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Personagens da revista Sabrina: uma análise de conteúdo

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P E R S O N A G E N S D A R E V IS TA S A B R IN A :

U M A A N Á U S E D E C O N TE Ú D O

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Edson A. de Souza Filho*

RESUMO

DCBA

o objetivo deste trabalho foi o de caracterizar o conteúdo veiculado pela revista

Sabrlna sobre os dois personagens principais, feminino (PF) e masculino (PM).

Foram analisados 7 nérneros da revista, sorteados de cada bloco de6 0 , dos quais

foram coligidas 7 . 6 3 2 mensagens. Os resultados de análises estatfsticas indicaram

significativa uniformidade de freqüência no emprego de 6 4 categorias simb6licas na

descrição dos personagens no período de 1 5 anos de sua publicação. Além disso,

o PF foi descrito sobretudo em termos de emoção ( 2 1 , 1 1 % ) , dependência

( 1 2 , 4 3 % ) , erotismo ( 1 0 , 0 4 % ) , assertividade ( 5 , 7 % ) , aparência «sica ( 5 , 5 3 % ) ,

con-flito ( 5 , 3 7 % ) , e atonicidade ( 4 , 3 4 % ) ; eo PM em termos de erotismo ( 1 4 , 1 9 % ) ,

inso-ciabilidade ( 1 2 , 3 5 % ) , liderança ( 1 1 , 2 9 % ) , aparência frsica ( 1 0 , 0 7 % ) , emoção ( 8 , 6 6 % ) , desvio ( 7 , 3 3 % ) , e assertividade ( 6 , 2 7 % ) . Assim, o PF se organiza entre

pólos contradit6rios: estados subjetivos desconfortáveis são seguidos por relatos de

erotismo, lazer e evasão; dependência por descrições de assertividade, ete. O PM,

em contraste, além de er6t1co, rico, Irder, satisfeito e inteligente, é distante e em

desvio às normas aceitas.

The characters of SABRINA magazine - a content analysls

ABSTRACT

VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

T h e p u r p o s e o f t h is w o r k w a s t o d e s c r ib e t h e c o n t e n t c o n v e y e d t h r o u g h S A B R I -N A m a g a z in e a b o u t b o t h t h e t w o m a in c h a r a c t e r s , f e m in in e ( F C ) a n d m a s c u lir . e ( M C ) o n e s . S e v e n is s u e s w e r e a n a ly s e d , p ic k e d u p f r o m e a c h b lo c k o f 6 0 is s u e s , f r o m w ic h 7 6 3 2 m e s s a g e s w e r e c o lle c t e d . T h e r e s u / t soss t a t is t ic a l a n a / y s is s h o w e d s ig n if ic a n t u n if o r m it y o f f r e q u e n c ie s in t h e u s e o f6 4 s y m b o lic c a t e g o r ie s t o d e s c r ib e t h e c h a r a c t e r s a / o n g o f 1 5 y e a r s o f p u b lic a t io n . B e s id e s , t h e F C w a s d e p ic t e d m a in / y in t e r m s o f e m o t io n ( 2 1 , 1 1 % ) , d e p e n d e n c y ( 1 2 , 4 3 % ) , e r o t ic is m ( 1 0 , 0 4 % ) , a s s e r liv it y ( 5 , 7 % ) , p h y s ic a / a s p e c t s ( 5 , 5 3 % ) , c o n f / ic t ( 5 , 3 7 % ) a n d a t o n ic it y ( 4 , 3 4 % ) ; a n d t h e M C , a c c o r d in g t o e r o t ic is m ( 1 4 , 1 9 % ) , in s o c ia b ilit y ( 1 2 , 3 5 % ) , / e a d e r s h ip ( 1 1 , 2 % ) , p h y s ic a l a s p e c t s ( 1 0 , 0 7 % ) , e m o t io n ( 8 , 6 6 % ) , d e v ia t io n ( 7 , 3 3 % ) , a n d a s s e r t iv it y ( 6 , 2 7 % ) . T h u s , t h e F C w a s o r g a n is e d in b e t w e e n c o n t r a d ic t o r ie s p o t e s : d e s c o n f o r -la b le s u b je t iv e s t e t e s w e r e f o llo w e d b y a c c o u n t s o f e r o t ic is m ; / e is u r e a n d e v a s io n ; d e p e n d e n c y b y d e s c r ip t io n s o f a s s e r liv it y , e t e • • • T h e M C , in comrest; b e s id e s e~

t ie , r ic h , le a d e r , s a t is f ie d a n d in t e lig e n t w a s d is t a n t a n d in d e v ia t io n f r o m a c c e p t e d r u le s .

