• Nenhum resultado encontrado

O CLIMA DA SERRA DO IBITIPOCA, SUDESTE DE MINAS QERAIS1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O CLIMA DA SERRA DO IBITIPOCA, SUDESTE DE MINAS QERAIS1"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

G EO U SP - Espaço e Tempo, São Paulo, N ° 11, pp. 101-113, 2002

O CLIMA DA SERRA DO IBITIPOCA, SUDESTE DE MINAS QERAIS1

Luciana Graci Rodela"

Jo s é Roberto Tarifa**

RESUMO:

Este artigo resulta de um estudo sobre o clima da área da Serra do Ibitipoca. A área da Serra corresponde ao Parque Estadual do Ibitipoca, situada entre a Serra da Mantiqueira e o Planalto de Andrelândia, no sudeste do Estado de Minas Gerais. São apresentados e discutidos dados de precipitação pluviométrica, temperaturas do ar, umidade relativa do ar e ventos. Também foram consideradas as observações provenien­

tes de trabalhos de campo, realizados de forma intensiva e contínua. São apresentadas as características habituais do clima da Serra do Ibitipoca, representadas e sintetizadas em três unidades climáticas.

PA LA V R A S-CH A V E:

Unidade de conservação, unidades clim áticas, precipitação pluviométrica, temperaturas do ar, gradiente térm ico, umidade relativa do ar, circulação do ar.

A B S T R A C T :

This paper présents a study of the Climate in Ibitipoca Range. Part of Ibitipoca Range is occuped by Ibitipoca State Park, situated between Mantiqueira Range and Andrelândia Plateau, southeast of Minas Gerais State, in Brazil. It's presented a discussion about précipitation, température, relative humidity and winds and their relations. We added field observations, that was intensive and continuous. As the main conclusion, we introduce the more usual characteristics of the Ibitipoca climate that are represented and synthesized in three clim atic units.

KEY WORDS:

Conservation unit, climatic units, précipitation, température, thermie gradient, relative humidity, winds.

1. In tro d u ç ã o e o b je tiv o s

A área de estu d o s co rre sp o n d e à Serra do Ib itip o ca, a quai faz parte da S e rra da M anti­

queira, no su d este do Estad o de M inas G erais (Figura 1). Localiza-se nos M u n icíp io s de Lim a

Duarte e de San ta Rita do Ib itip o ca , a p ro x im a ­ d a m e n te e n tre as c o o rd e n a d a s 2 1 °4 0 '1 5 " a 2 1 °4 3 '3 0 "S e 4 3 °5 2 '3 5 ,/ a 4 3 °5 4 , 15"W (RO D ELA , 20 00 a). A Se rra do Ib itip o ca d elim ita o Parq ue Estad u al do Ib itip o ca, o qual possui á rea de 1.488 ha (IEF, 1994), com altitudes entre 1.000

“ Geógrafa e Mestre em Geografia Física pela USP. Doutoranda em Geografia Eisica U SP e bolsista CAPES. E-mail: lurodela@ usp.br

* * Professor Doutor e Coordenador do Laboratório de Clim atologia e Biogeografia Departam ento de Geografia - FFLCH/USP

brought to you by

CORE View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk

provided by Cadernos Espinosanos (E-Journal)

(2)

102 — G EO U SP - Espaço e Tem po, São Paulo, M° 11, 2002 Rodela, L.G .; Tarifa, J.R .

e 1.784 m no ponto m ais alto (Pico do Ib itip o ca - M orro do Lo m b a d a ), e ve g e ta çã o p re d o m in a n ­ te m e n te de cam p o s rupestres.

As p esq u isas sobre o c lim a da S e rra do Ib itip o c a iniciaram -se em d ez em b ro de 1995, q u an d o o IE F - In stituto Esta d u a l de Flo restas de M inas G e ra is - eq uip o u o Parq ue com um a e sta çã o , in sta la d a a a p ro x im a d a m e n te 1.350 m de altitu d e, c o n te n d o te rm ô m e tro s de te m p e ra ­ turas m áxim a e m ín im a e te rm ô m e tro s de bul­

bos s e c o e úm ido.

R O D E L A (1 9 9 6) realizou alguns estud o s so b re o c lim a da S e rra do Ib itip o ca , in stalan d o

e sta çõ e s e c o le ta n d o d ad os no ano de 1996, em um total de c in co postos e sp a lh a d o s topo- g raficam en te pela Se rra, in clu in d o o posto do IEF, a 1.350 m de altitu d e. T am b ém co nsid ero u os dados do p lu vió g rafo da CPRM - C om panhia de Pesq u isa de R ecu rso s M inerais -, in stalad o na Vila de C o n c e iç ã o do Ib itip o ca.

Os dados coletados em 1996 referiram-se a p recip itação pluviom étrica, tem peraturas m é­

dias do ar, um idade relativa do ar, velo cid ad e e direção dos ventos e nebulosidade. Os dados fo­

ram coletados em dois períodos: qu ente/chuvoso

(janeiro a m arço) e frio/seco (julho a setem bro).

(3)

O clim a da Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Qerais, p p .101-1 13 103

Esses dados foram rediscutidos por R O D E­

LA e TARIFA (1998, 2000) e RODELA (2000a), che­

gando-se a um a proposta de classificação, descri­

ção, com portam ento e síntese do clim a da área.

O p resen te trab alh o tem por o b je tiv o a p re se n ta r esses le va n ta m e n to s e d iscu ssõ es, b u scan d o d e lin e a r e sintetizar as c a ra c te rístic a s clim á tic a s da Se rra do Ib itip o ca.

2 . M ateriais e m é to d o s

Foram in stalad o s dois tipos de estação c lim a to ló g ica na Se rra do Ib itip o ca: o abrigo e o p lu viô m etro . Tais e sta çõ e s foram padronizadas co n fo rm e norm as do Lab o rató rio de C lim a to ­ logia e Biogeografia, D ep artam ento de G eografia - USP. Os abrigos tiveram a parte ab erta vo l­

tada para o Sul e se co m p u seram por p lu viô ­ m etro; term ô m etro s de bulbos se co e úm ido (para tem p eratu ra do ar e um id ad e relativa). Os p lu viô m e tro s foram m o ntad o s so b re um a estaca com 1,70 m, send o um a ponta de 20 cm para ser enterrad a, com um sup orte para fixar um a garrafa p lástica de dois litros, com um funil de

14 cm de d iâm etro na boca da garrafa.

