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DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA FABRICANTE DE MOTORES E PEÇAS AUTOMOTIVAS

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DESCARTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA FABRICANTE DE MOTORES E PEÇAS AUTOMOTIVAS

Mariana Pereira Pinto (FEPI) mari.oana@hotmail.com Adriana Amaro Diacenco (FEPI) adriana_aadicenco@yahoo.com.br Paulo Henrique Paulista (FEPI) paulohpaulista@gmail.com

A urbanização acelerada e o vasto desenvolvimento das empresas devido à globalização têm provocado inúmeros problemas para a destinação do grande volume de resíduos sólidos gerados pelas indústrias em seus processos produtivos. O gerenciamento dos resíduos advindos do processo, que são de completa responsabilidade da empresa geradora, torna-se um assunto predominante, uma vez que os resíduos industriais podem ter características que oferecem periculosidade ao meio ambiente. A crescente preocupação com a gestão e preservação ambiental tem exigido soluções técnicas e tecnológicas, ambientalmente seguras, quanto à coleta, armazenamento, tratamento e destinação dos resíduos, visando à adequada eliminação de agentes contaminantes, e se possível, a reciclagem dos materiais que podem ser reaproveitados. Em função disso, as empresas buscam formas apropriadas de se adequarem as normas ambientais, priorizando evitar o desgaste do meio ambiente, melhorando assim sua imagem perante a sustentabilidade social. O objetivo desta pesquisa é entender o processo produtivo de empresas específicas, destacar quais os resíduos oriundos dos processos e como as empresas realizam o descarte dos mesmos. O estudo será feito através de entrevistas com gestores das empresas que serão futuramente analisadas.

Palavras-chave: Resíduos, descarte, produção.

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1. Introdução

A Revolução Industrial teve grande influência na degradação do cenário ambiental, pois a tecnologia utilizada contribuiu com melhorias das condições de vida da sociedade, favorecendo assim o aumento da população. Porém, essa expansão populacional ocasionou a necessidade de investimentos em novas técnicas de produção, visando atender a demanda que cada vez mais aumentava o seu consumo. Com o passar dos anos, diversos fatores agravaram esse cenário ambiental, como a poluição excessiva e o esgotamento dos recursos naturais, fazendo as indústrias mudarem seu pensamento na forma de produzir e direcionar sua atenção ao meio ambiente.

Segundo Jackson (2003), a doutrina da expansão da produção de bens e serviços como ápice do crescimento econômico tem sido objeto de discussões intensas por séculos. Atualmente, a permanência de uma organização no mercado consumidor envolve inúmeros fatores que visam além de lucro. Adequar as atividades de uma empresa aos conceitos de desenvolvimento sustentável tornou-se uma questão de sobrevivência e competitividade.

Vale ressaltar que resíduos se diferem de rejeitos, pois rejeitos são matérias que não possuem mais utilidade, e resíduos podem ser tratados e reciclados, entrando novamente nos processos de produção. Em todos os estágios das atividades industriais os resíduos são produzidos, variando apenas seu processo de produção, composição e volume. Considerando que os processos não possuem cem por cento de eficácia, ou seja, não se consegue reverter toda matéria prima em produto acabado, Frischknecht (2006) e Allwood (2011) constatam que quanto mais se produz, mais ocorre à emissão de resíduos, sejam eles sólidos, líquidos, gasosos ou mensuráveis em forma de energia.

O mercado gradativamente globalizado, competitivo, com legislações cada vez mais exigentes e com a preocupação ligada às questões ambientais e o desenvolvimento sustentável, induziu a população a cobrar mais dos setores públicos e privados melhorias na forma e desenvolvimento de políticas ambientais até então existentes, e a criação de sistemas de gerenciamento a fim de desenvolver um desempenho ambiental adequado, controlando os impactos dos processos industriais, produtos e serviços no meio ambiente (SERBER, 2009).

