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A METODOLOGIA DA HISTÓRIA ORAL NA CONSTRUÇÃO DE NOVAS ANÁLISES DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS: RESSIGNIFICANDO O PAPEL DAS MULHERES

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A METODOLOGIA DA HISTÓRIA ORAL NA CONSTRUÇÃO DE NOVAS ANÁLISES DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS: RESSIGNIFICANDO O PAPEL

DAS MULHERES

Daniel Evangelho Gonçalves Universidade Salgado de Oliveira – PPGH tenetedeg@gmail.com A história oral trata dos mais variados temas como: estigmatização, identidade, redes migratórias, redes de apoio local, vivências subjetivas, memórias, dentre outros, por isso tem se mostrado vantajosa como metodologia para a construção e análise dos movimentos migratórios, reconstruindo a memória dos imigrantes. Este método favorece a compreensão do indivíduo, os motivos e opiniões pessoais para migrar, a interação com a família e com a comunidade, as experiências vivenciadas, além de relevar com mais facilidade as dinâmicas sociais e a construção de sua identidade, tornando mais evidente as redes sociais de apoio local. Vale ressaltar que, devido aos acontecimentos serem historicamente recentes ou pouco estudados, ainda não puderam gerar uma gama maior de outras fontes e registros. Por isso, quando se trata do estudo dos fluxos migratórios, a história oral é tão utilizada.

A história oral contribui para o enriquecimento das narrativas históricas e mesmo para a construção de teorias e conceitos, tem contribuído para a melhor compreensão das causas da emigração, da escolha dos destinos e dos processos de inserção social no país de acolhida. Não se pode mais generalizar ou reduzir os motivos e consequências das grandes migrações aos fatores econômicos e políticos. As escolhas, particularidades e as singularidades do sujeito imigrante romperam estes paradigmas e apresentam um panorama que amplia as possibilidades de pesquisa.

Isto por que, a metodologia da história oral trabalha com uma história mais recente, com fontes vivas que podem dar seu contributo ao abordar o seu ponto de vista. As percepções pessoais somadas podem auxiliar na compreensão do macro processo migratório.

Entretanto, não podemos utilizar apenas as técnicas da história oral sem aplicar a metodologia adequada para analisá-las e sem conectá-las ao quadro teórico que estuda este tema de pesquisa. Apresentaremos neste artigo os autores que norteiam nossos estudos e o

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método que utilizamos para criar novas fontes e contrapô-las às fontes tradicionais, como obras teóricas, documentos pessoais, jornais e registros paroquias. Utilizaremos como exemplo, as particularidades apresentadas por entrevistas com mulheres açorianas radicadas no Rio de Janeiro, com o intuito de demonstrar como o exame destas novas fontes contribui para o estudo dos fluxos migratórios.

A HISTÓRIA ORAL, A MEMÓRIA E SUAS FUNDAMENTAÇÕES

Nós nos apoiamos nos restritos estudos direcionados especificamente a emigração e história oral com foco na metodologia proveniente da realização de entrevistas. Dentre os autores contemporâneos que trabalham o tema da história oral no contexto imigratório como Thompson (2002), que trata dos estudos migratórios no Brasil e Magalhães e Santhiago (2015), que abordam a mesma temática comparando Austrália e Grã-Bretanha, destacamos a obra de Magalhães (2017, p. 8). A autora afirma que o método e o tema “correm em uma via de mão dupla”. Nesse sentido, as entrevistas acabam por se tornar um excelente método para se estudar a emigração.

Pode-se constatar que a entrevista é uma das ferramentas mais utilizadas nas pesquisas com a temática das imigrações, seja como principal fonte, ou de forma complementar. Isto porque, é a técnica que permite o resgate desta memória, crucial para compreender, tanto as análises subjetivas e individuais, quanto os contextos gerais do tema em questão.

Este tema da memória está sempre tangenciando, portanto, o estudo dos fluxos migratórios, acabam por se entrelaçar. Para Joel Candau (2018), seguindo os preceitos de Pierre Norra (1992), identidade, memória e patrimônio são as três palavras-chave da consciência contemporânea, podendo até serem reduzida a duas, caso admitamos o patrimônio como uma dimensão da memória. Segundo Candau:

A memória, ao mesmo tempo em que nos modela, é por nós modelada. Isso resume perfeitamente a dialética da memória e da identidade que se conjugam, se nutrem mutuamente, se apoiam uma na outra para produzir uma trajetória de vida, uma história, um mito, uma narrativa. (p. 16)

Em relação ao imigrante, é essa memória que contribui, portanto, para a construção da imagem que o sujeito tem de si e para a identidade coletiva com aqueles que partilham de

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memórias similares. Facilita a manutenção da cultura, auxilia a criação e ampliação dos laços de reciprocidade e promove o associativismo, por apresentar propriedades de conservação e atualização que ajudam na determinação destes conjuntos de atributos comuns. Ocupa um lugar privilegiado na manutenção de vestígios do já referido patrimônio imaterial.

