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Estudo do Fluxo de Reserva Coronariana no Seio Coronariano Através de Doppler Ecocardiograma Transesofágico em Indivíduos Normais

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Instituto do Coração do Hospital das Clínicas – FMUSP, São Paulo e Klinik für Herz – und Gefässchirugie, Suíça

Correspondência: José Ramos Filho – Rua José Domingues, 420 – 12900-000 – Bragança Paulista, SP – E-mail : jramos-uti@uol.com.br

Recebido para publicação em 20/8/01 Aceito 12/2/01

Objetivo - Avaliar o fluxo de reserva coronariana no

seio coronariano através de Doppler ecocardiograma transesofágico em indivíduos normais.

Métodos - Obtivemos amostras adequadas de fluxo

em 10 indivíduos (37±8 anos, cinco homens) sem história de doenças cardíacas e sistêmicas, com massa ventricular média pelo ecocardiograma transtorácico de 87±18 g/m2.

Avaliamos a velocidade do fluxo sangüíneo no seio coronariano em repouso e durante 4min de infusão endovenosa contínua de adenosina, na dose de 140ug/kg/ min. Obtivemos a velocidade do pico sistólico, diastólico e retrógrado (PSV, PDV e PRV cm/s), a velocidade média sistólica e diastólica (MSV, MDV, cm/s) e o tempo integral de velocidade sistólica e diastólica (VTI S e VTI D, cm/s).

Resultados - O fluxo de reserva coronariana foi

calcu-lado como a velocidade de fluxo sangüíneo medido em nível basal e durante hiperemia máxima induzida pela adenosi-na por via endovenosa, usando-se a seguinte fórmula: (FRC= PSV + PDV – PRV/ PSV basal) e os resultados en-contrados foram os seguintes: 1º minuto = 2,2± 0,21; 2º mi-nuto = 3 ±0,3; 3º mimi-nuto = 3,4±0,37; 4º mimi-nuto = 3,6±0,33.

Conclusão - A velocidade de fluxo no seio

coronaria-no aumentou significativamente a partir do 1º minuto e

velocidades ainda maiores foram observadas principal-mente no 3º e 4º minutos, indicando que talvez seja este o melhor momento para estudar o fluxo de reserva corona-riana no seio coronariano com infusão endovenosa contí-nua de adenosina.

Palavras-chave: Doppler ecocardiograma transesofágico, seio coronariano, reserva coronariana

Arq Bras Cardiol, volume 79 (nº 2), 97-101, 2002

José Ramos Filho, José A. F. Ramires, Marko Turina, Caio J. Medeiros, Mário Lachat, Jeane Tsutsui São Paulo, SP – Zurique, Suíça

Estudo do Fluxo de Reserva Coronariana no Seio Coronariano

Através de Doppler Ecocardiograma Transesofágico em

Indivíduos Normais

A capacidade de aumentar o fluxo sangüíneo corona-riano em resposta à um estímulo apropriado foi denominada fluxo de reserva coronariana ou reserva vasodilatadora co-ronariana 1. Os mais importantes métodos de avaliação do

fluxo de reserva coronariana são caros, invasivos, dispen-dendo tempo e equipamentos laboratoriais apropriados 2-4 .

As principais técnicas usadas para o estudo do fluxo de re-serva coronariana são: medidas de fluxo com Doppler intra-coronariano, tomografia por emissão de pósitrons e medi-das de fluxo no seio coronariano por termodiluição 5. Nos

últimos anos, alguns autores demonstraram a possibilidade de monitorar a velocidade do fluxo sangüíneo no seio coro-nariano e estudar o fluxo de reserva coronariana através de Doppler ecocardiograma transesofágico 6,7.

O Doppler ecocardiograma transesofágico é um proce-dimento semi-invasivo, com baixo índice de complicações, que permite avaliar o fluxo sangüíneo no seio coronariano em tempo real, com boa reprodutibilidade, permitindo a mo-nitorização do fluxo antes e após a administração da droga vasodilatadora 8 e fornecendo importantes informações

so-bre o fluxo de reserva coronariana 9. A velocidade de fluxo

no seio coronariano pelo Doppler ecocardiograma transe-sofágico pode ser monitorada de 1 a 1,5cm do óstio, sendo possível obter alinhamento adequado entre os raios ultra-sô-nicos e o fluxo do seio venoso em mais de 90% dos casos 6.