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Visando a importância que a sustentabilidade traz no ramo industrial, a gestão de resíduos deve ser estudada cuidadosamente e aplicada de maneira correta dentro das organizações. Em longo prazo, os problemas ambientais causados pelos resíduos não irão afetar somente os valores e custos das empresas, mas também a biodiversidade e a qualidade de vida da população.

Com isso, esse trabalho busca apresentar uma revisão bibliográfica detalhada a respeito de resíduos industriais, com foco na gestão de resíduos, nos problemas ambientais e na classificação dos resíduos segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 10.004. A pesquisa apresenta também um estudo de caso em uma empresa localizada no Sul de Minas Gerais produtora de componentes automotivos, e busca analisar e entender as etapas do processo produtivo de anéis de pistão, buchas e arruelas, destacar os resíduos oriundos desses processos, classificar os resíduos segundo a ABNT 10.004 e apresentar como é feito a destinação final desses materiais.

2. Fundamentação teórica

O ciclo produtivo extrai matérias do meio ambiente para os processos produtivos de bens de serviço e consumo. Como todo processo, estes liberam resíduos que se não tratados de modo correto irão acarretar uma série de problemas ambientais e esgotamento nos recursos naturais.

O Programa de Pesquisa em Saneamento Básico (PROSAB) define resíduo como uma matéria negativa causadora de impactos ambientais quando não eliminados corretamente. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 10.004:2004 classifica resíduos como matérias de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição cujas particularidades os tornem inviáveis, exigindo assim soluções técnicas e economicamente viáveis perante a tecnologia acessível.

As indústrias cada vez mais aderem estratégias ambientais como forma competitiva com a implantação de padronizações e normas, conquistando assim ganhos resultantes no processo, como a redução na geração de resíduos. O principal fator, entretanto, quando se trata de caráter decisivo no ramo de competitividade é representado pela imagem, tanto do produto ou serviço oferecido, quanto da organização, sendo ambos consideravelmente corretos.

Consequentemente, a expectativa gira em torno da redução de custos e aumento de lucro em médio prazo (DONAIRE, 1999).

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Segundo Zbontar e Glavic (2000), o aumento dos impactos ambientais causados pelas atividades industriais gerou o surgimento da apreensão da sociedade relacionado à qualidade ambiental. Esse fato associado ao surgimento de legislações em defesa do meio ambiente foi responsável pela busca de meios para racionalizar os recursos naturais e minimizar a geração de resíduos no ramo industrial. Nesse sentido, o papel da gestão ambiental de uma empresa é adequar os processos visando à melhoria do desempenho ambiental e operacional de uma organização.

As organizações cada vez mais investem na prática do gerenciamento de resíduos. Este gerenciamento é um conjunto de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento com base em critérios ambientais, sanitários e econômicos para coletar, tratar e descartar os resíduos sólidos industriais (UNILIVRE, 2010).

A produção de resíduos industriais representa uma das principais formas de degradação do meio ambiente. Segundo o Licenciamento Ambiental em Mato Grosso do Sul (2008), a geração de resíduos pode ser considerada consequência da ineficácia de transformação de insumos, como matéria-prima, água e energia, em produtos acabados, oferecendo periculosidade ao meio ambiente e custos para a empresa. A geração de resíduos passou a ser vista como um desperdício para a indústria, pois além de custos envolvidos com a compra de matéria-prima, manutenção de equipamentos e horas com mão-de-obra, há os gastos com armazenamento, tratamento, transporte e disposição final dos resíduos. Sendo assim, uma solução para a minimização dessa geração de resíduos é adotar técnicas que reduzam a emissão de resíduos na fonte, como a redução do consumo de água e matéria-prima.

A emissão de resíduos são degradações que causam impactos ambientais negativos e precisam de tratamentos específicos. Esses tratamentos originam-se da gestão ambiental das organizações, a fim de potencializar o retorno econômico através da preservação ambiental (FERREIRA, 2006).

Diante deste panorama em função da geração e gestão de resíduos, foram criadas diversas políticas ambientais para auxiliar as indústrias nos descartes corretos dos resíduos industriais.