Entretanto, mesmo sendo, para nós, a ferramenta mais adequada para chegar aos nossos objetivos, a história oral não pode ser a única. Conforme diz Alberti (2013) não se trata de caracterizar o documento de história oral como o produtor de alguma informação inédita, muito menos como “preenchedor” das lacunas deixadas pelos arquivos escritos ou iconográficos. Entrevistado e entrevistador trabalham conscientemente na elaboração de projetos de significação do passado. Tem como base a experiência vivida, histórica, que, graças à compreensão hermenêutica, é transformada em expressão do humano. Para Alberti (2013), as entrevistas tem valor de documento, e sua interpretação tem a função de descobrir o que documentam.

Mas a história oral se resume a produção de entrevistas que resgatam a memória? Acreditamos que não. As historiadoras Marieta de Moraes Ferreira e Janaína Amado (2016) apontam que, dos diversos status da história oral, conceituados e caracterizados por acadêmicos e pesquisadores, três ganham destaque. O primeiro se refere à história oral como técnica, o segundo como uma disciplina e o terceiro como metodologia.

O primeiro grupo de defensores da história oral como técnica está focado nas entrevistas, seja na maneira como são gravadas, transcritas ou conservadas, e as tecnologias usadas para concebê-las e organizá-las, como os tipos de aparelhagem de som, os diversos tipos de organização de acervos, etc. Embora bastante importante, não acreditamos que se possa corroborar com intelectuais pertencentes a esta vertente que procura reduzir o uso da história oral a apenas procedimentos técnicos de gravação de entrevistas e de conservação das mesmas.

Aqueles que consideram a história oral como disciplina possuem bases concisas, mas apresentam contradições. Todos parecem partir do fundamento de que a história oral inicia métodos e procedimentos específicos e únicos que unem técnica e teoria e refletem sobre si mesma, como qualquer campo da história, como ciência. Segundo Mikka (1988), “não só a história oral é teórica, como constituiu um corpus teórico distinto, diretamente relacionado às suas práticas” (p. 124-36). Contudo, não está claramente definido quais são

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os conceitos chave, quais as ideias norteadoras e o que integra de fato o campo da história oral, pois há muita divergência entre os autores que a defendem como disciplina.

O terceiro status destacado é aquele que defende a história oral como metodologia. Aproximamo-nos desta corrente, assim como as autoras Marieta de Moraes Ferreira e Janaína Amado. Nessa perspectiva, a história oral é algo mais abrangente e complexo do que uma simples técnica de produção de acervos e entrevistas, mas também não consegue ser, isoladamente, uma disciplina, com área de estudo e objeto próprios, e com capacidade de gerar soluções teóricas aos problemas desenvolvidos com a prática. Em suas palavras (2016, p. 12):

A história oral, como todas as metodologias, apenas estabelece e ordena procedimentos de trabalho – tais como os diversos tipos de entrevista e as implicações de cada um deles para a pesquisa, as várias possibilidades de transcrição de depoimentos, suas vantagens e desvantagens, as diferentes maneiras de o historiador relacionar-se com seus entrevistados e as influências disso sobre o seu trabalho – funcionando como ponte entre teoria e prática. Esse é o terreno da história oral – o que, a nosso ver, não permite classificá-la unicamente como prática. Mas, na área teórica, a história oral é capaz apenas de suscitar, jamais solucionar, questões; formula as perguntas, porém não pode oferecer respostas.

As respostas e explicações que procuramos produzir são, portanto, oriundas do somatório das fontes orais geradas por um método específico, com fontes escritas pelos campos tradicionais da ciência histórica, devidamente embasados e referenciados. Não acreditamos que as dimensões técnica e teórica possam ser dissociadas, pois são transcendentes. Contribuem, unidas, para um estudo dos fatos históricos de maneira mais abrangente. O uso da história oral se faz tanto na pesquisa empírica de campo como na reflexão teórico-metodológica. Assumimos estas áreas como indissociáveis, com o fim de apresentar objetos históricos como resultados de uma construção.

A CONSTRUÇÃO DA TÉCNICA: ETAPAS, CARACTERIZAÇÃO E CONDUÇÃO:

Procuramos seguir as três etapas do modelo clássico de história oral referente às entrevistas: pré-entrevista, entrevista propriamente dita e pós-entrevista. A primeira etapa consiste em tomar todas as medidas necessárias anteriores à gravação, preparar o roteiro de acordo com o tema escolhido, confeccionar um questionário, contatar as pessoas

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entrevistadas, colher seus dados, explicar do que se trata o projeto, prepará-las para o que vai se suceder, negociar o uso do documento final e redigir os documentos necessários, como autorizações e cartas de cessão de direitos autorais para que possamos utilizar as informações e os nomes dos entrevistados no trabalho.