Este método pode ser útil para avaliação do fluxo coronariano em casos específicos de lesões obstrutivas limitantes de flu-xo no território coronariano principal e suas ramificações 10,

bem como alterações da microcirculação 9,10 e, portanto,

tor-nando-se de grande aplicabilidade para avaliar pacientes com isquemia miocárdica 11. Com referência às drogas

utili-zadas para avaliação da capacidade vasodilatadora do terri-tório arterial e seio coronariano, a adenosina e o dipiridamol são conhecidas como drogas efetivas para serem usadas por via intravenosa. A adenosina induz de forma rápida uma vasodilatação massiva, principalmente, mediada pelos re-ceptores purinérgicos A1 e A2, anteriormente, denomina-dos receptores subtipo P1 12,13, podendo provocar

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depres-9 8 9 8 9 8 9 8 9 8

são do nó sinoatrial e atrioventricular (dose dependente) e diminuição da pressão arterial 14,15. Dipiridamol e adenosina

tem sido usados para avaliação do fluxo de reserva corona-riana; ambas as drogas são capazes de produzir um aumento comparável no fluxo coronariano regional e global, tendo a adenosina menos efeitos deletérios sobre as propriedades eletrofisiológicas cardíacas 16 e não produzindo mudanças

significativas no segmento ST, intervalo QT, nível sérico de creatinofosfoquinase e lactato 17. A adenosina tem meia

vida curta, e pode ser usada em bolus ou através de infusão contínua com poucos efeitos adversos 12,17. O efeito do

dipi-ridamol é menos intenso e indireto, produzindo um aumen-to do nível endógeno de adenosina 18. Recentemente,

Kozà-kovà e cols. 19 observaram efeito vasodilatador mais

pronun-ciado com infusão contínua de adenosina endovenosa, en-quanto que a resposta vasodilatadora produzida pelo dipi-ridamol pode ser subestimada em pacientes com doença obstrutiva coronariana 14.

O presente estudo propõe uma avaliação da reserva coronariana pelo Doppler ecocardiograma transesofágico examinando a velocidade do fluxo no seio coronariano no estado basal e após infusão contínua de adenosina por via endovenosa.

Métodos

No período de fevereiro a agosto/97 realizamos exames através de Doppler ecocardiograma transesofágico do seio coronariano e obtivemos amostras tecnicamente adequa-das para análise do fluxo de reserva coronariana em 10 indi-víduos saudáveis, com média etária de 37±8 anos, cinco ho-mens, sem história de doenças cardíacas ou sistêmicas, apresentando índice de massa ventricular esquerda pelo ecocardiograma transtorácico de 87±18 g/m2.

A estenose coronariana foi supostamente excluída após investigação considerada normal (história clínica, amostras sangüíneas, eletrocardiograma basal, teste ergo-métrico, tálio de esforço, Doppler ecocardiograma transto-rácico e transesofágico).

Foi solicitado ao grupo de estudo abster-se de bebi-das alcoólicas, alimentos e bebibebi-das contendo xantinas por um período de 30h antes da realização do exame.

Este estudo foi aprovado pela Comissão Científica e Comitê de Ética do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (Brasil) e da Universidade de Zurique (Suíça) e os indivíduos foram incluídos no protocolo após prévio consentimento.

Nosso grupo controle foi investigado na Unidade de Te-rapia Intensiva, monitorizados com pressão não invasiva, oxí-metro de pulso e eletrocardiograma de três derivações (monitor da Dixtal Biomédica Ind e Co. Ltda., São Paulo , Brasil).