No Brasil, a questão da geração e gestão de resíduos foi impulsionada pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a qual estabelece a responsabilidade, seja do setor público ou privado, pela gestão dos resíduos sólidos nas organizações (BRASIL, 2010).

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Os processos industriais cada vez mais complexos demandam que as organizações estejam prontas para gerenciar corretamente todos os tipos de resíduos liberados por elas. Este gerenciamento inclui a institucionalização da gestão ambiental nas empresas, a fim de ampliar o retorno econômico das organizações, respeitando a preservação ambiental.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) através da Resolução Nº307/2002 prevê um Projeto de Gerenciamento de Resíduos que envolvem as seguintes etapas:

– Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;

– Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade;

– Acondicionamento: o gerador deve garantir o armazenamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que sejam possíveis, as condições de reutilização e de reciclagem;

– Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;

– Destinação: será feita de acordo com as normas estabelecidas, respeitando a preservação ambiental.

O crescimento da geração de resíduos, em quantidade ou composição, fez surgir normas que atuam como um impedimento de futuros problemas que causariam grandes impactos ambientais.

Uma importante legislação que surgiu nos últimos anos é o padrão ISO 14001, que especifica os requisitos de um Sistema de Gestão Ambiental e permite a uma organização desenvolver uma estrutura para a proteção do meio ambiente e rápida resposta às mudanças das condições ambientais (NBR ISO 14.0001, 2015). No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou a Norma Brasileira 10.004. Esta norma estabelece os critérios de classificação e os códigos para identificação de resíduos de acordo com suas características, e assim os classifica quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde pública, para que possam ser gerenciados corretamente (NBR 10.004:2004).

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Deste modo, a NBR 10.004 classifica os resíduos sólidos em: classe I (resíduos perigosos) e classe II (resíduos não perigosos). Os resíduos não perigosos são classificados em não inertes (classe II A) e inertes (classe II B).

O gráfico 1 apresenta a quantidade de resíduos sólidos industrais não perigosos gerados nos estados brasileiros. A variação de produção de resíduos varia de acordo com as características industriais de cada estado. São Paulo foi o maior gerador de resíduos não perigosos, seguido do Paraná. A grande produção de resíduos não perigosos no Paraná deve-se a grande quantidade de bagaço de cana produzido (corresponde a 17,58% do total). Minas Gerais encontra-se em terceiro lugar, com destaque para a produção de escória de ferro e aço (30,19%).

Gráfico 1 – Dados da geração de resíduos não perigosos no Brasil (em ton/ano)

Fonte: Inventários Estaduais de Resíduos Sólidos Industriais e Panorama das Estimativas de Geração de Resíduos Industriais – ABETRE/FGV. Adaptado pelo autor

O gráfico 2 apresenta a quantidade de resíduos perigosos gerados em cada estado. Goiás aparece como o estado que mais gerou resíduos perigosos, seguido por Minas Gerais e Paraná.

Gráfico 2 – Dados da geração de resíduos perigosos no Brasil (em ton/ano)

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7 Fonte: Inventários Estaduais de Resíduos Sólidos Industriais e Panorama das Estimativas de Geração de

Resíduos Industriais – ABETRE/FGV. Adaptado pelo autor

Uma forma de gerenciar os problemas ambientais causados pelo descarte incorreto de resíduos é a implantação de um sistema de gestão ambiental onde identifique os impactos causados no meio ambiente, implante programas de monitoramento ambiental e de recuperação ambiental, auditorias e inspeções ambientais, programas de minimização de carga poluidora, programas de análise e gerenciamento de riscos, emergências ambientais e educação ambiental, para assim, garantir à preservação dos recursos naturais e qualidade de vida a população (SERBER,2009).

3. Metodologia

Com base nos estudos conceituais, para efeito de análise, foi pesquisada uma empresa no Sul de Minas Gerais para avaliar se ela adequa-se as regularidades ambientais. A pesquisa foi realizada através de visitas a empresa e entrevistas com os gestores responsáveis pela área ambiental da indústria. A empresa que atua no Brasil desde os anos 50, é produtora de componentes de motores à combustão interna e filtros automotivos. Ela possui diversas localizações industriais no Brasil, porém para essa pesquisa, foi analisada a indústria responsável pela fabricação de anéis de pistão, buchas e arruelas.