Na segunda etapa, seguimos alguns dos métodos adotados pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória da Universidade de São Paulo (Gephom/USP). Assim como eles, de posse do caderno de campo, com todas as informações necessárias sobre o entrevistado, do resumo do projeto e do questionário, ocorre a entrevista. Optamos por realizar entrevistas temáticas, geralmente, com duração de uma hora, sendo a maioria delas gravadas em uma única seção.

Após a gravação, segue a etapa de pós-entrevista caracterizada pela transcrição, momento de transformação dos relatos orais em texto. Aqui também há diversas formas de execução. Esse processo delicado que pode ser feito de diversas maneiras, geralmente optamos pela completa e literal, mas pode ser realizada pelo método de categorização dos dados dos entrevistados, ou ainda separando-as por blocos em fichamentos temáticos. Nesta última, mesmo realizando uma interpretação subjetiva de cada entrevista, procura-se não deixar de conferir um sentido coletivo. Esta técnica é explorada por Demartini (2005, p. 122), ele realiza o fichamento de temas e subtemas da história de vida dos participantes, a partir de um esquema pré-estabelecido e testado após uma primeira leitura geral das entrevistas, procurando um equilíbrio entre deixar os temas surgirem ou fecha-los em um tema rígido, estabelecido pelo pesquisador anteriormente. Podemos utilizar também relatos anteriores como fontes secundarias, relacionando-os com o trabalho em voga.

Alguns autores optam por ir além da transcrição e realizam um processo denominado “transcriação”. Tal processo consiste em conferir adaptações, acertos gramaticais, cortes, adições e reorganizações textuais ao editar o texto do relato (Meihy, 2002).

Em nosso estudo sobre imigração, optamos por fazer, na maioria dos casos, a transcrição literal do que foi dito, corrigindo apenas erros ortográficos para facilitar a leitura sem comprometer o sentido dos relatos, conforme também é realizado no Gephom/USP (Magalhães, 2017).

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Outro importante autor que auxilia em nossas diretrizes é Leland McCleary. Em sua obra intitulada “História Oral: Questões de língua e tecnologia”, publicado no livro de Magalhaes e Santhiago (2011), seus estudos nos fizeram aprimorar a fase de pós-entrevistas. Em síntese, ele aborda que, na crucial passagem da fala para a escrita, muito fica restringido e acaba por se perder; o tempo acaba congelado, os seres vivos exilados e o contexto fica reduzido ao que está escrito, pois a fala, os sentimentos e as memórias não cabem dentro da escrita, não são totalmente contemplados. (McCleary, 2011, p. 97). Segundo ele, a ação falada é conjunta; só acontece com e entre, enquanto a escrita não representa a linguagem humana, é apenas parte do discurso, uma exposição sumária.

Isto nos fez refletir como o papel da história oral é difícil, pois vai de encontro com a dificuldade de transcrever o real significado do que acontece na fala. O real contexto só é plenamente percebido na interação entre as pessoas. Por isso concordamos com McCleary ao afirmar que, de todos os gêneros textuais existentes, aquele que resolve melhor este dilema é a entrevista, mais ainda do que o gênero narrativo (2011, p, 108).

De acordo com Meihy (2002), autor que também se debruça sobre a metodologia da história oral, a textualização e a transcrição são etapas de edição do texto, retirado das entrevistas e transformado em narrativa. Ele alerta também para o perigo de que estas fases apagariam justamente a interação entre o pesquisador e seu entrevistado, diminuindo a importância do relato.

Ou autor consagrado que nos auxilia nesta questão é Alessandro Portelli (2010). Em seu livro “Ensaios de História Oral”, aponta que a história de vida, por si só, não é uma forma natural de narrativa (p. 212), elas simplesmente existem, mas há de existir também um catalisador destas memórias, para que elas transcendam ao tempo, este catalizador em questão é o historiador que “cria o encontro”. Com seu projeto de história oral ele cria o espaço narrativo para que o sujeito em questão possa se tornar o narrador de uma “entrevista documentada”, que tem sempre dois autores, aquele que pergunta e aquele que responde, como explica C. Vann Woodward (1985, p. 6). Segundo Portelli (p. 212): “uma vez iniciado o diálogo, a distinção essas duas funções jamais é rígida e absoluta.”.

Concluindo, a contribuição do pesquisador é muito importante ao dar o “tom” a entrevista e orientá-la para que se torne útil ao tema que está sendo estudado. A mesma

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história poderia ser contado de maneiras distintas se não fosse a presença e o espaço criado pelo entrevistador. A interação entre as partes gera um produto único. Como enfatizado por Portelli:

Os Sujeitos da entrevista, portanto, compartilham um espaço narrativo e um espaço físico – e é isso que a torna possível. Mas o que a tona significativa é que existe também um espaço entre eles, ocupado e representado pelo gravador ou bloco de anotações. A entrevista, antes de tudo, é um confronto com a diferença, com a alteridade. (p. 213).