, Professor Adjunto do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasnia.

(2)

INTRODUÇÃO

Há poucos estudos psicossociais sobre os meios de comunicação de mas em nosso meio, apesar de quase ninguém duvidar de sua importância como v

r

culo de socialização, de formador de opiniões e atitudes de amplas parcelas d , sociedade. Contudo, desde os estudos pioneiros de Benjamin (1979) e Adorno (1977), seguidos pelos de Lazarsfeld e colaboradores (Lazarsfeld et

DCBA

a í . 1948, Katz

Lazarsfeld, 1955, Katz, 1960), que discute-se a capacidade de os meios de comu nicação de massa criarem novos valores e de suas mensagens alcançarem dir tamente as consciências individuais, sem passarem por transformações psico sociais, a partir de dinâmicas grupais. Mais recentemente, alguns esforços têm I do feitos para observar as relações complexas entre um pólo e outro do proces , o

de comunicação. Indo nessa direção, -planejamos um estudo que, numa prim I r I

etapa, aprofundássemos nossos conhecimentos a respeito de um veículo, caracu rizando e identificando os conteúdos veiculados pelo mesmo ao longo de todo1 1

período de publicação, para que, em etapa posterior, investigássemos os próprio leitores, a fim de analisar a existência de paralelismo entre o que se pretendeu v cular e o que de fato foi representado socialmente.

Nosso interesse recaiu sobre a revista SABRINA, que é vendida em bancas d

jornal em quase todo op a í s , há quase duas décadas. Após uma leitura prelimln1 1

de alguns números publicados, pudemos observar que os relatos giravam em tOI no de estórias de romance entre um personagem feminino principal e seu parceko masculino. Decidimos portanto realizar uma observação sistemática das descrl ções desses dois personagens, incluindo situações vividas pelos mesmos, a1 1 r 1 l

de compreender o método de construção utilizado pela revista, desde o seu apar cimento no Brasil até os dias atuais.

MÉTODO

KJIHGFEDCBA

• M aterial A nalisado

o método empregado, conforme dissemos, foi o de observação sistemática ( 1 1

conteúdos de significado contidos nos textos. O que implica em levar em con I deração a totalidade do material procuzido e publicado da revista no país no qw concerne aos objetivos fixados, ou seja, descrição dos personagens principal' das situações vividas pelos mesmos. Para tanto, procedeu-se a uma amostrac 1 1 1

do material, que consistiu no sorteio de um número a cada bloco de 60, totalizarulo sete números, en1re 429 já publicados naquele momento.

• P rocedim ento de A nálise

Uma vez identificados os personagens principais, masculino e feminino, for1 1 1 1

reunidos todas as fases e atributos referentes aos mesmos em todo mal IIII amostrado. Assim, foram transcritos adjetivos, substantivos, verbos, advérbio , entre outras formas lingufsticas que foram usadas para descrever caracterfstl I

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estados intemos e comportamentos que explicitamente fizessem parte da perso-nalidade total dos protagonistas. Além disso, foram recolhidas informações quanto

à idade, grupo étnico, religião, estado civil dos mesmos. Em seguida, esse material

loi categorizado, segundo procedimento de análise de conteúdo de temas encon-trados, procurando agrupar os significados mais próximos a respeito dos objetos de representação (personagem e situações), a partir da leitura de dois jufzes inde-pendentes (Bardin, 1979, Berelson, 1952). Posteriormente, se passou à contagem

de freqüência para cada categoria.

Em relação à análise de situações o procedimento foi praticamente o mesmo.

