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Segregação Socioespacial em Uberlândia-MG

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Academic year: 2022

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Guilherme Augusto Soares da Motta

FRAGMENTOS URBANOS

Segregação Socioespacial em Uberlândia-MG

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do título de doutor.

Orientador: Candido Malta Campos Neto

São Paulo

2019

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M291f Motta, Guilherme Augusto Soares da.

Fragmentos urbanos: segregação socioespacial em Uberlândia- MG. / Guilherme Augusto Soares da Motta.

295 f.: il.; 30 cm

Tese (doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2019.

Orientador: Candido Malta Campos Neto.

Bibliografia: f. 289-295.

1. Urbanização brasileira. 2. Sul-global. 3. Loteamentos urbanos.

4. Uberlândia. 5. Financeirização. I. Campos Neto, Candido Malta, orientador. II. Título.

CDD 711.4

Bibliotecária Responsável : Giovanna Cardoso Brasil CRB-8/9605

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À minha família: Teresinha, Onofre, Claiton e Salim.

Aos meus mestres e professores.

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6 Resumo

Esta tese se propõe estudar as transformações em curso nas periferias da cidade de Uberlândia, Minas Gerais, nos levando a acreditar que a cidade passa por uma mudança de escala no processo de urbanização a partir do final da década de 2000. Para isso, foi necessário percorrer, ao longo da história da urbanização da cidade, um caminho que nos comprovasse, que em dado momento histórico, houve um salto significativo na escala desse processo comparado a períodos anteriores. Partimos da hipótese de que a segregação socioespacial na periferia de Uberlândia-MG, a partir da segunda década do século XXI, foi acentuada com a participação ativa do Estado em associação com o poder privado, produzindo novas formas de segregação socioespacial que se somam às tradicionais, por meio de uma mudança de escala que acontece a partir do final do ano 2000. O objetivo geral dessa tese é analisar a configuração urbana da cidade de Uberlândia-MG na contemporaneidade, vista pelo prisma das novas formas de segregação socioespacial presentes em sua periferia. Analisamos a localização de bairros destinados a moradia das classes de alta renda, de habitação social e a ocorrência das ocupações irregulares. No primeiro capítulo, A cidade como problema: A urbanização das cidades no Sul-global, desenvolvemos um estudo sobre a urbanização no Sul-global, estabelecendo bases teóricas que são discutidas por autores como Schindler (2017), Mabin (2015), Datta (2006), Hoelscher e Aijaz (2016), Roy (2009), Harrison e Todes (2015), Turok (2012), entre outros. A fim de definirmos um recorte territorial, fizemos uma interseção entre os países que compõem o denominado Sul-global e o grupo econômico BRICS, chegando especificamente em três países do Sul que serão foco das considerações teóricas: o Brasil, a Índia e a África do Sul. No segundo capítulo, A cidade como história: O processo de urbanização, desenvolvemos um histórico do processo de urbanização da cidade de Uberlândia-MG, contribuindo para a percepção das alterações formais que geram os fragmentos urbanos contemporâneos observados na cidade. Consideramos como eixo estruturador desse capítulo, a análise das políticas públicas de produção de habitação social, considerando a urbanização das cidades brasileiras. Essas políticas são grandes responsáveis pela conformação urbana das nossas periferias. Utilizamos metodologicamente, a estrutura proposta por Bonduki (2014). No terceiro capítulo, A cidade como objeto: Os casos, analisamos quatro processos urbanos contemporâneos percebidos na cidade de Uberlândia-MG: a região do Bairro Granja Marileusa, o Loteamento Residencial Pequis, os empreendimentos da empresa Construtora MRV na região do Loteamento Gávea Sul e a Ocupação Irregular do Glória. No último capítulo, A cidade em fragmentos: Os resultados, analisamos os resultados da pesquisa de acordo com quatro elementos, o social, o político, o financeiro e no contexto Sul-global do processo. Concluímos que houve uma alteração de escala no processo de urbanização da cidade e vimos ainda uma mudança da atuação nos agentes produtores da cidade, onde não apenas a elite local atua no processo, mas também a entrada ou a combinação dos produtores locais com o mercado globalizado, inserindo o processo urbano ocorrido na cidade num contexto de financeirização do processo de urbanização. Levantamos ainda, questões finais nas quais precisaremos de pesquisas que contemplem futuramente as transformações políticas em curso no país, a partir da eleição de 2018 e seus reflexos nas políticas urbanas e de habitação.

Palavras-chave: Urbanização Brasileira, Sul-global, Loteamentos Urbanos, Uberlândia, Financeirização.

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8 Abstract

This thesis proposes to study the ongoing transformations in the peripheries of the city of Uberlândia, Minas Gerais, Brazil, which lead us to believe that the city undergoes a change of scale in the urbanization process from the end of the decade of 2000. For this, it was necessary to take a path along the history of the urbanization of the city that would prove to us that, in a certain historical moment, there was a significant jump in the scale of this process compared to previous periods.We start from the hypothesis that the socio-spatial segregation in the periphery of Uberlândia-MG was accentuated from the second decade of the twenty-first century, with the active participation of the State in association with the private power, producing new forms of socio-spatial segregation that add to the traditional by means of a change of scale that happens from the end of the year 2000. The general objective of this thesis is to analyze the urban configuration of the city of Uberlândia-MG in the contemporaneity, studying the prism of the new forms of socio-spatial segregation present in its periphery. We analyze the location of neighborhoods destined both to housing of the higher classes, and of popular housing and the occurrence of irregular occupations. In the first chapter, The city as a problem: The urbanization of cities in the global-South, we have developed a study on urbanization in the global-South, by establishing theoretical bases discussed by authors like Schindler (2017), Mabin (2015), Datta (2006), Hoelscher and Aijaz (2016), Roy (2009), Harrison and Todes (2015), Turok (2012), among others. In order to define a territorial cut, we have made an intersection between the countries that make up the so-called global-South and the BRICS economic group, selecting specifically three Southern countries that will be the focus of theoretical considerations: Brazil, India and South Africa. In the second chapter, The city as history: The process of urbanization, we developed a history of the urbanization process of the city of Uberlândia-MG, therefore contributing to the perception of the morphological changes that generate the contemporary urban fragments observed in the city. We consider as the structuring axis of this chapter the analysis of public policies for the production of social housing, considering the urbanization of Brazilian cities. These policies are great responsible for the urban conformation of our peripheries. Methodologically speaking, we use the structure proposed by Bonduki (2014). In the third chapter, The city as object: The cases, we analyze four contemporary urban processes perceived in the city of Uberlândia- MG: the region of Granja Marileusa, the Pequis Residencial, the enterprises of the MRV company in the region of the Gávea Sul Allotment and the Irregular Occupation of Glória region. In the last chapter, The city in fragments: The results, we analyze the results of the research according to four elements: social, political, financial and in the global-South context of the process. We conclude that there was a change of scale in the process of urbanization of the city and a change in the performance of the producers, where not only the local elite acts in the process, but also influence the entry or combination of local producers with the globalized market, inserting the urban process occurred in the city in a context of financialization of the urbanization process. We also raise final questions in which we will need research contemplating the political changes taking place in the country, starting with the 2018 election and its repercussions on urban and housing policies.

Keywords: Brazilian Urbanization, global-South, Urban Lots, Uberlândia, Financialisation.

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Lista de Figuras

Figura 01 Localização do município e da cidade de Uberlândia-MG. 21 Figura 02 Evolução da malha urbana (1959 a 2016) de Uberlândia-MG. 27 Figura 03 Localização dos mapas no perímetro urbano de Uberlândia-MG. 31 Figura 04 Vista aérea do Loteamento Residencial Pequis, Uberlândia-MG. 35 Figura 05 Vista aérea da região do Loteamento Gávea Sul, Uberlândia-MG. 36 Figura 06 Vista aérea da região do Loteamento Granja Marileusa, Uberlândia-MG. 36

Figura 07 Ocupação Irregular do Glória, Uberlândia-MG. 38

Figura 08 Divisão socioeconômica entre norte-sul global. 44

Figura 09 Países membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). 45

Figura 10 Localização da Índia. 48

Figura 11 Aspecto de vias em Old Deli, Deli, Índia, 2019. 51

Figura 12 Aspecto de Ganga Nagar, Bangalore, Índia, 2019. 53

Figura 13 Strand Road, Sul de Mumbai, Índia, 2019. 55

Figura 14 Localização da África do Sul. 56

Figura 15 Diepskloof, zona de Soweto, sudoeste de Johanesburgo, Província de Guateng, África do Sul.

