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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO S-

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA

REGISTRADO* A) SOB

A C Ó R D Ã O *03819527*

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Direta de Inconstitucionalidade n° 39.2011.8.26.0000 e Agravo Regimental n° 0303072-39.2011.8.26.0000/50000, da Comarca de São Paulo, em que é autor PREFEITO DO MUNICÍPIO DE FRANCA, e réu PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FRANCA, sendo agravante PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FRANCA, e agravado PREFEITO DO MUNICÍPIO DE FRANCA.

ACORDAM, em Órgão Especial do Tribunal de Justiça

de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "JULGARAM A AÇÃO PROCEDENTE, PREJUDICADO O AGRAVO REGIMENTAL. V.U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores IVAN SARTORI (Presidente), CORRÊA VIANNA, GONZAGA FRANCESCHINI, ALVES BEVILACQUA, DE SANTI RIBEIRO, GUERRIERI REZENDE, WALTER DE ALMEIDA GUILHERME, ELLIOT AKEL, CASTILHO BARBOSA, ANTÔNIO LUIZ PIRES NETO, ANTÔNIO CARLOS MALHEIROS, ARTUR MARQUES, RUY COPPOLA, RENATO NALINI, CAMPOS MELLO, ROBERTO MAC CRACKEN, KIOITSI CHICUTA, ENIO ZULIANI, LUÍS SOARES DE MELLO, GRAVA BRAZIL, LUIZ ANTÔNIO DE GODOY, RIBEIRO DA SILVA e URBANO RUIZ.

São Paulo, 27 de junho de 2012.

CAUDURO PADIN

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO N ° : 19223

ADI N°: 0303072-39.2011.8.26.0000 E

AGRV. REGIMENTAL N° 0303072-39.2011.8.26.0000/50000 COMARCA: SÃO PAULO

AUTOR E AGRAVADO: PREFEITO DO MUNICÍPIO DE FRANCA

RÉU E AGRAVANTE: PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE FRANCA

Ação direta de inconstitucionalidade. Lei Orgânica do Município de Franca. Disposição sobre quorum qualificado de 2/3 para aprovação de matérias veiculadas por leis complementares e ordinárias. Violação ao princípio da simetria. Necessidade de observância do paradigma constitucional (federal e estadual), que estabelecem o quorum de maioria simples e absoluta, não qualificada. Ação procedente, prejudicado o regimental.

Vistos.

Cuida-se ação direta de inconstitucionalidade do art. 47, §3°, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, XI, XVI, XVII e XVIII, da Lei Orgânica do Município de Franca que dispõe sobre o

quorum de deliberação e aprovação de projetos de leis que t r a t e m

das matérias ali especificadas.

Alega o autor afronta ao princípio da simetria, pois o processo legislativo municipal deve seguir aquele estatuído em nível estadual e federal. Diz que o quorum estabelecido nas

:=Qonstituições Federal e Estadual, quanto à lei ordinária, é o da

maioria simples e, quanto às leis complementares, da maioria ^absoluta. O quorum qualificado de 2 / 3 somente é exigido para

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rejeição de parecer prévio do Tribunal de Contas e cassação de m a n d a t o do Prefeito.

Assevera que, no caso, as matérias veiculadas nos textos normativos i m p u g n a d o s dizem respeito a leis complementares e ordinárias, de modo que a quorum de aprovação deveria ser de maioria absoluta ou simples, conforme o caso, não de maioria qualificada de 2 / 3 .

Pede, por fim, a declaração de inconstitucionalidade dos incisos do art. 47, §3°, da Lei Orgânica do Município de Franca.

A liminar foi concedida (fls. 154/155).

A Câmara Municipal, por sua vez, interpôs agravo regimental, devido à ausência de periculum in mora (fls. 162/167); e prestou informações a fls. 182/185, reiterados os termos do agravo.

O Procurador Geral do Estado, em seu parecer, manifestou desinteresse na defesa do ato i m p u g n a d o (fls. 174/176).

A Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo acolhimento do pedido (fls. 190/198).

O agravo e a ação são apreciados em conjunto, observada ordem adequada na pauta.

É o relatório.

A ação visa ao reconhecimento da in^qnstitucionalidade do art. 47, §3°, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, XI, XVI, XVII e XVIII, da Lei Orgânica do Município de •Franca, que estabelece o seguinte:

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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"Art. 47. A discussão e a votação da matéria constante da Ordem do Dia só poderá ser efetuada com a presença da maioria absoluta dos membros da Câmara.