Ou seja, procuramos listar as situações onde os personagens desempenhassem seus papéis segundo a atividade exercida, as quais foram objeto de categorização e contagem de frequência e aparição nos textos.

Os dados obtidos foram postos em tabelas ou sistemas de categorias, a fim de efetuar a comparação dos significados ternáticos empregados, segundo o sexo e os tipos de situação encontrados. A comparação se deu em termos sobretudo de análise quantitativa e verificação de significância estatística, com uso de testes de regressão múltipla e teste t.

RESULTADOS

Primeiramente, empreendemos uma análise de regressão múltipla entre as dis-lribuiçoes de frequência de 64 categorias analisadas para os sete números da re-vista e encontramos alguma diferença significativa para três categorias utilizadas para descrever o personagem feminino. De sorte que existe uma alta regularidade no modo como foram construfdos os personagens (escolha de dimensões, e sua hlerarquização), ao longo e quase duas décadas de publicação da revista, apesar dagrande variedade de atributos utilizados.

Os principais resultados da análise de conteúdos estão dispostos nas três ta-belas abaixo: FEMININO (1) 21,11% (2) 12,43 (3) 10,04 (4) 5,70 (5) 5,53 (6) 5,37 (7) 4,34 (8) 3,96 (9) 3,56 (10) 3,3 (11) 3,19 (12) 3,12 (13) 3,0 • p<.048 • p-c .01 • p<.016

• p e .002

• p-e .001

MASCULINO ( 5) 8,66% (15) 1,49 ( 1) 14,19 (7) 6,27 ( 4) 10,07 (19) 1,01 (17) 1,37

( 2) 12,35 • p< .032 ( 8) 4,31

(10) 3,21 (21) 0,47 (12) 2,19 ( 6) 7,33 moção Dependência rotismo Assertividade Aparência ffsica onflito Alonicidade Insociabilidade edução utocontrole Menoridade onicidade sviância

• p - e .000

• p< .003

(3)

Cont.: Sem autocontrole Dor Conformismo Sociabilidade Capacidade Satisfação Criatividade Liderança Suavidade Inteligência Outros FEMININO (14) 2,67 (15) 1,90 (16) 1,62 (17) 1,19 (18) 1,17 (19) 0,93 (20) 0,84 (21) 0,79 (22) 0,65 (23) 0,53 3,28 100,00 • p<.026 • p< .013

MASCULINO (20) 0,54 (23) 0,03 (14) 1,68 (9) 3,96 (13) 1,21 (11) 2,47 (22) 0,39 ( 3) 11,29 (18) 1,21 (16) 1,45

1,98 100,00

• p< 0.69

DCBA

• p - e .005

Quadro I - Atributos e comportamentos dos personagens principais (masculino e feminino) da revista SABRINA.

No Quadro I podemos ler na coluna mais a esquerda a denominação das cal gorias mais usadas para descrever os personagens, acompanhadas por suI percentagens de freqüência, as quais tem asterisco ao lado quando as diferenç numéricas entre os personagens foram significativas estatisticamente. Além dis 0 ,

junto a cada percentagem lê-se a sua posição em termos de ordem decrescenl de freqüência para cada sexo.

Abaixo apresentamos exemplos de dados encontrados e reunidos em tomo d

cada categoria:

- Emoção: "apaixonar-se", "ódio", "carência", "amargura", "tremer por dentro", - Dependência: "fraca", "exposta", "vulnerável", "insegurança", "indefe ., "sem coragem".

- Erotismo: "sentir ffsico", "acariciar", "experiência sexual", "em chamas", - Assertividade: "brava", "arrogante", "teimosa", "insistente".

- Conflito: "debatia-se", "confusa", "angustiada".

- Insociabilidade: "solitária", "misterioso", "distante", "mundo a parte", "e 1 1

nho".

- Sedução: "fingir", "magnetismo", "provocante".

- Desviância: "delinqüente"; "sádico"; "diabólico", "malandro", "pecador", - Liderança: "dominante", "solene", "vencedor", "ampara".