Os instru m ento s de cam p o com puseram - se por altím etro, an e m õ m e tro (v e lo cid a d e dos

vento s), bússola, m apas (d ire çã o dos v e n to s ), p sicrõm etro (tem p eratu ra do ar/um id ad e re la ti­

va), p ro veta graduada (para m e d içã o de m ilili­

tros de ch u va p re cip itad a nos p lu v iô m e tro s ), tab ela de tipos de n u ven s (n e b u lo sid a d e , tipo e co b ertu ra das n u ven s em o itavo s) da O rg an iza­

ção M undial de M eteorologia (W M O ), de a c o rd o com o Lab o rató rio de C lim ato lo g ia e B io g e o g ra ­ fia, D ep artam ento de G eografia, U S P (Q u a d ro 1).

As in sta la çõ e s foram feitas de m o d o a ap ro veitar e não ultrap assar o lim ite de 30 m i­

nutos de ca m in h a d a entre um posto e outro da m esm a seq ü ên cia to p o clim ática, bem co m o com o intuito de in clu ir o m aior e sp a ço cartografi- cam ente rep resen tativo . Por esses m o tivo s, os locais foram e sco lh id o s a partir de b ases c a rto ­ gráficas (IG A , 1986; IB G E , 1976), e por m eio do ca m in h a m e n to d esde as áreas a 900 m de altitude até os picos e contagem dos m inuto s no m om ento de d escid a.

As coletas dos valores de p recip itação p luviom étrica foram realizadas diariam ente, às 9h00, e os valores dos outros dados climatológi- cos foram coletad os às 9h00, 15h00 e 21h00.

Q u a n d o os dias p la n e ja d o s para c o le ta s de

dados em postos distantes co incidiram entre si,

houve a co lab o ração dos funcionários do Parque.

(4)

104 — G E O U SP - Espaço e Tempo, São Paulo, M° 11, 2002 Rodela, L.G .; Tarifa, J.R .

O b s e rv a ç õ e s com re la çã o aos v e n to s e n e b u lo s id a d e (tipos de nu vem e co b e rtu ra em o ita v o s) foram realiz ad as com a fin a lid a d e de e s c la re c e r a q u estão da c irc u la ç ã o local e per­

m a n ê n c ia da n e b u lo sid a d e .

H o u ve dois p erío d o s de m e d içõ e s: de ja n e ir o a m arço de 1996 - q u en te /ch u vo so -, e de ju lh o a se te m b ro de 1996 - frio/seco -, por re p re se n ta re m as e sta çõ e s m ais ex trem as e, ao m e sm o tem p o, porque os últim os dias de cad a p e río d o re p re s e n ta m as tra n s iç õ e s e n tre as e s ta ç õ e s do ano.

D urante os m eses de abril a ju n h o e de o u tu b ro a n o vem b ro , fu n cio n ário s do Parque co ­ le ta ra m va lo re s referen tes à p re cip ita çã o plu- v io m é trica , a cu m u la d a s em cin co dias no Posto 1. M esses p e río d o s os o u tro s p o sto s foram desm ontados.

O c á lc u lo da um idade re lativa baseou-se em T a b e la Psicro m é trica utilizad a pelo L a b o ra ­ tório de C lim ato lo g ia e Biog eog rafia do D ep arta­

m en to de G eo g rafia - USP, na qual são lan çad o s os v a lo re s de tem p eratu ra do ar o b tid o s nos te rm ô m e tro s de bulbo seco e de bulbo úm ido, obtendo-se, por m eio da tab ela, os va lo re s de u m id ad e relativa.

A partir da org anização dos v a lo re s de te m p e ra tu ra s e de u m id ad es relativas em ta b e ­ la s em p ro g ra m a E x c e l (W in d o w s ), fo ra m c a lc u la d a s m é d ia s c o m p e n s a d a s d iá ria s , ou se ja , foi atrib u íd o "p e so 2" ao v a lo r de te m p e ­ ratu ra e/ou um id ad e relativa co rre sp o n d e n te ao h o rário das 2 1h00, para o c á lc u lo das m édias diárias. O grad iente térm ico foi c a lc u la d o com o a u x ilia r de reg ressão do program a Ex cel, u tili­

zando-se os v a lo re s m éd io s de te m p e ra tu ra d iá ­ ria por altitu d e.

A p ós serem c a lc u la d a s as m éd ias c o m ­ p e n s a d a s diárias, foram c a lc u la d a s as m éd ias por postos para os dois períodos: q u e n te / c h u vo ­ so e frio/seco, som ando-se o total de m éd ias c o m p e n s a d a s e dividindo-se p elo n ú m ero de dias de m e d içõ e s.

In icia lm e n te , planejou-se c o le ta r dados re fe re n te s às te m p e ra tu ra s m áx im as e m ín i­

m as, m as os te rm ô m e tro s apresentaram -se, no cam p o, d iscre p a n te s entre si.

Mo que se refere às p re cip ita çõ e s pluvio- m étricas, de aco rd o com S E T T E (1 9 9 6) a p u d T U B E L IS (1 9 8 7), "... a m e d id a da p re c ip ita ç ã o c o n s is te em d e te rm in a r a e s p e s s u ra da cam ad a de á g u a líq u id a q u e se d e p o s ita ria so b re a s u ­ p e rfíc ie h o riz o n ta l, em d e c o rrê n c ia da p r e c ip i­

ta çã o , se n ã o o c o rre s s e e v a p o ra ç ã o , escorri- m ento s u p e rfic ia l e in filtra ç ã o . E s s a esp essu ra, d e n o m in a d a a ltu ra de p r e c ip ita ç ã o , é deter­

m inad a p ela m edida do vo lu m e de ág u a captado p o r um a su p e rfície h o riz o n ta l de á rea conhecid a a tr a v é s da e x p re s s ã o :

h = 10. V/A onde:

h = a ltu ra de p r e c ip ita ç ã o (m m );

V = vo lu m e de á g u a c a p ta d a (m l);

A = á rea da s u p e rfíc ie c o le to ra (c m 2) "

O diâm etro do funil utilizado é de 14 cm, totalizando, portanto, um a área de 153,94 cm 2.

