CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS TECNOLÓGICAS E AGRÁRIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
EFICIÊNCIA DO CONTROLE BIOLÓGICO E QUÍMICO DE NEMATOIDES NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR
GABRIEL AUGUSTO VIEIRA DA CONCEIÇÃO DIEGO MACHADO DOS SANTOS
MARINGÁ – PR 2018
GABRIEL AUGUSTO VIEIRA DA CONCEIÇÃO DIEGO MACHADO DOS SANTOS
EFICIÊNCIA DO CONTROLE BIOLÓGICO E QUÍMICO DE NEMATOIDES NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR
Artigo apresentado ao curso de graduação em Agronomia da UniCesumar – Centro Universitário Cesumar como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel(a) em Agronomia, sob a orientação do Profª. Drª.
Graciene de Souza Bido.
MARINGÁ – PR 2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
GABRIEL AUGUSTO VIEIRA DA CONCEIÇÃO DIEGO MACHADO DOS SANTOS
EFICIÊNCIA DO CONTROLE BIOLÓGICO E QUÍMICO DE NEMATOIDES NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR
Artigo apresentado ao curso de graduação em Agronomia da UniCesumar – Centro Universitário Cesumar como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel(a) em Agronomia, sob a orientação do Profª. Drª.
Graciene de Souza Bido.
.
Aprovado em: 08 de novembro de 2018.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Nome do professor – (Titulação, nome e Instituição)
__________________________________________
Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição)
__________________________________________
Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição)
EFICIÊNCIA DO CONTROLE BIOLÓGICO E QUÍMICO DE NEMATOIDES NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR
GABRIEL AUGUSTO VIEIRA DA CONCEIÇÃO DIEGO MACHADO DOS SANTOS
RESUMO
A cultura da cana-de-açúcar está sujeita à infestação de nematoides e, por conseguinte, exposta a detrimentos na produtividade. Como o processo de erradicação desses organismos é difícil, novas tecnologias que promovam o controle pontual de nematoides, no início do desenvolvimento das raízes, são importantes ferramentas para aumentar a produtividade agrícola e manter a sustentabilidade do setor sucroalcooleiro. O presente trabalho teve por objetivo definir a eficácia agronômica dos nematicidas químicos: Benfuracarbe, Carbosulfano, Carbofurano, e um nematicida biológico composto por Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis, em tratamento no sulco sobre os toletes de cana-de-açúcar no momento do plantio, verificando o controle de Pratylenchus zeae em campo, com a variedade de cana-de-açúcar RB867515. O experimento foi conduzido em Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC) e foram avaliadas as quantidades de perfilhos, diâmetro, altura, produção de biomassa e a populacão de Pratylenchus zeae através de análises laboratoriais. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e a análise de comparações de médias pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. As parcelas tratadas com nematicidas obtiveram produção de biomassa superior a área controle, apontando assim, a eficácia do controle.
Palavras-chave:..Produtividade.Biomassa.Sustentabilidade
EFFICIENCY OF BIOCHEMICAL AND CHEMICAL CONTROL OF NEMATOIDES IN CULTURE OF THE SUGAR CANE
ABSTRACT
The sugarcane crop is subject to nematode infestation and, therefore, exposed to yield losses. As the eradication process of these organisms is difficult, new technologies that promote the timely control of nematodes at the beginning of root development are important tools to increase agricultural productivity and maintain the sustainability of the sugar and alcohol industry. The objective of this work was to define the agronomic efficacy of the chemical nematicides Benfuracarb, Carbosulfan, Carbofuran and a biological nematicide composed of Bacillus subtilis and Bacillus licheniformis, treated in the furrow on sugarcane stalks at the time of planting, verifying the control of Pratylenchus zeae in the field, with the variety of sugarcane RB867515. The experiment was conducted in a completely randomized design (DIC) and the tiller, diameter, height, biomass production and Pratylenchus zeae population were evaluated through laboratory analysis. The results were submitted to analysis of variance by the F test and the analysis of means comparisons by the Tukey test at 5% probability. The plots treated with nematicides obtained biomass production above the control area, thus indicating the effectiveness of the control.
