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MANUAL DO PISCICULTOR PRODUÇÃO DE TILÁPIA EM TANQUE-REDE

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MANUAL DO PISCICULTOR

PRODUÇÃO DE TILÁPIA EM TANQUE-REDE

DEZEMBRO 2008 CONSULTORES:

José Milton Moreira Carriço - Engº de Pesca (MSc. Gestão e Política Ambiental) Luís Inácio Toshio Nakanishi - Zootecnista (MSc. em Aqüicultura)

Marcelo Acácio Chammas - Engº de Pesca (Especialista em Piscicultura)

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO... 4

2. INTRODUÇÃO... 4

3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO EM TANQUE-REDE... 6

4. CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO EM GAIOLAS OU TANQUE-REDE... 7

5. INFRA-ESTRUTURA NECESSÁRIA... 12

6. LOCAL DE INSTALAÇÃO... 16

7. AMBIENTE DE CULTIVO... 16

7.1. CULTIVO EM RIOS... 17

7.2. CULTIVO EM RESERVATÓRIOS DE BARRAGENS... 17

7.3. CULTIVO EM LAGOAS NATURAIS... 17

7.4. CULTIVO EM AÇUDES... 18

7.5. CULTIVO EM ESTUÁRIOS... 19

8. ETAPAS DE PRODUÇÃO... 21

8.1. TRANSPORTE DE ALEVINOS E POVOAMENTO... 22

8.2. ETAPA DE RECRIA... 25

8.3. SELEÇÃO E TRANSFERÊNCIA DOS PEIXES PARA A ENGORDA... 25

8.4. ETAPA DE ENGORDA... 27

9. ALIMENTAÇÃO... 27

10. ACOMPANHAMENTO DO CULTIVO... 31

11. DESPESCA FINAL... 33

12. APURAÇÃO DOS RESULTADOS... 33

12.1. Resultados Técnicos... 34

12.2. Resultados Econômicos... 35

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13. BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS... 36 14. ANEXOS... 36

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1. APRESENTAÇÃO

O SEBRAE, através do Programa de Gestão Estratégica Orientada para Resultados (GEOR), atuou durante os anos de 2006 a 2008 na Região Centro Sul Sergipano, procurando dar suporte a atividade da piscicultura para viabilizar o acesso a novas tecnologias de cultivo e para promover o desenvolvimento sustentável do negócio aqüícola a partir da realidade encontrada. Como resultado deste Programa foi elaborado um Manual do Piscicultor focado na Produção de Tilápia em Tanque-rede que apresenta o passo a passo das práticas de manejo, procedimentos e recomendações para auxiliar o piscicultor a obter melhores resultados técnicos e econômicos, de modo a se tornar mais competitivo no mercado do aquanegócio.

2. INTRODUÇÃO

O Brasil reúne condições extremamente favoráveis à aqüicultura, apresentando grande potencial de mercado, clima favorável, boa disponibilidade de áreas para a produção, disponibilidade de grãos para a fabricação de ração animal e invejável potencial hídrico. São 5,3 milhões de hectares de água doce em reservatórios naturais e artificiais, 8.000 km de zona costeira, além de uma extensa rede hidrográfica, que pode ser potencialmente aproveitada na produção de organismos aquáticos.

A prática da piscicultura de espécies de água doce em tanques-rede ou gaiolas pode ser realizada em ambientes como rios, reservatórios de usinas, lagoas e açudes, e mais recentemente temos visto o cultivo da tilápia em áreas estuarinas como podemos ver na Foto 1 abaixo, cuja água chega a apresentar uma salinidade de até 25 ‰, ou seja, cerca de 70% do teor de sal encontrado na água do mar.

Cabe destacar que, independente do ambiente de cultivo, é necessário buscar orientação de um profissional da área para orientar o produtor tanto no planejamento do projeto como nos processos de registros e licenciamentos junto a SEAP (Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca) e demais órgãos ambientais

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responsáveis pelo corpo d’água onde o projeto pretende ser implantado. Outro aspecto fundamental é a realização de capacitação da mão de obra, contando sempre com o acompanhamento de um profissional experiente no assunto.

Foto 1 - Produção de Tilápia em estuário (Indiaroba – SE).

O cultivo de peixes em tanque-rede e gaiolas é uma alternativa de investimento de relativo baixo custo e maior rapidez de implantação em relação ao sistema convencional (viveiros escavados), e este sistema de produção possibilita um adequado aproveitamento dos recursos hídricos e a rápida expansão da piscicultura industrial no país.

O sistema de criação de peixes em tanques-rede ou gaiolas é um sistema com renovação de água contínua, sendo considerado como uma das formas mais intensivas de criação atualmente praticadas. A alta taxa de renovação de água visa manter a qualidade da água dentro dos tanques-rede e remover os metabólitos e dejetos produzidos pelos peixes.

Este sistema tem se tornado popular devido à facilidade no manejo e o rápido retorno do investimento, além de ser uma excelente alternativa para a produção de peixes em corpos d’água onde a prática da piscicultura convencional não é viável.

Dentre as espécies produzidas neste sistema, a tilápia (Foto 2) é a que mais tem se destacado devido a suas características favoráveis como:

• rusticidade;

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• resistência ao manejo;

• precocidade;

• adaptação a elevadas densidades de estocagem;

• boa aceitação pelo mercado;

• tolerância a águas salobras;

• grande oferta de alevinos.

Dentre os aspectos importantes a serem considerados na piscicultura em tanque-rede ou gaiola destacamos: qualidade genética do peixe, sistema de produção (n° de etapas de cultivo), qualidade do alimento, manejo da alimentação, condições ambientais (qualidade da água) e a mão de obra capacitada. Todos estes fatores é que determinarão a velocidade de crescimento, a eficiência na conversão alimentar, a produtividade e o custo de produção.

Foto 2 - Exemplar de Tilápia.