A partir dos va lo re s em m ililitro s, foram c a lc u ­ lados os va lo re s em m ilím etro s, resp eitan d o a fórm ula de T U B E L IS .

Aos totais de ch u va diários ou acum u­

lados, foram acrescentad o s valores de precipita­

ção referentes ao posto da Vila de C o n ceição de Ibitipoca a (2 1 °4 3 '0 0 " S e 4 3 °5 6 ,5 6" W, a 970 m de altitu d e), in stalad o e m o nito rad o pela CPRM.

Os dados d iário s ou de c o le ta s a c u m u la ­ das foram o rg an izad o s em ta b e la s de form a co m p arativa. M uitos d ad os de p erío d o de c o le ­ tas diário foram a cu m u la d o s em g ráfico s para p o ssib ilitar co m p a ra çõ e s com outros postos.

Os dados organizados e tratad o s foram

e n tã o p a ssa d o s para g rá fico s, em p ro g ra m a

Excel, para m e lh o r visu a liz a çã o e c o m p a ra çã o

dos fen ô m en o s clim ático s.

(5)

O clim a da Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Qerais, p p .101-1 13 105

5 . R e s u lt a d o s

3 . 1 . A S e r r a d o Ib itip o ca

"A S e r r a do Ib itip o c a e n co n tra - se in s e rid a en tre d o m ín io s d is tin to s no q u e se refere à g e o m o rfo lo g ia (S e rra da M a n tiq u e ira e P la n a lto de Andre- lâ n d ia , o s q u a is se c o n fu n d e m lo c a l­

m ente em s u a s c a ra c te rís tic a s p rin c i­

p a is co m o e s tru tu ra , a ltitu d e s , red e de d re n a g e m ); à g e o lo g ia (C o m p le x o M a n tiq u e ira , fo rm a d o b a s ic a m e n te p o r g n a is s e s , e G ru p o A n d re lâ n d ia , co n stitu íd o p rin c ip a lm e n te p o r quart- z ito s ); e à v e g e ta ç ã o , o r ig in a lm e n te c o m p o s ta p e la s M a ta s E s t a c io n a is S e m id e c íd u a s e p e lo s C e rra d o s "

(R O D E L A , 2 0 0 0 a).

O re le vo da Serra re ce b e u forte controle estrutural e litológico, send o co m p o sto por duas e sca rp a s de a n ticlin a is d o m in a n te m e n te ro ch o ­ sas (quartzito g rosseiro), resu ltan tes de dobra- m ento s te ctô n ico s. As grandes d o b ras em an ti­

clin al form am duas serras se m e lh a n te s a um a grande ferrad u ra (R O D ELA , 2 0 0 0 a).

A m a io r d is s e c a ç ã o nos g n a is s e s do C o m p lex o M antiqueira e em rochas m u sco víticas do G ru p o A n d relân d ia, das áreas dos arred o res da S e rra (m o rro s, co lin a s e fo rm as in te rm e ­ d iárias), d evid o a m en o r re sistê n cia e, portanto, m aio r resp o sta ao co ntro le c lim á tico e fluvial, p erm itiu o re a lce topográfico de Ib itip o ca , onde o co n tro le estrutural e litológico (p rin cip a lm e n te os d o b ra m e n to s) p red o m in o u em re la çã o ao in te m p e rism o (R O D ELA , 1996, 1998a, 2 0 00 a).

Disso resulta que o re le vo dos arre d o re s de Ib i­

tip o ca pode ser c la ssificad o co m o o n d u lad o a forte o n d u lad o , e o relevo da Se rra , com o m o n­

tan h o so (R O D ELA , 2 000a).

As e sca rp a s de a n ticlin a is ap resen tam d e c liv id a d e s em geral entre 17 e 4 5 ° p od en d o chegar, em m uitos locais, a cim a de 6 3 °. Pos­

su em ve rte n te s g eralm ente ex ten sas, planas e ab ru p tas, isto é, com d e c liv id a d e s m uito a c e n ­

tuad as (m ais de 2 5 °), além de am p lo s e e x te n ­ sos p ared õ es que chegam a m ed ir 300 m de e sp essu ra e m ais de 5 Km de ex ten são , co m o o co rre na e sca rp a de leste. As altitu d es estão em m édia entre 1.350 a 1.650 m, se n d o c e rc a de q u ase 1.000 m (nos vales ao sul) e 1.721 e 1.784 m nos pontos m ais ele va d o s, re s p e c ti­

vam en te Pico do Pião, na escarp a de leste, e P ic o do Ib it ip o c a , no M o rro do L o m b a d a (R O D E L A 2 0 0 0 a).

Entre as duas escarp as, desenvolveram - se relevo s m enos e le va d o s, em torno de 1.200 a 1.400 m de altitude, e m enos d e clivo so s, for­

m ando m orrotes de topos co n vexizad o s, d e vid o à co n d içã o te ctõ n ica lo cal, ou seja, de sin fo rm e de dobras ou a rochas d ife re n cia d a s (gnaisse granatífero, por exem plo, na área onde se in s­

talou a Mata G rand e) (R O D ELA , 2 0 00 a).

A rede de drenagem na Serra formou-se geralm ente por co ntro le estrutural da ro ch a e relevo, sendo, portanto, " ...c o n tro la d a p r in c ip a l­

m ente p e la s fa lh a s e fra tu ra s de d ire çã o NE-SW "

(C O R R EA METO et al, 1993). Os rios e córreg os de Ib itip o ca apresentam -se com v a le s m uito e n ca ix a d o s , com v e rte n te s ro ch o s a s e p a re ­ dões, leitos rochosos e encachoeirad os (RO D ELA ,

1996, 2 0 0 0 a).