Keywords: Productivity.Biomass.Sustainability
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar e consequentemente, maior produtor de açúcar, etanol e energia elétrica proveniente da cana-de-açúcar como matéria prima. Área a ser colhida no Brasil de cana-de-açúcar destinada à atividade sucroalcooleira, na safra 2018/19, deverá atingir 8.613,6 mil hectares com produtividade média estimada para a temporada 2018/19 é de 72.671 kg ha-1 (CONAB, 2018).
A expansão do setor canavieiro no Brasil, ocorrida em áreas com pastagens degradadas, causou a incidência e dispersão de Pratylencus zeae causada por alta movimentação e migração de maquinário agrícola de regiões; a espécie tem causado significativas reduções na produção de biomassa, conforme reportam inúmeros trabalhos conduzidos no Brasil (DINARDO-MIRANDA, 2006; MOURA, OLIVEIRA, 2009;
NOVARETTI, REIS, 2009).
Vasconcelos (2006) afirma que a intensidade da infestação de nematoides sofre variação de acordo com as condições climáticas, onde em via de regra, no inverno, com a temperatura e umidade mais baixas há diminuição da população, e no verão, com temperaturas mais elevadas e alta umidade no solo as populações de nematoides tendem a crescer. Além disso, Carneiro (1982) confirma em experimento conduzido em solo arenoso na região de Piracicaba – SP que a população de Pratylenchus zeae se encontra em profundidade que varia de 0 a 60 cm, acompanhando a faixa de concentração das raízes da cana-de-açúcar.
Dependendo da espécie do nematoide, variedade e ciclo da cultura, velocidade de crescimento das raízes, tolerância das variedades ao estresse hídrico e velocidade de multiplicação dos nematoides pode haver variação nos danos econômicos causados.
Novaretti (1997) afirma que populações de Pratylenchus zeae próximas a 2.500 espécimes por 50 g de raízes, aos seis meses de idade da cultura da cana-de-açúcar, podem causar reduções significativas de produção em variedades suscetíveis.
Da mesma maneira, Dinardo-Miranda (2010) também cita que a espécie Pratylenchus zeae pode causar redução de até 30% na produção e está somente atrás dos prejuízos causados por nematoides do gênero Meloidogyne.
O ataque causado por nematoides em cana-de-açúcar se restringe as raízes, esses danos ocorrem desde a emissão das primeiras raízes, originadas tanto de toletes quanto de perfilhos brotados a partir de gemas (DINARDO-MIRANDA, 2014).
Segundo Dinardo-Miranda (2006), as variedades resistentes são a melhor forma de controle, porém, não existem no mercado material genético com resistência a nematoide de
lesões radiculares e que sejam viáveis economicamente para o setor, assim o controle químico é um meio eficaz para manutenção da produtividade em áreas infestadas.
A eliminação de nematoides em áreas infestadas é praticamente impossível, porém, experimentos realizados em campo demonstraram que a aplicação de nematicidas em plantio contribui para aumento significativo de produtividade, o que demonstra a patogenicidade do nematoide em cana-de-açúcar (DINARDO-MIRANDA, 1996).
Dinardo-Miranda (2014) aponta ainda que a amostragem das áreas de cultivos e análises laboratoriais destas amostras é ferramenta crucial para identificar e quantificar a presença de nematoides e indicar medida de controle para as áreas infestadas, em decorrência da espécie de nematoide, do ambiente edafoclimático e da suscetibilidade da variedade que a utilização de nematicidas em áreas de plantio infestadas com Pratylenchus zeae resulta em incrementos significativos de produtividade.