Eletrocardiograma de 12 derivações foi registrado no estado basal e no final de cada minuto de infusão da droga vasodilatadora. A adenosina injetável foi providenciada através do laboratório Wyeth lab; Paris, França e infundida através de bomba de infusão OT-601 (JMS Co; Ltda. Hiro-shima, Japão) em solução contínua durante 4min. Os exames

foram gravados em vídeo cassete (Panasonic VCR) para posterior análise. Durante o estudo foi puncionado veia an-tecubital com cateter intravascular 18G para infusão da dro-ga vasodilatadora e utilizado cateter nasal com 3 l de oxigê-nio/min. A pressão arterial foi medida no final de cada minu-to no braço contralateral ao que recebia a infusão de adeno-sina. O Doppler ecocardiograma transtorácico, usando transdutor de 2.5 MHz, foi realizado antes do exame transe-sofágico em todos os indivíduos. Após anestesia tópica da orofaringe, o indivíduo foi adequadamente posicionado em decúbito lateral esquerdo e levemente sedado com midazo-lan intravenoso na dose de 0.15 a 0.2mg/kg. O seio corona-riano foi estudado usando transdutores de 5MHz monopla-no ou biplamonopla-no ATL 6000 e 4 plus (Ultramark ® 6 e 4 plus; Ad-vanced Technology Laboratories, Inc.; Bothell, WA, USA),

a sonda transesofágica foi lubrificada com lidocaína gel e introduzida no esôfago superior aproximadamente 30 a 40cm dos dentes incisivos e com leves movimentos de retroflexão obtivemos amostras de fluxo através do Doppler no seio coronariano, nos planos transversal e longitudinal (fig.1).

Investigação da velocidade de fluxo no seio corona-riano - O Doppler pulsado foi posicionado à uma distância de 10 a 15mm do óstio, formando um ângulo < 30º entre o si-nal do Doppler e o eixo longo do seio coronariano; a veloci-dade do fluxo foi gravada em seis ciclos cardíacos consecu-tivos no final da expiração no estado basal e durante a infu-são de adenosina; o diâmetro do seio coronariano foi medi-do no estamedi-do basal e após administração da droga vasodila-tadora; a adenosina foi infundida na dose de 140 µg/kg/min durante 4min com gravação da velocidade de fluxo no final de cada minuto; analisamos a velocidade máxima sistólica e diastólica anterógradas, pico máximo de velocidade retró-grada e tempo integral de velocidade sistólica e diastólica (PRV, VTI S e VTI D, cm/s); o fluxo de reserva coronariana foi calculado como a relação entre o fluxo no seio coronaria-no coronaria-no estado basal e máxima vasodilatação ( FRC = PSV + PDV- PRV/Basal PSV).

Quanto à análise estatística, todas as variáveis foram

Fig. 1 – “Zoomed” imagem bidimensional do seio coronariano onde as amostras de fluxo foram obtidas. SC- seio coronariano; AD- átrio direito; VT- valva tricúspide; VD- ventrículo direito.

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9 9 9 99 9 9 99 9 analisadas descritivamente. Para as variáveis contínuas, a

análise foi feita através da observação dos valores mínimos e máximos e do cálculo de médias e desvios-padrão. Para as variáveis classificatórias calculou-se freqüências absolutas e relativas.

Para averiguar o comportamento do grupo consideran-do as condições estudadas fez-se uso da técnica análise de perfil 20, que consiste no ajuste de um modelo linear multivariado

a partir do qual as seguintes hipóteses foram testadas: - H 01 - o perfil médio de resposta é paralelo ao eixo das abscissas, ou seja, não há efeito do fator condição de avaliação. Quando se rejeitou H 01 foram testados os contrastes de interesse.

A estatística de Wilks, com a aproximação para a esta-tística F, foi utilizada no teste das hipóteses acima.

A comparação entre as médias de velocidade do grupo controle foi realizada através do teste t de Student não pareado 21. O nível de significância utilizado para os testes

foi de 5% (p<0,001).

Resultados

A investigação semi-invasiva ocorreu sem incidentes em todos os indivíduos. Não houve mudanças significati-vas nos diâmetros sistólicos, diastólicos e fração de ejeção pelo eco transtorácico com o uso de adenosina. Durante a infusão de adenosina não observamos nenhum efeito ad-verso no grupo estudado. No início do exame houve leve aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial e, quando após, a freqüência cardíaca e pressão arterial retor-naram ao normal, iniciamos a infusão da droga. Amostras adequadas da velocidade de fluxo no seio coronariano fo-ram obtidas em 10 (100%) indivíduos (fig. 2).