Seg un d o R O D ELA (2 0 0 0 a), no que se re­

fere ao re le vo as feiçõ es vinculam -se ao c o n ­ trole g eológico (tectõ n ica, estrutura, litologia) e à d isso lu çã o e ero são fluvial (terreno s cá rstico s, abatim en to s):

"... a s fe iç õ e s lo c a is do relevo , v in c u ­ la d a s ao c o n tro le te ctô n ico , e s tru tu ­ ra l (d o b ra m e n to s e fa lh a m e n to s ) e lito ló g ic o sã o as lin e a çõ e s ro ch o sa s, o s p a t a m a r e s e s t r u tu r a is ... p a r e ­ d õ es, ta lu s e s t r u tu r a is , v e r te n te s e s fo lia d a s , v a le s a b ru p to s e s tre ito s (g a r g a n t a s ) em s in fo rm a s , rio s de fu n d o s c h a to s com le ito s ro ch o so s...

v e rte n te s g e ra lm e n te e x te n sa s, p la ­

n a s e a b ru p ta s... s ã o re ta lh a d a s p o r

p a ta m a re s , c ic a triz e s de a b a tim e n to

(6)

106 — G E O U SP - Espaço e Tempo, São Paulo, N ° 11, 2002 Rodela, L.G .; Tarifa, J.R .

(q u e d a s de b lo c o s o u de la je s ), g r o ta s , p a re d õ e s . A s p r in c ip a is f o r ­

m a s c o n s id e ra d a s re p re s e n ta tiv a s de te rre n o s c á rs tic o s , q u e em Ib itip o c a p o d e m s e r fo r m a d a s tam b ém p o r a b a tim e n to e a ç ã o f lu v ia l s ã o a s p o n te s n a tu ra is , a s m a is de v in te c a ve rn a s , a lg u n s lapiaz, c a n io n s com p a r e d e s v e r tic a is (v a le s em g a r g a n ­

ta), a s d o lin a s , e a s c o n c a v id a d e s (fo r m a s s u b s id e n te s ) c o in c id e n te s co m te to s de g r u ta s q u e p o d e rã o se to rn a r fu tu ra s d o lin a s "

A m a io ria da á rea da S e rra do Ib itip o ca é co m p o s ta p elos a flo ra m e n to s de roch as, isto é, ro ch a s nuas, in v a ria v e lm e n te q u artz íticas, o n d e tam b é m podem ser e n co n tra d a s reduzidas q u a n tid a d e s de m aterial d etrítico grosseiro (ge­

ra lm e n te are ia de m éd ia a m uito grossa e s e i­

xos). Os so lo s m e lh o r d istrib u íd o s pela Se rra são os lito sso lo s, so lo s litó lico s, regossolos, e c a m b is s o lo s , g eralm en te álico s. O co rrem tam ­ bém m a n ch a s red uzid as de solo o rgânico, pod­

zol, p o d z ó lico s a m arelo e verm elho-am arelo, e la to sso lo verm elh o-am arelo (R O D ELA , 2 0 0 0 a).

No que se refere à veg etação na Serra do Ib itip o ca , são en co n tra d a s fisio n o m ias cam- p e s tre s e a rb u s tiv a s de c e rra d o s e c a m p o s ru p estres, e fo rm a çõ e s florestais. As fo rm açõ es flo re sta is são re p re se n ta d a s pela m ata ombrófi- la a ltim o n ta n a , c o n h e c id a lo c a lm e n te co m o M ata G ra n d e (F O N T E S , 1997), m ata e sta cio n a i s e m id e c íd u a a lt im o n t a n a (U R U R A H Y e t al, 1982; P IR E S , 1996), co rre sp o n d e n te p rin cip a l­

m en te às m atas c ilia re s e alguns cap õ e s. As fo r m a ç õ e s c a m p e s tr e s e a r b u s tiv a s s ã o os c e rra d o s de a ltitu d e (STAN N ARD et al, 1995;

R O D E L A , 1 9 9 8 a , 1 9 9 8 b , 2 0 0 0 a , 2 0 0 0 b ), ca m p o s ru p estres s tr ic to s e n s u (P IR E S , 1996;

R O D E L A , 1 9 9 8 a , 1 9 9 8 b , 2 0 0 0 a , 2 0 0 0 b ; R O D E L A e V E R A R D O , 1999), cam p o s rup estres a rb u s tivo s , ca m p o s su jo s e n c h a rc á v e is e c a m ­ pos co m c a c tá c e a (R O D E L A , 1998a, 1998b, 2 0 0 0 a, 2 0 0 0 b ; R O D E L A e V ER A R D O , 1999).

3 . 2 . O clim a da S e rra d o Ib itip o ca

O clim a da Serra do Ib itipoca pode ser c la s s ific a d o co m o tro p ica l de a ltitu d e meso- térm ico, com inverno frio e seco e chuvas eleva­

das no verão. Essa classificação é baseada nas características da Serra: situa-se entre as lati­

tu d es 2 1 °4 0 '1 5 ,/ a 2 1 °4 3 '3 0 " com altitu d es p re d o m in a n te m e n te entre 1.350 a 1.700 m.

Apresenta tem peraturas m édias de 12 a 15°C na época mais fria e entre 18 a 2 2 °C na época mais quente. Além disso, a p recip itação pluviom étrica está em torno de 200 a 500 mm ao més, nos períodos chuvosos (principalm ente novem bro a m arço), e em m édia, m enos de 20 mm ao mês na época seca (chegando a m enos de 6 mm ao mês).

Anualm ente, ch o v e 2 cerca de 2.200 mm.

As e sta çõ e s c lim a to ló g ica s m ais próxi­

m as ao Parque são as de B a rb a c e n a e Ju iz de Fora. A partir dos d ad os d essas estaçõ es, bem co m o com parando-se com os d ad os da estação de C am p os do Jo r d ã o (p ela pro x im id ad e latitu- dinal e sim ilarid ad e altitu d in al), verifica-se que a S e rra do Ib itip o ca re ce b e m assas de ar úm idas e quentes, porém sua altitude perm ite a dim inui­

ção das tem p eratu ras m édias e aum ento da pre­

cip itação p luviom étrica, co m o o corre em toda Serra da M antiqueira. Os dados relativos às es­

tações clim atológ icas de B arb ace n a, Ju iz de Fora e Cam pos do Jo r d ã o são ap resen tad o s a seguir, segundo dados de DNM (1992) (Q uadro 2).

Em Ib itipoca, a in flu ên cia do relevo sobre o clim a é m uito im portante, pois a altitude e a topografia são d iferen ciad as e as cristas anticli- nais de Ib itip o ca se so b ressaem lo calm ente em relação às áreas vizinhas, originando tam bém um clim a diferenciad o .