Deste modo foi montado um experimento de campo em área produtora, com infestação natural de nematoides da espécie Pratylenchus zeae, com o objetivo de identificar e quantificar diferenças significativas de produção de biomassa e possíveis alterações nos indicativos da qualidade da matéria prima entre os tratamentos químico e biológico de Pratylenchus zeae.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 MATERIAIS E METODOS
Foi montado experimento de campo em região canavieira no município de Colorado- PR. As coordenadas geográficas do local da instalação são: 22° 46' 23" de latitude Sul e 51°
54' 42" Longitude Oeste, e com altitude de aproximadamente 380 m.
Segundo indicado pelo IAPAR (2018), utilizando a classificação de Köppen o clima da região é definido como: Cfa - Clima subtropical.
Em levantamento pedológico realizado na área, conclui-se que a mesma é um Neossolo Quartzarênico Órtico típico, com textura arenosa em todos os horizontes até a profundidade 150 cm (EMBRAPA, 2013).
Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado (DIC) com 4 repetições por tratamento, totalizando 20 parcelas. As parcelas foram representadas por 6 sulcos de 5 metros
de comprimento e com espaçamento de 1,5 x 0,90m entre si. A Figura 1 apresenta esse delineamento.
BENFURACARBE Bacillus subtilis
Bacillus licheniformis CARBOSSULFANO CONTROLE CARBOFURANO
CARBOSSULFANO CARBOFURANO CONTROLE BENFURACARBE Bacillus sub tilis Bacillus licheniformis
Bacillus subtilis
Bacillus licheniformis BENFURACARBE CARBOSSULFANO CARBOFURANO CONTROLE
CONTROLE CARBOFURANO Bacillus sub tilis
Bacillus licheniformis BENFURACARBE CARBOSSULFANO
Borda
Carreador
Borda
Borda
Borda
Figura 1 - Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC) Fonte: Autores (2018).
No experimento foram testados 4 nematicidas registrados junto ao SEAB para a cultura da cana-de-açúcar, sendo 3 produtos químicos (Benfuracarbe, Carbosulfano, Carbofurano) e um biológico compostos por Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis, além da área controle (sem tratamento de nematicida) (SEAB, 2018).
O plantio foi realizado no dia 15/12/2017 e o experimento foi conduzido com a variedade RB867515 que, segundo relatório do censo varietal Ridesa, foi a variedade com maior área de colheita (26%) e também a mais plantada (17%) no Brasil na safra 2016/2017 (RIDESA, 2016). Os nematicidas aplicados manualmente antes da cobertura dos sulcos, em doses recomendadas pelos fabricantes e indicadas nas bulas dos produtos, BENFURACARBE 5 L p.c. ha-1, CARBOSULFANO 4,0 L p.c. ha-1, CARBOFURANO 5 L p.c. ha-1 e Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis 0,2 L p.c. ha-1 (SEAB, 2018).
Foi utilizado 180 L.ha-1 de calda e no momento das aplicações a velocidade do vento era de 6 km/h, umidade relativa do ar de 78% e a temperatura de 24ºC.
2.2 AVALIAÇÕES DO PERFILHAMENTO
Aos 60, 90 e 120 dias após o plantio foi realizados contagem de perfilhos nas duas linhas centrais de cada parcela.
2.3 AMOSTRAGEM E ANÁLISE DE NEMATOIDES
Para identificação da área com infestação natural de Pratylenchus zeae foram instaladas iscas de campo 60 dias antes do plantio da área. Aos 60, 90 e 120 dias após o plantio foi retirada uma amostra de cada parcela, cada amostra constituída de aproximadamente de 100g de raiz e 1000 ml de solo da região da rizosfera para indicação da flutuação populacional de nematoides em cada tratamento, conforme DINARDO-MIRANDA (2014). As amostras foram enviadas para laboratório de análises nematológicas.