58 Figura 16 Dainfern Golf Estate, norte de Johanesburgo, África do Sul. 60

Figura 17 Dieploot, norte de Johanesburgo, África do Sul. 62

Figura 18 Localização do Brasil. 66

Figura 19 Condomínio Fechado Manhattan, Setor Sul, Uberlândia-MG. 79 Figura 20 Ocupação Irregular do Glória, Setor Sul, Uberlândia, 2018. 81 Figura 21 Vista aérea do Condomínio Parque United Coast, região do Loteamento Gávea

Sul, Uberlândia-MG.

83 Figura 22 Vista aérea da região do Loteamento Acácias Uberlândia, Setor Sul, Uberlândia-

MG.

83 Figura 23 São Pedro de Uberabinha (atual Uberlândia-MG), 1891. 88 Figura 24 São Pedro de Uberabinha (atual Uberlândia-MG), 1927. 90

Figura 25 Foto aérea da cidade de Uberlândia, 1940. 91

Figura 26 Vila Operária, década de 1920, Uberabinha (atual Uberlândia-MG). 91 Figura 27 Primeiro contrato de venda da Empresa Imobiliária Uberlandense, 1937. 92 Figura 28 Casarões da avenida João Pinheiro (Século XX, sem data). 95 Figura 29

Casas populares construídas pela Empresa Imobiliária Uberlandense, na década de

1950, na Avenida Fernando Vilela, Vila Martins, Uberlândia-MG.

97 Figura 30 Vista panorâmica da cidade de Uberlândia-MG na década de 1940. 99 Figura 31 Conjunto habitacional no Bairro Patrimônio, década de 1950, Uberlândia-MG. 100 Figura 32 Região do Bairro Santa Mônica, Setor Leste, na década de 1970. 103 Figura 33 Construção do Estádio do Parque do Sabiá, ao fundo Bairro Santa Mônica,

década de 1970, Uberlândia-MG.

103 Figura 34 Campus Santa Mônica da UFU, junho de 1981, Uberlândia-MG 104

Figura 35

Campus Santa Mônica da UFU em 2018

104

Figura 36 Distrito Industrial de Uberlândia, provável década de 1980, Uberlândia-MG. 105 Figura 37 Centro da cidade de Uberlândia-MG, década de 1960. 106 Figura 38 Em primeiro plano Bairro Presidente Roosevelt, década de 1970, Uberlândia-

MG.

107 Figura 39 Região do Bairro Umuarama onde localiza a Escola de Medicina, década de

1970, Uberlândia-MG.

107

Figura 40 Conjunto Habitacional Cidade Industrial, COHAB-MG, 1968, Uberlândia-MG. 109

Figura 41 Conjunto habitacional Cruzeiro do Sul, final da década de 1970, Uberlândia-MG. 110

Figura 42 Conjunto Luizote de Freitas, final da década de 1970, Uberlândia-MG. 110

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Figura 43 Região do conjunto Segismundo Pereira, final da década de 1970, Uberlândia- MG.

111 Figura 44 Evolução da mancha urbana entre os anos de 1959, 1969 e 1979 em Uberlândia-

MG.

113 Figura 45 Evolução da Mancha urbana entre 1964 e 1986, Uberlândia-MG. 117 Figura 46 Região do Bairro Luizote de Freitas em 1988, Uberlândia-MG. 117 Figura 47 Obra de canalização do Córrego São Pedro e construção da Avenida Rondon

Pacheco, final da década de 1970, Uberlândia-MG.

119 Figura 48 Bairro Fundinho (antigo núcleo urbano original da cidade) e seus edifícios de

alto padrão construídos entre as décadas de 1980 e 1990

119 Figura 49 Abertura da Avenida Rondon Pacheco na década de 1970, Uberlândia-MG. 121

Figura 50 Cidade de Uberlândia-MG, década de 1980. 122

Figura 51

Cid

ade de Uberlândia-MG, década de 1980. 124

Figura 52 Conjunto Santa Mônica II, atual Bairro Morumbi, década de 1990, Uberlândia- MG.

125 Figura 53 Duplicação da Avenida Nicomedes Alves dos Santos, década de 1990, Setor Sul,

Uberlândia-MG.

130 Figura 54 Conjunto Santa Mônica II, atual Bairro Morumbi, Setor Leste, década de 1993,

Uberlândia-MG.

131 Figura 55 Aspecto de rua localizada no Bairro Shopping Park em Uberlândia-MG. 136 Figura 56 Condomínio Residencial Córrego do Óleo, Setor Oeste, Uberlândia-MG. 144 Figura 57 Imagem aérea dos residenciais Cidade Verde e Córrego do Óleo, Uberlândia-

MG, 2019.

144 Figura 58 Imagem aérea dos residenciais Tocantins I e II, Uberlândia-MG, 2019. 145 Figura 59 Foto dos residenciais Tocantins I e II, Uberlândia-MG, 2019. 146 Figura 60 Imagem aérea da região do Bairro Chácaras Tubalina, Uberlândia-MG, 2019. 150 Figura 61 Imagem aérea da região do Bairro Jardim Holanda, Uberlândia-MG, 2019. 151 Figura 62 Imagem área do Setor Oeste e em destaque área de propriedade da ITV,

Uberlândia-MG, 2019.

154 Figura 63 Muro construído pela ITV, junto à Av. Aldo Borges Leão, a fim de proteger sua

propriedade no Setor Oeste, Uberlândia-MG, 2019

154 Figura 64 Verticalização no Loteamento Flamboyant, Setor Norte, Uberlândia-MG, 2019. 156 Figura 65 Verticalização no Bairro Santa Mônica, Setor Leste, Uberlândia-MG, 2017. 158

Figura 66 Complexo Center Shopping, Uberlândia-MG, 2016. 158

Figura 67 Complexo Parque do Sabiá, Uberlândia-MG. 160

Figura 68 Planta ilustrativa do loteamento Quinta Alto Umuarama, Uberlândia-MG. 163 Figura 69 Planta ilustrativa da localização Loteamento Praça Alto Umuarama, junto ao

Praça Shopping, Uberlândia-MG.

163 Figura 70 Masterplan da área do Bairro Portal do Vale, Uberlândia-MG. 164 Figura 71 Ocupação Irregular Fidel Castro, Uberlândia-MG, 2017. 167

Figura 72 Uberlândia Shopping, Uberlândia – MG 170

Figura 73 Condomínio Torres do Sul, Rodobens Negócios Imobiliários, Uberlândia – MG. 172 Figura 74 Condomínio Triade em construção, Brasal Incorporações, Uberlândia – MG. 173 Figura 75 Sense Vertical Living, lançado em 2018, Brasal Incorporações, Uberlândia – MG. 173 Figura 76 Foto aérea do Loteamento Residencial Pequis, Uberlândia-MG. 180 Figura 77 Projeto do Loteamento Granja Marileusa, Uberlândia-MG. 180

Figura 78 Ocupação do Glória, Uberlândia-MG, 2017. 181

Figura 79 Perímetro urbano de acordo com a Lei 10.575/2010 e de acordo com a Lei 11.412/2013 com a inserção das áreas o PMCMV.

185

Figura 80 Foto aérea do Loteamento Residencial Pequis em Uberlândia-MG. 186

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Figura 81 Tipologia das residências no Loteamento Residencial Pequis – Uberlândia-MG, 2016.

189 Figura 82 Densidade Demográfica da área de influência do Loteamento Residencial

Pequis, Uberlândia-MG.

190 Figura 83 Densidade de renda por setor censitário da área de influência do Loteamento

Residencial Pequis, Uberlândia-MG, 2016.

194 Figura 84 Condomínio residencial multifamiliar horizontal Jardim do Cerrado III

empreendido por PDCA Engenharia, Uberlândia-MG, 2018.