"E s ta s d ife re n ç a s de re le v o in flu e n ­ c ia m as c a r a c t e r ís t ic a s c lim á tic a s , com a c ré s c im o de u m id a d e e p lu v io ­ s id a d e , e d e c r é s c im o d a s te m p e ­ r a tu ra s na á re a da S e r r a " (R O D EL A ,

1996; R O D ELA e TARIFA, 1998).

(7)

O clim a da Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Gerais, p p .101-1 13 107

Na á rea de estudos, existem b a sica m e n ­ te três co m p a rtim e n to s to p o clim á tico s (co n fo r­

me ap resen tad o na figura 2), com d ife re n c ia ­ ção, p rin cip alm e n te , de p re cip ita çã o pluviomé- trica, tem p eratu ras e u m id ad es re lativas do ar, send o eles:

• Arredores da Serra, abaixo de aproxima­

dam ente 1.200 e 1.300 m de altitude;

• Á reas entre as escarp as de an ticlin ais, com altitu d es ap ro x im ad am en te entre 1.300 e 1.350 a 1.500 m (onde se lo caliza, por exem p lo , a Mata G ran d e - m ata o m b ró fila a ltim o n tan a);

• E sca rp a s de an ticlin ais, send o áreas m a is e le v a d a s da S e rra , a c im a de ap ro x im a d a m e n te 1.500 e 1.550 m de a ltitu d e, até m ais de 1.700 m de altitude.

Nos arredores da Serra, áreas de morros e colinas, chove anualm ente cerca de 1.500 mm, muito m enos que na Serra do Ibitipoca. Nessas áreas, o ar é m ais estável, as tem peraturas são mais elevad as e o efeito orográfico é menor.

Nas áre as co m p re e n d id a s entre as es­

carpas de a n ticlin a is da Serra, há m aio r c o n ­ cen tração de n e b u lo sid a d e e p lu vio sid ad e, pois essas áreas estão próxim as do nível de c o n d e n ­ sação, c o n trib u in d o assim para a m an u te n ção da um idade dos so lo s e das su p e rfície s das rochas. O ar é m ais frio e úm ido que nos a rre ­ dores da S e rra , c h o v e n d o c e rc a de 1.700 a

1.800 m m /ano.

Nas escarp as de a n ticlin a is, a c im a de ap ro x im ad am en te 1.500 m de altitu d e, a n e b u ­ lo s id a d e d im in u i, p ois os v e n to s s ã o m a is intensos e d escen d en tes. A p re c ip ita çã o pluvio- m étrica e a um idade do ar se m antêm , a p ro x i­

m a d a m e n te , as m esm as, porém as te m p e ra ­ turas do ar são m ais frias e os ven to s são m uito m ais intensos. O céu é h ab itu alm en te lim p o e, desta form a, os solos e as ro ch as se re sse ca m com facilid ad e.

Os m icro clim as de Ib itip o ca são d iv e rs i­

ficad o s pela grande d ife re n c ia çã o de form as de re le vo : p are d õ e s, va le s em garganta, grutas, pontes naturais, varied ad e de ve g e ta çã o , ex p o ­ siçã o de verten tes (portanto várias faces de ex­

p o sição à luz) e va ria çã o das d e cliv id a d e s.

Segun do CAM ARGO (1963), no que se refere às form as de relevo, os terrenos cô n ca vo s ou d ep ressões são sujeitos a freqüentes resfria­

m entos noturnos. São locais onde se acu m u la o ar m ais frio e co n seq ü en tem en te m ais pesado.

São áreas sujeitas a nevoeiros à noite e pela m anhã. Essas form as do terreno afetam o balan­

ço e a d isp onib ilid ad e hídrica nos solos, tornam o terreno m enos exposto à in so lação e à perda de água. As partes baixas do relevo receb em os excessos de águas pluviais que esco am pelas enco stas vizinhas. Interferem , então, fa v o ra ve l­

m ente no balanço hídrico de água e, em teoria,

c o n trib u iria m para o a p a r e c im e n to de um a

veg etação m ais fechada. J á os terrenos retilí-

neos, convexos, os espigões, as en co stas e le v a ­

das, onde o ar frio não se acum ula, esco an d o

(8)

108 - G EO U SP - Espaço e Tem po, São Paulo, N ° 11, 2002 Rodela, L.G .; Tarifa, J.R .

p ara as b a ix a d a s , sã o g e ra lm e n te liv re s de n eb lin as m atinais e ali se co n ce n tram ventos m uito intensos (Figura 2).

No entanto , seg u n d o C A M A R G O op. cit., no que se refere aos m icro clim a s:

"... a c o b e rtu ra v e g e ta l tem e fe ito m o d e ra d o r s o b re a s v a ria ç õ e s térm i­

c a s e h íd r ic a s d a s c a m a d a s do a r e do s o lo p ró x im a s à s u p e rfíc ie . In te r ­ c e p ta a ra d ia ç ã o s o la r e tra n s fo rm a a m a io r p a r te da s u a e n e rg ia em c a lo r la te n te , p e la tra n s p ira ç ã o . A s p la n ta s , p o r s u a vez, a g e m co m o b o m b a s c a p a z e s de r e tir a r a á g u a do s o lo e tran sferi-la à a tm o s fe ra , p o d e n d o re s s e c a r a z o n a d a s ra íz e s d u ra n te o s p e r ío d o s m a is se c o s .

E s s e s e fe ito s, té rm ic o s e h íd ric o s , t o r n a m - s e t a n t o m a is in t e n s o s q u a n to m a is e s p e s s a e fe c h a d a a v e g e t a ç ã o ... A s e r r a p i lh e ir a a g e c o m o c a m a d a i s o la n t e t é r m ic a , p r o te g e o s o lo d a s v a r ia ç õ e s de te m p e ra tu ra e, co m o n ão re tira á g u a do so lo , im p ed e o seu re sse ca m e n to , m e s m o em p r o lo n g a d o s p e r ío d o s secos. "

Dessa forma, explica CAM ARGO (1963), o solo sem inu, característico do cerrado, fica sujeito a intensas variaçõ es térm icas e hídricas em suas cam adas superficiais, até cerca de 20 ou 30 cm.