Sob o ponto de vista morfológico, observamos 2 tipos de curvas de fluxo no seio coronariano. Amostras com pre-domínio do componente sistólico, a partir do início da infu-são de adenosina, em oito (80%) indivíduos e com predomí-nio do componente diastólico nos outros dois (20%). Ob-servamos amostras bifásicas anterógradas e analisamos o

pico de velocidade sistólica, o pico de velocidade diastólica, velocidade média sistólica, velocidade média diastólica e o tempo integral de velocidade sistólica e diastólica. Um curto pico diastólico retrógrado de velocidade foi observado em todos os indivíduos. A velocidade de fluxo no seio corona-riano, as variáveis PSV, PDV, MSV, MDV, VTI S, VTI D e o fluxo de reserva no seio coronariano aumentaram em todos os indivíduos durante a infusão de adenosina (tab. I).

Um leve aumento da freqüência cardíaca e discreta di-minuição da pressão arterial foram observadas durante a infusão de adenosina, porém, acreditamos não haver tido interferência da freqüência cardíaca e da pressão arterial sobre o fluxo de reserva no seio coronariano.

Durante a infusão de adenosina, a velocidade do fluxo de reserva no seio coronariano aumentou de forma progres-siva durante cada minuto de infusão da droga vasodilatado-ra e os resultados fovasodilatado-ram os seguintes: 2,2±0,21- 1º minuto, 3±0,3 - 2º minuto, 3,4±0,37 - 3º minuto e 3,6±0,33 - 4º minuto. Um aumento significativo foi observado logo no início do 1º e 2º minutos, velocidades mais expressivas foram

observa-Fig. 2 – Amostra normal de curva bifásica do fluxo gravado no seio coronariano, ca-racterizada por fluxo sistólico e diastólico anterógrado, bem como curto período de fluxo retrógrado no final da diástole. Fluxo no seio coronariano no estado basal e no terceiro minuto durante infusão de adenosina. S- fluxo sistólico; D- fluxo diastólico; R- fluxo retrógrado.

Tabela I - Estudo do fluxo de reserva coronariana no seio coronariano pelo Doppler transesofágico em indivíduos normais

Resultados principais, médias e desvios-padrão

PSV PDV PRV VSM VDM TIVS TIVD FC PAS PAD

Repouso 39,3 25,3 23,2 33,3 21,3 7,2 4,3 77 123 78 ± 7,8 ± 3,6 ± 4,8 ± 5,9 ± 3,9 ± 1,6 ± 1,4 ± 14 ± 12 ± 17 Aden 68,6 46,7 25,7 53,5 37,3 14,9 9,5 82 115 76 1min ± 18,4 ± 17,3 ± 4,1 ± 15,2 ± 18,5 ± 6,7 ± 2,8 ± 23 ± 16 ± 15 Aden 88,7 58,7 28,4 66,3 44,9 16,8 13,8 95 115 72 2min ± 20,4 ± 8,9 ± 4,3 ± 21,4 ± 11,3 ± 7,2 ± 6,5 ± 16 ± 24 ± 17 Aden 106,8 59,8 32 73,7 45,8 21,7 14,4 94 112 73 3min ± 22,3 ± 15,4 ± 7,5 ± 24,3 ± 12,1 ± 8,1 ± 7,3 ± 16 ± 16 ± 19 Aden 111,4 66,4 35,4 82,8 52,1 23,8 15,6 90 110 70 4min ± 19,2 ± 19,3 ± 8,2 ± 13,2 ± 15,3 ± 6,4 ± 6,4 ± 17 ± 16 ± 11

PSV- pico sistólico de velocidade; PDV- pico diastólico de velocidade; PRV- pico retrógrado de velocidade; VSM- velocidade sistólica média; VDM - velocidade diastólica média; TIVS- tempo integral de velocidade sistólica; TIVD- tempo integral de velocidade diastólica; FC- freqüência cardíaca; PAS- pressão arterial sistólica; PAD- pressão arterial diastólica; Aden- adenosina.