195 Figura 85 Implantação do Condomínio Jardim do Cerrado IV, empreendido por PDCA

Engenharia, Uberlândia-MG, 2018.

200 Figura 86 Evolução da mancha urbana da área de influência do Loteamento Residencial

Pequis entre 1979 e 2018, Uberlândia-MG.

200 Figura 87 Densidade Demográfica da área de influência dos empreendimentos MRV,

Uberlândia-MG.

201 Figura 88 Imagem aérea do Condomínio United Coast de propriedade de MRV –

Uberlândia –MG, 2015.

213 Figura 89 Evolução da mancha urbana na área de influência Bairro Gávea Sul, Uberlândia-

MG de 1979 até 2018.

219 Figura 90 Casa Garcia, Granja Marileusa, Uberlândia-MG, 2018. 221 Figura 91 Residencial Solar do Cerrado, Granja Marileusa, Uberlândia-MG, 2018. 226 Figura 92 CSC Cargill, Granja Marileusa, Uberlândia-MG, 2018. 226 Figura 93 Map Green, Granja Marileusa, Uberlândia-MG, 2018. 227 Figura 94 Condomínio Village Paradiso, Granja Marileusa, Uberlândia-MG, 2018. 227 Figura 95 Residência no Condomínio Village Paradiso 2, Granja Marileusa, Uberlândia-

MG, 2018.

228 Figura 96 Lançamento de empreendimento localizado no entorno do Bairro Integrado

Granja Marileusa, Uberlândia-MG, 2017.

228 Figura 97 Localização das estações do UdiBike em Uberlândia-MG, 2019. 229 Figura 98 Planejamento de sistema de transporte público de Uberlândia-MG, Sistema de

VLT e BRT.

231 Figura 99 Densidade demográfica da área de influência dos empreendimentos MRV,

Uberlândia-MG, 2016.

231 Figura 100 Imagem aérea do Bairro Aclimação, Uberlândia-MG, 2018. 233 Figura 101 Informação do site da empresa HPR sobre a localização do Condomínio

Residencial Paineiras, Bairro Aclimação, Uberlândia-MG, 2018.

237 Figura 102 Aspecto de verticalização observada no Loteamento Bosque dos Buritis,

Uberlândia-MG, 2019.

237 Figura 103 Evolução da mancha urbana da área de influência do Bairro Granja Marileusa

(1979-2018), Uberlândia-MG.

238

Figura 104 Projeto do Campus Glória, Uberlândia-MG. 240

Figura 105 Localização de divisão das glebas da Fazenda do Glória e localização da Ocupação Irregular do Glória 1(B), Uberlândia-MG.

241 Figura 106 Vista aérea da Ocupação Irregular do Glória, Uberlândia-MG 241 Figura 107 Densidade Demográfica da área de influência da Ocupação Irregular do Glória,

Uberlândia-MG.

243

Figura 108 Ocupação Irregular do Glória, 2015. 245

Figura 109 Imagem aérea da Ocupação do Glória, Uberlândia-MG, 2018. 247

Figura 110 Mancha Urbana da Cidade de Uberlândia-MG, 2019 249

Figura 111 Loteamento Bem Viver (aprovado em 2014), Uberlândia-MG 251

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Lista de Mapas

Mapa 01 Localização do Loteamento Residencial Pequis, Loteamento Gávea Sul, Bairro Granja Marileusa e Ocupação Irregular do Glória, Uberlândia-MG.

37

Mapa 02 Região da cidade de Johanesburgo, África do Sul. 61

Mapa 03 Localização dos loteamentos empreendidos pela ITV e áreas de sua propriedade, Uberlândia-MG

94 Mapa 04 Localização dos conjuntos habitacionais Patrimônio e JK na malha urbana de

1959, Uberlândia-MG.

101 Mapa 05 Localização dos conjuntos habitacionais da COHAB, malha urbana de 1979,

Uberlândia-MG.

112 Mapa 06 Loteamentos dos conjuntos habitacionais até 1986, Uberlândia-MG. 120 Mapa 07 Localização de conjuntos habitacionais e ocupações irregulares, Uberlândia-

MG.

129 Mapa 08 Localização dos empreendimentos do programa Tchau-Aluguel, PAR e Shopping

Park, Uberlândia-MG.

139 Mapa 09 Localização dos empreendimentos habitacionais Cidade Verde e Córrego do

Óleo, Uberlândia-MG.

145 Mapa 10 Localização dos bairros de chácara, dos bairros PMCMV, empreendimentos

verticais e das ocupações irregulares do Setor Oeste, Uberlândia-MG

147 Mapa 11 Localização dos empreendimentos do Bairro Chácaras Tubalina, Uberlândia-

MG, 2019.

149 Mapa 12 Localização dos empreendimentos do Bairro Jardim Holanda, Uberlândia-MG,

2019.

152 Mapa 13 Localização do setor norte e o distrito industrial, Uberlândia-MG, 2019. 156 Mapa 14 Localização dos principais equipamentos do Setor Leste, Uberlândia-MG, 2019. 159 Mapa 15 Localização de vazios urbanos e proprietários de terra no Setor Leste,

Uberlândia-MG, 2019.

162 Mapa 16 Localização dos principais empreendimentos do Setor Sul, Uberlândia-MG. 169 Mapa 17 Localização do Loteamento Residencial Pequis, Uberlândia-MG. 187 Mapa 18 Ciclovias e cliclofaixas na região do Loteamento Residencial Pequis, Uberlândia-

MG.

192 Mapa 19 Uso e Ocupação do solo da área de Influência do Loteamento Residencial

Pequis, Uberlândia-MG, 2019.

197 Mapa 20 Localização dos empreendimentos MRV na cidade de Uberlândia-MG. 206 Mapa 21 Localização dos empreendimentos MRV em estudo no Loteamento Gávea Sul,

Uberlândia-MG.

210 Mapa 22 Localização do Bairro Integrado Granja Marileusa, Uberlândia-MG, 2019. 224 Mapa 23 Mapa de uso e ocupação do solo da área de influência do Bairro Granja

Marileusa, Uberlândia-MG, 2019.

236 Mapa 24 Localização da Ocupação Irregular do Glória, Uberlândia-MG, 2019. 242 Mapa 25 Localização dos Bairros Tubalina, Pampulha, Roosevelt e Dona Zulmira,

Uberlândia-MG.

262

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14

Lista de Tabelas

Tabela 01 População por raça em Johanesburgo, 2018. 59

Tabela 02 População por raça em Dainfern, Johanesburgo, 2018. 60 Tabela 03 População por raça em Diepsloot, Johanesburgo, 2018. 62 Tabela 04 Relação de loteamentos da Imobiliária Tubal Vilela, 2019. 93

Tabela 05 População residente em Uberlândia, 1940-2018. 96

Tabela 06 Loteamentos aprovados entre 1964 e 1986, Uberlândia-MG. 114 Tabela 07 Loteamentos habitacionais urbanos aprovados entre 1986 e 2002, Uberlândia-

MG.

127 Tabela 08 Loteamentos habitacionais urbanos aprovados entre 2003 e 2011, Uberlândia-

MG.

133 Tabela 09 Relação de empreendimentos habitacionais pelo PAR e Programa Tchau-Aluguel

em Uberlândia-MG.

137 Tabela 10 Loteamentos habitacionais urbanos aprovados entre 2011 e 2019 por setor,

Uberlândia-MG.

141 Tabela 11 Reloteamentos implantados no Bairro Tubalina Setor Chácaras – Uberlândia-

MG.

148 Tabela 12 Reloteamentos implantados no Bairro Jardim Holanda – Uberlândia-MG, 2019. 150 Tabela 13 Loteamentos (Setor Oeste) a partir da expansão do perímetro urbano (2013),

Uberlândia-MG, 2019.

151 Tabela 14 Empreendimentos H2v localizados na periferia do Setor Oeste, Uberlândia-MG. 153 Tabela 15 Empreendimentos H2v localizados no Setor Norte de Propriedade da

Construtora C & A, Uberlândia-MG.

