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III semana de pesquisa em artes 10 a 13 de novembro de 2009 art uerj arte e cultura urbana

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Burle Marx e o jardim do MAM-RJ: Arte e Ciência na Construção do Espaço Moderno

Neyva de Lima Santiago

Pós-graduada Latu Sensu em Técnicas de Representação Gráfica EBA – UFRJ Isis Braga

Orientadora, Prof.ª D.Sc. Pós-graduação Latu Sensu em Técnicas de Representação Gráfica EBA – UFRJ

A pesquisa tem como objetivo compreender o processo de concepção e desenvolvimento do projeto paisagista do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro de Roberto Burle Marx dos anos de 1950. Investiga-se a influência do Concretismo e do Neoconcretismo no projeto de paisagismo do MAM-RJ. Conclui-se que as tendências das Artes Modernas estiveram presentes nas idéias paisagísticas de Burle Marx, que permitiram o pintor-paisagista-arquiteto integrar a Arte e a Ciência na construção do paisagismo moderno.

Concretismo e Neoconcretismo; Paisagismo Moderno; Planta de Jardim.

The research aims to understand the process of conception and development of landscape gardening of the Museum of Modern Art in Rio de Janeiro by Roberto Burle Marx in the 1950s.

Investigates the influence of the Concretismo and Neoconcretismo in the landscape gardening project of the Museum of Modern Art in Rio de Janeiro (MAM-RJ). Concludes that the landscape design by Burle Marx has trends of modern art, because he got join the project painting - landscape- architecture to integrate Art and Science in the construction of modern landscape gardening.

Concretismo and Neoconcretismo; Modern landscape gardening; Garden Plant.

III semana de pesquisa em artes 10 a 13 de novembro de 2009 art uerj arte e cultura urbana

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Introdução

A partir de observações e estudos baseados nos projetos de modernização do espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro, o jardim do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) foi escolhido como tema por ser um jardim público que faz parte da história nacional, exclusivamente pensado e projetado pelo arquiteto- paisagista Roberto Burle Marx nos anos de 1950, que teve a ânsia de transferir a imagem do nacional de suas telas pictóricas para o espaço urbano, introduzindo a flora nativa no paisagismo.

O presente artigo tem como o enfoque a compreensão do processo de

concepção e desenvolvimento do projeto do jardim do Museu de Arte Moderna (MAM- RJ). de Burle Marx na elaboração da planta de jardim.

Pretende-se aqui abordar o objeto de análise com o objetivo de delimitá-lo dentro dos seguintes contextos:

• Identificar a influência do Concretismo e do Neoconcretismo no projeto do jardim do MAM;

• Pontuar as linguagens e as técnicas gráficas e artísticas que Burle Marx utilizou na elaboração da planta de jardim do MAM – RJ.

A metodologia baseia-se na investigação do uso do diálogo arte-ciência-técnica na organização do espaço por Burle Marx, referente à elaboração da planta de jardim do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ). O processo metodológico está organizado nas seguintes etapas: (1) Levantamento e revisão bibliográfica com a consulta em livros, dissertações, periódicos; (2) Levantamento de materiais iconográficos como mapas, fotos, desenhos e projetos de arquitetura paisagística.

Conta-se também, a visitação a exposição “Roberto Burle Marx 100 Anos – A Permanência do Instável” como fonte de consulta dos trabalhos realizados por Burle Marx1; (3) Comparação, interpretação e análise dos dados e materiais selecionados;

(4) Pesquisa de campo; (5) Reprodução de imagens geradas durante a pesquisa.

1. A Arte e a Ciência na construção do paisagismo moderno de Burle Marx O espaço moderno da cidade do Rio de Janeiro dos anos de 1950 situa-se no período histórico de renovação e afirmamento da nacionalidade em todos os aspectos

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da vida social, tendo a cidade como principal espaço de manifestação cultural, cabendo a “cultura, por meio das técnicas, politicamente controladas, desempenhar as funções de integração, regulação e enquadramento social” (CORRÊA, 2003:175).

No âmbito nacional, o paisagismo expandiu-se e consolidou-se no processo de urbanização dos anos 50 com o ideal de transformação social incorporado na crença modernista de gerar uma nova forma de edificação que permitisse reeducar os hábitos e a percepção visual da população. As cidades brasileiras demandaram por espaços públicos de lazer para a população urbana como as praças e os parques deixaram de ser redutos das elites locais.

O modernismo buscou, principalmente, superar a arte clássica no

relacionamento entre as dimensões comunidade e indivíduo. A Arte passou adquirir novas funções e significados (ARGAN, 1992). No segmento de “arte aplicada”, se distinguiu das demais por não utilizar apenas a expressão artística como base, buscou-se a ação criadora através da Ciência, que permitiu ao artista do Concretismo ser um observador e um investigador de novos recursos técnicos e de novos

materiais e suportes.

Neste contexto moderno e artístico que o paisagismo renovador de Burle Marx significou um marco na história do paisagismo brasileiro, seu trabalho se caracterizou pela linguagem das vanguardas artísticas modernistas.