2.4 PARÂMETROS BIOMÉTRICOS
Aos 270 dias após o plantio foi realizado a colheita do experimento para obtenção da produção de biomassa. Para tanto foi verificado o diâmetro do terço médio de 10 colmos e calculado a média, bem como a altura destes em cada parcela. Na colheita foram cortadas e pesadas as duas linhas centrais de cada tratamento para obtenção da biomassa produzida.
2.5 AMOSTRAGEM E ANÁLISE DA CANA-DE-AÇÚCAR COMO MATÉRIA PRIMA PARA INDÚSTRIA
No momento da colheita foram retiradas 3 amostras de dez colmos de cana-de- açúcar seguidos nas linhas centrais de cada parcela, totalizando 12 amostras por tratamento e 60 amostras no experimento para determinação ATR (Açucares Redutores Totais) segundo a metodologia vigente no SPCTS (Sistema de Pagamento da cana-de-açúcar, pelo Teor de Sacarose) descritas em Fernandes (2003).
2.6 ANÁLISES DE RESULTADOS
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e a análise de comparações de médias pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade; para esta análise foi utilizado o software SISVAR 5.6. (FERREIRA, DANIEL FURTADO, 2008).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que a quantidade de perfilhos não diferiu estatisticamente em nenhum tratamento nas avaliações de 60, 90 e 120 dias após o plantio (DAP), porém, no momento da colheita aos 270 DAP observam-se diferenças significativas entre as áreas tratadas, sendo que o tratamento biológico realizado com Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis não apresentou diferença significativa ao compará-lo com a área controle (Tabela 1).
As áreas tratadas com Benfuracarbe e Carbosulfano não diferem entre si, porém, apresentaram perfilhamento superior à área controle e a área tratada com nematicida biológico. A área tratada com Carbofurano foi que apresentou maior número de perfilhos dentre os tratamentos, diferindo estatisticamente de todos os tratamentos, porém, esta diferença só pode ser observada aos 270 DAP.
Tabela 1 - Perfilhamento aos 60, 90, 120 e 270 (DAP), após tratamento com nematicida químico (Benfuracarbe, Carbosulfano e Carbofurano) e biológico (Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis)
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey a 5% de significância.
Fonte: Autores (2018).
Tratamento Perfilhos
60 DAP 90 DAP 120 DAP 270 DAP
CONTROLE 167.25 a 175.00 a 190.75 a 83.00 a
Bacillus subtilis
Bacillus licheniformis 145.25 a 156.00 a 181.00 a 84.00 a
BENFURACARBE 153.75 a 164.75 a 180.75 a 90.00 b
CARBOFURANO 169.00 a 178.25 a 187.75 a 93.75 c
CARBOSULFANO 159.25 a 166.75 a 177.00 a 89.25 b
CV(%) 19.45 17.05 16.12 1.80
Analisando os resultados expostos nas Tabelas 2 e 3, constatou-se que nas condições em que o experimento foi conduzido não é possível apontar estatisticamente diferenças significativas nas populações de Pratylenchus zeae presentes no solo e nas raízes das plantas analisadas, indicando que os tratamentos não mostraram estatisticamente efeito supressor significativo sobre a praga.
Na tabela 2 pode se observar, que apesar de não apresentar diferenças estatísticas significativas, ocorreu redução na população de Pratylenchus zeae aos 60 DAP onde os nematicidas químicos apresentaram um controle da população superior ao nematicida biológico, quando comparados com a área controle, porem quando se analisa a evolução da população de Pratylenchus zeae nas raízes aos 120 DAP é possível identificar que o controle biológico manteve a população 30% menor quando se compara com a área controle, contra 23% do Benfuracarbe, 14% do Carbofurano e 6% do Carbosulfano, deste modo é possível avaliar que o controle biológico necessita de um período maior para controlar a população de Pratylenchus zeae, e que este controle permanecerá por um período de tempo maior na cultura da cana-de-açúcar, estes resultados estão de acordo com Carneiro (1992) que afirma que controle biológico não pode ser tratado com a mesma filosofia imediatista do controle químico e que os resultados são obtidos a médio e longo prazo.