Os anéis de pistão têm a função de prorcionar uma vedação móvel entre a câmara de combustão e o cárter do motor, essa vedação influencia no consumo de combustível do automóvel, na potência e na vida útil do motor. As buchas promovem uma barreira de

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absorção de ruído entre as irregularidades da pista e o motorista. E as arruelas têm a função de distribuir igualmente as forças de aperto entre as partes montadas do motor, podendo funcionar até como um mecanismo de trava. Ambos componentes são formados por metais.

Segundo Cajano (2015) as principais razões para utilizar os metais na fabricação de peças são devido a sua elevada durabilidade, resistência e facilidade de conformação. Além disso, o metal está ligado à economia de energia e água, e não é um poluidor intenso.

No processo produtivo da indústria são liberados resíduos que de acordo com a Norma Brasileira 10.004 são classificados como perigosos (Classe I) e não perigosos (Classe II).

Os fluxogramas de processo 1 e 2 apresentam as etapas do processo produtivo de cada componente fabricado pela indústria em estudo.

No fluxograma 1, o processo de fabricação de anéis de pistão se inicia com o recebimento de matéria-prima (MP) pelos fornecedores, para posteriormente seguir com os processos de fundição, pré-usinagem e usinagem. Quando solicitado pelos clientes, o lote de peças passa pelo processo de galvanoplastia, para revesti-la com outro metal, garantindo assim sua maior proteção. Em seguida, a peça passa pelo processo de inspeção final, para ser embalada e entregue aos clientes.

Fluxograma 1 – Processo de produção de anéis de pistão

Fonte: Elaborado pelo autor

No fluxograma 2, a matéria-prima (MP) chega pronta a indústria para a produção de buchas e arruelas, e por isso não necessita dos processos de fundição e pré-usinagem, passando diretamente pelo processo de usinagem. Como na fabricação de anéis, quando solicitado pelo

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cliente às peças passam pelo processo de galvanoplastia, para prosseguir para a inspeção final, e posteriormente serem embaladas e entregues ao consumidor final.

Fluxograma 2 – Processo de produção de buchas e arruelas

Fonte: Elaborado pelo autor

A seguir tem-se a descrição resumida de cada etapa:

– Recebimento de MP;

– Fundição: processo que envolve a fusão de um metal ou liga metálica, que no estado líquido é seguido do vazamento/enchimento em um molde para se solidificar com formatos e medidas correspondentes ao da peça a ser produzida;

– Pré-usinagem: processo que antecede a usinagem, pois determinados clientes solicitam o acabamento final por meio da usinagem para obter peças mais refinadas;

– Usinagem: processo onde ocorre a remoção de material sob a forma de cavaco. Essa operação atribui à peça forma, dimensões, acabamento superficial ou a combinação destes. É eficaz na criação de peças muito finas e detalhadas, por isso é um processo utilizado na fabricação de peças automotivas;

– Galvanoplastia: é o tratamento utilizado para recobrir peças de metais, com o intuito de evitar a corrosão ou proporcionar um aspecto decorativo às peças. Esse processo aumenta a

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durabilidade das peças, melhora a resistência, espessura, condutividade e capacidade de estampar;

– Inspeção final: ensaio ou exame realizado após um processo para garantir que as peças obedeçam aos padrões de qualidade e atendam as especificações do cliente;

– Embalagem: recipiente que armazena as peças até que elas sejam entregues aos clientes com o intuito de protegê-las e prolongar sua vida útil;

– Expedição: entrega do produto aos clientes.

4. Resultados

A areia liberada no processo de fundição, a borra retífica oriunda da pré-usinagem e os equipamentos de proteção individual (EPI) resultante da usinagem, segundo a NBR 10.004 é classificado com resíduos não inertes. O descarte desses resíduos é realizado por empresas terceirizadas que ficarão responsáveis pela coleta, transporte e destinação final dos mesmos.