Burle Marx diferenciou-se da tradição cultural brasileira, entre o final do século XIX e o início do século XX, apresentou-se fortemente influenciada pelas tradições européias francesas e inglesas. Segundo Terra (2000), estas culturas européias atuaram na configuração do projeto paisagístico nacional, com destaque o francês Auguste François Marie Glaziou,que atuou durante o Império, em sua composição usou a mistura de formas, materiais e vegetação exótica com o clima tropical.

1.1. As características do Concretismo e do Neoconcretismo identificadas no projeto do jardim do MAM-RJ

Os movimentos concretistas e neoconcretistas tornaram-se inevitáveis para Burle Marx, levou-o a introduzir o pensamento destes movimentos nas plantas-baixas de seus projetos. Segundo Motta (1983), Burle Marx no projeto do paisagismo do

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MAM – RJ considerou a topografia, o rigor geométrico configurado em retângulos, círculos e quadrados que aparecerem no emprego de mosaicos nos planos de concretos, pedras, esculturas, lajes.

Marx (1987) nos fornece uma explicação de como os projetos remetiam à lembrança das pinturas modernas combinadas com os elementos da natureza:

“(...) Decidi-me a usar a topografia natural como uma superfície para composição e os elementos da natureza encontrada – minerais e vegetais – como materiais de organização plástica, tanto e quanto qualquer outro artista procura fazer sua composição com a tela, tintas e pincéis.”( MARX, 1987:11).

Observa-se a influência do concretismo e do neoconcretismo no projeto do jardim do MAM – RJ pela presença dos conteúdos plásticos. Para Marx (1987), o jardim está além de ser um instrumento de lazer, ele define-o como uma manifestação de arte com características próprias. Enfatiza que a presença de cor, forma, dimensão, tempo e ritmo na composição paisagística se diferencia das demais artes por destacar os aspectos de “tridimensionalismo, temporalidade e dinâmica dos seres vivos” (MARX, 1987:25).

Figura 1 – O jardim ordenado de Burle Marx

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Na figura 1, nota-se que as formas geométricas surgem com o encontro de linhas horizontais e linhas verticais, os espaços criados são preenchidos e realçados por cores primárias, assim, presentes na composição de Mondrian. A interações de cor com a forma geométrica simples estão trabalhados na planta de jardim, para exemplificar destaca-se os espelhos d’água localizados em frente ao museu.

Burle Marx introduziu novos conceitos de ajardinamento em espaços livres públicos, utilizou recursos simples do plano pictórico, associou ao mobiliário e introduziu inúmeras espécies vegetais no paisagismo urbano, privilegiando as cores e as formas da vegetação nativa ao ordenar e organizar como fossem quadros pictóricos.

O Jardim Ordenado de Burle Marx, exemplificado na figura 1, retrata da distribuição dos espelhos d’água que remete ao equilíbrio através da forma retangular organizada em planos horizontais com níveis diferenciados e de tamanhos desproporcionais, considerando a assimetria como a base do equilíbrio. De acordo com Argan (1992), o Princípio de Mondrian é notado na obra de Burle Marx quando se busca aplicar na planta de jardim a pura forma geométrica com o mínimo de técnica mínima e o uso de cores primárias.

A proposta do “jardim ordenado” (MARX, 1987: 34) ao redor do Museu de Arte Moderna - MAM-RJ, concebido pela materialização das formas geométricas e pelo emprego de elementos da natureza. Evidencia o cuidado de Burle Marx com o paisagístico moderno e descrevem a influência da linguagem pictórica do Concretismo e do Neoconcretismo de dimensão internacional no conjunto que compreende Le Corbusier, Bauhaus e grupo Stijl com fontes inspiradoras.

Segundo Peccinini (1999), nos anos de 1950 manifestava-se o Concretismo na cidade do Rio de Janeiro o que correspondia às influências internacionais. Os artistas concretistas exerciam o papel sociocultural, caracterizado pelo aspeto da relação homem e meio ambiente, que permitiu uma liberdade na escolha de temáticas e de técnicas, sem a preocupação com o estilo. Destaca-se o Grupo Frente, em especial, o Ivan Serpa como representante do concretismo carioca que buscou reduzir a diferença entre a forma e o conteúdo.

No grupo dos concretistas paulistas, destaca-se o suíço Max Bill por sua

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Os neoconcretos direcionaram criticas ao reducionismo tecnicista e lutaram contra a exteriorização das linguagens geométricas utilizadas pelo concretismo. Com o esgotamento do Concretismo, o Neoconcretismo assumiu a posição de destaque nos grupos dos jovens artistas, representou a ruptura nas relações entre os artistas concretistas cariocas dogmáticos e os artistas concretistas paulistas ortodoxos.

Entre os neoconcretistas brasileiros, considera-se as obras de Hélio Oiticica como resposta ao processo de transição entre as ideias do concretismo e do neoconcretismo. Hélio Oiticica buscou libertar suas pinturas do plano rente à parede e criou ambientes em que o espectador pudesse penetrar e habitar em sua obra.