3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO EM TANQUE-REDE

O sistema de criação de peixes em tanque-rede e gaiolas apresenta as seguintes vantagens:

- Aproveitamento de grandes corpos de água como rios, lagoas, reservatórios, açudes e estuários;

- Menor investimento inicial (50 a 70% em relação a viveiros escavados);

- Praticidade e rapidez em sua implantação;

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- Produtividade elevada;

- Permite a produção escalonada num mesmo corpo d’água;

- Dificulta a ação de predadores, permitindo maior controle da população;

- Menor variação dos parâmetros físico-químicos da água durante a criação;

- Facilidade de observação dos peixes;

- Possibilita a separação em lotes homogêneos;

- Facilidade na captura dos peixes para monitoramento e despesca;

- Facilita o controle da alimentação, minimizando perdas e melhorando o aproveitamento da ração.

Apesar de este sistema apresentar suas vantagens, exige acompanhamento diário e rigor na alimentação, que deve ser de qualidade e fornecido na quantidade ideal, pois os peixes dependem exclusivamente da ração, apesar de existir raras situações de açudes e reservatórios em que haja disponibilidade de água rica em alimento natural (fito e zooplâncton).

Dentre as desvantagens deste sistema de produção podemos citar:

- Maior condição de estresse devido à elevada densidade de estocagem;

- Maior susceptibilidade a patologias;

- Facilita a disseminação de doenças;

- Maior custo de produção quanto à alimentação, que deve ser completa, pois neste caso, os peixes não têm acesso à alimentação natural como no sistema de cultivo em viveiros escavados.

4. CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO EM GAIOLAS OU TANQUE-REDE

A piscicultura em tanque-rede possibilita o aproveitamento de ambientes aquáticos já existentes (oceanos, áreas estuarinas, rios, grandes reservatórios, lagoas e açudes). A denominação de tanques-rede é conferida às unidades de cultivo formadas por uma estrutura que confere o formato, podendo esta estrutura ser de madeira, ferro galvanizado ou alumínio e para a contenção dos peixes geralmente são usados redes de multifilamento revestidos ou não de PVC, com malhas de abertura diversas, com ou sem nós, ou outros materiais resistentes à corrosão, como

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telas de alumínio ou inox, ou mesmo de arame galvanizado com revestimento de PVC, trançadas no formato de alambrado, que podem apresentar comportamento retrátil como uma rede (Foto 3).

Já as gaiolas apresentam formato fixo, apresentando uma armação que pode ser de madeira, barras de ferro ou alumínio (Foto 4). O fechamento lateral e do fundo é feito com material de contenção rígido, geralmente telas de aço inox ou ferro galvanizado, revestidas ou não de PVC, sendo utilizadas também telas de polietileno apropriadas para este fim.

Foto 3 - Modelo de tanque-rede.

Foto 4 - Modelo de gaiola.

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Os materiais utilizados nas malhas e estruturas de sustentação e flutuação dos tanques-rede e gaiolas devem apresentar as seguintes características:

• boa resistência ao esforço mecânico e à corrosão;

• resistência mínima à passagem de água;

• material deve ser o mais leve possível e de baixo custo;

• material não abrasivo e que não cause injúrias aos peixes;

• fácil manuseio e reparos.

Em relação ao espaçamento entre as gaiolas, no caso de gaiolas ou tanques-redes que apresentam um volume útil entre 4 e 8 m3, como é o caso da grande maioria dos projetos, o ideal é que a distância entre uma gaiola e outra seja de pelo menos 3m de distância. A linha de tanques-redes ou gaiolas deve ser posicionada perpendicularmente ao sentido do vento predominante e do fluxo da água, de modo a garantir condição adequada de troca da água para todas as gaiolas (Figura 1). Quanto ao espaçamento entre uma linha de tanques e outra, esta deve ter uma distância mínima de 10 m. Em relação à profundidade, é recomendável que a distância entre o fundo da gaiola ou tanque-rede e o fundo da lagoa (ou outro corpo d’água) seja de pelo menos 2 m, de modo que, quanto menor a troca de água promovida por correntes ou vento, maior deve ser a profundidade.

Figura 1 - Posicionamento dos tanques-redes em relação ao vento.

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O papel fundamental dos tanques-rede é confinar os peixes possibilitando a troca de água com o ambiente à sua volta. A eficiência desta troca é influenciada principalmente pelo volume do tanque-rede, seu formato, o material utilizado em sua construção e o local onde o tanque-rede ou gaiola será instalada.

Quanto ao formato, os tanques-rede empregados geralmente apresentam a área superficial quadrada ou retangular, podendo, no entanto, ser circulares ou hexagonais. O tamanho dos tanques-rede e gaiolas podem variar desde 1 a 100m³ (Foto 5), entretanto, as estruturas mais empregadas apresentam geralmente um volume útil entre 4 e 18 m³, com profundidades variando entre 1 e 2m. A produtividade média geralmente oscila entre 100 e 200 kg/m3, podendo também atingir produtividades maiores, dependendo neste caso, principalmente das condições ambientais onde os tanques-rede são instalados.

Foto 5 - Tanque-rede de 100m³ (5 x 5 x 4 m de profundidade).

Em relação à abertura de malhas da gaiola, quanto maior for esta abertura, melhor a renovação de água no interior dos tanques-rede. Aberturas de malhas muito pequenas facilitam o processo de colmatação (entupimento pela deposição de material orgânico, crescimento de algas e outros organismos sobre a malha). O uso de abertura de malhas inferiores que 13 mm favorece a colmatação, exigindo limpezas periódicas ou a transferência dos peixes.

Para a flutuação dos tanques ou gaiolas são empregadas estruturas como tubos de PVC, bombonas plásticas ou flutuadores de fibra de vidro. Para evitar que os peixes pulem fora da gaiola ou tanque-rede, bem como para evitar a ação de

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predadores (pássaros, morcegos, etc.), estes devem ser cobertos com uma tampa geralmente confeccionada com telas de multifilamento ou arame galvanizado revestidos com PVC ou telas de polietileno com proteção contra raios ultravioleta.

Em casos em que a água apresenta uma transparência muito elevada, estas devem ser cobertas parcialmente (em torno de 75%) com tampa ou sombrite (Fotos 6 e 7) para evitar queimaduras no dorso dos peixes, além de reduzir o estresse causado pela presença de pássaros e outros animais sobre os tanques-rede.