Abaixo desta profundidade, a tem peratura m an­

tém-se praticam ente invariável no curso diário. A

um idade do solo, além de 30 cm, tam bém se

(9)

O clim a da Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Gerais, p p .101-113 109

ap resenta p raticam en te in variável com o resu l­

tado, quer da co nstân cia térm ica, quer principal­

m ente da au sê n cia de raízes rem ovedoras da um idade. Então, m esm o durante os períodos de seca mais intensa, é freqüente a um idade do solo nu, abaixo dos 30 cm , manter-se em capacidade de cam po, desde que sejam precedidos por boa estação chuvosa.

As ve rte n te s podem ser d escritas com o fo rtem ente o rie n tad as. Isto porque a m aioria das verte n te s da e sca rp a an ticlin al de leste está o rientad a para nord este, leste e sud este do la­

do do p ared ão ; e do lado o este da escarp a está, na m aioria, o rie n ta d a para oeste e sud oeste. No caso da e sca rp a a n ticlin a l do Morro do Lo m b a­

da, as verte n te s são o rien tad as, do lado oeste da escarpa, g eralm en te para oeste e noroeste, enquanto as v e rte n te s do lado leste, estão na m aioria o rie n ta d a s para sul, sud este e leste.

Os efeitos das orientações de vertentes se fazem sentir durante o dia, quando a incidência de raios solares poderá afetar diversamente o terreno, conforme a exposição. Assim, "... as encostas de

exposição N e O, m ais enso larad as, sã o n o rm a l­

m ente m ais quentes e m ais secas que as de su l e leste. Q uanto à incidência do vento frio de sudeste, que é d om inante em todo centro-sul do p aís, as exposições sul e leste são as m ais a tin g id a s e prejudicadas. Os terrenos p la n o s o cup am p o s içã o interm ediária..." (CAMARGO, 1963).

3 . 2 . 1 . P lu v io sid ad e na S e r r a do Ibitipoca

A p re cip itação total anu al, em 1996, na Serra do Ib itip o ca, m ed id a em 1.350 m de a lti­

tude, chegou a 2 .2 4 8 ,0 mm, e na Vila de C o n ­ c e içã o do Ib itip o ca a a p ro x im a d a m e n te 1.150 m de altitude, ch o ve u 1.562,3 m m , o c o rre n d o um d esvio de 684 mm entre um posto e outro.

A d istrib u ição m ensal de ch u va s na S e rra do Ib itip o c a e na V ila de C o n c e iç ã o p o d e s e r o b se rva d a no gráfico 1.

Entre setem bro e m arço, há um a m édia diária de chuvas por volta de 32 mm, com , g eral­

m ente no m áxim o, dois dias de seca. A p lu vio si­

dade do inverno dim inui cerca de 100 a 200 mm

(10)

110 — G E O U SP - Espaço e Tempo, São Paulo, N ° 11, 2002 Rodela, L.G.; Tarifa, J.R .

ao m ês entre abril e agosto. O inverno ap resen ta p eríod os de seca, que duram , em m éd ia cin co dias, m as que podem durar até 10 dias, inter­

ca la d o s por c e rc a de um a três dias de p eq u ena p re cip ita çã o (em m éd ia de 1 a 5 m m /dia).

G e ra lm e n te , ch o v e m enos, em m é d ia 60 mm ao m ês na Vila de C o n ce içã o , em re la çã o à S e rra . P o ré m , na á re a da S e rra , as c h u v a s assim co m o a u m id ad e re lativa do ar, d istri­

buem-se com h o m o g e n e id ad e relativa, se c o m ­ p a ra d a s às á re a s co m a ltitu d e s in fe rio re s a a p ro x im a d a m e n te 1.100 m.

3 . 2 . 2 . U m idade re la tiv a e t e m p e r a t u r a do ar

As m édias das um idades relativas do ar se m antêm altas durante todo o ano e em todas as á re a s da S e rra . No p erío d o q u e n te / ch u vo so , chega a aproxim adam ente 82 a 8 7 % . No período m ais frio, a um idade dim inui em m édia cerca de 5 % , em relação ao período chuvoso, chegando a aproxim adam ente 76 a 8 4 % (Gráfico 2). Em qual­

quer época, ocorre aum ento da um idade relativa do ar quando há nuvens form adas por orografia.

As tem peraturas m édias do ar registradas nos períodos quente/chuvoso e frio/seco, foram, respectivam ente de 2 1 ,6 °C e 14,6°C, no posto 1.

As variações de tem peraturas e um idade relativa, nos vários postos instalados em diferentes altitu­

des, podem ser aco m p anhad as no gráfico 2.

Há um g rad iente té rm ico para as tem p e­

raturas do ar na S e rra do Ib itip o ca , ligeiram ente d ife re n cia d o entre os p erío d o s de verão e de inverno. As te m p e ra tu ra s d im in u em ce rca de 0 ,5 °C a cad a 100 m de a ltitu d e em d ireção aos altos no p eríod o frio/seco, e ce rc a de 0 ,4 °C a cad a 100 m de a ltitu d e em d ire çã o aos pontos m ais ele va d o s, no p erío d o q u en te/ch u vo so .

3 . 2 . 3 . C irc u la ç ã o do a r: d ir e ç õ e s e v e lo c id a d e s p r e d o m in a n te s d o s v e n t o s

No período quente/chuvoso, quando os

ventos foram geralm ente m ais intensos, atingindo

em m édia 3 m/s, com picos de até quase 8 m/s,

(11)

O clim a da Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Qerais, p p .101-1 13 1 1 1

cerca de 2 1 % das direções do vento registradas eram de noroeste, devido à circulação do ar local, 16% de norte, e cerca de 2 1 % , eram calm aria.

No p erío d o frio/seco, ce rca de 2 9 % das d ireçõ es do ven to registradas eram de noroeste, enq u anto c e rc a de 2 1 % eram de sud este, além de cerca de 3 0 % de calm aria.