Nesta ótica, reconhecendo a impossibilidade de reprodução fiel do que acontece no momento da troca de informações e admitindo que a transcrição nunca é igual ao que foi relatado, tornando-se apenas uma versão da fala original, procuramos editar os relatos o menos possível, para não aumentar ainda mais a distância entre o que foi realmente dito e o documento textual final.

Buscamos criar critérios que permitam identificar tanto traços de coletividade quanto percepções pessoais de acordo com a vivência de cada entrevistado. Para isso, assim que terminamos de colher todas as gravações, cada entrevista é avaliada individualmente e apontamos quais temas-chave aparecem com preponderância durante os próprios depoimentos.

Ao longo de nossa trajetória de pesquisas em história oral, procuramos, assim, combinar as técnicas e levar em consideração as análises feitas pelos autores supracitados. Cremos que para todas as entrevistas deve-se ter discernimento científico e metodológico de fazer valer mais uma técnica em detrimento de outra, tendo por base tanto o objeto de estudo quanto as circunstâncias apresentadas e as características pessoais dos entrevistados. Estas diferentes formas de realizar a história oral podem ser combinadas com o intuito de extrair o máximo de informações que contribuam para os objetos de pesquisa em análise.

APLICANDO O MÉTODO NO CONTEXTO DA IMIGRAÇÃO FEMININA POR MEIO DA HISTÓRIA ORAL

Seguindo estes pressupostos, procuramos, em meio a comunidade açoriana radicada no Rio de Janeiro, imigrantes ou descendentes que possam contribuir para a análise dos fluxos migratórios como movimento histórico. Para tornar o exemplo ainda mais especifico

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e pertinente, iremos analisar duas entrevistas realizadas com mulheres açorianas residentes no Rio de Janeiro desde o final da década de 1970.

Antes de analisar a amplitude gerada pelas novas abordagens micro históricas a respeito da emigração feminina, vale salientar que novos marcos teóricos e metodológicos da ciência histórica procuram trazer um viés social e cultural, a ampliando as perspectivas de análise e contribuindo para a compreensão mais abrangente acerca da imigração. Procuram, por exemplo, gerar mais visibilidades as particularidades regionais e colocar o indivíduo como ator principal do processo migratório, além de permitir que se acompanhe as escolhas familiares, de grupos ou individuais, abrindo espaço para diferentes motivações e escolhas em relação à partida.

Por isso, nesse momento, escolhemos dar voz às mulheres açorianas, que sempre influenciaram no processo imigratório e são as grandes responsáveis pela perpetuação da cultura ilhéu, ao mesmo tempo em que garantiam a inserção social familiar. Toda via, muitas vezes silenciadas, aparecem muito pouco nos registros migratórios, e com um papel secundário ou, até mesmo, não evidenciado.

ENTREVISTAS:

Utilizamos o campo teórico, as metodologias e técnicas de história oral conforme descrito anteriormente. Para este artigo escolhemos duas Marias como protagonistas: Maria Silva e Maria Délia, salientando que ambas assinaram a carta de cessão de direitos autorais.

Escolhemos duas personagens que emigraram na mesma época, apesar de separadas por uma década de idade; a primeira com 62 e segunda com 72 anos. Mesmo que suas histórias de vida sejam parecidas, sinalizam diferenças importantes que nos ajudam a analisar o contexto, sem desconsiderar suas subjetividades. Tanto as semelhanças como as diferenças auxiliam a compreensão do contexto geral da emigração açoriana para o Rio de Janeiro. Apontamos que a personalidade de Maria Silvia é de uma mulher tímida, enquanto Maria Adélia é mais “falante” e autônoma; elementos que ficam evidentes nos relatos mais sucintos de Maria Silvia, e mais expansivos de Maria Adélia.

Ambas nasceram na Ilha Terceira, emigraram aos 19 anos, cursaram até o quarto ano do ensino primário e, ao emigrar para o Rio de Janeiro, assumiram a condição de donas de

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casa. Contudo, suas trajetórias começam a se diferenciar: Maria Silvia emigrou para o Rio de Janeiro e Maria Adélia partiu, primeiramente para Los Angeles (EUA). Mas a maneira tradicional com que foram criadas em seu seio familiar fez com que suas vidas se assemelhassem novamente com o tempo, apesar das diferenças culturais existentes nos países de acolhida. Esse fato evidencia como a força do conservadorismo açoriano impunham condições sociais às mulheres, não importando a distância de sua terra natal.