157 Tabela 16 Empreendimentos H2v na região do Loteamento Grand Ville Uberlândia, Setor

Leste, Uberlândia-MG, 2019.

164 Tabela 17 Empreendimentos verticais da empresa HPR no Setor Leste, Uberlândia-MG,

2019.

165 Tabela 18 Relação de condomínios MRV entre o Uberlândia Shopping e o Bairro Gávea Sul,

Uberlândia, 2019.

174 Tabela 19 Loteamentos habitacionais urbanos aprovados entre 2012 e 2018, Uberlândia-

MG.

175 Tabela 20 Domicílios por tipo, área de influência do Loteamento Residencial Pequis,

Uberlândia-MG (2010)

195 Tabela 21 Número de moradores por domicílio da área de influência do Loteamento

Residencial Pequis, Uberlândia-MG, 2012.

196 Tabela 22 Valores de VGV, de Vendas Contratadas e lucro líquido da empresa (2004-

2010).

203 Tabela 23 Empreendimentos da empresa MRV em Uberlândia-MG. 204 Tabela 24 Relação dos empreendimentos analisados da empresa MRV, localizados na

região do Loteamento Gávea Sul, Uberlândia-MG.

209 Tabela 25 Domicílios por tipo, área de influência do Bairro Shopping Park, Uberlândia-MG

(2010).

214 Tabela 26 Número de moradores por domicílio da área de influência do Bairro Shopping

Park, Uberlândia-MG, 2012.

215 Tabela 27 Relação das 10 Maiores Empresas em Arrecadação de ICMS 2017 no Município

de Uberlândia-MG.

223 Tabela 28 Domicílios por tipo, área de influência do Loteamento Granja Marileusa,

Uberlândia-MG, 2010.

234 Tabela 29 Número de moradores por domicílio da área de influência do Loteamento

Granja Marileusa, Uberlândia-MG (2012).

234

(15)

15

Tabela 30 Domicílios por tipo, área de influência da Ocupação do Glória, Uberlândia-MG (2010).

274 Tabela 31 Número de moradores por domicílio da área de influência do Loteamento

Granja Marileusa, Uberlândia-MG (2012).

248 Tabela 32 Loteamentos verticais da empresa Construtora C & A, Uberlândia-MG, 2019. 274

Lista de Gráficos

Gráfico 01 População residente em Uberlândia-MG, período de 1940-2018. 99 Gráfico 02 Quantidade de lotes aprovados por ano no período entre 1966 e 1986,

Uberlândia-MG.

116 Gráfico 03 Quantidade de lotes aprovados por ano no período entre 1986 e 2002,

Uberlândia-MG

128 Gráfico 04 Quantidade de lotes aprovados por ano no período entre 1986 e 2002,

Uberlândia-MG

134 Gráfico 05 Unidades habitacionais da empresa Construtora MRV por ano, Uberlândia-

MG.

135 Gráfico 06 Evolução do número de passageiros no aeroporto de Uberlândia-MG de 2005

a 2016.

239 Gráfico 07

Evolução do PIB a preços concorrentes Uberlândia-MG, entre 1999 e 2015

273 Gráfico 08 Loteamentos habitacionais urbanos aprovados entre 2012 e 2018, Uberlândia-

MG

276

Lista de Quadros

Quadro 01 Categorias de análise, indicadores, produtos e fontes dos dados utilizados na escala do empreendimento.

182 Quadro 02 Equipamentos sociais e comunitários na área de influência do Loteamento

Residencial Pequis, Uberlândia-MG, 2018.

193 Quadro 03 Equipamentos sociais e comunitários na área de influência dos

empreendimentos MRV, Uberlândia-MG, 2018.

212 Quadro 04 Equipamentos sociais e comunitários na área de influência do Loteamento

Granja Marileusa, Uberlândia-MG, 2018.

232 Quadro 05 Uberlândia – MG, Relação de Loteamentos/Ocupações Irregulares, 2015. 243 Quadro 06 Equipamentos sociais e comunitários na área de influência da Ocupação

Irregular do Glória, Uberlândia-MG, 2018.

245 Quadro 07 Obras viárias anunciadas pela Prefeitura Municipal de Uberlândia em outubro

de 2018.

269

Quadro 08 Relação de empresas incorporadores com capital aberto na IBOVESPA, 2019. 272

(16)

16

Lista de Siglas

BNH Banco Nacional de Habitação

BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEF Caixa Econômica Federal

COHAB-MG Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais

EMCOP Empresa Municipal de Urbanização e Construções Populares FGTS Fundo de Garantia sobre Tempo de Serviço

FMHIS Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social GIS Geographic Information System

H2v Empreendimento Habitacional Multifamiliar Vertical IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IIHS Indian Institute for Human Settlements IPI Imposto sobre Produtos Industrializados ITV Imobiliária Tubal Vilela

MG Estado de Minas Gerais

ONG Organização Não Governamental ONU Organização das Nações Unidas

PAC Programa de Aceleração do Crescimento PAIH Programa de Ação Imediata em Habitação PAR Programa de Arrendamento Residencial PIB Produto Interno Bruto

PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida PMU Prefeitura Municipal de Uberlândia-MG PT Partido dos Trabalhadores

SBPE Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo SEPLAN Secretaria Municipal de Planejamento Urbano SERFAU Serviço Federal de Habitação e Urbanismo SFH Sistema Financeiro de Habitação

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

WITS Universidade de Witwatersrand

(17)

17

Sumário

Introdução

21

1. A cidade como problema: A urbanização das cidades no Sul-global

43

1.1. Tendências da urbanização no Sul-global 43

1.1.1. Urbanização contemporânea na Índia 48

1.1.1.1. A linguagem da urbanização nas cidades da Índia 52 1.1.2. Urbanização contemporânea na África do Sul 55 1.1.2.1. Políticas habitacionais inclusivas na África do Sul 63

1.1.3. Urbanização contemporânea no Brasil 66

1.2. A cidade como produto: o mercado 75

2. A cidade como história: O processo de urbanização

87 2.1. O início do processo de expansão urbana e as primeiras periferias 87 2.2. Habitação social e a expansão das periferias locais 97 2.2.1. Origens da habitação social em Uberlândia / 1930 - 1964 98 2.2.2. A política habitacional e urbana do período militar / 1964 - 1986 104 2.2.3. Décadas perdidas ou tempos de utopia e esperança? / 1986 - 2002 123 2.2.4. A Política Nacional de Habitação do século XXI:

Em direção ao direito à moradia digna? / 2003 – 2010

132 2.2.5. Tempos obscuros, e agora? / 2011 – 2019 140 2.2.5.1. Urbanização contemporânea do Setor Oeste de Uberlândia-MG 143 2.2.5.2. Urbanização contemporânea do Setor Norte de Uberlândia-MG 155 2.2.5.3. Urbanização contemporânea do Setor Leste de Uberlândia-MG 157 2.2.5.4. Urbanização contemporânea do Setor Sul de Uberlândia-MG 167

3. A cidade como objeto: Os casos

179

3.1. Métodos e escala de análise 179

3.2. Loteamento Residencial Pequis 184

3.2.1. Avaliação dos indicadores na escala do empreendimento 189

3.3. Empreendimentos Construtora MRV 202

3.3.1. Avaliação dos indicadores na escala do empreendimento 208

3.4. Bairro Granja Marileusa 221

3.4.1. Avaliação dos indicadores na escala do empreendimento 229

3.5. Ocupação Irregular do Glória 240

3.5.1. Avaliação dos indicadores na escala do empreendimento 244

4. A cidade em fragmentos: Os resultados

255

4.1. Cidade e pessoas 256

4.2. Cidade e forma urbana 258

4.3. Cidade e política 266

4.4. Cidade e capital 271

4.5. Resultados em um contexto Sul-global 276

Conclusão

283

Referências Bibliográficas e Sitográficas

289

(18)

18

(19)

19

Você reprova o fato de que as minhas histórias o transportam para o meio de uma cidade sem falar a respeito do espaço que separa uma cidade da outra: se é coberto por mares, campos de centeio, florestas de lariços, pântanos. Responderei com uma história. (CALVINO, 1990, p.138)

(20)

20

(21)

21

Introdução

Esta tese se propõe estudar as transformações em curso nas periferias da cidade de Uberlândia, Minas Gerais (MG), Brasil, nos levando a acreditar que a cidade passa por uma mudança de escala no processo de urbanização a partir do final da década de 2000, a exemplo do que vem ocorrendo em outras cidades brasileiras.