Foto 6 - Sombrite sobre tanque-rede circular.

Foto 7 – Tampa sobre tanque-rede.

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5. INFRA-ESTRUTURA NECESSÁRIA

Neste sistema de produção, as gaiolas ou tanques-rede geralmente são fixados em um cabo de aço ou corda (Foto 8), que por sua vez são esticadas atravessando de um lado a outro o corpo d’água para sua fixação em terra firme, ou através de poitas no fundo do corpo d’água. Existe também casos em que os tanques-redes são acoplados em plataformas podendo estas ser fixas ou flutuantes (Foto 9), próximo da terra firme ou não, conforme a condição da profundidade.

No caso de cultivo em áreas estuarinas, há necessidade de uma infra- estrutura para aclimatação dos alevinos (filhotes de peixes), pois estes são provenientes de uma condição de água doce e deverão ser aclimatados à nova condição da água com salinidade. Esta aclimatação pode ser realizada em caixas d’água providas de sopradores para promover aeração, onde se aumenta gradativamente a salinidade da água nas caixas (Foto 10). Quanto ao cultivo dos peixes em tanques-rede em áreas estuarinas ou outro ambiente onde haja constante variação do nível de água, há necessidade de se empregar bóias (flutuadores) antes das poitas para buscar manter este cabo principal sempre esticado conforme mostra a Figura 2 abaixo.

Foto 8 – Tanques-rede fixados em corda.

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Foto 9 – Tanques-rede acoplados em plataforma flutuante.

Foto 10 - Caixas com aeração para aclimatação de alevinos a água salobra.

Figura 2 – Uso de bóias para fixação dos tanques-rede.

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Para realizar o manejo de captura é necessário um puçá (passaguá) cuja abertura da malha depende do tamanho do peixe. Para peixes que estão na fase inicial pode-se empregar um puçá com malha entre 5 e 10mm, já para peixes maiores, podemos empregar um puçá com abertura de malha entre 15 e 25mm (Foto 11). Quanto à estrutura e cabo do puçá, esta pode ser em alumínio, ferro ou madeira.

Foto 11 – Puçá para captura dos peixes.

Para a alimentação dos peixes será necessário um transporte que pode ser desde uma canoa comum até uma balsa de fibra de vidro, conforme demonstrado na Foto 12.

Para a realização de manejos como transferência de peixes e despescas faz- se necessário o emprego de uma plataforma de manejo o que facilita muito a execução destes manejos. Esta plataforma pode ser montada em madeira ou chapas de aço, podendo ser fixa ou móvel (balsa) para se deslocar até as gaiolas (Fotos 13 e 14).

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Foto 11 - Balsa de fibra para alimentação.

Foto 12 – Balsa em estrutura de ferro para manejo.

Foto 13 – Balsa em madeira para manejo.

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Para o armazenamento de rações e equipamentos é necessário um abrigo apropriado que proporcione boa ventilação e proteção contra a ação de chuvas e animais (roedores, aves, etc.) e que seja localizado preferencialmente próximo ao cultivo.

6. LOCAL DE INSTALAÇÃO

Na seleção da área para instalação dos tanques-rede algumas condições devem ser criteriosamente analisadas ou até mesmo evitadas, como:

¾ Áreas de conflito de interesse com outras atividades (pesca, turismo e navegação);

¾ Áreas protegidas da ação dos ventos e das correntezas, como enseadas e baías, e áreas que não promovam boa circulação de água;

¾ Áreas de pouca profundidade (inferior a 3m);

¾ Áreas com a capacidade de suporte do ambiente reduzida devido a fatores como excesso de peixes soltos, renovação de água restrita e excesso de matéria orgânica em decomposição;

¾ Áreas com riscos de contaminação da água por produtos tóxicos como indústrias que lançam efluentes em corpos d’água, matadouros, áreas de agricultura e fruticultura que utilizam pesticidas e herbicidas.

7. AMBIENTE DE CULTIVO

Os cuidados quanto à instalação dos tanques-rede ou gaiolas e até mesmo alguns procedimentos durante o cultivo podem variar a depender do ambiente em que será implantado o cultivo, sendo necessários cuidados específicos. Podemos classificar estes ambientes nas seguintes categorias:

• Rios;

• Reservatórios de barragens;

• Lagoas naturais;

• Açudes;

• Estuários.

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7.1. CULTIVO EM RIOS

Os cuidados quanto à instalação de tanques-rede em rios se devem ao risco de fluxo muito intenso, principalmente em períodos de chuvas, podendo arrastar os tanques-rede, além de poder causar danos nos mesmos através de sujeiras e troncos que podem ser carregados pelas correntes. Neste caso os tanques-rede devem ser instalados em locais de remanso, afastados do leito principal, onde haja circulação de água, porém onde fluxo de água não seja tão intenso.

7.2. CULTIVO EM RESERVATÓRIOS DE BARRAGENS

Os cuidados quanto à instalação de tanques-rede em reservatórios de usinas hidrelétricas se devem aos riscos de áreas muito abertas onde haja ação de grandes marolas (ondas) que dificultam tanto o acesso de embarcações como a alimentação dos peixes.

Nestes reservatórios existe também o risco de mortalidade de peixes em situações em que haja um acúmulo muito grande de água no reservatório e este é descarregado com muita pressão quando as comportas são abertas, podendo provocar tanto a suspensão do sedimento e matéria em decomposição do fundo do reservatório como a incorporação de gases provocando a supersaturação destes na água, que podem provocar mortalidades massivas por embolia gasosa, fato este já ocorrido em mais de uma oportunidade nos reservatórios das regiões de Paulo Afonso – BA e Xingó – AL.

Experiências nestas regiões demonstraram que cultivos em tanques-rede ou gaiolas com maior profundidade (superior a 1,5 m), a ocorrência de mortalidade durante estes eventos são menores.