Seguindo os ritos metodológicos, após escolher as entrevistadas, entramos em contato pessoalmente, explicamos o que pretendíamos e marcamos uma data para a realização das entrevistas. Construímos um questionário prévio comum e algumas perguntas específicas para cada uma delas, por já conhecermos alguns detalhes diferenciados de suas vidas. Os equipamentos utilizados para a gravação foram: uma câmera de alta qualidade, um tripé para segurá-la, um aparelho para iluminar o ambiente e um microfone. Resolvemos filmar as entrevistas com o intuito de produzir um documentário no futuro, mas deixamos “fluir” da maneira mais natural possível, não induzindo a fala. Preocupamo-nos em explicar previamente cada detalhe do que iria acontecer para não gerar desconforto. Escolhemos a Casa dos Açores como local das entrevistas para elas estarem ambientadas num espaço conhecido e confiável. A entrevista de Maria Silva durou aproximadamente 30 minutos e de Maria Délia 45 minutos. Algumas informações foram ditas de maneira mais clara e natural antes e depois das entrevistas, o “bate-papo” durou muito mais tempo. Provando que o ambiente de gravação gera timidez e desconforto. Porém, as informações que buscávamos foram concedidas.

Embora tenhamos transcrito de forma integral, conforme nossa metodologia já descrita, destacamos alguns trechos organizados em fichamentos temáticos, conforme Demartini (2005) apenas para salientá-los e analisá-los neste artigo com o fim de exemplificar a metodologia descrita e nossa escolha metodológica. Apresentaremos, a seguir, trechos considerados relevantes, seguidos da análise, com o objetivo de retirar do contexto subjetivo (micro) explicações e conclusões gerais (macro) relativas ao nosso tema de pesquisa:

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Maria Silva: Eu sempre fui do lar. Lá nos Açores, na minha época, quando chegava no verão tinham as festas. No inverso era dentro de casa. Ajudava a minha mãe e o lazer era pouco (...) Com 12 ou 13 anos minha mãe me ensinava e eu já lavava a roupa, limpava casa... eram os nosso afazeres de casa. A vida era bem difícil, não tinha nada que tem hoje, não tinha eletricidade, água encanada, essa coisas (...) Meu pai era da lavoura e a gente também ia para os cerrados, para apanhar milho ou trigo. Dinheiro não tinha, mas não passamos dificuldade, tinha coisa em casa: feijão, trigo para fazer farinha, para fazer o pão, o pão era cozido em casa, nessa parte a gente estava tranquilo (...) Meus pais não eram muito rígidos, mas a gente não tinha essa liberdade de chegar e falar: “não vou fazer isso”, “não vou fazer aquilo”, “não quero”. Às vezes só o olhar deles a gente já ficava meio sentida. O papel do home e da mulher era bem dividido e ninguém reclamava. A mulher mais sempre dentro de casa, fazendo as atividades doméstica e tudo e meu pai era na lavoura.

Maria Délia: Nos açores eu fiquei até os 19 anos, e por isso já sabia como lidar com tudo de uma casa, ou seja, a gente, nas horas vagas, bordava, aqueles bordados “tipo” os da Ilha da Madeira, e na maior parte do tempo a gente ajudava no trabalho do lar, ajudava a mãe, e aprendíamos todos os trabalhos de casa e ajudávamos as vezes o pai nas colheitas da terra, apanhar uva, juntar batatas, apanhar feijão, ajudar também no trigo, tudo de casa. Geralmente quase todo mundo tinha lavoura, então tinha-se de um tudo. Dinheiro mesmo, capital, não havia muito, mas não nos faltava nada. A gente tinha fartura sim, daquilo que a terra dava, daquilo que a gente plantava, tinha-se gado, tinha-se galinhas, engordava-se porcos, nós tínhamos carne, mas dinheiro mesmo só do leite que ia para a cooperativa ou algum gado que se vendia, aí se fazia algum dinheiro. (...) Éramos quatro filhos, eu tinha um irmão e duas gêmeas caçulas, sendo que meu irmão imigrou para o Brasil com 16 anos Não emigravam por necessidade de alimentar a todos. Eu acho que todos os pais que tinham um filho homem e tinham a oportunidade disso emigravam eles para não ter de servir ao Exército. Iam todos, praticamente iam sempre para o ultramar, para Angola, e alguns deles não voltavam né, perdiam a vida lá mesmo, então quem podia emigrava o filho, foi o caso do meu irmão. Geralmente quando uma moça casava ela já estava preparada para cuidar da vida. Nós éramos preparadas pelos nossos pais, principalmente, pelas nossas mães para construir uma família, cuidar do lar, porque, dificilmente se estudava, tinha algumas mas era muito raro. E eu já era uma moça trabalhada para isso (...) Nossas mães e tias nos ensinavam todas as receitas tradicionais, a comida era até gostosa porque era tudo no fogão a lenha, mas era bem mais difícil. Naquela época nem tinha eletricidade nem agua potável em casa (eram os anos 1960), tinha que se pegar a agua na fonte, e levar para casa, eu fui criada sem água encanada nem luz elétrica.