O óleo, o solvente e o material contaminado derivados do processo de usinagem, e os efluentes industriais liberados na galvanoplastia são classificados pela NBR 10.004 como resíduos perigosos. Como oferecem periculosidade ao meio ambiente, esses resíduos ficam armazenados na indústria até que sejam coletados por empresas terceirizadas para receber tratamento adequado e posteriormente serem descartados por completo.

Durante o processo de usinagem também são liberados cavacos, classificado pela NBR 10.004 como um resíduo não inerte. A empresa realiza o reaproveitamento desse resíduo através do processo de fundição, para posteriormente inseri-los novamente no processo de produção.

Os demais resíduos liberados no processo de produção de peças automotivas, como papel, papelão e plástico são classificados como resíduos não inertes. A empresa realiza o reaproveitamento interno desses resíduos quando possível, ou os encaminha para a reciclagem, podendo ser convertidos em novos produtos ou transformados em matéria-prima para produtos secundários.

O descarte dos resíduos perigosos é realizado semanalmente. Os resíduos são armazenados, de maneira correta na própria indústria em um pátio destinado somente para a estocagem dos resíduos Classe I. O descarte dos resíduos envolve a coleta e o transporte, que são de

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completa responsabilidade das empresas terceirizadas. Estas empresas estão localizadas nos Estados de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente. É importante ressaltar que, as empresas que prestam serviços para os descartes de resíduos passam por auditorias para fiscalizar se as mesmas cumprem as legislações e normas ambientais.

A empresa produtora de componentes automotivos é licenciada para enviar os resíduos oriundos do seu processo produtivo para outros Estados e busca focar em programas de melhoria contínua para reduzir a produção desses materiais.

A Política Nacional do Meio Ambiente através da Lei Nº6938/1981 alega que qualquer poluidor, físico ou jurídico, público ou privado, responsável diretamente ou indiretamente por atividades causadoras de danos ambientais estará sujeito a pena de reclusão e multa, que serão definidos pela própria lei.

A empresa em estudo possui o certificado ISO 9.001, atestando a qualidade dos seus produtos, e o certificado ISO 14.001.. Também cumpre as diretrizes estabelecidas pela Norma Brasileira 10.004, não sofreu de reclusões ou multas ambientais e declara que está em dia com o compromisso com a responsabilidade ambiental e social.

A tabela 1 apresenta de maneira resumida os tipos de resíduos gerados no processo de peças automotivas, a classificação segundo a NBR 10.004 e o destino final.

Tabela 1 – Tipo, classificação e destinação dos resíduos na empresa

Tipo de resíduo Classificação Destinação

Areia Não inerte Empresas terceirizadas

Borra retífica Não inerte Empresas terceirizadas

EPI Não inerte Empresas terceirizadas

Óleo Perigoso Empresas terceirizadas

Solvente Perigoso Empresas terceirizadas

Material contaminado Perigoso Empresas terceirizadas Efluentes industriais Perigoso Empresas terceirizadas

Cavaco Não inerte Reaproveitamento

Papel Não inerte Reaproveitamento interno/reciclagem Plástico Não inerte Reaproveitamento interno/reciclagem Papelão Não inerte Reaproveitamento interno/reciclagem

Fonte: Elaborado pelo autor

5. Conclusão

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O presente artigo buscou apresentar conceitos em relação à gestão de resíduos industriais, focando no planejamento que as empresas devem obter para realizar a destinação correta dos resíduos, nos problemas ambientais que o mau gerenciamento dessas matérias pode ocasionar e expôs normas e legislações ambientais que devem ser respeitadas pelas organizações.

Traçar um bom planejamento para obter-se um gerenciamento de resíduos com sucesso é um fator determinante para assegurar que as indústrias reduzam sua emissão na geração de resíduos e minimizem as taxas de poluição ao meio ambiente. A definição do planejento tem importância estratégica para análise do comportamento ambiental das indústriais, resultando na redução de custos e trazendo uma boa imagem empresarial frente à sustentabilidade social.

