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TREINO COM QUESTÕES DISCURSIVAS BLOCO 01

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Academic year: 2022

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TREINO COM QUESTÕES DISCURSIVAS – BLOCO 01

OBS: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. Sua resposta deve se limitar a 30 linhas!

1) Com a EC 45, denominada de reforma do Poder Judiciário, os TIDH ganharam uma nova roupagem no Brasil, inclusive, promovendo diversas alterações não só na própria Constituição Federal, como nas leis infraconstitucionais. Um estudante de direito, teve acesso ao inteiro teor de um novo TIDH que fora incorporado ao Brasil após discussão em um só turno em cada casa do Congresso Nacional com aprovação da maioria simples. Tal estudante percebeu que as disposições desse tratado internacional confrontam/contrariam uma lei federal, então surgiram as seguintes dúvidas:

A) Pode o referido TIDH servir de controle de constitucionalidade, tornando aquela lei federal inconstitucional?

O examinando deve responder que o tratado aprovado na forma indicada não serve de parâmetro para declaração de inconstitucionalidade, pois não foi incorporado com status de emenda constitucional, já não foi observado o rito do art.5º, §3º da CF. O TIDH na forma apresentada e de acordo com o STF tem status de norma supralegal.

B) Caso seja identificado algum vício de inconstitucionalidade, seria possível submeter esse tratado ao controle concentrado de constitucionalidade realizado pelo Supremo Tribunal Federal?

O examinando deve responder que o tratado aprovado na forma indicada está sujeito ao controle concentrado de constitucionalidade, consoante o disposto no Art. 102, inciso I, alínea a, da CRFB/88, por ter a natureza de ato normativo.

2) Senador Federal indignado com a cultura da corrupção no Congresso Nacional, teve a ousadia de criar um projeto de emenda constitucional que permitisse a condenação à pena perpétua de Parlamentar que viesse ser condenado por crime de corrupção. O projeto teve apoio de mais de 1/3 da mesa da respectiva casa. O projeto, então, foi levado para o

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Presidente da Casa, tendo o mesmo marcado para o dia 02 de maio do corrente ano, sua discussão em plenário. Com base nessa narrativa, questiona-se:

A) A referida Emenda Constitucional apresenta alguma violação aos limites constitucionais impostos ao Poder Constituinte Derivado Reformador? Justifique.

Sim. A referida Emenda Constitucional viola limitações constitucionais de ordem material, ou seja, viola uma cláusula pétrea. Com efeito, ao instituir a pena de caráter perpétuo o Parlamentar fere uma cláusula pétrea nos termos do Art. 60, § 4º, inciso IV, da CRFB/88, transcendendo, pois, os limites constitucionais de ordem material, estabelecidos ao poder constituinte derivado reformador.

B) Qual remédio constitucional competente pode ser usado por algum Senador Federal que não pretende participar da discussão desse projeto, além de requerer o arquivamento da PEC?

Apena o Parlamentar que pode mover o Mandado de Segurança. O STF admite duas situações excepcionais a realização de um controle de constitucionalidade prévio realizado pelo Poder Judiciário: a) caso a proposta de emenda à Constituição seja manifestamente ofensiva à cláusula pétrea; e b) na hipótese em que a tramitação do projeto de lei ou de emenda à Constituição violar regra constitucional que discipline o processo legislativo. Nessas duas situações acima, o vício de inconstitucionalidade está diretamente relacionado aos aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa (regras de processo legislativo), sendo, portanto, admitida a impetração de mandado de segurança com a finalidade de corrigir tal vício, antes e independentemente da final aprovação da norma.

C) O Plenário do Senado pode discutir o projeto proposto, mas não pode aprová-lo transformando-o em emenda constitucional. É correta tal afirmação? Justifique.

Não. O poder constituinte originário foi claro ao estabelecer no art. 60, § 4º da CF que “não será objeto de deliberação”. Portanto, a proibição constitucional é de que não se pode, sequer, discutir projetos de leis ou emendas que venha abolir uma cláusula pétrea.