"As p la n ta s da S e rra , princip alm ente a p a rtir de ap roxim ad am ente 1500- 1550m de altitude, estão em sub s­

tra to s m a is v u ln e rá v e is ao s fo rte s ventos, a c im a do n íve l de co n d en ­ s a ç ã o , o q u e s ig n ific a q u e e s s e s lo cais se ressecam m ais facilm ente, p rin c ip a lm e n te no inverno, q u an d o os ventos são ainda m ais intensos, e a p lu v io s id a d e d im in u i" (R O D ELA , 2000a, 2000b).

4 . C o n s id e r a ç õ e s finais

A Se rra do Ib itip o ca e arred ores c a re ­ cem de m a io r a p ro fu n d a m e n to nos e stu d o s sobre C lim ato lo g ia, além da atu aliz ação e co n ti­

nuidade nas c o le ta s de dados de tem peraturas, p luviosid ad e, n e b u lo sid a d e , circu la çã o , etc.

É tam bém um cam po fértil para iniciar estudos sobre os esp aço s ocup ad os pela expan­

são dos clim as secos, por ocasião dos períodos glaciais quaternários. Estudos m ultid isciplinares, relacionand o clim atologia, botânica, solos, geo- morfologia e geologia, poderiam responder à di­

nâm ica atual e pretérita das p op u lações vegetais.

Há c e rc a de 1 2 .0 0 0 a 18.000 ano s, segundo A B 'S A B E R (1 9 7 7 ), "... p re d o m in a v a m fo rm a ç õ e s de v e g e ta ç ã o a b e rta s . C e rra d o s e

c e rra d õ e s tiv e ra m a m p la p e n e tra ç ã o ... H oje, e s p e c ia l m e n t e c o m o i n d i c a d o r d e s t a s é p o c a s . ... d e staca- se a v e g e ta ç ã o x e r ó fita r e s id u a l, a s q u a is r e s is tir a m à s m u d a n ç a s p a r a c lim a s g e n e ra liz a d a m e n te m a is ú m id o s d o s ú ltim o s 1 2 .0 0 0 a n o s " E s s a v e g e ta ç ã o x eró fila resid ual p arece in d ica r os p rin cip a is eixos dos grandes ca m in h o s de p e n e tra ç ã o da sem i-aridez q u a te rn á ria , d e sta ca n d o - se tip o s com o os C am pos com c a c ta c e a e e n co n tra d o s em Ib itip o ca.

As áreas onde atualm en te encontram -se os cam pos rupestres da C h ap ad a D iam antina, Serras do Ib itip oca e Esp inhaço , entre 12.000 e 18.000 anos eram ocupadas, segundo A B 'S A B E R op. cit., por caatingas e floras sim ilares (com cactáceas). Ibitipoca, esp e cificam e n te , tam bém era ocup ad a por antigo N úcleo de A raucárias.

Além dessas q u estõ es, no que se refere à d in âm ica atual das m atas de Ib itip o ca , p rin ci­

p a lm e n te a flo r e s ta o m b r ó fila a ltim o n t a n a c o n h e c id a lo c a lm e n t e c o m o M ata Q ra n d e , FO N T ES (1997) d estaca a im p o rtâ n cia da per­

m a n ê n cia da n eb u lo sid ad e, isto é, um id ad e, na m esm a faixa de altitu d es em que se d istrib u em a m aioria das m atas na Serra.

R O D ELA (2 0 0 0a, 2 0 0 0 b ), m esm o e stu ­ dando q u ím ica e física de so lo s e re le vo da Serra do Ib itip o ca, tam bém in d ica o c lim a co m o co n d icio n an te na d istrib u ição de d iferentes c a m ­ pos rupestres, p rin cip alm en te no que se refere à n eb u lo sid ad e e re sse ca m e n to dos so lo s e a flo ­ ram entos de rochas, p ro vo ca d o p elos vento s fortes. Os cam p os rupestres stricto sensu o c o r­

rem g eralm ente acim a de 1.500 m de altitu d e, enq u anto os cam p o s rup estres arb u stivo s o c o r­

rem e sse n cia lm e n te entre 1.000 e 1.500 m.

N otas

1 Parte da dissertação de m estrado intitulada Dis­

tribuição de cam pos rupestres e cerrados de altitude na Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Gerais, de Luciana Graci Rodela, pro­

duzida com bolsa da FAPESP - Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, e apresentada ao Departam ento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e C iências Hu­

manas da USP.

2 Os dados foram consultados em RODELA (1996).

(12)

112 — G EO U SP - Espaço e Tempo, São Paulo, M° 11, 2002 Rodela, L.G.; Tarifa, J.R .

Bibliografia

A B 'S À B E R , A.N. E s p a ç o s o cu p a d o s pela e x p a n ­ são dos c lim a s se c o s na A m é rica do Sul, por o c a s iã o dos p erío d o s g laciais q u a te r­

nários. R e v is ta do In s titu to de G e o g ra fia - S é r ie P a le o c lim a s . n.3. S ã o Paulo, USP,

1977

C A M A R G O , A.P. C lim a do cerrad o . In: S im p ó s io s o b re o C e rra d o . São Paulo. Ed s.: Edgard B lü ch e r/ ED U SP. p p .75-93, 1963.

C O R R E A N ETO , A.V.; A N IS IO , L.C .C ; BRAN D Ã O , C.P. Um e n d o ca rste q uartzítico na S e rra do Ib itip o ca , sud este de M inas G erais. In:

VII S im p ó s io de G e o lo g ia de M in as G erais.

Bo l. n. 12: 83-6, 1993.

DNM - D EPA RTA M EN TO N A C IO N A L D E M E T E O ­ R O L O G IA . H o rm a is C lim a to ló g ic a s 1961-

1990. B ra sília , M inistério da A g ricultura e R efo rm a Agrária, S e c re ta ria N acio n al de In te g ra çã o , 1992.

FO N T ES, M.A.L. A n á lis e da c o m p o s içã o flo rís tic a d a s flo r e s ta s n e b u la re s do P a rq u e E s t a ­ d u a l do Ib itip o c a , M in a s G e ra is . D isser­

ta çã o de M estrado. Lavras, MG. D e p a r­

ta m e n to de C iê n c ia s F Io r e s ta is / U F L A . p .50, 1997

IB G E - IN STITUTO B R A S IL E IR O DE G EO G R A FIA E ESTATÍSTICA. C arta do B ra s il - Eo lh a B ia s P o rte s (m apa, escala 1:50.000) - SF.23-X-C- VI-1. Belo Horizonte, 1976.