7.3. CULTIVO EM LAGOAS NATURAIS

Os cuidados quanto à instalação de tanques-rede em lagoas se devem principalmente quanto ao risco da presença de piranhas e pirambebas que podem cortar a tela a depender do material empregado. Outro cuidado deve ser quanto à quantidade de tanques-rede instalados numa área de pouca troca de água e em lagoas em que a profundidade reduz significativamente no período seco,

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podendo ocorrer limitação de oxigênio. Outro aspecto que pode ocorrer neste tipo de ambiente é quanto à possibilidade de surgimento de determinadas algas quando há um acúmulo de matéria orgânica no ambiente. Certas espécies de algas ao serem ingeridas pelos peixes provocam um gosto de terra na carne, sendo necessário nesta ocasião, realizar um processo chamado depuração dos peixes, ou seja, estes os peixes antes de serem comercializados para o consumo devem ser transferidos para um tanque (azulejado ou revestido) com água limpa sob constante aeração e troca de água durante 24 a 72 horas, a depender do caso, para eliminar este gosto desagradável.

7.4. CULTIVO EM AÇUDES

No cultivo em açudes há necessidade de um dimensionamento prévio da capacidade produtiva do mesmo, levando-se em conta a estimativa de biomassa (peso total) dos peixes soltos no mesmo. O ideal é procurar retirar os peixes soltos no açude, pois quanto maior a quantidade de peixes soltos, menor é a capacidade de produção de peixes em tanques-rede.

Um risco comum em açudes é a mortalidade provocada pela inversão térmica devido a mudanças climáticas. Este evento geralmente ocorre em açudes e lagoas estratificadas, ou seja, que apresentam uma faixa da coluna d’água superficial com temperatura mais elevada, e logo abaixo desta faixa (cerca de 2 m abaixo) apresenta outra faixa com temperaturas reduzidas e baixos níveis de oxigênio. O problema ocorre em determinada época do ano que apresenta elevadas temperaturas durante o dia com queda acentuada de temperatura durante a noite. Esta inversão térmica repentina provoca um deslocamento da água de superfície para o fundo, em função do esfriamento desta camada superficial, levando à superfície a água do fundo pobre em oxigênio e rico em gases tóxicos aos peixes provocando assim a mortalidade, pois os peixes por estarem confinados acabam respirando esta água de baixa qualidade.

Para maior segurança é recomendável o uso de aeradores tanto para garantir níveis adequados de oxigênio como para homogeneizar a temperatura da água ao longo da coluna, reduzindo assim o problema da estratificação térmica e os problemas provocados pela inversão térmica.

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7.5. CULTIVO EM ESTUÁRIOS

No caso de cultivos em áreas estuarinas, por serem áreas que sofrem influência das marés, estão constantemente submetidas tanto a variações de nível como de salinidade, sendo necessário neste caso, realizar uma aclimatação dos alevinos à água salobra, de modo que os alevinos sejam adaptados gradativamente da água doce para uma água salobra, podendo esta ter uma salinidade de até 25 ‰. Antes da implantação do cultivo há necessidade de se conhecer a faixa de variação de salinidade ao longo do ano no local que se pretende implantar a piscicultura. No caso da Tilápia, o ideal para o cultivo seria que a água apresentasse uma salinidade de até 15 ‰, podendo, no entanto, tolerar salinidades até 25 ‰, porém com redução de desempenho, pois em salinidades elevadas há um gasto energético do peixe para esta adaptação.

A aclimatação é feita em caixas d’água com sistema de circulação fechada, provida de constante aeração via soprador (Foto 10). Inicialmente os alevinos são colocados nas caixas com água doce numa densidade de 1 a 3 alevinos/L, dependendo do tamanho do alevino e condição de aeração. No primeiro dia, os alevinos devem permanecem em jejum na água doce. A partir do segundo dia, aumenta-se a salinidade dos tanques gradativamente numa proporção máxima de 5 ‰/dia, até que se atinja a salinidade máxima do local onde os peixes serão povoados. Durante este período, os peixes devem ser alimentados numa proporção de 2 a 3% da biomassa/dia, devendo-se realizar a limpeza dos tanques diariamente pela manhã e ao final da tarde, a fim de eliminar sobras de ração e acúmulo de fezes. Após atingir a salinidade similar ao do ambiente estuarino de cultivo, recomenda-se que os alevinos permaneçam nesta salinidade durante um período de dois a três dias e a partir daí realiza-se o povoamento.

O cultivo em áreas estuarinas apresenta outro inconveniente que é a fixação de algas, cracas, moluscos, entre outros organismos nas telas (Fotos 14 e 15), sendo necessária constante limpeza e até mesmo transferência dos peixes para outro tanque-rede limpo, pois estas incrustações acabam prejudicando a circulação de água e conseqüentemente a oxigenação dentro do tanque-rede, podendo levar os peixes à morte.

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Foto 14 – Tela de tanque-rede impregnada de algas e sururu.

Foto 15 – Tela de tanque-rede impregnada de algas e sururu.

8. ETAPAS DE PRODUÇÃO

Para a produção de tilápia em tanques-rede é recomendado que o cultivo seja realizado em pelo menos três etapas (cultivo trifásico), sendo mais recomendado, no entanto, o cultivo em quatro etapas. Este número deve ser definido em função da disponibilidade de recurso, mão de obra e conveniência para o produtor. Os Quadros 1 e 2, abaixo indicam a abertura de malha e

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quantidade de peixes a estocar conforme a faixa de peso dos peixes para cultivos em três e quatro etapas.

Quadro 1 – Cultivo de tilápia em tanque-rede em três etapas.

Etapas de  cultivo 

Faixa de peso  dos peixes 

Abertura da  malha 

Estocagem*        N° 

de peixes/m³  1  1 a 30g  4 a 5 mm  750 a 1.250  2  30 a 200g  15 a 20 mm  300 a 400  3  200 a 1.000g  20 a 25 mm  150 a 250 

* Número de peixes maior em condições ambientais mais favoráveis.

Quadro 2 – Cultivo de tilápia em tanque-rede em quatro etapas.

