conjunto silo (forma da tremonha, geometria e ângulos de atrito com a parede) e produto. Seu valor pode ser definido por uma relação entre a tensão de consolidação (𝜎

1

) pela tensão atuando em um arco estável imaginário (𝜎

1

′). Diferente da Função Fluxo, para o Fator Fluxo da Tremonha quanto mais baixo forem seus valores, melhor é a capacidade da tremonha de escoar o produto.

𝑓𝑓 = 𝜎

1

𝜎

1

(6)

Onde:

𝑓𝑓 = Função fluxo

𝜎

1

′ = Tensão atuando em um arco estável imaginário

Para os valores da tensão em um arco imaginário, Jenike (1964), define a Equação 7.

Os valores de H(α) são retirados do Figura 25, e variam com a forma da boca de saída.

𝜎

1

′ = 𝛾. 𝑏 𝐻(α)

(7)

Onde:

b = Dimensão da boca de saída

𝐻(α) = Função H

(44)

Figura 25 - Determinação da função H(𝛂) para tremonhas cônicas e em forma de cunha

Fonte: (JENIKE, 1964)

Seu valor também pode ser obtido graficamente (Jenike, 1964), onde o valor do Fator Fluxo da tremonha é obtido através da forma geométrica e inclinação da tremonha, ângulo de atrito com parede e efetivo ângulo de atrito interno. A figura 26 apresenta um dos gráficos publicados por Jenike (1964) para determinação do fator fluxo.

Figura 26 - Exemplo de gráfico para determinação do fator fluxo

Fonte: (JENIKE, 1964)

(45)

3.7 TEORIA CLÁSSICAS DE PRESSÕES 3.7.1 Considerações

Os estudos das distribuições de pressões e suas variações durante operações de carregamento, armazenagem e descarregamentos, são fundamentais para um projeto estrutural de uma estrutura de armazenamento. De acordo com Madrona (2008), ainda nos anos de 1870 e 1880, acreditava-se que os produtos armazenados se comportavam como líquidos. Madrona (2008) também aborda que Roberts, em 1884, a partir de ensaios em silos de escala reduzida concluiu que uma parcela do peso do produto era transferida para as paredes por atrito. A partir de então, diversos pesquisadores estudaram estas pressões em silos, e após anos de investigações surgiram diversas formulações que buscam descrever o comportamento das pressões em silos.

Apesar de todas contribuições e estudos realizados, os valores das pressões ainda não são definidos com exatidão. Isso se deve a variáveis e fatores que afetam o comportamento e ainda permanecem sem respostas. Além disso, a previsão das pressões exercidas pelo produto armazenado é divergente entre os pesquisadores e normas existentes.

Para um cálculo de pressões mais seguro, é recomendado que para o projeto, sejam previstas as piores condições em que a estrutura poderá estar sujeita. Enquanto nos ensaios de laboratório é possível controlar as variáveis relacionadas ao experimento, nas condições reais as propriedades podem variar durante a vida útil no silo, impactando nas pressões da estrutura.

Dessa forma, as normas internacionais preveem utilização de faixas de variações das propriedades do produto. Dessa forma, Calil (1997) estabeleceu, baseado na norma australiana AS 3774 (1996), valores para os limites inferiores e superiores de cada parâmetro, para obter as combinações de pressões mais desfavoráveis. A Tabela 5 indica o valor apropriado a ser utilizado para cada propriedade física.

Alguns dos autores desenvolveram metodologias avaliando estas pressões e consagrando algumas formulações, é o caso de Janssen (1985), Airy (1897), Reimbert et al.

(1943), Jenike e Johanson (1968), Walker (1969), Walters (1973), Jenike et al. (1973) e Carson

& Jenkyn (1993). A seguir serão apresentadas algumas das principais teorias de pressões.

