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Descrição de Solos em uma Topossequencia da Bacia Hidrográfica do Rio Boles, no Faxinal Taquari dos Ribeiros Rio Azul Paraná

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SEMANA DE GEOGRAFIA,16.,2009.APLURALIDADE NA GEOGRAFIA. PONTA GROSSA:DEGEO/DAGLAS,2009.ISSN2176-6967

Descrição de Solos em uma Topossequencia da Bacia Hidrográfica do Rio Boles, no Faxinal Taquari dos

Ribeiros – Rio Azul – Paraná

Juliano STRACHULSKI, Andrea Aparecida Inácio da SILVA e Nicolas FLORIANI

Universidade Estadual de Ponta Grossa

O levantamento pedológico subsume o estudo fisiográfico da paisagem, relacionando geoformas, litologia, clima, vegetação e usos antrópicos.

Compreende a descrição dos atributos morfológicos, físico-químicos, a taxonomia e mapeamento dos solos. O presente trabalho objetivou o levantamento pedológico em uma topossequência da Bacia Hidrográfica do Rio Boles, no Faxinal Taquari dos Ribeiros, situado no município de Rio Azul, na região Centro Sul do Paraná. O Sistema Faxinal é caracterizado pela sua forma de ocupação territorial e sua organização social com ênfase na produção animal coletiva no criadouro comunitário sob floresta secundária e pela produção agrícola para fins de subsistência e comercialização nas terras de plantar, onde se realizou o levantamento de solos. Os critérios sugeridos para o levantamento semi-detalhado de solos em topossequência foram: ordem do solo, textura, substrato litológico, profundidade, pedregosidade, hidromorfismo, forma da vertente, declividade e uso atual. Resultados preliminares do estudo são apresentados, desconsiderando-se nesta etapa a interpretação das análises físico-químicas das amostras. Juntamente às informações relativas à descrição formal dos solos acrescentaram-se elementos de classificação vernacular, tendo-se em vista a necessidade de diálogo entre os saberes científico e local enquanto ferramenta importante para o planejamento e uso consciente dos bens naturais, contribuindo para conservação da paisagem.

Palavras-chave: Solos. Topossequência. Faxinais. Levantamento semi- detalhado.

O Sistema Faxinal é caracterizado pela sua forma de ocupação

territorial e sua organização social, sendo o criadouro comunitário

determinado pelo uso da terra em comum, e as terras de plantar de uso

particular. Segundo Chang (1988) Sistema Faxinal é uma forma de

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organização e produção camponesa tradicional sendo um sistema típico da região Centro – Sul do Paraná é caracterizado principalmente pela produção animal coletiva no criadouro comunitário, pela produção agrícola para fins de subsistência e comercialização, pelo extrativismo florestal de baixo impacto, com o qual se preserva a mata da araucária e outras espécies nativas. Segundo Sahr (2005) as terras de plantar são localizadas fora do criadouro comunitário e usadas de forma individual, sejam próprias ou arrendadas e situam-se nas adjacências do criadouro.

É bastante conhecida e difundida a importância do solo para a humanidade. A definição de solo empregada em nível mundial é a de que:

Solos são corpos naturais independentes e constituídos de materiais minerais e orgânicos organizados em camadas e, ou, horizontes resultantes da ação de fatores de formação, com destaque para a ação biológica e climática sobre um determinado material de origem, (rocha, sedimentos orgânicos, etc.) e numa determinada condição de relevo, através do tempo. (LEMOS et al., 1982).

Segundo a classificação de Koeppen, o clima da região é mesotérmico com verões frescos, sem estação seca e com geadas severas.

A temperatura média anual é de 18

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C. A precipitação total anual situa-se entre 1300mm e 1800mm (IAPAR, 1994).

A litologia regional é dominada por arenitos, siltitos, argilitos e folhelhos do Período Permiano e Período Carbonífero. No caso do município de Rio Azul, predominam materiais pertencentes às Formações Teresina e Rio do Rasto. A área de estudo encontra-se no Planalto de Pundentópolis caracterizado como subunidade morfoescultural que apresenta dissecação baixa, cuja amplitude altimétrica varia em 460 metros, vairando entre 580m (mínima) e 1.040 m (máxima) m.n.m. Suas formas predominantes são topos aplainados, vertentes convexas e vales em forma de “V” (MINEROPAR, 2001; OKA- FIORI et al, 2006).