Tabela 2 - População de Pratylenchus zeae presente nas raízes ao 0, 60, 90 e 120 dias após o plantio (DAP), após tratamento com com nematicida químico (Benfuracarbe, Carbosulfano e Carbofurano) e biológico (Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis)
Tratamento Análise de Nematoides (Raiz)
0 DAP 60 DAP 90 DAP 120 DAP
CONTROLE 5400.00 a 2006.50 a 22973.50 a 14229.50 a
Bacillus subtilis
Bacillus licheniformis 5400.00 a 1618.00 a 11543.50 a 10019.25 a BENFURACARBE 5400.00 a 1994.25 a 14772.25 a 10928.50 a CARBOFURANO 5400.00 a 915.75 a 14931.00 a 12286.25 a CARBOSULFANO 5400.00 a 974.50 a 19187.00 a 13350.00 a
CV(%) 0.00 55.49 47.13 36.32
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey a 5% de significância.
Fonte: Autores (2018).
Tabela 3 - População de Pratylenchus zeae presente no solo ao 0, 60, 90 e 120 dias após o plantio (DAP), após tratamento com com nematicida químico (Benfuracarbe, Carbosulfano e Carbofurano) e biológico (Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis)
Tratamento
Análise de Nematoides (Solo)
0 DAP 60 DAP 90 DAP 120 DAP
CONTROLE 240.00 a 285.00 a 1305.00 a 855. 00 a
Bacillus subtilis
Bacillus licheniformis 240.00 a 105.00 a 2595.00 a 1320.00 a BENFURACARBE 240.00 a 120.00 a 3000.00 a 1020. 00 a
CARBOFURANO 240.00 a 195.00 a 1365.00 a 1710. 00 a
CARBOSULFANO 240.00 a 240.00 a 2490.00 a 795. 00 a
CV(%) 0.00 82.07 68.92 55.77
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey a 5% de significância.
Fonte: Autores (2018).
Apesar das análises de nematoides (Tabelas 2 e 3) não apresentarem diferenças estatísticas significativas, observou-se diferenças significativas em altura, diâmetro e produção de biomassa nas áreas onde foi administrado controle químico e biológico em relação à área controle (Tabela 4).
Evidenciou-se que em todos os tratamentos houve aumento do diâmetro em relação ao controle, porém não havendo diferença entre os mesmo em altura de planta, a área tratada com nematicida biológico obteve diferença significativa da área controle, porém, os produtos químicos não diferiram entre si, mas diferiram da área controle e da área tratada com nematicida biológico. Observou se o mesmo comportamento na análise da produção de biomassa, onde a área com maior produtividade (tratada com Carbofurano) obteve um ganho de biomassa superior a 17 ton.ha-1, contribuindo para o aumento de produção de 24% quando comparada com a área controle. Esses resultados estão de acordo com as observações de Dinardo-Miranda (1990), que apontam redução na produção de biomassa em áreas infestadas por Pratylenchus zeae e confirmam os resultados deHalbrent e James (2003), que afirmam que os produtos químicos são excelentes ferramentas de controle de nematoides. Porém é interessante destacar que nas condições em que o experimento foi conduzido, apesar dos nematicidas químicos estatisticamente se mostraram superiores quando comparados com o biológico para produção de biomassa, a adoção do controle biológico é um dos métodos alternativos para o controle dos problemas fitossanitários na agricultura e tem recebido uma
colaboração marcante e crescente da agricultura orgânica e de suas variantes, tais como:
biodinâmica, natural, alternativa, sustentável e ambiental (Morandi et al., 2005). Esses novos modelos de agricultura colaboram para a racionalização do uso de agrotóxicos que atendem às exigências de uma produção de alimentos saudáveis e com qualidade ambiental.