Etapas de  cultivo 

Faixa de peso  dos peixes 

Abertura da  malha 

Estocagem*        N° 

de peixes/m³  1  1 a 10g  4 a 5 mm  750 a 1.250  2  10 a 50g  10 a 12 mm  500 a 700  3  50 a 200g  20 a 25 mm  300 a 400  4  200 a 1.000g  20 a 25 mm  150 a 250 

* Número de peixes maior em condições ambientais mais favoráveis.

Vale destacar que os alevinos geralmente são comercializados com um tamanho variando entre 2 a 4 cm, cujo peso varia entre 0,3 a 1g, e neste caso o tempo de cultivo varia entre cinco a seis meses para despesca de peixes com peso médio entre 600 a 800g. Recomendamos sempre adquirir alevinos maiores, pois apesar de mais caros, geralmente apresentam melhor resultado de sobrevivência.

8.1. TRANSPORTE DE ALEVINOS E POVOAMENTO

Os alevinos geralmente são transportados de duas formas: em bolsas plásticas (Foto16) ou em caixas de transporte específicas para este fim, conforme demonstrado na Foto 17. Em ambos os casos recomenda-se que o transporte e povoamento dos alevinos sejam realizados preferencialmente no início da manhã.

Dentre os cuidados na compra e recepção dos alevinos, destacamos a necessidade de observar os seguintes aspectos:

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• Uniformidade no tamanho dos alevinos;

• Verificar aparência geral dos alevinos;

• Embalagem (sacola) deve chegar estufada (cheia de oxigênio);

• Alevinos devem se apresentar ativos dentro da sacola ou caixa de transporte;

• Checar se não existem alevinos de outras espécies misturadas;

• Realizar a contagem de alevinos de pelo menos duas bolsas;

• Realizar aclimatação na soltura dos peixes.

Foto 16 – Caixa para transporte de alevinos.

Foto 17 – Bolsa para transporte de alevinos.

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Para a aclimatação dos alevinos no momento da soltura recomendamos os seguintes procedimentos:

• Colocar as bolsas ainda fechadas dentro dos tanques-rede e deixá-las flutuar durante 10 a 20 minutos, para que a temperatura da água da bolsa fique próxima a do local de cultivo;

• Abrir a bolsa e colocar pequenas porções de água do tanque-rede dentro da bolsa de modo a igualar lentamente outras características das águas como o pH (acidez da água) e a dureza. Realizar esta operação até completar o saco;

• Após concluir a operação anterior mergulhar o saco aberto no interior do tanque-rede para que os alevinos possam sair lentamente por si mesmos;

• Após o povoamento, o tanque-rede deve ser coberto com uma rede ou tela anti-pássaro (malha 10 mm) para proteger contra predadores como o bem-te- vi, garça, socó, martim-pescador, e morcego, que podem causar perdas de mais de 50% do lote povoado.

No caso do transporte em caixas (Transfish), a aclimatação deve ser realizada na própria caixa esgotando 50 a 60% da água do transporte e completando lentamente (15 a 20 minutos) com a água de onde os alevinos serão povoados. A contagem deve ser realizada através do método volumétrico empregando-se uma peneira como a da Foto 18. Para se estimar a quantidade de alevinos da caixa de transporte e para facilitar a contagem para o povoamento dos tanques-rede deve-se contar efetivamente a quantidade de alevinos que a peneira comporta, valor este determinado através de uma média de 4 a 5 amostragens. A partir do número médio de alevinos que cabem na peneira, é possível estimar a quantidade de alevinos transportada (N° médio de alevinos que cabem na peneira X N° de peneiras), bem como determinar o número de medidas (peneira) necessárias para o povoamento em cada tanque-rede.

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Foto 18 – Peneira para estimar a quantidade de alevinos.

Em regiões onde existe a oferta de juvenis já com peso médio de 30 a 50g, desde que haja qualidade e preços justos, o produtor pode praticar seu cultivo em apenas uma ou duas etapas, facilitando o manejo e aproveitando sua infra- estrutura somente para a fase de engorda. Neste caso o tempo de cultivo pode durar cerca de 3 a 4 meses, a depender do peso médio de despesca, o que possibilita uma maior produtividade (kg/ha/ano).

8.2. ETAPA DE RECRIA

A primeira etapa do cultivo popularmente chamada de “recria” geralmente é realizada em bolsões, ou seja, tanques-rede com abertura de malha menor (4 a 5 mm). Este bolsão geralmente é instalado dentro de uma gaiola ou tanque-rede de engorda que protege o bolsão contra os predadores como piranhas, pirambebas, traíras, etc. Os materiais geralmente empregados em bolsões são telas de polietileno, multifilamento ou multifilamento revestido com PVC, cuja abertura da malha recomendada é de 5 mm, conforme indicado no Quadros 1 e 2, podendo esta ser maior ou menor, dependendo do tamanho dos alevinos/juvenis adquiridos.

A malha de 5 mm é recomendada para alevinos com tamanho superior a 2 cm ou 0,5 g.

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Nesta fase inicial, a densidade de estocagem recomendada é de 750 a 1.250 alevinos/m3 podendo permanecer nesta estrutura durante um período de 30 a 60 dias, quando os peixes já devem atingir tamanho suficiente para serem transferidos para a etapa seguinte.

8.3. SELEÇÃO E TRANSFERÊNCIA DOS PEIXES PARA A ENGORDA

Após a fase de recria, geralmente encontramos certa desigualdade quanto ao tamanho dos juvenis, sendo então recomendado que se faça uma classificação por tamanho dividindo em pelo menos dois lotes (peixes maiores e menores), de modo a se povoar lotes uniformes nos tanques-rede de engorda.

Para o processo de classificação devemos empregar equipamentos apropriados para tal, de modo a facilitar o manejo podendo empregar para isto equipamentos como grades, gaiolas e mesas classificadoras conforme mostram as Fotos 19, 20 e 21.

Durante a transferência de peixes de um lugar para outro, é importante avaliar as características da água (temperatura e pH) de origem e destino, pois estas, caso haja diferença, devem ser homogeneizadas gradativamente antes da transferência.

Foto 19 - Grade classificadora de peixes.

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Foto 20 - Gaiola classificadora de peixes.

Foto 21 - Mesa para classificação de peixes.