(46)

Tabela 5 - Limites superior e inferior das propriedades físicas do produto

Objetivo Peso específico do produto (𝜸)

Ângulo de atrito com a parede (𝝓

𝒘

)

Ângulo de atrito interno (𝝓

𝒊

)

Relação entre a pressão horizontal e vertical (K) Tipo de

fluxo

Funil Inferior Superior Inferior -

Massa Inferior Inferior Superior -

Máxima pressão horizontal na parede, 𝒑

𝒉

Superior Inferior Inferior Superior Máxima pressão

vertical, 𝒑

𝒗

Superior Inferior Superior Inferior Máxima pressão de

atrito na parede, 𝒑

𝒘

Superior Superior Inferior Superior Máxima pressão

vertical na tremonha Superior Inferior Superior Inferior

Fonte: (CALIL, 1997)

3.7.2 Teoria de Janssen (1895)

O engenheiro H. A. Janssen propôs em 1895 uma teoria que é utilizada até os dias de hoje. Sua formulação é feita através do equilíbrio estático de uma camada elementar, que consiste basicamente na consideração do equilíbrio de uma massa de produto em repouso, conforme a Figura 27.

Algumas hipóteses simplificadoras da teoria de Janssen são:

- A pressão horizontal é constante no plano horizontal.

- Relação entre as pressões horizontais e verticais (K) é constante em toda a altura do silo.

- O ângulo de atrito com a parede (𝜙

𝑤

) é constante.

- O peso específico do produto é uniforme.

- As paredes do silo são totalmente rígidas

(47)

Figura 27 - Equilíbrio estático de uma fatia elementar, proposto por Janssen (1895)

Fonte: (MADRONA, 2008)

Para o equilíbrio estático das forças verticais na fatia elementar, de altura d

z

e peso específico 𝛾, tem-se:

𝑃

ℎ𝑓

. µ

𝑤

. 𝑑

𝑧

. 𝑈 + (𝑃

𝑣𝑓

+ 𝑝𝑑

𝑣𝑓

− 𝑃

𝑣𝑓

). 𝐴 − 𝛾. 𝐴. 𝑑

𝑧

= 0 (8)

Como 𝐾. 𝑑𝑝

𝑣𝑓

= 𝑑𝑝

ℎ𝑓

e aplicando a condição de contorno 𝑝

𝑣𝑓

(0) = 0, encontra-se a equação de Janssen para o cálculo de pressão horizontal estática após o carregamento do silo:

𝑝

ℎ𝑓

(𝑧) = 𝛾 µ

𝑤

. 𝐴

𝑈 (1 − 𝑒

−𝑧.𝑘.µ𝑤.𝑈𝐴

) (9) Onde:

𝑝

𝑣𝑓

= Pressão vertical estática 𝑝

ℎ𝑓

= Pressão horizontal estática 𝛾 = Peso específico do produto

µ

𝑤

= Coeficiente de atrito com a parede A= Área da seção

U= Perímetro da seção

Com a utilização do parâmetro K, já mencionado, a pressão vertical estática após o

enchimento do silo pode ser obtida pela Equação 10.

(48)

𝑝

𝑣𝑓

(𝑧) = 𝛾 𝐾. µ

𝑤

. 𝐴

𝑈 (1 − 𝑒

−𝑧.𝑘.µ𝑤.𝑈𝐴

) (10) A pressão de atrito nas paredes é calculada multiplicando a pressão horizontal estática pelo coeficiente de atrito com a parede, conforme mostra a equação 11:

𝑝

𝑤𝑓

(𝑧) = µ

𝑤

. 𝑝

ℎ𝑓

(𝑧) (11)

Dessa forma, a pressão de atrito pode ser obtida pela equação 12.

𝑝

𝑤𝑓

(𝑧) = 𝛾. 𝐴

𝑈 (1 − 𝑒

−𝑧.𝐾.µ𝑤.𝑈𝐴

) (12) Onde:

𝑝

𝑣𝑓

= Pressão vertical de estática

𝑝

𝑤𝑓

= Pressão de atrito estática na parede

Segundo Madrona (2008) a existência do atrito do produto com a parede faz com que as pressões horizontais não aumentem linearmente com a altura como as pressões hidrostáticas, mas apresentem um crescimento que tende a um valor máximo exponencial.