Tabela 4 - Diâmetro de Colmo, altura de colmo e biomassa produzida aos 270 dias após o plantio (DAP), após tratamento com nematicida químico (Benfuracarbe, Carbosulfano e Carbofurano) e biológico (Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis)
Tratamento Biometria
Diâmetro Altura Biomassa (t/ha)
CONTROLE 2.17 a 1.69 a 70.82 a
Bacillus subtilis
Bacillus licheniformis 2.33 b 1.78 b 76.85 b
BENFURACARBE 2.34 b 1.85 c 86.03 c
CARBOFURANO 2.33 b 1.88 c 88.10 c
CARBOSULFANO 2.34 b 1.84 c 86.41 c
CV(%) 1.25 2.88 2.55
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey a 5% de significância.
Fonte: Autores (2018).
Tabela 5 – Açúcares Redutores Totais (ATR) aos 270 dias após o plantio (DAP), após tratamento com nematicida químico (Benfuracarbe, Carbosulfano e Carbofurano) e biológico (Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis)
Tratamento ATR
CONTROLE 132.17 a
Bacillus subtilis Bacillus licheniformis 130.61 a
BENFURACARBE 132.74 a
CARBOFURANO 129.19 a
CARBOSULFANO 127.99 a
CV(%) 1.88
Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey a 5% de significância
Fonte: Autores (2018).
Na Tabela 5 os dados obtidos com as análises das amostras de cana para determinação do ATR de cada tratamento concordaram os resultados de Barros, Moura e Pedrosa (2000) e Rosa, Moura e Pedrosa (2003), onde não apontaram diferença significativa entre os tratamentos, indicando que os produtos não interferiram no processo de maturação da cana-de-açúcar.
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados apresentados neste trabalho demonstraram que os nematicidas químicos e biológicos apresentaram incremento na produção de biomassa de cana-de-açúcar quando comparados com a área controle, nas condições edafoclimáticas em que o experimento foi conduzido.
REFERÊNCIAS
ADAPAR. Agrotóxicos no Paraná. Disponível em:
<http://celepar07web.pr.gov.br/agrotoxicos/pesquisar.asp>. Acesso em 10 ago. 2017.
BARROS, A. C. B.; MOURA, R. M.; PEDROSA, E. M. R. Aplicação de terbufós no controle de Meloidogyne incógnita raça 1 e Pratylenchus zeae em cinco variedades de cana-de-açúcar no Nordeste. Parte 1 – Efeitos na cana planta. Nematologia Brasileira, Brasília, 2000.
CARNEIRO, Regina M. D. G. Princípios e tendências do controle biológico de nematoides com fungos nematófagos. Embrapa, Brasília, abr. 1992. PAB – Pesquisa Agropecuária Brasileira. Disponível em: < http://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/3826 >.
Acesso em: 18 out. 2018.
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira:
cana-de-açúcar, primeiro levantamento, abril/2018 - Companhia Nacional de Abastecimento, Brasília: Conab 2018, 12p.
DINARDO-MIRANDA, L. Nematoides e Pragas da Cana-de-açúcar. Instituto Agronômico de campinas, Campinas, 2014.
DINARDO-MIRANDA, L. L. Manejo de nematoides e pragas de solo em cana-de-açúcar. In:
CAMPOS, A. P.; VALE, D. W.; ARAÚJO, E. S.; CORRADI, M. M.; YAMAUTI, M. S.;
FERNANDES, O. A.; FREITAS. S. Manejo integrado de pragas. Jaboticabal: FUNEP, 2006.
DINARDO MIRANDA, L. L. Patogenicidade de Pratylenchus brachyurus e P. zeae (Nemata, Pratylenchidae) a duas variedades de cana-de-açúcar (Saccharum sp.). 1990.
51 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1990
DINARDO-MIRANDA, L. L.; MENEGATTI, C. C.; GARCIA, V.; SILVA, S. F.; ODORISI, M. Reação de variedades de cana-de-açúcar a Pratylenchus zeae. STAB - Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, 1998.
