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Academic year: 2021

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INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Um dos mais

Um dos mais belos romances da nossa literatura romântica, Iracema é belos romances da nossa literatura romântica, Iracema é consideradoconsiderado  por muitos “um poema em prosa”. A trágica história da bela índia apaixonada pelo  por muitos “um poema em prosa”. A trágica história da bela índia apaixonada pelo

guerreiro branco é contada por José de Alencar com o ritmo e

guerreiro branco é contada por José de Alencar com o ritmo e a força de imagensa força de imagens  próprios da poesia.

 próprios da poesia. Em

Em IracemaIracema, José de Alencar construiu uma alegoria perfeita do processo de, José de Alencar construiu uma alegoria perfeita do processo de

colonização do Brasil e de toda a América pelos invasores portugueses e europeus em colonização do Brasil e de toda a América pelos invasores portugueses e europeus em geral. O nome Iracema é

geral. O nome Iracema é uma anagrama da palavra Américauma anagrama da palavra América. O nome de . O nome de seu amadoseu amado Martim remete ao deus greco-romano Marte, o deus da

Martim remete ao deus greco-romano Marte, o deus da guerra e da destruição.guerra e da destruição.

O autor demonstra, já a partir do título, um evidente trabalho de construção de uma O autor demonstra, já a partir do título, um evidente trabalho de construção de uma linguagem e de um estilo que possam melhor representar, para o leitor, “

linguagem e de um estilo que possam melhor representar, para o leitor, “ a singelezaa singeleza  primitiva da língua bárbara

 primitiva da língua bárbara ”, com “”, com “termos e frases que pareçam naturais na boca dotermos e frases que pareçam naturais na boca do  selvagem

 selvagem”.”.

O livro foi publicado em 1865 e, em pouco tempo, agradou tanto aos leitores quanto O livro foi publicado em 1865 e, em pouco tempo, agradou tanto aos leitores quanto aos críticos literários, a começar pelo jovem Machado de Assis, então com 27 anos, que aos críticos literários, a começar pelo jovem Machado de Assis, então com 27 anos, que escreveu sobre Iracema no Diário do Rio de Janeiro, em 1866:

escreveu sobre Iracema no Diário do Rio de Janeiro, em 1866:

“Tal é o livro do Sr. José de Alencar, fruto do estudo e da meditação, escrito com “Tal é o livro do Sr. José de Alencar, fruto do estudo e da meditação, escrito com  sentimento e consciência… Há de viver este livro, tem em si as forças que resistem ao  sentimento e consciência… Há de viver este livro, tem em si as forças que resistem ao tempo, e dão plena fiança do futuro…Espera-se dele outros poemas em prosa. Poema tempo, e dão plena fiança do futuro…Espera-se dele outros poemas em prosa. Poema lhe chamamos a este, sem curar de saber se é antes uma lenda, se um romance: o futuro lhe chamamos a este, sem curar de saber se é antes uma lenda, se um romance: o futuro chamar-lh

chamar-lhe-á e-á obra-prima.”obra-prima.” A LENDA E A HISTÓRIA A LENDA E A HISTÓRIA

O livro, subtitulado

O livro, subtitulado Lenda do Ceará Lenda do Ceará, conta a triste história de amor entre a índia, conta a triste história de amor entre a índia tabajara Iracema, a virgem dos

tabajara Iracema, a virgem dos lábios de mel e lábios de mel e Martim, primeiro colonizador portuguêsMartim, primeiro colonizador português do Ceará. Além disso, como resume Machado de Assis, o assunto do livro é também a do Ceará. Além disso, como resume Machado de Assis, o assunto do livro é também a história da fundação do Ceará e o ódio

história da fundação do Ceará e o ódio de duas nações inimigas (tabajarade duas nações inimigas (tabajaras e pitiguaras).s e pitiguaras). Os pitiguaras habitavam o litoral cearense e eram amigos dos portugueses. Os tabajaras Os pitiguaras habitavam o litoral cearense e eram amigos dos portugueses. Os tabajaras viviam no interior e eram aliados dos franceses.

viviam no interior e eram aliados dos franceses.