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(...) A gente não podia falar o que queria, não, não, não! Até porque havia muito esse hábito de quando os adultos se reunião para conversar, mandavam a gente ir brincar, mesmo eu já adolescente. Era assim. Tínhamos um respeito bem mais greve, a educação era mais rígida.

As entrevistas nos levam a crer que a sociedade Açoriana era patriarcal, conservadora, tradicional e muito religiosa, portanto, as mulheres eram criadas para serem donas de casa, e cuidarem de seus filhos. Não passavam dificuldades nem fome, mas não havia dinheiro sobrando. O ambiente era rural e pouco desenvolvido para a época.

Quanto à causa da emigração e a escolha para o Rio de Janeiro:

Maria Silva: Meu marido já tinha emigrado aqui para o Brasil e foi lá pros Açores de visita. Eles demoravam pra ir, então, quando iam ficavam meses. Aí começamos a namorar. Em seis meses aconteceu tudo, namoramos, noivamos, casamos e vim para o Brasil. Me casei lá mesmo na nossa freguesia (...) Minha irmã já estava casada e já estava aqui, eu vim assim meio receosa. Mas como ela já estava aqui e tudo, para mim foi mais fácil do que para ela. Eu vim morar na casa dela um tempo e depois compramos um apartamento e nos mudamos... e tocamos a nossa vida. Meu marido trabalhava em açougue com quase todo açoriano, era aquela luta pra conseguir comprar o próprio açougue e juntar um dinheiro, ele trabalhava todos os dias, só folgava domingo à tarde. E eu fazia o serviço de casa, engravidei logo do Leonardo e ai era o serviço de casa.

Maria Délia: A princípio, meu pai teve um ano de visita aos EUA, aonde ele adorou aquela terra e ao voltar para a Ilha Terceira, em pouco tempo, ele recebeu a Carta de Chamada do irmão que estava lá e já era naturalizado americano e por isso podia chamá-lo e o meu pai voltou com a família, minha mãe e nós, três meninas em 1967 (...) Quem fosse naturalizado americano ele poderia fazer uma Carta de Chamada, mas ficava responsável por aquela família. Ou seja, quando chegamos a gente tinha já tios e primos lá, no começo o casal ficou com um, eu com outro, e as meninas com outro, até que, depois, nós tivemos a nossa casa e começamos a vida. Mas é difícil viu?! É um país muito bom, mas tudo que seja tem um princípio, para começar foi difícil, e a língua não era a mesma o que dificultou mais ainda. A idade máxima para ir com a família era de 21 anos, se fosse de maior idade já não podia ir junto com a família, tinha que esperar depois abrirem todo o processo de imigração após ser chamada por uma Carta por alguém que já fosse naturalizado lá.

(...) Ao fim de dez anos, meu pai foi se desfazer das nossas propriedades. Ele queria que eu fosse junto, mas, a princípio, eu não queria ir, o trabalho estava meio parado e eu tinha medo de perder o emprego, (o açoriano, quando voltava de férias, ficava muitos meses), eu tinha comprado carro do ano também e estava muito zelosa com aquele carro, mas aí acabei

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resolvendo ir por insistência dele. Ao fim de um mês acabei conhecendo o Joaquim, que também estava lá de férias, sendo que ele residia no Brasil, mas era natural da mesma Ilha, da freguesia de São Bartolomeu. Aí começamos a conversar, da conversa saiu um namoro, do namoro noivado e do noivado saiu o casamento no Rio de Janeiro. Tudo aconteceu em poucos meses, e olha que não foi só eu! Aconteceu com muitas de nós açorianas. Os homens que emigraram, na maioria, iam lá a passeio e os solteiros acabavam por buscar uma esposa, queriam casar com açorianas, o açoriano é muito tradicional.

(...) Minha família ficou nos EUA. Se existe uma coisa em que eu acredito é no destino. Tem que ser o destino, porque: como é que eu fui dos EUA e ele aqui do Brasil, sem se conhecer, nem um nem outro, né?! De freguesias diferentes! Na época, não era fácil ir de uma para outra, e fomos nos encontrar lá e acabou dando em casamento, aonde foi um casamento, posso dizer, feliz, e que deu certo, muito certo.