Para compreendermos os motivos dessa mudança de escala e a partir de quando isso ocorre, foi necessário percorrer, ao longo da história da urbanização da cidade, um caminho que nos comprovasse que realmente em dado momento histórico houve um salto significativo na escala desse processo comparado a períodos anteriores.

Nesse sentido, observamos quais foram os motivos que levaram a essa alteração de escala e as consequências desse processo refletido na urbanização contemporânea da cidade.

Partimos da hipótese de que a segregação socioespacial na periferia de Uberlândia-MG, a partir da segunda década do século XXI, foi acentuada com a participação ativa do Estado (poder público), em associação com o poder privado, produzindo novas formas de segregação socioespacial que se somam às tradicionais, por meio de uma mudança de escala que acontece a partir do final da década de 2000. Para ilustrarmos o tamanho dessa mudança de escala de urbanização, vamos demonstrar nessa pesquisa que a cidade possui aproximadamente 230.000 lotes urbanos (2019) e que 37,5% dos lotes urbanos da cidade foram implantados após o ano de 2010, demonstrando o grande impacto do crescimento físico da cidade nesse período. Ao mesmo tempo, de acordo com a projeção de crescimento de população da cidade o IBGE (2010, 2019) prevê um crescimento da população da cidade de 13% entre 2010 e 2018.

Figura 01: Localização do município e da cidade de Uberlândia-MG

.

Fonte: Mapa Base IBGE, adequado e organizado por Guilherme A. S. Motta (2019).

(22)

22

A cidade dispersa e fragmentada do século XXI é fruto, principalmente, da atuação do mercado imobiliário e do capital financeiro, possibilitada pela participação do Estado que contribui por meio da criação de leis e aprovação de processos de parcelamento do solo, refletindo os interesses do poder privado, em contrapondo da coletividade. Esses fragmentos urbanos criados não se conectam em termos territoriais e constituem um problema na estrutura socioespacial da cidade e na coesão social do espaço urbano. A associação do Estado (poder público e político) com o mercado imobiliário (poder privado e financeiro), portanto, é a responsável pela organização urbana que permite novas formas de segregação social para os grupos de alta renda na periferia da cidade e confirmam a tradicional forma de segregação socioespacial das classes de baixa renda em suas periferias e em suas bordas.

O objetivo geral dessa tese é analisar a configuração urbana da cidade de Uberlândia-MG na contemporaneidade, vista pelo ponto de vista das novas formas de segregação socioespacial presentes na sua periferia. Devemos nesse contexto analisar a localização dos bairros destinados a moradia das classes de alta renda, de habitação social e a ocorrência das ocupações irregulares.

De modo específico, podemos definir alguns objetivos para a pesquisa:

1. Compreender o processo de urbanização Sul-global, suas tendências contemporâneas, especificamente no Brasil, África do Sul e Índia.

2. Compreender a influência do mercado imobiliário e do mercado financeiro na produção da cidade contemporânea, identificando a forma de atuação dos agentes públicos, privados e dos movimentos sociais na produção da cidade, analisando-a pelo ponto de vista das suas escalas de urbanização, a fim de compreender o seu papel como negócio e o papel do neoliberalismo nos processos de urbanização em cidades do Sul-global, especificamente no Brasil.

3. Entender a influência do mercado imobiliário e financeiro nas localizações das áreas em estudo, juntamente com a atuação e participação do Estado na configuração urbana contemporânea.

4. Compreender a cidade de Uberlândia-MG, através do processo histórico de urbanização do seu território e sua evolução política, econômica e populacional, entendendo o processo de segregação socioespacial das classes de renda, por meio da localização dos conjuntos habitacionais no espaço intraurbano da cidade, a fim de perceber o que há de novo em termos de formas de segregação explícitas no espaço urbano.

5. Compreender os empreendimentos escolhidos para análise, considerando a sua forma de

inserção urbana e como eles contribuem na constituição de uma cidade segregada e

fragmentada territorialmente, e por que eles representam os processos de urbanização que

ocorrem na periferia da cidade de Uberlândia-MG.

(23)

23

6. Identificar o papel das ocupações irregulares na cidade de Uberlândia-MG, como uma alternativa encontrada para promoção de habitação e na conformação da cidade contemporânea.

O estudo da cidade na contemporaneidade e seus aspectos sociais, econômicos e históricos, e ainda a relação entre os seus agentes produtores é, portanto, a abordagem central da pesquisa, considerando como eixo estruturante a importância do processo de globalização econômica e de evolução tecnológica e social, e suas relações com os fragmentos territoriais da cidade.

A abordagem teórica na cidade, foco dessa pesquisa, concentra-se em uma análise do espaço urbano/geográfico, englobando aspectos da economia e sociedade e o resultado dessas relações na construção da sociedade contemporânea, a atuação do mercado imobiliário na produção da habitação e do território e o consequente reflexo dessa nova estrutura na configuração urbana, considerando as tendências de urbanização no Sul-global, como pano de fundo de estudos dos processos verificados na cidade de Uberlândia-MG.

A fim de atingirmos os objetivos dessa tese nos propusemos a criar uma linha do tempo desde a criação do núcleo urbano de São Pedro de Uberabinha (atual Uberlândia-MG), analisando o processo de disponibilidade de habitação social ao longo da história e o crescimento físico da cidade até a contemporaneidade. Nos concentramos, entretanto, em demonstrar a forma atual e os processos de urbanização contemporâneos observados a partir do final da década de 2000, quando percebemos a mudança da escala da urbanização das cidades brasileiras, em especial da cidade de Uberlândia-MG.

A fim de aprofundarmos os estudos desses processos, selecionamos quatro empreendimentos, implantados a partir da década de 2010 e que terão a importância de demonstrar o impacto dessas transformações no território e na constituição física e social da cidade contemporânea.

Este estudo se justifica no fato de a cidade de Uberlândia carecer de estudos e pesquisas

aprofundadas que analisem a cidade a partir da ótica da sua urbanização contemporânea, a segregação

socioespacial e a fragmentação do território causada pelas políticas de urbanização. Esta tese pretende

ser instrumental para a promoção de um planejamento e gestão urbana mais eficazes e que minimizem

os efeitos negativos de uma política urbana ineficiente, que não contribui para um habitat humano

coeso social e espacialmente. O objeto central desta pesquisa é estudar a formação urbana

contemporânea da cidade de Uberlândia-MG, a partir de três eixos estruturadores principais do

espaço: (1) assentamentos habitacionais direcionados para as classes de renda baixa e média,

definidos pelos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), localizados no

Setor Oeste – Loteamento Residencial Pequis e a Construtora MRV, empreendimentos localizados na

(24)

24

proximidade do Loteamento Gávea Sul; (2) a Região do Bairro Granja Marileusa (Setor Leste), e será importante ainda observar que nesse contexto de urbanização contemporânea, a cidade passa por um intenso processo de favelização, no qual destacamos o surgimento da (3) Ocupação Irregular do Glória (Setor Sul).

A investigação procurará, conforme aborda Maricato (2011; 2015), contribuir fundamentalmente para a reflexão sobre as razões do impasse que bloqueia a emergência de novos rumos para a política urbana brasileira, que é estabelecida pelas forças da mercantilização em todos os níveis sociais da estrutura urbana e observação das novas formas de segregação socioespacial percebidas na cidade.

Por fim, o tema é a segregação socioespacial promovida pela atual política habitacional, num contexto de financeirização da habitação social e sua relação com a financeirização do mercado imobiliário como um todo, num panorama Sul-global.

Tendo sempre a cidade de Uberlândia-MG como foco do estudo, e sua contextualização nos processos de urbanização contemporânea no Sul-global, algumas questões nortearão o escopo da pesquisa.