A teoria de Jansen é utilizada pela maioria das normas internacionais de silos, incluindo a norma europeia BS EN 1991-4:2006. Como seus valores de pressões são apenas calculados para a condição estática, foram adotados coeficientes de sobrepressão, que multiplicados pelos valores da pressão estática, resultam em pressões dinâmicas.

3.7.2 Teoria de Jenike et al (1973)

Na década de 1960, Andrew W. Jenike e Jerry R. Johanson produziram diversos estudos que formaram a base da teoria de armazenamento e fluxo dos produtos armazenados. Entre suas contribuições, as principais são:

 Definição dos dois principais tipos de fluxo de grãos;

 Estabelecimento de critérios para o fluxo;

 Determinação das principais propriedades físicas dos produtos armazenados;

 Projetos de equipamentos para suas medições;

(49)

 Teorias para determinar as ações atuantes no silo;

 Primeiros estudos de efeitos de sobrepressão na fase de descarregamento.

A partir de estudos com base a teoria do balanço de energia (segunda lei da termodinâmica), os autores explicam que durante o carregamento, o produto se comprime verticalmente sem deformação horizontal, desenvolvendo um campo ativo de tensões. Estas pressões, que aumentam com a profundidade, e variam na transição entre o corpo e a tremonha, são mostradas na Figura 28 (a).

Quando ocorre a abertura do orifício de saída, na transição ocorre uma mudança dos campos de tensões do estado ativo para o passivo, caracterizado por apresentar um alívio das pressões verticais no fundo do silo. A Figura 28 (b) representa o início da descarga, com o estado passivo atuando apenas na parte inferior da tremonha. Na Figura 28 (c) o estado passivo passa a atuar em toda a tremonha. No corpo do silo, as tensões continuam no estado ativo.

Quando há fluxo de massa, a transição do estado ativo para o passivo ocorre na altura da tremonha, com um pico de pressões denominado “switch”. Quando ocorre o fluxo de funil, a passagem do estado ativo para o passivo ocorre onde na transição efetiva, local onde ocorrerá o pico de pressões “switch”, conforme ilustrado na Figura 28 (d).

Assim, Jenike et al. (1973) definiram as pressões para os fluxos de massa e de funil.

Para as pressões estáticas em silos com fluxo de massa e funil, com base em experimentos realizados, Jenike et al. recomendam a utilização da teoria de Janssen (1895) para o corpo do silo, enquanto para a tremonha recomenda as expressões de Walker (1966).

Figura 28 - Evolução das pressões horizontais de acordo com o estado de tensão atuante no silo

Fonte: (MADRONA, 2008)

Referências

Documentos relacionados

A educação em saúde tem papel primordial no processo de prevenção e reabilitação, pois, o diálogo e a troca de informações entre o paciente, o profissional e sua

demonstraram que: 1 a superfície das amostras tratadas com o glaze pó/líquido foram as que apresentaram uma camada mais espessa de glaze, com superfícies menos rugosas; 2o grupo

Sendo assim, o programa de melhoria contínua baseado no Sistema Toyota de Produção, e realizado através de ferramentas como o Kaizen, poderá proporcionar ao

Na tentativa de avaliar a confiabilidade das medidas lineares realizadas em radiografias panorâmicas, comparando-as com imagens obtidas por meio de TC, Nishikawa et al., 2010

Leite 2005 avaliou duas hipóteses: a diferentes tempos de condicionamento com AFL não influenciariam nos valores de resistência de união entre uma cerâmica e um cimento resinoso; b

A revisão das produções sobre matriciamento em saúde mental apontou os seguintes eixos: dificuldades na articulação da rede de cuidados e fatores que dificultam o desenvolvimento

O presente estudo tem como objetivo avaliar se o uso de um munhão personalizado é capaz de facilitar a remoção do excesso de cimento após a cimentação de

Não só o crack, mas também as drogas de modo geral, e incluem-se aqui também as chamadas drogas lícitas tais como álcool e tabaco, são considerados um