José de Alencar recorreu a circunstâncias históricas, como a rixa

José de Alencar recorreu a circunstâncias históricas, como a rixa entre os índiosentre os índios tabajaras e pitigu

tabajaras e pitiguaras e utilizou personagaras e utilizou personagens ens reais, como Martim Soares Moreno e oreais, como Martim Soares Moreno e o índio Poti, que depois viria a adotar o nome cristão de Antônio Felipe Camarão. Mas índio Poti, que depois viria a adotar o nome cristão de Antônio Felipe Camarão. Mas cercou-os de uma fértil imaginação e de um lirismo próprios da poesia romântica. cercou-os de uma fértil imaginação e de um lirismo próprios da poesia romântica. A heroína idealizada

A heroína idealizada

Iracema é filha de Araquém, pajé da

Iracema é filha de Araquém, pajé da tribo tabajara, e deve manter-se virgem porquetribo tabajara, e deve manter-se virgem porque “guarda o segredo da jurema e o

“guarda o segredo da jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o Pajé aPajé a

 bebida de Tupã”. Um dia, Iracema encontra, na floresta, Martim, que se perdera de Poti,  bebida de Tupã”. Um dia, Iracema encontra, na floresta, Martim, que se perdera de Poti,

amigo e guerreiro pitiguara com quem havia saído para caçar e

amigo e guerreiro pitiguara com quem havia saído para caçar e agora andava erranteagora andava errante  pelo território dos inimigos tabajaras. Iracema leva Martim

 pelo território dos inimigos tabajaras. Iracema leva Martim para a cabana de Araquém,para a cabana de Araquém, que abriga o estrangeiro: para os indígenas, o hóspede é sagrado.

que abriga o estrangeiro: para os indígenas, o hóspede é sagrado.

O momento em que Martim encontra Iracema revela a idealização romântica em seu O momento em que Martim encontra Iracema revela a idealização romântica em seu grau mais elevado:

grau mais elevado:

“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.  Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da  Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da

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 graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.  graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.

como seu hálito perfumado.

Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal  onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal  roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia

a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia  silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os  silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os  pássaros ameigavam o canto.

 pássaros ameigavam o canto.

 Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que  Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste

agreste

 A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos  A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá , as agulhas da matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá , as agulhas da  juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.

 juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.

 Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol   Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol  não deslumbra; sua vista perturba-se.

não deslumbra; sua vista perturba-se.

 Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não  Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.”

o corpo.”

 Note-se que o narrador seguidas vezes compara Iracema à natureza exuberante do  Note-se que o narrador seguidas vezes compara Iracema à natureza exuberante do Brasil. E a virgem leva sempre vantagem. Seus cabelos são mais negros e mais longos, Brasil. E a virgem leva sempre vantagem. Seus cabelos são mais negros e mais longos, seu sorriso mais doce, seu hálito mais perfumado, seus pés mais rápidos.

seu sorriso mais doce, seu hálito mais perfumado, seus pés mais rápidos. Iracema é apresentada por um narrador que,

Iracema é apresentada por um narrador que, embora se apresente na terceira pessoa, éembora se apresente na terceira pessoa, é claramente emotivo e apaixonado. Retrata-a, portanto, como a síntese perfeita das

claramente emotivo e apaixonado. Retrata-a, portanto, como a síntese perfeita das maravilhas da natureza cearense, brasileira e americana. Iracema é

maravilhas da natureza cearense, brasileira e americana. Iracema é muito mais do quemuito mais do que uma mulher. Não anda, flutua. Toda a natureza rende-lhe homenagem: da acácia

uma mulher. Não anda, flutua. Toda a natureza rende-lhe homenagem: da acácia

silvestre aos pássaros, como o sabiá e a ará. A heroína é o próprio espírito harmonioso silvestre aos pássaros, como o sabiá e a ará. A heroína é o próprio espírito harmonioso da floresta virgem.