IB G E - IN STITUTO B R A S IL E IR O DE G EO G R A FIA E E S T A T ÍS T IC A . C a rta do B r a s il - E o lh a B a r b a c e n a (m ap a, e s c a la 1 :2 5 0 .0 0 0 ) - SF.23-X-C. Belo Horizonte, 1979.

IE F - IN S T IT U T O E S T A D U A L D E F L O R E S T A S . P a r q u e E lo r e s t a l E s ta d u a l do Ib itip o c a (a p o s tila ). B e lo H o rizo n te. G o v e rn o do E sta d o de M inas G erais, 1994.

IG A - IN ST IT U T O D E G E O C IÊ N C IA S A P L IC A D A S . P a r q u e E s t a d u a l do Ib it ip o c a (m a p a , e s c a la 1 :1 0.000). B e lo H orizonte. G o v e r­

no do Estad o de M inas G erais, 1986.

PIRES, F.R.S. Aspectos fitofisionóm icos e vegeta- cionais do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. In: P a rq u e E s ta d u a l do Ib itip o ca: S e m in á rio de Pesq u isa. Ju iz de Fora, MG. U FJF, 1996.

RO D ELA , L.G. P ro p o s ta de c o m p a rtim e n ta ç ã o a m b ie n ta l p a r a o P a r q u e E s ta d u a l do Ib it ip o c a , M G . T ra b a lh o de G ra d u a ç ã o Individual em G eografia - Monografia. São P a u lo . D e p a r t a m e n t o de G e o g r a fia - F F L C H - U n iv e r s id a d e de S ã o P a u lo / F A P ES P - Fu n d ação de A m paro à Pesquisa no Estado de São Paulo, 1996.

R O D ELA , L.G. V e g e ta çã o e uso do s o lo - P a rq u e E s ta d u a l do Ib itip o c a , M in a s G e ra is (m a­

pa, e sca la 1 :2 5 .0 0 0 ). G o ve rn o do Estado de M in a s G e r a is / S e c r e t a r ia do M eio A m b iente, 1998a.

R O D ELA , L.G . C errad o s de A ltitud e e C am pos R upestres da S e rra do Ib itip o ca, sudeste de M inas G erais: d istrib u içã o e florística por fisio n o m ias de veg etação . R e v is ta do D e p a rta m e n to de G e o g ra fia , n.12. São Paulo. U n ive rsid a d e de S ã o Paulo, 1998b.

RO D ELA , L.G. D is trib u iç ã o de c a m p o s ru p estres e c e r r a d o s de a lt it u d e n a S e r r a do Ib itip o c a , s u d e s te de M in a s G e ra is . Dis­

se rtaçã o de M estrado. S ã o Paulo. D epar­

tam ento de G eo g rafia - FFLC H - U SP / F A P E S P - Fu n d a ç ã o de A m p aro à Pesq u isa do Estad o de S ã o Paulo. 205p ., 2000a.

R O D ELA , L.G. E is io n o m ia s de v e g e ta ç ã o cam- p e s tre s e a r b u s t iv a s da S e r r a do Ib it i­

p o ca , M in a s G e ra is , e fa to r e s a m b ie n ta is c o n d ic io n a n te s de s u a s d is trib u iç õ e s . III S e m a n a da B io lo g ia . S ã o P a u lo , U SP, 2 0 0 0 b .

RODELA, L.G.; TARIFA, J.R . A sp e cto s topoclimá- ticos no Parq ue Estad u al do Ibitipoca, M inas G erais. III Sim pósio Brasileiro de C lim a­

tologia Geográfica. Salvador, UFBA, 1998.

(13)

O clim a da Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Gerais, p p .101-1 13 113

RO D ELA, L.G .; TARIFA, J.R . O clim a da S e rra do Ib itip o ca e su as relações com a distribuição de d u as fis io n o m ia s de veg etação : cam p os rupestres stricto sensu e cam p o s rupestres a rb u s tiv o s . III Se m a n a da Biologia. São Paulo. U niversidade de São Paulo, 2000.

RO D ELA , L.G .; V ER A R D O , S.M .S . C o m p a ra ç ã o e n tre três tip o s de c a m p o s ru p e s tre s da S e r r a do Ib it ip o c a , s u d e s te de M in a s G e ra is . 5 0 °C o n g re s s o N acio n al de B o tâ ­ nica. B lu m e n a u , 1999.

S ET T E, D.M. O c lim a u rb a n o de R o n d o n ó p o lis . D is s e r t a ç ã o d e M e s tra d o . S ã o P a u lo . D e p a rta m e n to de G e o g ra fia - FFLCFI - U n ive rsid a d e de S ã o Paulo, 1996.

STANNARD, B.L. (éd.); HARLEY, R.M.; FIARVEY, Y.B.

Flo ra o f the Pico das A lm as, C h a p a d a D iam antina Bahia, Brazil. Surrey, G reat Bretain. R o y a l B o ta n ic G ardens, 1995. Kew;

Ed. Whitstable Litho Ltd.

URURAHY, J.C .C .; C O L L A R E S , J. E . R . ; M E S S IA S SANTOS, M.; BARRETO , R.A.A. Vegetação:

as regiões fitoecológicas, sua natureza e seus recursos econôm icos - estudo fitogeo- gráfico. In: Brasil, Ministério das Minas e Energia, Secretaria Geral. In: P ro je to Ra- d a m B r a s il, L e v a n ta m e n to de R e c u r s o s N a tu ra is , vol.32, 1985. Rio de Ja n e iro : Vitória. Brasília, DF.

Concluído em: 05/2000

Referências

Documentos relacionados

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

Ressalta-se que mesmo que haja uma padronização (determinada por lei) e unidades com estrutura física ideal (física, material e humana), com base nos resultados da

Neste capítulo foram descritas: a composição e a abrangência da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro; o Programa Estadual de Educação e em especial as

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

É importante enfatizar que os símbolos que compõe o “código pictórico” aqui identificado para o Sudoeste estão também presentes em outros suportes materiais além da

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

1) Por despacho datado de 4/11/2020 (objecto do presente recurso e já.. reproduzido) determinou-se a rectificação do lapso/erro material contido na decisão de revogação de