Pode-se constatar que as empresas buscam formas apropriadas de se adequarem aos novos conceitos ambientais, buscando preservar os recursos ambientais e evitar o desgaste do meio ambiente. As organizações que não se adequam ao novo conceito de sustentabilidade além de perderem oportunidades de se tornarem competitivas e de se destacar no mercado consumidor, estão sujeitas a se tornaram obsoletas.

No que diz respeito à empresa produtora de componentes automotivos, é possível observar as etapas dos processos para fabricação de anéis de pistão, buchas e arruelas. Vale ressaltar que a empresa oferece aos seus clientes uma etapa opcional (galvanização), para garantir-lhes que as peças chegarão aos consumidores finais com maior proteção. Como é um processo com diversos estágios, cada estágio libera respectivos tipos de resíduos, que devem ser classificados segundo a ABNT 10.004, para serem enviados e tratados por empresas terceirizadas, para posteriormente seguir a sua destinação final. Com base na classificação (Classe I e Clase II) e descarte dos resíduos industriais, conclui-se que a empresa se adequa as normas ambientais, e realiza um bom planejamento para a destinação correta dos resíduos sem oferecer periculosidade ao meio ambiente e a saúde pública.

Deste modo, entende-se que um bom gerenciamento e a adoção de práticas ambientais contribuem para o crescimento interno e externo das indústriais, auxiliando não somente na redução de custos, mas também na questão ambiental e social.

REFERÊNCIAS

ALLWOOD, J. M. et al. Eficiência dos materiais: um papel branco, recursos, conservação e reciclagem.

v.55, n.3, p. 362-381, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. Panorama das estimativas da geração de resíduos industriais. São Paulo, 2003.

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13 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Informação e Documentação - Classificação dos Resíduos Sólidos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO14001: Informação e Documentação – Sistema de Gestão Ambiental – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT 2015.

BRASIL. Lei 12.305, de 2 de Agosto de 2010. Política nacional dos resíduos sólidos. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2 ago. 2010.

CAJANO P. Os processos e as vantagens da reciclagem do metal. Disponível em

<http://www.investimentosenoticias.com.br/reciclagem/os-processos-e-as-vantagens-da-reciclagem-do-metal>.

Acesso em 02 jan. 2017.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Nº307, de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos na construção civil. Disponível em

<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre. cfm?codlegi=307> . Acesso em 14 mar. 2017.

DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

FERREIRA, A. C. de S.. Contabilidade ambiental: uma informação para o desenvolvimento sustentável.

São Paulo: Atlas, 2006.

FRISCHKNECHT, R. Noções sobre a concepção e utilização de um banco de dados ideal LCA regional ou global. Jornal Internacional de Avaliação de Ciclo de Vida, v.11, n.1 edição especial, p. 40-48, 2006.

JACKSON, T. Sustentabilidade e a luta pela existência. O papel crítico da metáfora na sociedade é o metabolismo. Página. 289-316,2003.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL EM MATO GROSSO DO SUL. Impactos Ambientais da Produção Industrial. Disponível em <http://www.licenciamentoambiental.eng.br/impactos-ambientais-da-producao- industrial/>. Acesso em 16 fev. 2017.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. LEI Nº 6938/1981. Dispõe sobre a política nacional do

meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em

< http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre. cfm?codlegi=313>. Acesso em 14 de mar. 17.

PROSAB. Programa de pesquisa em saneamento básico. 1ª edição – 1300 exemplares. São Carlos SP SERBER, S. L. Proposta de implantação e certificação de um sistema de gestão ambiental: estudo de caso de indústria metal-mecânica. 2009. 181 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental)-Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Rio de Janeiro, 2009.

UNILIVRE. Universidade livre do meio ambiente. Disponível em <http://unilivre.org.br/>. Acesso em 21 fev.

2016.

ZBONTAR, L.; GLAVIC, P. Local total: minimização de águas residuais: reutilização e regeneração de águas residuais. Recursos, Conservação e Reciclagem, v. 30, n. 4, p. 261-275, 2000.

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