Embora tenhamos encontrado um número relativamente alto de dimen, , usadas nas descrições, no caso do PF seis categorias de significado recobru til' 60,18% do material e, do PM, por sua vez, sete representaram 70,16% dI Ii descrição total. Essas categorias foram as seguintes, em ordem decrescenlt I freqüência para o PF: Emoção, Dependência, Erotismo, Assertivld u l

Aparência Frsica e Conflito, para o PM: Erotismo, Insociabilidade, I ,I rança, Aparência Frsica, Emoção, Desviância, e Assertividade.

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Em relação à análise comparativa entre o PF e PM, as diferenças significativas que encontramos foram as seguintes, em ordem decrescente de freqüência para o PF: Emoção, Dependência, Atonicidade, Conflito, Menoridade, Tonicida-de, Sem Auto-Controle, Dor, Criatividade, para o PM: Insociabilidade

li-derança, Sociabilidade. '

No que concerne às situações em que os personagens desenrolam a trama das estórias, foram categorizadas basicamente em atividades que definimos como de Lazer/Prazer e Cotidiano. Os resultados obndos podem ser lidos a partir das tabelas li e1 1 1 abaixo.

TABELA li - Situações vividas pelos personagens em termos de Lazer/Pra-zer ICotidiano.

LAZERIPRAZER 010 COTIDIANO

%

- Ambientes externos 28,29 - Repouso 4,17 - Deslocamentos 21,21 - Tarefas Domésticas 4,39 - Sociabilidade 19,63 - Tarefas não domésticas 4,39 - Erotismo 12,07 - Estados mórbidos 2,3

- Consumo 3,5 - Outros 0,05

Na Tabela li, podemos ler que entre as atividades de Lazer/Prazer há três que se destacaram em freqüência, quais sejam: a descrição de Ambientes Exter-nos (não-domésticos), Deslocamentos, Sociabilidade e Erotismo.

Por outro lado, se compararmos apenas a freqüência global de situações La-zer/Prazer com as de Cotidiano, ressalta a maior presença da primeira sobre a última

em

mais de cinco vezes,

Tabela 1 1 1 - Distribuição de freqüência (em termos absolutos) de situações vividas

pelos personagens feminino e masculuno.

COTIDIANO - Repouso

- Tarefas domésticas - Tarefas não domésticas - Estados mórbidos

PF

32

31

32

19 PM 2 5 4

N~ Tab:la IIJ, lê-se sobretudo que em termos de Cotidiano, o PF aparece mais em sl.tuaçoes de Repouso, de execução de Tarefas domésticas e não-do-mésticas. Surpreendentemente encontramos a situação de Estados mórbido recebendo tratamento relativamente numeroso por parte da revista em foco.

(4)

Outros dados tratados referentesDCBAà faixa etárta, etnia, religião, estado civil e

po-sição social dos personagens, foram os seguintes.

D e modo geral o PF é tratado como sendo jovens, algumas vezes adulto e nunca de idade a~ançada, enquanto o PM é descrito predominantemente como

adulto e de idade avançada. . ..

Em termos étnicos, dos sete textos consultados apenas dois se refennam e.x· plicitamente à origem étnica do PF (inglesa), outr~s signos sendo usados como

m-dicadores de anglosaxonicidade, enquanto que cinco te~tos trataram o PM como de origem não-inglesa, em geral proveniente de países latinos.

Por outro lado, não houve referência explfcita para ambos. os personagens d suas orientações religiosas, inclusive não constando de quaisquer das cenas d situações vividas.

Quanto ao estado civil, tanto o PF como o PM são descritos, sobretudo, como não solteiros, variando de ex-casado à noivo, etc. .'

Em relação à posição social, observamos que o PM é ~escnto .na maior ~art

como possuidor de recursos materiais excepcionais, próprios de .ncos e muito ri cos, em contraste com o PF que possui, via de regra, recursos mais modestos.