8.4. ETAPA DE ENGORDA

Na etapa de engorda a abertura da malha geralmente utilizada varia entre 20 e 25 mm. A densidade de estocagem recomendada é de 150 a 250 peixes/m3, densidade esta em que os peixes permanecem até o tamanho de abate. Caso a fase de engorda seja realizada em duas etapas, na primeira etapa podemos trabalhar com uma densidade em torno de 300 a 400 peixes/m3 para peixes iniciando com aproximadamente 30 a 50g e concluindo com cerca de 200g, para posteriormente ser povoado na densidade final (150 a 250 peixes/m3). O tempo de cultivo para esta(s) etapa(s) é da ordem de 100 a 120 dias, considerando despesca de peixes com peso médio de 600 a 800 g.

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9. ALIMENTAÇÃO

A tabela de alimentação (Tabela 1) indica a quantidade de ração recomendada para cada 1.000 peixes, conforme a faixa de peso, o nível de proteína, o tamanho dos grânulos (peletes) de ração e o número de refeições, servindo como referência para a alimentação.

A quantidade de ração a ser fornecida deve ser ajustada semanalmente em função do crescimento dos peixes, no entanto, o tratador deve acompanhar e realizar os eventuais ajustes necessários, pois são muitos os fatores que podem interferir no consumo de ração como as condições climáticas (dias nublados, chuva, calor excessivo), qualidade da água (temperatura, nível de oxigênio dissolvido, etc.) e patologias (doenças e parasitas).

A ração fornecida deve ser consumida num prazo máximo de 15 minutos.

Caso se presencie sobras de ração, é importante realizar os ajustes na quantidade a ser fornecida para evitar desperdícios. Estas sobras acabam sujando os comedouros e a tela, favorecendo a proliferação de organismos indesejáveis (protozoários, fungos e bactérias entre outros), podendo provocar doenças. Outro aspecto negativo do excesso de sobras de ração é o aumento no custo de produção.

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Tabela 1 - Tabela referencial para alimentação de tilápia tailandesa cultivada em tanque- rede. Quantidade de ração para 1.000 peixes.

Idade Peso Ração Freqüência

semana (dias) (grama) recomendada (kg/dia) (kg/semana) (tratos/dia)

1º dia 0,5 55% PB pó 25,0 0,125 0,875 6 x ---

1 (7 dias) 1,8 55% PB pó 13,4 0,241 1,690 6 x 0,19

2 (14 dias) 4 55% PB pó 10,2 0,409 2,860 6 x 0,31

3 (21 dias) 8 40 % PB - 1 a 2mm 9,3 0,743 5,200 6 x 0,57

4 (28 dias) 14 40 % PB - 1 a 2mm 8,6 1,200 8,400 6 x 0,86

5 (35 dias) 23 40 % PB - 1 a 2mm 8,4 1,929 13,500 6 x 1,29

6 (42 dias) 36 40 % PB - 2 a 4 mm 7,7 2,786 19,500 4 x 1,86

7 (49 dias) 53 40 % PB - 2 a 4 mm 6,9 3,643 25,500 4 x 2,43

8 (56 dias) 74 40 % PB - 2 a 4 mm 6,1 4,500 31,500 4 x 3,00

9 (63 dias) 98 40 % PB - 2 a 4 mm 5,6 5,486 38,400 4 x 3,43

10 (70 dias) 125 36 % PB - 4 a 6 mm 4,9 6,171 43,200 4 x 3,86

11 (77 dias) 154 36 % PB - 4 a 6 mm 4,3 6,629 46,400 4 x 4,14

12 (84 dias) 185 36 % PB - 4 a 6 mm 3,8 7,086 49,600 4 x 4,43

13 (91 dias) 218 36 % PB - 4 a 6 mm 3,6 7,779 54,450 4 x 4,71

14 (98 dias) 253 36 % PB - 4 a 6 mm 3,3 8,250 57,750 4 x 5,00

15 (105 dias) 289 32 % PB - 6 a 8 mm 2,9 8,486 59,400 4 x 5,14

16 (112 dias) 326 32 % PB - 6 a 8 mm 2,7 8,721 61,050 3 x 5,29

17 (119 dias) 365 32 % PB - 6 a 8 mm 2,5 9,193 64,350 3 x 5,57

18 (126 dias) 406 32 % PB - 6 a 8 mm 2,4 9,664 67,650 3 x 5,86

19 (133 dias) 449 32 % PB - 6 a 8 mm 2,3 10,136 70,950 3 x 6,14

20 (140 dias) 494 32 % PB - 6 a 8 mm 2,1 10,607 74,250 3 x 6,43

21 (147 dias) 541 32 % PB - 6 a 8 mm 2,0 11,079 77,550 3 x 6,71

22 (154 dias) 590 32 % PB - 6 a 8 mm 2,0 11,550 80,850 3 x 7,00

23 (161 dias) 642 32 % PB - 6 a 8 mm 2,0 12,629 88,400 3 x 7,43

24 (168 dias) 697 32 % PB - 6 a 8 mm 1,9 13,357 93,500 3 x 7,86

25 (175 dias) 753 32 % PB - 6 a 8 mm 1,9 14,400 100,800 2 x 8,00

26 (182 dias) 809 32 % PB - 6 a 8 mm 1,8 14,400 100,800 2 x 8,00

27 (189 dias) 864 32 % PB - 6 a 8 mm 1,7 14,929 104,500 2 x 7,86

28 (196 dias) 918 32 % PB - 6 a 8 mm 1,6 14,657 102,600 2 x 7,71

29 (203 dias) 970 32 % PB - 6 a 8 mm 1,5 14,114 98,800 2 x 7,43

30 (210 dias) 1.020 32 % PB - 6 a 8 mm 1,3 13,571 95,000 2 x 7,14

Faixa de Consumo temperatura ( % )

18 a 22°C 50%

23 a 25°C 75%

26 a 30°C 100%

31 a 32°C 75%

Taxa de aliment.