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3) Poll, americano, com residência permanente no Brasil, casou com Maria Eduarda, com quem teve dois filhos. Poll, consternado com as favelas existes no Município do Recife, angariou recursos financeiros e constituiu uma associação para o combate dos desvios de verbas públicas nas áreas de educação e saúde. Ao perceber que os alunos de uma das escolas municipais não estavam recebendo merenda, requereu informações sobre o contrato administrativo realizado pela Prefeitura com a empresa privada que fornece os alimentos nas escolas públicas do Recife. Poll, não teve acesso a informação e como fundamento foi dito que o mesmo é estrangeiro e por isso não pode ter acesso a informação de interesse do Município. Como advogado da Associação, responda corretamente:

A) Ser cidadão brasileiro nato é condição para a impetração do habeas data?

Não. O art. 5º, XXXIII diz que “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral”.

Portanto, qualquer pessoa física, nacional ou não, ou, ainda, pessoa jurídica, pode exercer o direito à informação.

B) É cabível a impetração do habeas data na hipótese?

Não. O caso apresentado não se refere a negativa de informação para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, conforme preceitua o art.5º, LXXII. A situação de amolda a negativa de informação de interesse público ou particular, portanto, houve violação ao direito de informação pública (art. 5º, XXXIII) sendo cabível o Mandado de Segurança (art.

5º, LXIX), já que se trata de um direito à informação que é líquído e certo.

4) A LEI Nº 13.300, DE 23 DE JUNHO DE 2016 inovou o ordenamento jurídico ao regulamentar o mandado de injunção individual e o coletivo. Como se sabe, em julgamento histórico sobre o direito de greve dos servidores públicos, ocorrido antes da Lei acima descrita, o STF evoluiu na sua jurisprudência e passou a adotar a corrente concretista direta geral no mandado de injunção coletivo. Ao resumir o tema, o ministro Celso de Mello salientou que

"não mais se pode tolerar, sob pena de fraudar-se a vontade da Constituição, esse estado de continuada, inaceitável, irrazoável e abusiva inércia do Congresso Nacional, cuja omissão, além de lesiva ao direito dos servidores públicos civis - a quem se vem negando, arbitrariamente, o exercício do direito de greve, já assegurado pelo texto constitucional -,

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traduz um incompreensível sentimento de desapreço pela autoridade, pelo valor e pelo alto significado de que se reveste a Constituição da República". Dessa forma, questiona-se:

A) Lei 13.300/2016 também aderiu a posição concretista direta geral, tal qual o STF?

Não. O STF adorou a tese concretista geral. Tal tese diz o Judiciário deverá implementar uma solução para viabilizar o direito do autor e isso deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não sendo necessária nenhuma outra providência, a não ser a publicação do dispositivo da decisão. A lei 13.300/2016 adotou em regra a tese concretista intermediária individual.

B) O que diz a corrente adotada como regra pela Lei 13.300/2016?

A corrente adotada como regra é a intermediária individual. Ela diz que a solução "criada" pelo Poder Judiciário para sanar a omissão estatal valerá apenas para o autor do MI. Ex: na corrente concretista intermediária individual, quando expirar o prazo, caso o impetrado não edite a norma faltante, a decisão judicial garantirá o direito, liberdade ou prerrogativa apenas ao impetrante.

C)O rol de legitimados para impetrar o mandado de injunção coletivo é o mesmo do mandado de segurança coletivo?

Não. O art. 12 da LMI deixa claro que o rol dos legitimados ativos do mandado de injunção coletivo é maior do que os legitimados que podem propor mandado de segurança coletivo (art. 21 da Lei nº 12.016/2009), sendo de se destacar a legitimidade do MP e da Defensoria Pública.

5) Suponha que a Lei Ordinária nº 5.678, que trata da saúde hospitalar, entrou em vigor em 1980. Com o surgimento da Constituição Federal de 1988, Ju Souto, Deputada Federal, estudando a necessidade de uma reforma no tema “Saúde Hospitalar”, verificou que a referida lei é compatível materialmente com a nova Constituição Federal, porém, observou que a atual Carta Política manda disciplinar o tema por meio de Lei Complementar. Diante do impasse surgem as seguintes dúvidas na Deputada Federal:

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A). É possível considerar que a Lei nº 5. 678 tenha mantido a conformidade constitucional com o advento da nova Constituição?

Justifique.