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1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0

das no 3º e 4º minutos, indicando que talvez seja este o me-lhor momento para analisar o fluxo de reserva coronariana no seio coronariano através do Doppler ecocardiograma transesofágico (fig. 3).

Discussão

As últimas duas décadas apresentaram surpreendente desenvolvimento das técnicas Doppler ecocardiográficas e, atualmente, é possível medir a velocidade de fluxo sangüí-neo no seio coronariano e artérias coronarianas, pelo méto-do Doppler ecocardiograma transesofágico, bem como usar drogas vasodilatadoras, através de infusão endovenosa, capazes de aumentar a velocidade do fluxo sangüíneo e per-mitindo, portanto, comparar as velocidades de fluxos obti-dos no estado basal e no estado de máxima dilatação.

O Doppler ecocardiograma transesofágico é um méto-do semi-invasivo que permite determinar o fluxo de reserva coronariana, através de amostras de fluxo sangüíneo em in-divíduos normais e em várias doenças cardíacas 6,19,22,

sen-do atualmente possível fazer comparações com outros méto-dos previamente descritos 4,23.

O fluxo de reserva coronariana é o ponto central para se obter informações sobre a real situação das artérias coro-narianas e microcirculação, permitindo-nos inclusive, sub-sídios para entender as limitações de fluxo no território co-ronariano 24 e tem sido usado para avaliar resultados de

an-gioplastia 25. Nossa proposta é avaliar indivíduos normais

para posteriormente, avaliá-los com os resultados obtidos após angioplastia e cirurgia de revascularização miocárdica. Para avaliar o fluxo de reserva coronariana, diferentes drogas vasodilatadoras tem sido utilizadas, entretanto, es-colhemos a adenosina por ser uma droga efetiva, com pou-cos efeitos colaterais quando comparada a outras drogas.

Em 1991, Illiceto e cols.8 descreveram pela primeira vez

o cálculo de fluxo de reserva coronariana pelo Doppler eco-cardiograma transesofágico medindo a velocidade de fluxo coronariano na artéria descendente anterior em indivíduos sem e em pacientes com doença das artérias coronarianas. O fluxo de reserva coronariana nesse grupo controle obtido pelo método Doppler ecocardiograma transesofágico foi 3,2±1 e nos pacientes com estenose significativa da artéria

Fig. 3 - Fluxo de reserva coronariana no seio coronariano em indivíduos normais. Frc - Fluxo de reserva coronariana.

descendente anterior, 1,5±1,5. No mesmo ano Kern e cols.17

investigaram o fluxo de reserva coronariana com infusão endovenosa de adenosina na dose de 50, 100 e 150ug/kg e mediu a velocidade de fluxo no estado basal e hiperêmico durante 3min e observaram um aumento na velocidade de fluxo com a máxima dose infundida em pacientes sem doen-ça coronariana e o fluxo de reserva coronariana foi 2,94±1,5. Redberg e cols. 26 relataram, posteriormente, a

possibili-dade de monitorar o fluxo da artéria descendente anterior em, aproximadamente, 70% a 80% dos casos. Tsutsui e cols. 27

de-monstraram o fluxo de reserva coronariana na artéria descen-dente anterior durante infusão endovenosa de adenosina num grupo controle de indivíduos saudáveis e observaram resulta-dos similares, quando compararam com esturesulta-dos prévios.

Segundo Taams e cols. 28, quando o fluxo de reserva

coronariana for >2 através de Doppler ecocardiograma tran-sesofágico, não deve existir estenose crítica da artéria des-cendente anterior.

Medidas de amostras de velocidade de fluxo pelo Doppler no seio coronariano durante infusão intravenosa de dipiridamol foram obtidas para avaliar o fluxo de reserva no seio coronariano, comparando pacientes sem doença cardíaca e com cardiomiopatia dilatada 6.

No grupo controle de Siostrzonek e cols. 6, foram

anali-sados nove pacientes com suspeita de embolia cerebral sem doença cardíaca e o fluxo de reserva coronariana foi 3,4±2, sen-do o valor sen-do fluxo de reserva coronariana de 1,8, usasen-do como referência para comparar os resultados de pacientes sem doen-ça cardíaca, dos portadores de cardiomiopatia dilatada.