(%PV)

Consumo de Ração Ganho

diário (g/dia)

(29)

Quanto ao tamanho dos grânulos de ração, este varia durante o cultivo em função do tamanho dos peixes, sendo recomendável obedecer às seguintes proporções indicadas na Foto 22 para um melhor aproveitamento do alimento pelos peixes.

Durante a fase inicial de cultivo, a ração fornecida aos alevinos é na forma farelada (pó fino), sendo necessário o uso de comedouros de lona plástica ou material similar, de modo a evitar que a ração que flutua saia pela, malha do tanque-rede (Foto 23). Outra opção é comprar um bolsão que já apresente o comedouro anexo conforme mostra a Foto 24.

Foto 22 – Tamanho de peletes em função do peso do peixe.

Para minimizar a competição pelo alimento, a dimensão deste comedouro deve ter no mínimo 50% da área superficial do bolsão de modo a proporcionar condição de alimentação adequada para todos os peixes, ou seja, em um bolsão de 2 x 2m (4m2), o comedouro deve ter no mínimo 1,4 x 1,4m (2 m2) tendo este uma profundidade de 20 a 30 cm, permanecendo 10 cm fora da água. A ração farelada lançada dentro deste comedouro minimizará desperdícios de ração principalmente nas condições de muito vento e correntes.

(30)

Foto 23 – Comedouro circular para alevinos.

Foto 24 – Comedouro anexo ao bolsão para alevinos.

A partir da segunda etapa de cultivo os comedouros podem ser de tela e devem ter uma abertura de malha de 1 a 2 mm para conter rações a partir deste tamanho e uma altura de 40 a 60 cm, sendo que 10 a 15 cm ficam fora da água.

Quanto maior o peixe, maior deve ser a profundidade do comedouro para evitar perdas de ração que podem sair por baixo deste comedouro devido ao comportamento enérgico dos peixes no momento da alimentação. Os comedouros podem ser fixos na tela ou tampa do tanque-rede ou dispostos internamente

(31)

afastados da lateral (Foto 25), podendo apresentar um formato quadrado, retangular ou circular.

Foto 25 - Comedouro para tanque-rede.

10. ACOMPANHAMENTO DO CULTIVO

Durante todo o cultivo é importante realizar amostragens periódicas (a cada 2 semanas) dos peixes. Esta prática é conhecida como biometria onde se realiza uma amostragem da população dos peixes para avaliar a condição geral dos mesmos, realizar a pesagem (Foto 26) para verificar o crescimento e o aproveitamento da alimentação fornecida.

Durante a biometria também é importante observar alguns aspectos como: a presença de muco, coloração dos peixes, aparência dos olhos, nadadeiras e brânquias, presença de ferimentos e/ou parasitas, etc. Todas as características fora do padrão normal devem ser anotadas e informadas a um técnico para que este possa recomendar exames complementares ou as providências necessárias.

(32)

Foto 26 – Pesagem de uma amostra de peixes.

A pesagem obtida na biometria permite realizar o ajuste na quantidade de ração a ser fornecido conforme a tabela de alimentação citada anteriormente.

Sugerimos o uso de uma planilha de biometria (Anexo), para anotar as informações de campo para um maior controle do cultivo. Para a captura desta amostra de peixes pode-se utilizar um puçá (passaguá). No caso de peixes com peso médio abaixo de 100g deve-se pesar em torno de 50 a 100 peixes e no caso de peixes maiores, em torno de 20 a 30 peixes, buscando sempre capturar aleatoriamente, ou seja, sem escolher os peixes a serem pesados.

Os peixes devem ser colocados em um recipiente (balde ou similar) a seco ou com água, pesados e contados. O peso total de peixes (descontando-se o peso do recipiente e da água, se houver) deve ser dividido pelo total de peixes pesados, obtendo assim o peso médio do lote amostrado.

Dentre os controles necessários destacamos o consumo diário de ração e o monitoramento da qualidade da água onde são avaliados os parâmetros da água como: temperatura, transparência e oxigênio dissolvido. Periodicamente é recomendável avaliar os níveis de pH, alcalinidade, dureza total e amônia.

Anexos seguem alguns modelos de planilhas para o monitoramento e controle da produção. Para a obtenção de um desempenho satisfatório e minimizar perdas é importante que o produtor seja devidamente orientado por um profissional competente.

(33)

11. DESPESCA FINAL

Antes de capturar os peixes, estes devem permanecer em jejum por pelo menos 24 horas para eliminar o conteúdo do trato digestivo, o ideal seriam 48 horas.

Para auxiliar na despesca devemos contar com uma estrutura que permita suspender parcialmente um dos lados do tanque-rede o que facilita a captura dos peixes (Foto 27), além de puçás, baldes, balança, etc.

Figura 27 – Tanque-rede suspenso para a despesca.

Durante a despesca, seja ela parcial ou total, deve-se realizar a contabilidade, ou seja, a anotação das pesagens, a contagem do número de peixes, e o(s) preço(s) praticado(s) para que se possa calcular o resultado do cultivo. Quando for difícil realizar uma contagem total, esta pode ser estimada por amostragem dividindo o peso total despescado pelo peso médio de pelo menos três amostragens pesadas e contadas durante toda a despesca (início, meio e fim).

12. APURAÇÃO DOS RESULTADOS

Após a despesca total de um lote cultivado, o piscicultor deve apurar os resultados técnicos e econômicos. Para isso ele precisará recorrer a suas anotações e realizar os seguintes cálculos:

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12.1. Resultados Técnicos

a.) Taxa de sobrevivência = (N° total de peixes despescados / N° de alevinos povoados) x 100

Exemplo: N° total de peixes despescados = 6.570 N° de alevinos povoados = 10.000

Taxa de sobrevivência = (6.570/ 10.000) x 100 = 66%

b.) Peso médio = Produção total da despesca / N° total de peixes despescados Exemplo: Produção total da despesca = 4.600 kg

N° total de peixes despescados = 6.570

Peso médio = (4.600 / 6.570) = 0,700 kg (700 g)

c.) Fator de conversão alimentar (FCA) = Consumo de ração (kg) / Ganho de peso no viveiro (kg)

Exemplo: Consumo total de ração = 7.000 kg de ração

Ganho de peso total = Produção total da despesca - Peso inicial (kg de alevinos) = 4.600 - (10.000 alevinos x 1g) = 4.590

Fator de conversão alimentar = 7.000 / 4.590 = 1,53

Obs.: Este valor de FCA indica que para cada 1 kg de peixe produzido neste exemplo foi gasto 1,53 kg de ração.