§ 3o. Dependerão do voto favorável de dois terços dos membros da Câmara a aprovação e as alterações das seguintes matérias:

I - Código Tributário do Município; II - Código de Obras ou de Edificações;

III - Estatuto dos Servidores Públicos Municipais; IV - criação de cargos;

V - Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado; VI - concessão de serviços públicos;

VII - concessão de direito real de uso; VIII - alienação de bens imóveis;

IX - orçamento e suplementaçÔes, plano plurianual e diretrizes orçamentárias

XI - concessão de título de Cidadão Honorário ou qualquer honraria ou homenagem;

XVI - Constituição ou participação em consórcios municipais, conforme prevê o art, 104 desta Lei Orgânica

XVII- Código de Postura

XVIII - Regime jurídico Único dos Servidores"'. D i s p õ e a C o n s t i t u i ç ã o d o E s t a d o d e São P a u l o :

"Artigo 5o - São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Artigo 10 - A Assembléia Legislativa funcionará em essões públicas, presente, pelo menos, um quarto de seus membros.

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§1° - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações da Assembléia Legislativa e de suas Comissões serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Artigo 23 - As leis complementar es serão aprovadas

pela maioria absoluta dos membros da Assembléia Legislativa, observados os demais termos da votação das leis ordinárias.

Artigo 144 - Os Municípios, com autonomia política,

legislativa, administrativa e financeira se auto-organizarão por lei orgânica, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal e nesta Constituição".

Observa-se, então, que o processo legislativo dos Municípios, a cargo da Câmara de Vereadores, deve observar os princípios estabelecidos na Constituição Federal e também na Constituição do Estado de São Paulo.

A partir daí, quanto ao quorum de votação e deliberação para aprovação de projetos de lei, faz-se necessária a observância, pelos Municípios, dos critérios e princípios estabelecidos tanto na Constituição Federal q u a n t o na Constituição Estadual.

No caso, a Constituição Estadual reservou ao

quorum da maioria qualificada de dois terços apenas as votações

referentes à suspensão das imunidades dos D e p u t a d o s Estaduais d u r a n t e estado de sítio (art. 14, §8°) e admissão de acusação contra o Governador por crime de responsabilidade (art. 49).

Já a Constituição Federal faz referência ao quorum \ (jíralifiçado q u a n d o especifica a votação para aprovação da Lei \ \ \ Orgânica Municipal (art. 29), rejeição do parecer prévio com as ^ ^ \ : o n t a s do Executivo (art. 31, §2°), autorização, pela Câmara dos

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SAO PAULO

5 D e p u t a d o s , d e i n s t a u r a ç ã o d e p r o c e s s o c o n t r a o P r e s i d e n t e e V i c e -P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a e a d m i s s ã o d e a c u s a ç ã o c o n t r a a m b o s ( a r t s . 5 1 , I e 86), c o n d e n a ç ã o , p e l o S e n a d o F e d e r a l , d e a u t o r i d a d e s p o r c r i m e d e r e s p o n s a b i l i d a d e (art. 52, p a r á g r a f o ú n i c o ) , s u s p e n s ã o d a s i m u n i d a d e s d o s p a r l a m e n t a r e s (art. 53, §8°) e f i x a ç ã o , p e l o S e n a d o F e d e r a l , d a s a l í q u o t a s m á x i m a s d o ICMS (art. 155, §2°, V, b). D e s s a f o r m a , i m p o s s í v e l q u e o L e g i s l a t i v o M u n i c i p a l , p o r m e i o d e E m e n d a à Lei O r g â n i c a , i n c l u a n o rol d a s m a t é r i a s s u j e i t a s a v o t a ç ã o p o r quorum q u a l i f i c a d o a q u e l a s n ã o p r e v i s t a s n a C o n s t i t u i ç ã o F e d e r a l ou n a C o n s t i t u i ç ã o E s t a d u a l . D i s p õ e o art. 270, da Lei O r g â n i c a d o M u n i c í p i o d e F r a n c a :

"Art. 270. São leis complementar es a esta hei

Orgânica, as seguintes:

I - Código Tributário Municipal;

II - Código de Obras ou de Edificações; III- Código de Posturas;

IV- Código de Zoneamento;

V - Código de Parcelamento e Uso do Solo;

VI- Plano Diretor;

VII- Regime Jurídico Único dos Servidores; VIII- Código de Defesa e Impacto Ambiental.

Parágrafo Único. As leis complementar es exigem

para a sua aprovação o voto favorável de dois terços dos membros da Câmara".

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Nota-se que as matérias indicadas no art. 47, §3°, I, II, III, V, XVII, XVIII, da Lei Orgânica do Município de Franca, e objeto da presente Ação Direta, devem ser veiculadas por meio de Lei Complementar (conforme o art. 270, II, III, VI e VII), cujo

quorum de aprovação é de maioria absoluta, nos moldes do art. 23,

da Constituição Bandeirante (e art. 69, da Constituição Federal). A imposição de maioria qualificada no parágrafo único do art. 270, da Lei Orgânica, também fere a Constituição Estadual.

As demais matérias estão residualmente afeitas a Leis Ordinárias, cujo quorum de aprovação é de maioria simples (art. 10, §1°, da Constituição Estadual, e art. 47, da Constituição Federal).