da floresta virgem. A harmonia rompida A harmonia rompida

O narrador deixa clara a

O narrador deixa clara a ruptura nesse harmoniosa relação de Iracema com o seuruptura nesse harmoniosa relação de Iracema com o seu meio ao apresentar o surgimento de Martim: "

meio ao apresentar o surgimento de Martim: " Rumor suspeito quebra a doce harmonia Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta" 

da sesta" . A vista de Iracema perturba-se, impossibilitada de decodificar essa estranha. A vista de Iracema perturba-se, impossibilitada de decodificar essa estranha aparição de uma etnia que lhe é desconhecida.

aparição de uma etnia que lhe é desconhecida.

José de Alencar retrata, assim, o processo de estranhamento e fascínio mútuo que José de Alencar retrata, assim, o processo de estranhamento e fascínio mútuo que dominou o encontro dos dois povos. Começavam a se conhecer, sem sequer suspeitar as dominou o encontro dos dois povos. Começavam a se conhecer, sem sequer suspeitar as trágicas conseqüências do encontro para os indígenas.

trágicas conseqüências do encontro para os indígenas. A sedução

A sedução

Enquanto esperam a volta de Caubi, o irmão de

Enquanto esperam a volta de Caubi, o irmão de Iracema que reconduziria o guerreiroIracema que reconduziria o guerreiro  branco às terras pitiguaras, Iracema se apaixona por Martim, mas não pode se

 branco às terras pitiguaras, Iracema se apaixona por Martim, mas não pode se entregar aentregar a ele, porque, como afirma o Pajé, “

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 seu corpo, ela morrerá…

 seu corpo, ela morrerá…” Uma noite, Martim pede à Iracema o vinho de Tupã, já que” Uma noite, Martim pede à Iracema o vinho de Tupã, já que não está conseguindo resistir aos encantos da virgem. O vinho, que provoca

não está conseguindo resistir aos encantos da virgem. O vinho, que provoca

alucinações, permitiria que ele, em sua imaginação, possuísse a jovem índia como se alucinações, permitiria que ele, em sua imaginação, possuísse a jovem índia como se fosse realidade. Iracema lhe dá a bebida e, enquanto ele imagina estar sonhando, fosse realidade. Iracema lhe dá a bebida e, enquanto ele imagina estar sonhando, Iracema “

Iracema “torna-se sua esposatorna-se sua esposa”.”. É muito importante notar o

É muito importante notar o valor alegórico dessa passagem. Ao “possuvalor alegórico dessa passagem. Ao “possuir” Iracema,ir” Iracema, Martim está inconsciente, completamente seduzido e inebriado. Esse gesto há de Martim está inconsciente, completamente seduzido e inebriado. Esse gesto há de

 provocar a destruição da virgem, assim como a invasão do Brasil pelos portugueses há  provocar a destruição da virgem, assim como a invasão do Brasil pelos portugueses há

de provocar a

de provocar a destruição da floresta virgem americana. No entanto, assim como Martimdestruição da floresta virgem americana. No entanto, assim como Martim não tinha qualquer intenção de provocar a morte de sua amada – o faz por paixão – os não tinha qualquer intenção de provocar a morte de sua amada – o faz por paixão – os destruidores da natureza brasileira o

destruidores da natureza brasileira o fizeram de forma fizeram de forma inconscieninconsciente e te e inconseqüeninconseqüente. Ate. A consciência ecológica de Alencar vai muito além da ingênua defesa das nossas matas: consciência ecológica de Alencar vai muito além da ingênua defesa das nossas matas:  percebe com clareza o

 percebe com clareza o seu processo de destruição.seu processo de destruição. O conflito

O conflito

Martim é ameaçado pelo enciumado chefe guerreiro Irapuã, que quer invadir a Martim é ameaçado pelo enciumado chefe guerreiro Irapuã, que quer invadir a cabana de Araquém e matá-lo. Apesar da advertência de Araquém de que Tupã puniria cabana de Araquém e matá-lo. Apesar da advertência de Araquém de que Tupã puniria quem machucasse seu hóspede

quem machucasse seu hóspede, os guerreiros de , os guerreiros de Irapuã cercam a cabana, que éIrapuã cercam a cabana, que é  protegida por Caubi.

 protegida por Caubi.