Os motivos foram similares, acompanhar a família, mas enquanto Silvia veio depois de casada, Adélia acompanhou seus pais. Adélia alcançou maior autonomia por ter emigrado solteira, mas abriu mão de suas conquistas pessoais posteriormente para casar e seguir seu marido. Ambas não necessitaram de Cartas de Chamada por acompanharem a família. Este documento era crucial para a emigração. Geralmente os homens vinham à frente. Poucas mulheres tomavam a iniciativa de emigrar, o faziam por escolha familiar. A maioria ficava aguardando um pedido de casamento para sair da Ilha ou lá permaneciam. Os homens retornavam à sua terra natal para visitar a família e procurar uma esposa quando a vida já estava mais estabilizada, era uma prática comum, preservando os costumes e tradições, mesmo que inconscientemente.

Quanto à inserção social e a Casa dos Açores:

Maria Silva: A gente saia mais a família. Era só eu, meu marido, minha irmã e meu cunhado. A família. A gente saía para almoçar fora, vamos dar uma volta com as crianças na lagoa, era isso. Acabava e íamos para casa. As nossas saídas eram assim. Estava logo com criança pequena, ai era mais difícil (...) Da nossa parte tivemos muita sorte, porque eles, graças a Deus, eles estudaram no Carrescia e de lá do colégio católico foram para faculdades, se formaram os dois, e aí, quando entramos aqui na Casa dos Açores foi a alegria deles. A gente falava em ir para Casa dos Açores, eles já se aprontavam. E aí, aqui foi mais o contato com açorianos, era aqui na Casa. Fora era difícil encontra um açoriano assim em outros lugares. (...) Nas festas a gente vinha pouco. No divino a gente vinha mais aqui na casa. Ai, naquele ano, eles juntaram a turma e ai foi na época em que o Mateus, amigo do meu marido, foi

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Presidente. Então meu marido foi convidado para ser Procurador da Casa e aí que a gente entrou realmente, participando das festas na Casa dos Açores. E daí para cá, continuei até hoje. E aí de 89 para cá, você vai ver que já vai a quase 30 anos. Entra Presidente, sai Presidente e eu continuo ajudando. Realmente fui convidada várias vezes pelo Departamento Feminino para entrar na diretoria, realmente eu ajudo, mas foi uma coisa que nunca quis: entrar na diretoria. (...) Sempre ajudei muito nas comidas. Fazia certas comidas açorianas mesmo. Na festa do Divino a gente começa com a semana do terço, que começava com a festa de Santo Cristo, continuava a semana toda até domingo na coroação.

(...) Assim, como os açorianos trabalhavam o dia todo, o homem no açougue e a mulher em casa, quando eles saiam, acabavam se juntando na Casa dos Açores, se enamorando por aqui mesmo, era onde se encontravam para conversar e tudo, era aqui. Era no dia de festa. De resto a vida era muito trabalho.

Maria Délia: O Joaquim sempre trabalhou perto de casa, quando ele precisava ir no advogado, no contador, onde ele precisasse ir, eu ficava no caixa. No resto eu nunca aprendi a mexer nas carnes, com isso eu não sabia trabalhar, mas no caixa eu sabia, com o dinheiro eu sabia lidar (...) vieram muitos rapazes nessa época para cá, eles tinham as saídas deles, eles iam para bailes, para festas e eles se divertiam e aproveitavam, faziam a vida deles normal também, mesmo existindo a Casa dos Açores, mas era lá que eles se encontravam. (...) Eu, quando cheguei no Brasil ainda faziam o baile de carnaval aqui na Casa dos Açores, aí eu comecei a participar, cheguei em janeiro e em fevereiro foi o carnaval. E naquela época era muito gostoso, porque o pessoal vinha todo e todo mundo animado, era muito bom, os jovens brincavam, participavam, faziam roupas todos iguais, os grupos...e aí comecei a participar de tudo que faziam aqui, o meu filho Marcelo nasceu aqui dentro, por isso que ele está aqui até hoje, as amizades dele são aqui, ele conserva todas elas. Eu acho que a Casa é a continuação da nossa identidade aqui no Rio de Janeiro, entendeu? É aqui que a gente se comunica, é aqui que a gente faz os amigos, é aqui que a gente trás os amigos, é aqui que a gente trás os filhos e mostra pra eles como é bom manter a nossa cultura, eu acho muito importante.

(...) era uma casa de muitos homens, mas eu nunca senti nenhum preconceito por ser mulher. Eu tive dez anos na diretoria, foi em 2002, a convite do Sr. Raimundo Borges, a intenção dele era que eu ficasse na Casa porque eu estava passando pela fase da perda do marido e eles iam me dar um apoio, que ia ser bom pra mim e para eles, que eu pudesse ajudar a desenvolver os trabalhos com eles, e tive durante dez anos, eu dei tudo que pude de mim, trabalhei bastante, mas satisfeita pela Casa.

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(...) Eu quero deixar um recado aos açorianos: muito já partiram, outros estão com problemas de saúde, mas que continuem dando de si o que puderem, porque é importante passar para os filhos, passar para os netos o que é a nossa cultura, a nossa tradição, as nossas festas dos Açores, para que não morra.