Como a atuação de seus agentes produtores e o uso do espaço urbano interfere na estruturação do espaço urbano e na produção do seu habitat? O que há de novo em termos de formas de segregação socioespacial com relação aos modelos de segregação observadas historicamente na cidade de Uberlândia-MG? Como as políticas habitacionais e a localização dos empreendimentos para faixas de renda mais alta influenciam a produção do espaço urbano? Qual a relação entre a estrutura socioespacial e o mercado imobiliário na regulação urbana? Qual o papel do Estado na construção da cidade contemporânea? Qual o reflexo da financeirização e das políticas habitacionais na produção da cidade?

O crescimento da cidade de Uberlândia-MG reflete na fragmentação do seu território geográfico. Nessa medida, como essas partes mantém inter-relações espaciais entre si e como essa cidade dentro de um sistema complexo e fragmentado destaca seus espaços destinados à habitação social? O mercado financeiro e os investimentos privados na cidade, a compreensão da cidade como mercadoria, as novas formas de segregação socioespacial, as políticas públicas de habitação social e desenvolvimento urbano e os espaços públicos na cidade contemporânea são fragmentos desse todo.

Deve-se estabelecer uma visão da cidade na contemporaneidade num contexto Sul-global e,

de que forma esses fragmentos territoriais se estruturam e são produzidos a partir do ponto de vista

das políticas habitacionais e da financeirização das políticas públicas nas cidades no século XXI,

considerando o momento político-econômico que o país vivencia.

(25)

25

Como já expusemos, destacam-se nesse contexto algumas regiões na cidade onde esses fenômenos são acentuados ou explicitados, nos quais a urbanização é decorrente de um processo de intervenção do Estado e, ainda, do mercado e capital imobiliário, além dos movimentos sociais.

Dessa forma, estabelecemos um recorte temporal, compreendendo os empreendimentos que serão analisados e foram aprovados a partir do ano 2012, coincidindo com ano de eleições municipais, e com o ano em que ocorre a ocupação irregular da Fazenda do Glória. Este ano marca também a eleição do governo Gilmar Machado (2013-2016, do Partido dos Trabalhadores) quando ocorre a expansão do perímetro urbano para implantação de diversos empreendimentos do PMCMV. O recorte territorial foi delimitado pelos empreendimentos localizados no Setor Oeste da cidade destacando a implantação do PMCMV e a expansão do perímetro urbano em 2013 para implantação do programa (Loteamento Residencial Pequis, Monte Hebron, Fruta do Conde e Lago Azul) através de cerca de 8.000 unidades habitacionais (Faixa 1 e Faixa 2). Dedicamos especial atenção ao empreendimento Loteamento Residencial Pequis, a fim de estabelecer um recorte espacial. Destacamos os empreendimentos da empresa Construtora MRV, destinados a receber classes de renda média, entre três e 10 salários mínimos, localizados em diversas regiões da cidade, devido sua importância e interferência na escala da urbanização da cidade pela expressiva quantidade de unidades habitacionais disponibilizadas, recortando os condomínios localizados na região do loteamento Gávea Sul, Setor Sul. E, ainda, a região do Loteamento Granja Marileusa, destinados a classe de média e alta renda, no Setor Leste da cidade, responsáveis pela criação de novas centralidades urbanas e que acentuam o processo de dispersão urbana, tal como define Reis (2009). Ao mesmo tempo destacamos a presença da maior ocupação irregular da cidade, denominada Ocupação do Glória, localizada no Setor Sul.

1

Esses empreendimentos deverão ser analisados a fim de perceber nessa nova estrutura urbana em construção na cidade, reflexo de toda problemática levantada e estabelecida nos seus fragmentos urbanos contemporâneos. Cabe destacar que esses empreendimentos serão analisados a fim de destacar a sua inserção urbana e não uma análise arquitetônica dos empreendimentos.

1 Utilizamos de algumas denominações a fim de nos referirmos tanto aos empreendimentos em estudos, quanto a outros empreendimentos urbanos que destacamos ao longo dessa tese. Por loteamento (convencional ou fechado), denominamos aqueles aprovados no âmbito municipal no qual uma gleba dá origem a lotes e áreas públicas (sistema viário, áreas verdes, institucionais e outras, dependendo da lei municipal na qual o loteamento foi aprovado). Atualmente os loteamentos são aprovados com base na Lei Complementar 523 de 07 de abril de 2011 e suas alterações. Por bairro, nos referimos ao termo Bairro Integrado. O projeto Bairros Integrados iniciou- se na década de 1980 e foi consolidado na década de 2000 e tem a finalidade de racionalizar a quantidade de

“bairros” existentes na cidade, fundamentando-se em critérios, tais como a diversidade de cada setor territorial, os limites físicos, as características geográficas e de uso e ocupação do solo, bem como o sistema viário. Os Bairros Integrados são compostos pelos referidos loteamentos aprovados na cidade e, portanto, podem referir- se a mesma região, mas não necessariamente ao mesmo local específico de um loteamento. Por exemplo, o Loteamento Convencional Granja Marileusa está contido no Bairro Integrado Granja Marileusa. Por condomínio nos referimos aos empreendimentos habitacionais aprovados em glebas ou lotes, aprovados por meio da Lei 4.591 de 16 de dezembro de 1964, normatizado pela NB 140 (atual NBR 12.721).

(26)

26

Referencial Teórico

Esta pesquisa propõe uma reflexão da sociedade contemporânea e da cidade que ela produz.

Nesse contexto, pensamos obviamente na condição atual da cidade e como vislumbramos que ela se apresente no futuro. Lefebvre (2001) estabelece que medidas revolucionárias são necessárias para se encarregar da solução para os problemas urbanos, através das forças sociais e políticas. O autor define que o projeto de reforma urbana questiona as estruturas da cidade, por meio do confronto das suas relações imediatas e cotidianas, colocando-se contra os fatos estabelecidos. A classe operária, no caso os segregados, são os atores capazes de desfazer essa situação observada no meio ambiente urbano da contemporaneidade.

As novas centralidades criadas com o estabelecimento da fase atual do capitalismo contribuem para um processo de exclusão social que se estende ao âmbito da exclusão territorial. Diversos autores confrontam essa problemática, como Lefebvre (2001) ao discutir o direito à cidade, como um direito à vida urbana transformada e renovada. Esse direito apenas seria possível com a classe operária sendo um agente dessa realização. Essa visão é importante nesse trabalho, ao contrapormos a produção da cidade aos agentes financeiros e imobiliários e ao Estado, paradoxalmente à sociedade, principalmente à população de classe de renda baixa.

Faz-se necessário discutir no âmbito da produção do espaço questões da nossa atual democracia e da participação da sociedade na construção das cidades contemporâneas, a fim de prospectar um ponto de equilíbrio entre o espaço do capital e o espaço social, na qual consideramos a perspectiva futura das nossas cidades. Nesse sentido enquadramos também o pensamento a respeito da modernidade líquida e fluida desenvolvido por Bauman (2001).

Essa discussão permeia o conceito de justiça territorial, concomitantemente, ao de cidade justa no qual o trabalho de Fainstein (2010) nos parece oportuno, sendo que a autora demonstra a noção de cidade justa em um contexto epistemológico, focado no pós-estruturalismo/pós- modernismo, articulando em favor da democracia, os valores da equidade, igualdade e da diversidade no território urbano.

A autora discute que a teoria do planejamento deve abordar questões como a relação entre o contexto urbano e a atividade de planejamento, como o planejamento afeta os usuários da cidade, e ainda quais princípios deveriam guiar a sua formulação, conteúdo e implementação. Esse contexto é focado por Fainstein (2010) no qual a justiça urbana é um dos componentes para uma boa cidade.

Dessa forma, podemos contrapor os conceitos de segregação socioespacial observados nas cidades

brasileiras aos conceitos estabelecidos pela autora, tais como equidade, igualdade e diversidade para

busca de uma cidade justa.

(27)

27

Da forma como os autores acima estabelecem conceitos que permeiam o âmbito do direito à cidade e da cidade justa, faz-se conveniente analisar de que forma as cidades brasileiras são construídas, de maneira a acentuar as diferenças sociais em um modelo de segregação socioespacial estabelecido pela localização das classes de renda no seu território intraurbano.