DINARDO-MIRANDA, L. L.; MORELLI, J. L.; LANDELL M. G. A.; SILVA. M. A.
Comportamento de genótipos de cana-de-açúcar em relação a Pratylenchus zeae.
Nematologia Brasileira, Brasília, 1996.
FERREIRA, DANIEL FURTADO. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, Lavras, v. 6, p. 36-41, 2008. Disponível em:
http://www.dex.ufla.br/~danielff/programas/sisvar.html > Acesso em: 31 de outubro de 2018.
FERNANDES, A. C. Cálculos na agroindústria da cana-de-açúcar. Piracicaba - SP:
STAB, 2003. 240p.
HALBRENT, J. M.; JAMES, A. L. M. Crop rotation and other cultural practices. In: Chen, Z.
X.; Chen, S. Y.; Dick, W. (Eds.). Nematology advances and perspectives – nematode management and utilization. Beijing: CABI Publishing, 2003.
IAPAR. Cartas Climáticas do Paraná. Classificação climática segundo Köppen. Disponível em: <www.iapar.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=597>. Acesso em 15 ago 2018.
JADOSKI, C.J.; TOPPA, B.E.V.; JULIANETTI, A.; HULSBOF, T.; ONO, E.O.;
RODRIGUES, J.D. Physiology development in the vegetative stage of sugarcane. Pesquisa aplicada e agrotecnologia, 2010.
MORANDI, M.A.B.; BETTIOL, W. & GHINI, R. Situação do controle biológico de doenças de plantas no Brasil. In: Venzon, M.; Paula Jr, T.J. & Pallini, A. Controle Alternativo de Pragas e Doenças. Viçosa. Epamig/CTZM:UFV. 2005. pp. 247-268.
MOURA, R. M. Controle integrado de nematoides a cana-de-açúcar no Nordeste do Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NEMATOLOGIA, Piracicaba, 2005.
MOURA, R. M.; OLIVEIRA, I. S. Controle populacional de Pratylenchus zeae em cana- de-açúcar em dois ambientes edáficos no Nordeste do Brasil. Nematologia Brasileira, Piracicaba, 2009.
NOVARETTI, W. R. T. Controle de Meloidogyne incógnita e Pratylenchus zeae (Nemata:
Tylenchoidea) em cana-de-açúcar com nematicidas, associados ou não à matéria orgânica. 1997. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1997.
NOVARETTI, W. R. T.; REIS, A. M. Influência do método de aplicação de nematicidas no controle de Pratylenchus zeae em soqueiras de cana-de-açúcar e definição dos níveis de dano e de controle. Nematologia Brasileira, Piracicaba, 2009.
RIDESA BRASIL. Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar. Censo varietal Brasil - 2016/17. Disponível em: <www.ridesa.com.br/censo-varietal>. Acesso em: 17 set. 2018
ROSA, R. C. T.; MOURA, R. M., PEDROSA, E. M. R. Efeitos da Crotalaria juncea e Carbofuran em Fitonematóides Ectoparasitos de Cana-de-Açúcar. Fitopatologia Brasileira 29: 447- 449, 2004.> Acesso em: 31 de out. 2018.
ROSA, R. C. T.; MOURA, R. M., PEDROSA, E. M. R. Efeitos da Crotalaria juncea e carbofuran observados na colheita de cana planta. Nematologia Brasileira, Piracibaba, 2003.
SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Embrapa solos, 2013.
VASCONCELOS, A.C.M. Dinâmica do desenvolvimento do sistema radicular da Cana-de- açúcar. In: VASCONCELOS, A.C.M.; DINARDO-MIRANDA, L.L. Dinâmica do
desenvolvimento do sistema radicular da Cana-de-açúcar e implicações no controle de nematoides, Americana, 2006.