Nesse estudo, um aumento significante da velocidade de fluxo no seio coronariano foi observado em mais de 95% dos pacientes do grupo controle, porém, o fluxo de reserva coronariana aumentou somente em três de nove pacientes com cardiomiopatia dilatada.

Mundigler e cols. 7, avaliaram o fluxo de reserva

coro-nariana em dois diferentes grupos de pacientes, com um grupo controle composto por 14 pacientes neurocirúrgicos sem doença cardíaca e foram consideradas diferentes amos-tras de fluxos para o estudo no seio coronariano.

Quando o fluxo de reserva coronariana foi calculado atra-vés do tempo integral de velocidade anterógrada, o valor en-contrado foi 2,59±0,74 e, quando calculado através do fluxo má-ximo de velocidade anterógrada, o resultado foi 1,76±0,52. Em alguns estudos 6,7,22 os valores do fluxo de reserva coronariana

obtidos pelo Doppler ecocardiograma transesofágico no seio coronariano foram reduzidos nos pacientes com cardiomio-patia dilatada, síndrome (X) e lesões limitantes de fluxo signifi-cativas na artéria descendente anterior, quando comparado a outros grupos sem doenças cardíacas.

No nosso estudo, amostras de fluxo obtidas pelo Dop-pler no seio coronariano em tempo real foi possível em todos os indivíduos, e o fluxo de reserva coronariana foi calculado como a velocidade de fluxo sangüíneo medido em nível basal e durante hiperemia máxima induzida pela adenosina.

Um pico de fluxo retrógrado foi observado em todos os indivíduos e incluído no cálculo do fluxo de reserva coronaria-na no seio corocoronaria-nariano (FRC = PSV + PDV – PRV/PSV basal).

1 min 2 min 3 min 4 min

Infusão de Adenosina

F

R

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1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 No nosso grupo controle, observamos amostras de

fluxo com velocidades superiores às dos estudos previa-mente descritos desde os primeiros minutos da infusão de adenosina, talvez porque esse grupo foi formado por jovens voluntários saudáveis sem doenças cardíacas e neurológi-cas e o fluxo de reserva coronariana foi >2 a partir do primei-ro minuto de infusão da dprimei-roga vasodilatadora. No presente estudo a medida do fluxo de reserva coronariana no seio co-ronariano parece ser o primeiro descrito num grupo supos-tamente saudável. Tecnicamente, a obtenção de amostras no seio coronariano foram fáceis de serem obtidas, apesar de algumas interferências no sinal do Doppler.

A despeito da eficiência do método, observamos cer-tas limitações: 1) nosso grupo controle foi formado por jo-vens voluntários saudáveis e, apesar de reduzido, observa-mos aobserva-mostras uniformes nas curvas de fluxo; 2) as medidas de fluxo no seio coronariano, às vezes são difíceis, devido aos movimentos cardiorrespiratórios observados, princi-palmente, em pacientes que apresentam intolerância ao

exa-me; 3) indivíduos levemente sedados às vezes não coope-ram de forma adequada durante o exame; 4) a velocidade de fluxo no seio coronariano em vários ciclos cardíacos apre-senta variações dependentes dos ciclos respiratórios, que modificam a posição do transdutor e alteram a qualidade das amostras obtidas.

Devemos considerar, sempre, a posição do transdutor para serem obtidas amostras adequadas, pois, apesar das li-mitações do método, a reprodutibilidade do estudo do fluxo de reserva coronariana com infusão de adenosina é possível e, certamente, estudos posteriores poderão comprovar a eficiência do método, sobretudo por ser de baixo risco, baixo custo, efetivo, rápido e seguro.

Concluindo, no nosso estudo Doppler ecocardiográ-fico foi possível demonstrar que: a velocidade de fluxo no seio coronariano e o fluxo de reserva coronariana aumenta-ram durante a infusão de adenosina por via endovenosa em indivíduos normais e as variáveis sistólicas (PSV, MSV e VTI S) foram superiores às diastólicas (PDV, MDV e VTI D).

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Referências

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