A vegetação é caracterizada como ecossistema da Floresta

Ombrófila Mista Montana, caracterizada pela Araucária angustifólia

como espécie arbórea emergente do estágio climático. A maioria dos

indivíduos florestais pertence às três famílias mais freqüentes nos

ecossistemas faxinalesnses: Lauraceae, Myrtaceae e Aquifoliaceae, cujas

espécies mais freqüentes são guaçatunga-preta (Casearia obliqua),

seguida por pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii) e erva-mate (Ilex

paraguariensis) (PEREIRA et al., 2009).

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Os solos da Região Centro-Sul apresentam baixa fertilidade natural e alta suscetibilidade à erosão em função do relevo e da sua origem. Assim, os solos são rasos, condição que se tem acentuado em função do uso agrícola intensivo e manejo incorreto que promovem a erosão dos horizontes superficiais (PETERSEN, 1998).

São exemplos de solos encontrados na região: Cambissolos (CAMBISSOLO HÁPLICO Tb distrófico - CXbd28), Neossolos Litólicos (NEOSSOLO LITÓLICO distrófico- RLd10) e Argissolos como ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico (PVAd30) (EMBRAPA SOLOS, 2008). Tais solos são utilizados pelos agricultores da região do Faxinal para cultivos comerciais cuja centralidade do sistema produtivo é a fumicultura convencional e cultivos de grãos para consumo próprio das famílias e criações de animais domésticos.

METODOLOGIA

Após a fotointerpretação (fotografias aéreas, vôo de 1980, escala 1:25.000), a vertente selecionada (Figura 2) foi subdividida em oitos pontos de coleta e observação

1

, onde aferiu-se em cada um dos pontos as seguintes categorias ordem do solo, textura, profundidade, pedregosidade, hidromorfismo, forma da vertente, declividade, litologia, uso atual e erosão. Mediu-se a distância em metros entre cada ponto coletado na vertente utilizando para tanto como referência a imagem do satélite Wordview de junho de 2008, banda pancromática com resolução espacial de um (01) metro.

Utilizou-se nesses procedimentos instrumentos como receptor de satélite – Global Positioning System (GPS) modelo Garmin e-trex, Clinômetro Abney, cartas de solos – Folha Ponta Grossa, escala 1:250.000 (EMBRAPA SOLOS, 2008), trado holandês, cortadeira, sacos plásticos etiquetados, faca de campo, bisnagas com água, trena e máquina fotográfica. Todos os dados coletados nos serviram de base para a confecção de um diagrama representativo da topossequência estudada e na qual verifica-se a comparação dos tipos de solos e seus respectivos horizontes, com escalas e espessuras devidamente preenchidos em papel milimetrado e editados no programa Corel Draw 11.

1

Este trabalho faz parte da Rede Faxinal e é financiado pela CAPES (PNPD, 2008) e

Fundação Araucária (PIBIC-UEPG).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Faxinal Taquari dos Ribeiros está localizado no município de Rio Azul – Paraná, há aproximadamente 20 km da área urbana de Irati (Figura 1). Pertence ao segundo Planalto Paranaense, situado na mesorregião Centro Sul Paranaense. Sua área é de 234,84 hectares.

Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo. Elaboração: Floriani (2009).

O modelo iconográfico (Figura 2) representa a encosta (forma,

comprimento e declividade) da margem esquerda da Bacia do Rio Boles e

os respectivos solos levantados durante seu caminhamento. Os solos

inventariados são descritos conforme a (Tabela 1).

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Tabela 1. Descrição dos solos levantados

PONTO SOLO

3.1 NEOSSOLO LITÓLICO textura média (Hor. A), Hor. A proeminente, substrato argilitos, não pedregoso, contato lítico fragmentário, em relevo plano, ocupa topo e porção superior da encosta, sob refllorestamento de eucalipto.