A comunidade açoriana era fechada e patriarcal. Quando as mulheres emigravam para acompanhar as famílias acabavam por repetir o que aprenderam com suas mães, não só cuidando dos afazeres doméstico como ensinando aos filhos os costumes e tradições enquanto o homem trabalhava no comércio. O local de manutenção da cultura e de encontro desses açorianos acabou por ser a associação, a Casa dos Açores. Embora exista a Diretoria do Departamento Feminino e uma aparente igualdade, as responsabilidades são pré-definidas, as mulheres ocupavam, geralmente, este cargo diretivo, com poucas exceções, sendo encarregadas pelas comidas e pela decoração das festas, bem como por manter os ritos religiosos de acordo com o que ocorria na Terra Natal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O curto espaço deste artigo não permite que coloquemos as transcrições e toda a análise que seus fatos trazem na íntegra. A continuação dos estudos permitirão que coletemos mais entrevistas e façamos a comparação metodológica com outras fontes e documentos pessoais e institucionais para corroborar com nossas hipóteses acerca da emigração açoriana para o Rio de Janeiro. Todavia, gostaríamos de salientar que as pesquisas e estudos preocupados especificamente com o protagonismo feminino no fluxo migratório são recentes, datam do fim do século XX e início do XXI, portanto, ainda são escassos. De acordo com a obra de Maíra Ines Vendrame e Syrléa Perreira (2017), constata-se que, em relação ao Brasil, ainda há um número muito reduzido de trabalhos com esta preocupação.

Novos estudos apontam o desempenho feminino como fundamental para a manutenção da cultura e religiosidade, para o estreitamento de laços de parentesco e para amizade entre os conterrâneos, assim como para os preparativos para a viagem, a acomodação, adaptação, inserção social e construção do patrimônio material além-mar. E isto pode ser constatado pela análise de nossas entrevistas.

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Este olhar micro histórico específico para a emigração causou a quebra de paradigma do modelo “expulsivo” consequente das atividades econômicas, políticas e principalmente como transferência de força de trabalho. Agora, procura-se demonstrar que o fenômeno migratório é complexo e variado. As características particulares de cada indivíduo ou grupo - como: condição socioeconômica familiar, condições geoclimáticas, locais de partida, influência do sucesso de amigos e parentes- determinam o tipo de imigração, a duração, o local escolhido, a forma de inserção social ou sincretismo cultural. Reduz-se o espaço de observação e encontram-se diversas demandas internas inseridas num contexto plural e complexo.

Sendo assim, a grande emigração para as américas nos séculos XIX e XX, deixam de ser compreendidas “apenas como consequência direta das forças de atração e expulsão - push/pull - da demanda por mão de obra nos locais de destino e do avanço do capitalismo nos locais de saída dos camponeses” (VENDRAME; PEREIRA2017). Neste contexto micro histórico estão inseridos também os açorianos, particularizando-os em relação aos portugueses em geral e, ainda mais especificamente, a participação e o papel das mulheres emigrantes deste arquipélago com destino a cidade do Rio de Janeiro.

Temos, portanto, o intuito de gerar, com as pesquisas desenvolvidas, um maior equilíbrio em relação à participação feminina, participação essa silenciada nos documentos e discursos construídos a respeito desta temática, tanto na terra natal quanto nas sociedades de adoção. No bojo desse estudo, a história oral é por nós utilizada como uma importante ferramenta que contribui para o olhar mais abrangente direcionado à mulher açoriana e para a construção de perspectivas ampliadas acerca do processo migratório.

Nossas pesquisas tem aumentado a visibilidade, enaltecido as escolhas e dado maior voz as mulheres açorianas. Embora cerceadas e assumindo uma condição submissa por conta das imposições culturais do arquipélago, foram elas as responsáveis por transmitir a cultura, as tradições, a religiosidade e o modo de ser açoriano aos seus filhos. Foram elas também responsáveis pelo convívio dos açorianos na Casa dos Açores, pois a reciprocidade provinha do contato social nas festas. Os açorianos gostavam de lá estar, pois se sentiam em sua terra natal. Buscavam, portanto, a sua identidade, como afirma Maria Délia; e a identidade só foi possível por conta das comidas típicas, da forma como os salões eram enfeitados, dos ritos

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religiosos que eram seguidos, e das famílias estarem presentes. Esses aspectos só ocorriam pela ação e escolha feminina; elas eram (e ainda são) as responsáveis por todos os pontos cruciais de manutenção cultural e por isso se consolidam como objeto de nossa pesquisa.

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SOARES, Maria Silva. 62. Julho de 2019.

Entrevistador: DANIEL EVANGELHO GONÇALVES. Rio de Janeiro, RJ. 19/07/2019. ORMONDE, Délia Cota. Julho de 2019.

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