Este C. Órgão Especial já teve a o p o r t u n i d a d e de decidir pela inconstitucionalidade de normas que, ao alterarem o processo legislativo, especificamente quanto ao quorum de votação, não observaram o princípio da simetria:

"DIREITO CONSTITUCIONAL - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE LEI ORGÂNICA MUNICIPAL -PROCESSO DE CASSAÇÃO DE PREFEITO - QUORUM - MAIORIA ABSOLUTA PRINCIPIO DA SIMETRIA VIOLAÇÃO -INCONSTITUCIONALIDADE VERIFICADA - As normas referentes ao processo de cassação de Prefeito Municipal submetem-se ao princípio da simetria, inscrito nos arts. 29 e, especificamente, 86 da Constituição Federal e no art. 144 da Constituição Bandeirante - Precedente do Colendo Órgão Especial declarando a inconstitucionalidade do inciso V

t. 72 da Lei Orgânica Municipal de Itararé em controle difuso -Ação procedente" (ADI n. 0500412-25.2010.8.26.0000, rei. Des. Xavier

de Aquino, j . em 23.11.2011);

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

"INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. Município de Itararé. Lei Orgânica do Município que determina recebimento de denúncia por maioria absoluta. Alegação de colidência com o artigo 86, caput, da CF, que determina recebimento de denúncia por 2/3 dos Deputados. Reconhecimento de violação ao principio da

simetria. Inconstitucionalidade reconhecida. INCIDENTE PROCEDENTE" ( I n c i d e n t e d e I n c o n s t i t u c i o n a l i d a d e n. 1 7 4 . 8 1 9 0 / 3

-00, r e i . D e s . A r m a n d o T o l e d o , j . e m 5.8.2009).

Do p r i m e i r o a c ó r d ã o , a l i á s , e x t r a i - s e o s e g u i n t e : "'{...) De fato, no âmbito de seu poder de auto-organização, o município tem limites constitucionais bem explícitos, como nos indica o artigo 29, 'caput', da Constituição da República.

É dizer, o Município organiza-se e rege-se por sua Lei Orgânica e demais leis que adotar, mas, para atingir tal desiderato, há que observar os princípios da Constituição da República e da Constituição do respectivo Estado.

E autônomo o Município, nos termos da Constituição: Autonomia, entretanto, não significa a apropriação de liberdade ilimitada para dispor normativa e organizacionalmente sobre os poderes municipais. Há que se respeitar a fonte única dos poderes: a Constituição da República [citação omitida].

Decorre daí que, no ponto questionado, o legislador municipal deveria ter adotado, como parâmetro, o texto constitucional. Ainda que bem intencionado, não lhe cabia inovar definindo quorum de

oria absoluta diferente do estabelecido no art. 86 da CF ou no art. 49 E, que é de 2/3 (dois terços), para a admissão de denúncia por ção político administrativa contra o chefe do Poder Executivo'".

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I m p o r t a n t e , t a m b é m , o v o t o d o D e s . W a l t e r d e A l m e i d a G u i l h e r m e , p r o f e r i d o q u a n d o d o j u l g a m e n t o d a ADI n. 0103205-02.2010.8.26.0000:

" C o m p r e e n d e n d o o processo legislativo a elaboração dos tipos descritos no art. 59 da Constituição Federal, claro está que a fixação do q u o r u m de aprovação nela se inclui, vindo a Carta da República por criar o de maioria s i m p l e s (voto de mais da metade dos presentes, desde que presente a maioria dos membros do órgão deliberativo); maioria a b s o l u t a (voto de mais da metade de seus membros); três q u i n t o s dos votos dos membros; dois terços dos votos de seus membros; e dois q u i n t o s dos votos dos membros (art. 223, § 2o, da CF).

A Constituição do Estado de São Paulo, no art. 10, §

Io, seguindo o modelo federal disposto no art. 47 da

Constituição da República, prescreve que " Salvo

disposição constitucional em contrário, as deliberações da Assembléia Legislativa e de suas Comissões serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria absoluta de seus membros" (é o q u o r u m comum de maioria simples). Pois bem, no já citado art. 19 da CE, t r a t a n d o das autorizações legislativas, não há menção a q u o r u m , pelo que vigora o comum de maioria s i m p l e s . Não poderia, destarte, a Lei Orgânica do Município de Presidente Prudente, dispor diferentemente, exigindo q u o r u m qualificado.

O Supremo Tribunal Federal tem afirmado, reiteradamente, que as regras básicas do processo legislativo federal são de observância obrigatória pelos Estados-membros e Municípios, incluindo-se

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entre elas o quorum de aprovação pelo Poder Legislativo".

Ante o exposto, o meu voto julga procedente o p e d i d o para declarar a inconstitucionalidade do art. 47, §3°, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, XI, XVI, XVII e XVIII, e, por arrastamento, do art. 270, parágrafo único, da Lei Orgânica do Município de Franca, confirmada a liminar e prejudicado o agravo regimental.

Referências

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