3.3 CAMBISSOLO, textura média (A/B), substrato arenitos, Hor. A moderado, não pedregoso, em relevo ondulado, ocupa terço superior da encosta, sob cultivo rotacional de fumo/aveia/milho

3.4 CAMBISSOLO, textura média (A/B), substrato arenitos, Hor. A moderado, não pedregoso, em relevo ondulado, ocupa terço médio da encosta, sob cultivo rotacional de fumo/aveia/milho

3.5 CAMBISSOLO, textura média/argilosa (A/B), substrato argilitos, Hor. A moderado, não pedregoso, em relevo forte ondulado, ocupa terço médio da encosta, sob cultivo rotacional de fumo/aveia/milho

3.6 CAMBISSOLO, textura média/argilosa (A/B), substrato folhelhos siltíticos, Hor. A moderado, não pedregoso, em relevo planoo, ocupa terço inferior da encosta, sob cultivo rotacional de fumo/aveia/milho.

3.7 CAMBISSOLO gleico, textura argilosa (A/B), substrato folhelhos siltíticos, Hor. A moderado, não pedregoso, em relevo plano, ocupa terço inferior da encosta, apresenta mosqueamento, sob cultivo rotacional de fumo/aveia/milho.

3.8 CAMBISSOLO gleico, textura argilosa (A/B), substrato folhelhos siltíticos, Hor. A moderado, não pedregoso, em relevo plano, ocupa terço inferior da encosta, apresenta mosqueamento, sob cultivo rotacional de fumo/aveia/milho.

Figura 2 – Encosta e solos da margem esquerda da Bacia do Rio Boles. Elaboração:

Floriani (2009).

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CONCLUSÃO

A metodologia da topossequência sugerida em levantamentos semi-detalhados de solos (IBGE, 2007) permitiu estabelecer relações entre os componentes da paisagem (litologia, geomorfologia e vegetação) e os solos, permitindo destacar oito pontos segundo a geoforma da encosta: NEOSSOLO LITÓLICIO e sete CAMBISSOLOS subdivididos em 3 grupos em função da textura, dos substratos rochosos, formas e declividade da encosta, hidromorfismo e uso atual. Os Cambissolos levantados são classificados pelos agricultores em três categorias: Terras Roxas (terço superior da encosta) Terras Brancas (terço médio) e Terras Pretas (terço Inferior), respectivamente, Cambissolos sobre argilitos e folhelhos, Cambissolos sobre arenitos esverdeados e siltitos, e Cambissolos gleicos sob influência de sedimentos colúvio-aluvionares.

REFERÊNCIAS

BHERING, S. B.; SANTOS, H. G. (Ed.). Mapa de solos do Estado do Paraná: legenda atualizada. Rio de Janeiro: EMBRAPA/IAPAR, 2008.

CHANG, M. Y. Sistema faxinal: uma forma de organização camponesa em desagregação no centro-sul do Paraná. Londrina: IAPAR, 1988.

IAPAR. Manejo de solos de baixa aptidão agrícola no Centro-Sul do Paraná. Londrina:

IAPAR, 1994.

IBGE. Manual técnico de pedologia. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

LEMOS, R. C.; SANTOS, R. D. Manual de descrição e coleta de solo no campo. Campinas:

SBCS/SNLCS, 1982.

MINEROPAR. Atlas comentado da geologia e recursos minerais do estado do Paraná.

Curitiba: Mineropar, 2001.

PEREIRA, T. K. et al. Fitossociologia do criadouro comunitário do Faxinal Taquari dos Ribeiro, Rio Azul, PR. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 1., 2009, Cascavel. Anais… Cascavel: Unioeste, 2009.

PETERSEN, P. Os solos nos agroecossistemas de agricultores familiares no centro-sul do Paraná. União da Vitória: AS-PTA, 1998.

SAHR, C. L. L. Preservação e revitalização do Sistema Faxinal na região da Mata deAraucária do Paraná: um projeto extensionista. Conexão UEPG, Ponta Grossa, 2005.

SANTOS, L. J. C.; OKA-FIORI, C. Atlas geomorfológico do estado do Paraná: Escala base

1:250.000. Curitiba: Minerais do Paraná/UFPR, 2006.

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