Temos verificado que em condições adequadas de cultivo na região o FCA pode variar entre 1,4 a 1,6, ou seja, para cada 1.000 kg de tilápias produzidas tem-se um consumo de 1.400 a 1.600 kg de ração. No caso de despesca de peixes maiores (acima de 700g) a tendência é que o valor do FCA seja maior, pois a medida que os peixes crescem há uma perda na eficiência de aproveitamento do alimento.

d.) Ganho médio de peso diário = Ganho médio de peso / Dias de cultivo

Exemplo: Ganho médio de peso = Peso médio final - Peso médio inicial (alevino) = 700 g - 1 g = 699 g

Dias de cultivo = 165 dias (5,5 meses)

Ganho médio de peso diário = 699 / 165 = 4,24 g/dia

(35)

Obs.: Este valor indica que durante os 165 dias de cultivo, cada peixe ganhou em média 4,24 gramas por dia, o que estaria dentro da faixa ideal para a região (4,0 a 5,0 g/dia).

e.) Produtividade = Produção total por tanque-rede (kg) / Volume útil do tanque-rede (m³)

Exemplo: Produção total do tanque-rede = 460 kg Volume útil do tanque-rede = 4 m³

Produtividade = 460 kg / 4 m³ = 115 kg/m³

= 115 kg/m³/ciclo ou 460 kg/tanque-rede/ciclo

Obs.: Este valor indica que em um ciclo de cultivo, a produção obtida para cada m³ foi de 115 kg, valor este dentro da faixa esperada para a região (100 a 150 kg/m³/ciclo).

12.2. Resultados Econômicos

a.) Custo de produção = Total de custos (R$) / Produção total (kg)

Exemplo: Total de custos = R$ 9.000,00 (rações) + R$ 650,00 (alevinos) + R$ 2.500,00 (mão de obra) + R$ 300,00 (diaristas)= R$ 12.450,00

Produção total = 4.600 kg (10 tanques-rede) Custo de produção = 12.450 / 4.600 = R$ 2,71 / kg

b.) Receita líquida = Margem de lucro (R$/kg) x Produção total (kg)

Exemplo: Margem de lucro = Preço de venda – Custo de produção = R$ 4,00 – R$ 2,71 = R$ 1,29 / kg

Produção total = 4.600 kg

Receita líquida = 1,29 x 4.600= R$ 5.934,00

= R$ 5.934,00 / 10 tanques-rede / ciclo

Cabe destacar que estes são apenas alguns dos parâmetros técnicos e econômicos que o produtor pode determinar para avaliação de seu cultivo. Estas avaliações são fundamentais para que o produtor conheça a realidade de cada lote de seu cultivo, podendo assim auxiliá-lo na tomada de decisões quanto a

(36)

procedimentos do cultivo, necessidade de mudança de insumos, ampliação do projeto entre outros.

13. BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

BOYD, C. E. Water and bottom soil quality management in freshwater aquaculture ponds. In: Aqüicultura Brasil, 1, Recife, 1998. Anais... p. 303 – 311.

CYRINO, J. E. P.; URBINATI, E. C.; FRACALOSSI, D. M.; CASTAGNOLLI, N. Tópicos Especiais em Piscicultura de Água Doce Tropical Intensiva. São Paulo. Sociedade Brasileira de Aqüicultura e Biologia Aquática, 2004, 533 p.

MAINARDES-PINTO, C. S. R.; PAIVA, P.; TALMELLI, E. F. A.; VERANI, J. R.; SILVA, A. L.

Viability of thailand tilapia culture - Oreochromis niloticus – raised in small net-cages placed in populated ponds. In: WORLD AQUACULTURE, 1, Salvador, 2003. Book Abstract. p. 442.

PEZZATO, L. E. Qualidade dos ingredientes, processamento e eficiência alimentar em aqüicultura. In: Simpósio Brasileiro de Aqüicultura, 12, Goiânia. Anais... Goiânia:

ABRAq, 2002. p. 62 – 75.

TSADIK, G. G. and KUTTY, M. N. Influence of ambient oxygen on feeding and growth of the tilapia, Oreochromis niloticus (Linnaeus). Nigeria, 1987.16p. Establishment of an African Regional Aquaculture Centre. United Nations Development Programme Food and Agriculture Organization of United Nations Nigerian Institute for Oceanography and Marine Research Project RAF/82/009.

VINATEA, L. A. Princípios químicos de qualidade da água em aqüicultura.

Florianópolis: Editora da UFSC, 1997, 166p.

14. ANEXOS

(37)

CONTROLE DIÁRIO DE ALIMENTAÇÃO E MORTALIDADE

Lote N°:

Gaiolas N°:

Data

Quantidade de ração por refeição (kg)

N° de refeições/

dia

Tipo de ração

(%PB e mm) Fabricante N° de peixes mortos

(38)

MONITORAMENTO - QUALIDADE DA ÁGUA

Produtor:_________________________ Município:__________________________

Mês / ano:________________________

Data Salinidade Transparência Oxigênio Observações

manhã tarde (‰) (cm) (mg/L) (condições do tempo)

Informações adicionais:

Temperatura (ºC)

pH

(39)

PLANILHA DE BIOMETRIA

N° da gaiola N° de peixes inicial Preço juvenis (R$/mil) Peso médio inicial (g)

Amostragem Data Peso médio

(g)

Consumo de ração no período (kg)

Mortalidade

no período Observação

Povoamento Biometria 1 Biometria 2 Biometria 3 Biometria 4 Biometria 5 Biometria 6 Biometria 7 Biometria 8 Biometria 9 Biometria 10 Biometria 11 Biometria 12 Biometria 13 Biometria 14 Biometria 15

TOTAL

Referências

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