Sim, pois, nesse caso, se opera o fenômeno da recepção, que corresponde a uma revalidação das normas que não contrariam, materialmente, a nova Constituição. O importante é que a lei antiga não destoe materialmente da nova Constituição, pouco importando qual a forma com que se revista. Não se deve conferir importância a eventual incompatibilidade de forma com a nova Constituição, pois a forma é regida pela lei da época do ato (tempus regit actum).

B) Para a alteração dos dispositivos normativos constantes da Lei nº 5.678, que espécie legislativa deve ser utilizada pela Deputada?

Justifique.

Lei complementar. A partir da promulgação da nova Constituição, a Lei nº 5.678 foi recepcionada como “Lei Complementar”; portanto, diante da reserva constitucional expressa, qualquer alteração no seu texto deverá ser realizada por intermédio desta espécie legislativa.

6) Associação da Polícia Militar de PE fica indignada em saber que Estado de Pernambuco tem descontado contribuição previdenciária sob gratificação dos policiais militares que estão cedidos para desempenhar serviço junto à Casa Militar (Poder Executivo). Verificou, ademais, que os policiais que estão cedidos para atuarem nos prédios públicos do Poder Judiciário e da Assembleia Legislativa não sofriam tais descontos. Ítalo, policial militar, atuante na segurança da Casa Militar, fica preocupado com a disposição do estatuto da Associação que diz que só é possível dirimir conflito dos policiais militares após esgotarem a via administrativa. Ítalo, por ser um bom constitucionalista, é indagado pelos amigos policiais que estão nas mesmas condições:

A) É possível que o Estatuto da Associação possa estabelecer regra que condicione a apreciação da causa pelo Poder Judiciário?

Não. Se o inciso XXXV do Art. 5º da Constituição Federal estabelece que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, por muito maior razão, diploma normativo sublegal certamente também não poderá fazê-lo. Acrescente-se que o dispositivo em referência tem natureza de direito fundamental, o que aumenta ainda mais sua densidade normativa.

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B) No caso em questão, havendo dúvidas quanto à certeza em matéria de direito, é possível movimentar o Poder Judiciário pela via do mandado de segurança? Justifique.

Sim. A existência de dúvida sobre matéria de direito não impede a movimentação do Judiciário pela via de mandado de segurança. Sobre o tema o STF manifestou-se por meio da Súmula nº 625. Nesse sentido, a exigência de direito líquido e certo para a impetração de mandado de segurança não se refere à inexistência de “controvérsia sobre matéria de direito”, mas à inexistência de controvérsia sobre fatos, que devem ser objeto de pronta comprovação.

C) Sabendo que os descontos previdenciários em gratificações não incorporáveis à aposentadoria ocorrem apenas para os policiais que atuam em secretaria do Poder Executivo e não para todos os policiais militares cedidos, se cabível, poderia a Associação mover mandado de segurança coletivo?

Sim. A entidade de classe, ou associações têm legitimidade para impetrar o mandado de segurança, ainda quando a pretensão veiculada diga respeito a apenas a uma parte da respectiva categoria. É o que dispõe a Súmula nº 630 do STF (“A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança, ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria”).

7) Após brutal assassinato de uma Parlamentar do Rio de Janeiro, Advogados da Associação de Direitos Humanos pretendem movimentar as instituições públicas para federalizar aquele crime, por entender, que houve grave violação dos direitos humanos. Assim, indaga-se:

A) O que se entende por federalização dos crimes contra os direitos humanos?

O examinando deve indicar que a federalização dos crimes contra os direitos humanos é um instituto trazido pela Emenda Constitucional nº 45/2004, consistente na possibilidade de deslocamento de competência da Justiça comum para a Justiça Federal, nas hipóteses em que ficar configurada grave violação de direitos humanos. Tem previsão no Art. 109, § 5º, da Constituição Federal.

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B) Quem tem legitimidade para requerer e deferir o pedido de federalização?

Conforme previsão constante do Art. 109, § 5º, da Constituição Federal, apenas o Procurador Geral da República pode suscitar a aplicação do instituto, e, nos termos do mesmo dispositivo, o tribunal perante o qual deve ser suscitado o instituto é o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Referências

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