Villaça (1978, 2001, 2012) desenvolve um modelo urbano, que contrapõe o modelo da ecologia urbana da Escola de Chicago (modelos concêntricos) e torna-se aplicável às cidades brasileiras no qual as classes sociais disputam as localizações urbanas, criando um processo de segregação socioespacial, comum nas cidades brasileiras. Esses estudos nos permitem compreender o processo histórico de crescimento da cidade e o estabelecimento das classes sociais no espaço intraurbano, observando dessa forma, de que maneira ocorreu a segregação socioespacial na cidade em estudo.

Figura 02: Evolução da mancha urbana

(1959 a 2016)

de Uberlândia-MG

.

Fonte: Mapa Base da Prefeitura Municipal de Uberlândia (2017). Modificado pelo autor.

De acordo com Villaça (2001), o modelo de segregação socioespacial mais conhecido nas

cidades brasileiras é o centro x periferia, sendo o centro a região dotada de melhor infraestrutura e

equipamentos públicos e privados e a periferia subequipada e longínqua. Aos atributos de localização

estabelecidos pelo autor, podemos complementar com o conceito de localização atualizado por Vargas

(2014) que incluem condições ambientais, paisagísticas e ainda questões de status, tradição e cultura

como atributos de localização.

(28)

28

A repetição do modelo de Villaça (2001) é acentuada na cidade de Uberlândia, principalmente nos últimos anos, com a implantação dos empreendimentos enquadrados no PMCMV, que desloca a população de mais baixa renda para locais longínquos, nas bordas da mancha urbana da cidade.

As políticas de implantação de moradia social foram acentuadas através dos programas do Governo Federal, nos últimos anos. Maricato (2011) observa que essas políticas tiveram uma preocupação com a quantidade de moradias e não com a condição urbana dessa população. Nesse ponto de vista, segundo a autora, as cidades brasileiras pioraram, apesar dos avanços nas políticas urbanas observadas no país. Os investimentos em moradia para classes de renda de até três salários mínimos aumentaram significativamente. Entretanto, o resultado dessas políticas é observado no clientelismo político e na especulação imobiliária evidenciada nas cidades brasileiras, recaindo a velhos problemas urbanos como a acentuação dos processos de segregação socioespacial, políticas rodoviaristas que priorizam o automóvel e o mercado imobiliário (donos de terra) estabelecendo a localização dos mais pobres no espaço urbano.

É importante entendermos também o processo global de financeirização das cidades e seu impacto sobre os direitos à terra e à moradia dos mais pobres e vulneráveis, conforme estudos de Rolnik (2015). Ela descreve e analisa as transformações recentes nas políticas habitacionais e fundiárias em vários países do mundo, no marco da expansão de uma economia neoliberal globalizada, controlada pelo sistema financeiro, que provocaram um processo global de insegurança da posse. A autora demonstra como essas transformações também ocorrem no Brasil, contribuindo para compreensão dos fatos ocorridos na cidade em estudo, visto que se observa claramente a atuação do mercado imobiliário nos processos de urbanização e produção da habitação na periferia da cidade, a fim de compreender como esses fenômenos globais se refletem localmente.

Outros autores são igualmente importantes na compreensão desse processo da produção da cidade pelo ponto de vista da habitação social, considerando as transformações ocorridas a partir dos anos 2000, como destaca Shimbo (2012) e tal como aponta Royer (2014) para a direção da financeirização da política habitacional.

A fim de direcionarmos o estudo às cidades brasileiras localizadas no interior do país, Sposito

& Goés (2013), considerando as peculiaridades da urbanização das cidades médias paulistas, analisa

os loteamentos fechados e as novas formas de segregação socioespacial. As autoras concentram seus

estudos nas cidades médias do Estado de São Paulo, onde observa-se, em função dos ajustes que vem

sendo promovidos no âmbito do capitalismo internacional, nos últimos 30 anos, uma completa

redefinição da divisão regional do trabalho neste território, que acompanha a reestruturação urbana

(escala interurbana) e da cidade (intraurbana). É parte desse processo a acentuação da segregação

socioespacial gerada por novas lógicas de produção do espaço urbano, o que inclui seu consumo e

(29)

29

apropriação. Os seus estudos priorizam a análise da reestruturação da cidade, ainda que o contexto em que se redefinem essas lógicas seja sempre o propiciado pela reestruturação urbana, por meio do estudo dos loteamentos fechados, como um dos elementos que redefinem a ordem centro x periferia e que expressam as particularidades que envolvem a produção do espaço urbano em cidades médias, no período atual. Visto que grande parte dos estudos de urbanização das cidades brasileiras se concentra na pesquisa das metrópoles, as autoras são essenciais ao produzir um conhecimento relativo às peculiaridades das grandes e médias cidades do interior do país.

Esses novos processos já não ocorrem apenas nas metrópoles brasileiras, mas também no interior. Dessa forma, os estudos de Reis (2006), sobre a urbanização dispersa, são importantes para compreendermos a forma do crescimento das cidades. Para ele, os centros urbanos sofrem um espalhamento do seu espaço urbano e não apenas um crescimento populacional. As indústrias estariam deixando as grandes metrópoles e se instalam, cada vez mais, no interior, contribuindo para o crescimento dessas cidades. Os centros dos municípios viraram pontos quase que exclusivos de negócios e serviços, tendendo ao esvaziamento. Conseguintemente, novos bairros são formados, favelas ou bairros de classe média, de forma extremamente desorganizada e principalmente dispersa.

Assim, o espaço intraurbano explodiu e se dispersou. Esses estudos são essenciais para compreender a cidade em estudo, visto que esses fenômenos de dispersão do seu território são claramente observados.

Metodologia

O método proposto para desenvolvimento da pesquisa se enquadra no método hipotético- dedutivo que de acordo com Freixo (2012) estabelece que a ciência começa e acaba com problemas.

Dessa forma, para nortear o pensamento metodológico da pesquisa, deve-se seguir a seguinte sequência estabelecida por Popper (2006): (1) a definição do problema, que surge, em geral, de conflitos ante expectativas e teorias existentes, (2) solução proposta consistindo uma nova teoria com dedução de consequências na forma de proposições passíveis de teste e, (3) os testes de falseamento que seriam tentativas de refutação, entre outros meios, pela observação e experimentação.

Em síntese, através do método hipotético-dedutivo, a hipótese levantada será questionada a fim de que possa ser reformulado o problema, ou ela poderá ser confirmada através dos resultados dessa pesquisa.

Sabemos que o método não deve engessar a pesquisa, visto que ele deve orientar e ajudá-la a

não impor regras que burocratizem o percurso deste estudo. Desta forma, Serra (2006) define que nos

estudos urbanos é comum o interesse pela consideração dos sistemas complexos que possuem

grandes números de componentes e interações tal como se caracteriza uma cidade.

(30)

30

Abaixo, segue esquema da proposição de Popper (2006), considerando a atividade científica como um empreendimento teórico desde o início até o fim, observação, experimentação, técnicas e métodos, hipóteses e conceitos, de acordo com Freixo (2012).

Quanto às técnicas de pesquisa, destacamos:

1. A observação: foi fundamental para a referida pesquisa em urbanismo, estimulando a curiosidade espacial e compreensão das relações entre os espaços envolvidos no estudo. Visto que grande parte dos fenômenos observados foram aprovados e implantados após o último censo demográfico (IBGE 2010), tivemos que nos dispor da observação dos fenômenos e da experiência do autor na atuação quanto do mercado privado quanto junto aos órgãos públicos, a fim de compreender os fenômenos observados, visto a deficiência de dados e provendo a tese de informação científica.

2. Análise histórica: de relevante importância para compreensão do processo de urbanização ocorrido na cidade objeto de pesquisa a fim de nos projetarmos na contemporaneidade e nos processos de urbanização observados atualmente. Para esse fim, utilizamos diversos trabalhos que realizaram essa análise até a década de 2000, como Pereira (2010), Soares (1988) e Fonseca (2007) e complementamos as análises e atualização dos dados e informações referentes ao processo histórico de urbanização da cidade.

3.