Segundo Braga (2008), “Magic Square nº 5” é uma réplica da maquete que integra ao

Figura 2 – Burle Marx e o Neoconcretismo

contribuição funcionalista ao concretismo paulista, idealizado em construir a arte como técnica de base geométrica afirmada em oposição ao figurativismo.

O Concretismo dos artistas brasileiros do eixo Rio – São Paulo apresentou uma licença poética com várias tendências que permitiu Burle Marx dialogar com o espaço urbano através do uso de formas geométricas e cores livres, representadas por diversificados tipos de superfícies e materiais empregados no plano bidimensional, como a elaboração da planta de jardim2 e no plano tridimensional, as ideias são executadas com a transferência do projeto no papel para o terreno jardim (figura 2).

Após os anos de 1950, segundo Brito (2002), se estabeleceram pontos centrais de polêmica entre o concretismo-neoconcretismo na linguagem visual e na literatura.

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conjunto de sete praças futuristas projetadas por Hélio Oiticica. Esta obra sintetiza a pesquisa do artista do início dos anos de 1960. (figura 3)

A intenção do arquiteto-paisagista-pintor Burle Marx se aproxima dos ideários de Hélio Oiticica ao combinar arquitetura e pintura, na transferência da ideia

contida na superfície monocromática da tela pictórica para a construção do espaço tridimensional com a correspondência entre a cor e a forma geométrica.

Ao examinar a influência do concretismo e o neoconcretismo no projeto paisagístico do MAM-RJ, verificou-se que Burle Marx, como um dos artistas modernos buscou através de suas artes - arquitetura, pintura e escultura - induzir o espectador a modificar o modo de ver e sentir um mesmo objeto em diferentes representações, a partir da estruturação da cor e do uso das formas geométricas básicas inseridas no paisagismo moderno.

Considerações Finais

Concluiu-se que as idéias paisagísticas de Burle Marx no projeto do MAM-RJ foram influenciadas pelo Concretismo e pelo Neoconcretismo. Avaliou-se a Planta de

Figura 3 – Hélio Oiticica. Magic Square nº 5, Museu do Açude - Rio de Janeiro.

Fonte:

Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 4,nº39, 2008

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Jardim como uma técnica de representação distinta do convencional por combinar aspectos artísticos com os aspectos do desenho técnico. Portanto, verificou-se que a modernidade de Burle Marx foi dialogar as idéias paisagísticas em três diferentes superfícies: o papel, a tela pictórica e o terreno do jardim, integrando a Arte com a Ciência na construção do espaço moderno.

Referências Bibliográficas

ARGAN, G. C.. O Modernismo. In: Idem. Arte Moderna. Tradução: Denise Bottmann e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p.183 – 225.

BRAGA, P. O quadro que virou praça. In: Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 4,nº39,2008. p 72 -77

BRITO, R. Neoconcretismo: vértice e ruptura do projeto construtivo brasileiro.1ª ed. 1ª reimp..São Paulo:

Cosac & Naif Edições, 2002.

CORRÊA, L. R.. A Geografia Cultural e o Urbano. In: CORRÊA, L. R. & ROZENDAHL, Z.(orgs). Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. p. 167-186.

MARX, R. B.. Arte & Paisagem: conferências escolhidas. São Paulo: Nobel,1987.

MOTTA, F. L.. Roberto Burle Marx e a visão da paisagem. São Paulo: Nobel, 1983.

MOUTINHO, M. Foto de Burle Marx. Disponível em :http://www.marcelomoutinho.com.br. Acessado em:

20/01/2009.

PECCININI, D.. Figurações: Brasil anos 60, neofigurações fantásticas e neo-surrealismo, novo realismo e nova objetividade. São Paulo: Itaú Cultural, Edusp, 1999.

MONDRIAN. Disponível em: www.artknowledgenews.com. Acessado em: 08/10/2008

SANTOS, E. O paisagismo de Burle Marx e a moderna Arquitetura Brasileira. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PROARQ/UFRJ, 2004.

SIQUEIRA, V.B..Burle Marx. São Paulo: Cosac & Naif Edições, 2002.

TERRA, C. G.. Os jardins no Brasil do século XIX: Glaziou revisitado. 2ªed..Rio de Janeiro: EBA/UFRJ, 2000.

Notas

1 A exposição celebrou o centenário de Roberto Burle Marx (1909-1994) com os objetos, pinturas e projetos paisagísticos. Foi realizada no Paço Imperial, RJ, no período de novembro de 2008 a abril de 2009, com a curadoria de Lauro Cavalcanti.

2 Com base na exposição do Paço Imperial sobre o centenário de Burle Marx, o termo citado por Planta de Jardim refere-s à e denominação dos trabalhos paisagísticos de Burle Marx que apresentam a aplicação da técnica de pintura sobre o desenho técnico do jardim.

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