DISCUSSÃO

Globalmente, podenamos dizer que essas estórias relatam romanc~s em.torno de personagens femininos e masculinos. Contudo, dado o volume muito ~alor d descrições e situações sobre o PF, chegando a ser quase o dobro do dedl?ado 10

PM, podemos afirmar que se tratam de romances femininos, nos quais o PM aparece quase como um co-adjuvante im~rtante, tant? qua.nto out~os eleme~to que giram em torno daquele primeiro. Ou seja, as estórias s~o escnta~ a partlr d um suposto ponto de vista feminino, do qual se oferece um numero muito maior dI informações, que resultam, provavelmente, em maior identificação entr~ o I 1 1 0 1

feminino e os relatos da revista. O argumento que os autores dessas revistas> til dos de nomes de sexo feminino -, tenham contribuido para tal resultado parece no relevante, mas, visto que há alta correlação entre o métod.o de.construção de

r

1

sonagens usados quando os textos foram escritos em prínclpio por sete pes o \ diferentes, pensa~os tratar-se sobretudo de empreencrnenío industrial e con«I

cial planejado, o autor contribuindo pouco em termos pessoais.

Mas qual a subjetividade feminina que é tratada pela SABRINA? . . Em primeiro lugar, há alta concentração de descrições a respel~o d~ vid f i I

cológica interna do PF, a qual é referida em termos de estados e~oc~onals vivido Estes tendem a ser de natureza desconfortável, tal como expenên~,~s de conllll,' carência, medo, etc., além de atonicidade predomina~do sobre tonícídade, estados são regularmente seguidos, em compensaçao, por m?mentos de WU, mo, presentes tanto nos relatos de PF como nos do PM. Ademais, o PF é~arc \ I '

por condição de dependência, o que também é compensado pelas descriçõ

I'

assertividade. Contudo, o PF é também uma mulher conformista., conti~~, dolOlhl e, sobretudo, em busca da realização amorosa e de evasão d.aVida c.o~dlan , " um homem erótico, adulto, latino, rico, entre outros traços pstcossociars, Par 1 ' \

Revista de Psicologia, Fortaleza, V. 9 (1/2), V. 10 (1/2); p. 121 • p. 128,

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ter tal objeto de desejo, o PF usa estratégias que vão desde a aparência ffsica, se-dução, conformismo, até o uso de apelo sentimental, de sua condição de depen-dência e desconforto psicológico, bem como de outras caracterfsticas mais mo-dernas na mulher, tais como assertividade e criatividade.

Em relação ao PM, como dissemos, ele existe como objeto de representação e/ou desejo do PF e é descrito, por isso mesmo, mais externamente do que inter-namente. Nos textos que observamos, o PF tem oportunidade de encontrar e ex-perimentar o PM, porém ele é uma figura bastante idealizada, visto como alguém distante, estranho e muito bem sucedido na vida: Ifder, satisfeito, inteligente, o que contrasta com o relato modesto e mesmo negativo apresentado sobre o PF. Ainda outro conjunto de dados agrupados, indica que o PM tem forte tendência à

des-viância, a romper com as regras de moralidade convencionais, o que considera-mos como outra manifestação do desejo de evasão do PF veiculado pela revista. Ao mesmo tempo, o PM apresenta certa quantidade de vida emocional, sociabili-dade e suavisociabili-dade. Enfim, o PM é alguém que proporcionará realização afetiva e sexual ao PF, mas também o acesso à situações de lazer/prazer, vividas

con-jmtarnente para além da vida cotidiana, rotineira e modesta.

CONCLUSÕES

Trata-se de revista escrita a partir de um ponto de vista que se pretende femini-no, ou seja, descrevendo a vida subjetiva de mulheres comuns, que vivem, ao pia-no da ficção, desejos incomuns de distração e lazer.

Sendo revista destinada ao consumo em larga escala, e em época de transição cultural, o retrato que apresenta da mulher é contraditório, pois, se ela é af algo as-sertiva, principalmente por explicitar seus desejos sexuais, sua preferência por homens desviantes, ela ainda é dependente, conformista, em estado de conflito e incapaz de encontrar um estado interno satisfat6rio e autônomo, senão com

e através do PM. Resta saber se as leitoras dessas revistas consideram o

mes-mo dos personagens e de si mesmas - é o que procuraremos responder em

pró-ximo estudo.

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