Coleta de dados: a coleta de dados por meio de pesquisa nos departamentos municipais

responsáveis pelo planejamento das áreas em estudo e das empresas envolvidas fundamentou em

termos quantitativos a pesquisa. Os dados levantados foram analisados criteriosamente a fim de se

configurarem como importante fonte de informação. Eles consistem em tabelas, gráficos, fotografias,

vídeos e principalmente mapas e projetos urbanísticos. Ressaltamos, conforme já exposto, a ausência

de dados referente aos empreendimentos analisados e implantados após 2010, data do último censo

demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os mapas foram elaborados pelo

autor, com base em bibliografia consultada, constante das fontes utilizadas e ainda por meio do mapa

base da Prefeitura Municipal de Uberlândia (2019). Para elaboração dos mapas foi utilizado o

programa AutoCad Maps 3D 2017. Os mapas referentes da cidade de Uberlândia, nomeados de Mapa

01 ao Mapa 25, com exceção do Mapa 02 (cidade de Johanesburgo) foram georreferenciados no

sistema de coordenadas projetadas UTM e Sistema Geodésico de Referência SIRGAS 2000, fuso 22S. A

Figura 03, página 31, ilustra o perímetro urbano atual da cidade de Uberlândia-MG e a localização dos

mapas elaborados para esse trabalho.

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31

Figura 03: Localização dos mapas no perímetro urbano de Uberlândia-MG

.

Fonte: Mapa base da PMU (2019), adaptado por Guilherme A. S. Motta (2019)

.

4. Revisão da bibliografia: a fundamentação teórica para buscar alicerces bem estruturados para definição dos conceitos da pesquisa, passa por uma revisão bibliográfica, que se atente à leitora das obras clássicas quanto ao assunto estudado e ainda busca por novas fontes que propõem conceituar temas que permeiam a pesquisa.

Dessa forma, a pesquisa proposta terá uma abordagem qualitativa e quantitativa, tais como os dados censitários e dados fornecidos pelos órgãos públicos, utilizando-se de fins descritivos, analíticos e metodológicos que se realiza através da observação dos fenômenos estudados, análise histórica do processo de urbanização e segregação socioespacial, pesquisa bibliográfica e documental, pesquisa de campo, utilização da ferramenta Geographic Information System (GIS) e coleta de dados.

Coletar os dados junto ao órgão público responsável pela aprovação dos projetos em análise tem objetivo de configurar informação a fim de comprovar a hipótese levantada e atingir os objetivos detalhados.

A pesquisa está estruturada a partir de quatro momentos, estabelecidos aqui como os eixos

de pesquisa. EIXO 1) Revisão e definição teórico-metodológica, que engloba a revisão da bibliografia,

revisão da legislação urbanística e habitacional e o desenvolvimento de metodologia de análise dos

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dados. EIXO 2) Levantamento e análise histórica do processo de urbanização local. EIXO 3) Levantamento de dados e mapeamento das áreas em estudo. EIXO 4) Análise dos dados e resultados obtidos.

Esses eixos foram transformados, a fim de organização dessa tese, em quatro capítulos, os quais detalhamos:

Capítulo 1: A cidade como problema: A urbanização das cidades no Sul-global

Neste capítulo desenvolvemos um estudo a respeito da urbanização no Sul-global. Utilizamos o termo Sul-global, num contexto pós-colonial, a fim de diferirmos os processos que ocorrem no Norte com relação aos que ocorrem no Sul. Nesse sentido, estabelecemos bases teóricas que são discutidas por autores como Schindler (2017), Mabin (2015), Datta (2006), Hoelscher & Aijaz (2016), Roy (2009), Harrison & Todes (2015), Turok (2012), entre outros. Para revisão dessa bibliografia utilizamos a ferramenta Periódicos CAPES e a base de dados Scopus. Através dessa base de dados, com a utilização de palavras-chave sobre temas da pesquisa, buscamos obter acesso a artigos atuais a fim de estabelecer uma base teórica compatível com a proposta de estudarmos a cidade na contemporaneidade, por meio de ferramentas atualizadas e confiáveis. Os artigos utilizados foram selecionados considerando a qualidade dos periódicos que eles estão publicados e a relevância do tema de cada artigo, com enfoque, principalmente nas questões teóricas que envolvem o Sul-global.

Foi necessária essa pesquisa pelo fato de não encontrarmos bibliografia referente ao tema sul-global, especificamente, por meio de autores conhecidos no Brasil. Além desses artigos, utilizaremos da bibliografia tradicional e autores consagrados nacional e internacionalmente para teorização do problema em estudo. Observamos ainda o grande desinteresse, não generalizando, dos pesquisadores brasileiros em se alinharem a pesquisas nesse contexto do Sul.

A fim de estabelecermos um recorte territorial e não sermos tão generalistas, devido à diversidade cultural, política e econômica dos países do Sul-global, fizemos uma interseção entre os países que compõem o denominado Sul-global e o grupo econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), chegando especificamente em três países do Sul que serão foco das considerações teóricas: o Brasil, a Índia e a África do Sul, contemplando três continentes, América Latina, Ásia e África, respectivamente.

A partir desse momento, fizemos como fim desse aparato teórico a utilização da experiência

para enriquecer as nuances teóricas e metodológicas da tese. Nos deslocamos durante período de

doutorado sanduíche para a África do Sul, financiados por bolsa de estudos CAPES PDSE, onde tivemos

oportunidade de participar de pesquisas juntamente com professores que foram utilizados como

referencial teórico nessa tese, na Universidade de Witwatersrand (WITS), em Johanesburgo, no

segundo semestre do ano de 2018. Aproveitando a estadia, tivemos a oportunidade de vivenciar

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experiência urbanas em grandes metrópoles africanas, como Maputo (Moçambique), Dar es Salaam (Tanzânia), Nairóbi (Quênia), Addis Abeba (Etiópia) e Cairo (Egito).

Por meio das relações humanas e contatos estabelecidos na WITS, pudemos ainda nos conectar com pesquisadores do Indian Institute for Human Settlements (IIHS), um centro de excelência localizado em Bangalore, na Índia, focado em pesquisas interdisciplinares que relacionam teoria e prática por meio de estudos que se desdobram dos processos de urbanização na Índia e no Sul-global.

As pesquisas do instituto permeiam temas como a Governança, Desenvolvimento Humano, Desenvolvimento Econômico, Sistemas e Infraestrutura, e Meio Ambiente e Sustentabilidade. Dessa conexão tivemos a oportunidade de apresentar o andamento da presente pesquisa no Fifth Annual PhD Workshop e participarmos do IIHS Annual Research Conference City and the Region em Bangalore, Índia.

Ainda no primeiro capítulo dessa tese além de estabelecermos características nos processos de urbanização na África do Sul e na Índia, demonstramos ainda o processo observado na contemporaneidade no Brasil, pela perspectiva da implementação da Agenda Urbana e dos processos políticos que culminam numa agenda não finalizada.

Por fim, este capítulo também se esforça em compreender a influência do mercado imobiliário e do mercado financeiro na produção da cidade. Neste contexto, identificaremos a forma de atuação dos agentes públicos, privados e dos movimentos sociais na produção da cidade contemporânea analisando-a pelo ponto de vista das suas escalas de urbanização, a fim de compreender o seu papel como negócio e a atuação do neoliberalismo nos processos de urbanização das cidades do Sul-global, especificamente no Brasil.

Capítulo 2: A cidade como história: O processo de urbanização

Este capítulo desenvolve um histórico do processo de urbanização da cidade de Uberlândia- MG, contribuindo para a percepção das alterações físicas que geram os fragmentos urbanos contemporâneos observados na cidade. Deve-se através da análise histórica, identificar o processo de segregação socioespacial das classes de renda dentro do espaço intraurbano a fim de perceber o que há de novo em termos de formas de segregação explícitas no espaço urbano.

Consideramos como eixo estruturador desse capítulo, a análise das políticas públicas de

produção de habitação social, considerando a urbanização das cidades brasileiras. Essas políticas são

grandes responsáveis pela conformação urbana das nossas periferias. Alinhar as propostas de

habitação social às questões dos interesses das elites, no que tange a valorização da terra e a

especulação imobiliária, nos faz compreender como a cidade contemporânea brasileira se estabelece.

Referências

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