Iracema encontra Poti, que está próximo à aldeia dos tabajaras e deseja salvar o Iracema encontra Poti, que está próximo à aldeia dos tabajaras e deseja salvar o amigo. Planejam, então, a fuga de Martim. Durante a preparação dos guerreiros amigo. Planejam, então, a fuga de Martim. Durante a preparação dos guerreiros tabajaras para a guerra com os pitiguaras, Iracema lhes serve o

tabajaras para a guerra com os pitiguaras, Iracema lhes serve o vinho da jurema e,vinho da jurema e, enquanto os guerreiros deliram, ela leva Martim e Poti para longe da aldeia. Quando já enquanto os guerreiros deliram, ela leva Martim e Poti para longe da aldeia. Quando já estão em terras pitiguaras, Iracema revela a Martim que ela agora é

estão em terras pitiguaras, Iracema revela a Martim que ela agora é sua esposa e devesua esposa e deve acompanhá-lo

acompanhá-lo. Entretanto, os tabajaras descobrem que I. Entretanto, os tabajaras descobrem que Iracema traíra “racema traíra “ o segredo dao segredo da  jurema

 jurema” e perseguem os fugitivos. Os pitiguaras, avisados da invasão dos tabajaras,” e perseguem os fugitivos. Os pitiguaras, avisados da invasão dos tabajaras,  juntam-se aos fugitivos e é travado um sangrento combate. Iracema luta ao lado de  juntam-se aos fugitivos e é travado um sangrento combate. Iracema luta ao lado de

Martim contra a sua tribo.Os pitiguaras ganham a luta e Iracema se

Martim contra a sua tribo.Os pitiguaras ganham a luta e Iracema se entristece pela morteentristece pela morte dos seus irmãos tabajaras.

dos seus irmãos tabajaras. O exílio

O exílio

Iracema acompanha Martim e Poti e passa a morar

Iracema acompanha Martim e Poti e passa a morar com eles no litoral. Durante algumcom eles no litoral. Durante algum tempo, eles são muito felizes, e a alegria se completa com a gravidez de Iracema.

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Porém, Martim acaba por “

Porém, Martim acaba por “ saturar-se de felicidade saturar-se de felicidade” e seu interesse pela esposa e pela” e seu interesse pela esposa e pela vida ao seu lado começa a esfriar. Iracema se ressente da frieza do marido e sofre. vida ao seu lado começa a esfriar. Iracema se ressente da frieza do marido e sofre. Martim se ausenta com freqüência em caçadas e batalhas contra os inimigos dos Martim se ausenta com freqüência em caçadas e batalhas contra os inimigos dos  pitiguaras. Enquanto guerreia, nasce seu filho, que Iracema chama de Moacir, que  pitiguaras. Enquanto guerreia, nasce seu filho, que Iracema chama de Moacir, que

significa “

significa “nascido do meu sofrimento, da minha dor nascido do meu sofrimento, da minha dor ”.”. Iracema dá ao filho o

Iracema dá ao filho o nome indígena correspondnome indígena correspondente ao nome hebraico Benoni, queente ao nome hebraico Benoni, que também significa “

também significa “ filho de minha dor  filho de minha dor ”. Este é o ”. Este é o nome dado por Raquel, mulher donome dado por Raquel, mulher do  patriarca bíblico Jacó, ao seu último filho. Raquel morre depois de dar à luz. Mas  patriarca bíblico Jacó, ao seu último filho. Raquel morre depois de dar à luz. Mas JacóJacó

muda o nome do

muda o nome do menino para Benjamim. Os filhos de Jacó dão origem às tribos quemenino para Benjamim. Os filhos de Jacó dão origem às tribos que formarão a nação Israel, assim como o

formarão a nação Israel, assim como o filho de Iracema representa o início de umafilho de Iracema representa o início de uma nação.

nação.

Solitária e saudosa, Iracema tem dificuldade para amamentar o

Solitária e saudosa, Iracema tem dificuldade para amamentar o filho e quase nãofilho e quase não come. Desfalece de tristeza. Martim fica longe de Iracema durante oito luas (oito meses) come. Desfalece de tristeza. Martim fica longe de Iracema durante oito luas (oito meses) e, quando volta, encontra Iracema à beira da morte. Ela entrega o filho a Martim, e, quando volta, encontra Iracema à beira da morte. Ela entrega o filho a Martim, deita-se na rede e morre, consumida pela dor. Poti e Martim enterram-na ao pé do coqueiro, à se na rede e morre, consumida pela dor. Poti e Martim enterram-na ao pé do coqueiro, à  beira do rio. Segundo Poti: “

 beira do rio. Segundo Poti: “ quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensaráquando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é tua voz que fala entre seus cabelos.

que é tua voz que fala entre seus cabelos. ”” O lugar onde viveram e

O lugar onde viveram e o rio em o rio em que nascera o coqueiro vieram a ser chamados, umque nascera o coqueiro vieram a ser chamados, um dia, pelo nome de Ceará.

dia, pelo nome de Ceará.

Martim partiu das praias do Ceará levando o filho. Alencar comenta: “

Martim partiu das praias do Ceará levando o filho. Alencar comenta: “ O primeiroO primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça?

uma raça?””

O guerreiro branco volta alguns anos depois, acompanhado de outros brancos, O guerreiro branco volta alguns anos depois, acompanhado de outros brancos, inclusive um sacerdote “

inclusive um sacerdote “ para plantar a cruz na terra selvagem para plantar a cruz na terra selvagem”. Começa a colonização”. Começa a colonização e a narrativa termina: “

e a narrativa termina: “Tudo passa sobre a terra.Tudo passa sobre a terra.”” O NARRADOR 

O NARRADOR 

O romance é narrado na terceira pessoa, mas o narrador está longe de se manter  O romance é narrado na terceira pessoa, mas o narrador está longe de se manter  neutro e mero observador. Abundam os adjetivos reveladores de admiração,

neutro e mero observador. Abundam os adjetivos reveladores de admiração,  principalmen

 principalmente em referência à te em referência à natureza brasileira e à Iracema. natureza brasileira e à Iracema. Em alguns momentos oEm alguns momentos o narrador arrebatado chega a

narrador arrebatado chega a revelar-se na primeira pessoa: “revelar-se na primeira pessoa: “ O sentimento que ele pôsO sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu.

nos olhos e no rosto, não o sei eu. ””

Tais arroubos justificam-se pela colocação, no início da obra, de que essa é " Tais arroubos justificam-se pela colocação, no início da obra, de que essa é " umauma história que me contaram nas lindas vargem onde nasci

história que me contaram nas lindas vargem onde nasci ". Assim, Alencar justifica a". Assim, Alencar justifica a intromissão da voz na primeira pessoa em uma obra narrada

intromissão da voz na primeira pessoa em uma obra narrada na terceira.na terceira. O INDIANISMO

O INDIANISMO

O índio começou a ser adotado como tema literário no

O índio começou a ser adotado como tema literário no Brasil pelos árcades,Brasil pelos árcades,

 principalmente Basílio da Gama – que via o índio como “homem natural”, e Santa Rita  principalmente Basílio da Gama – que via o índio como “homem natural”, e Santa Rita

Durão – para quem

Durão – para quem o índio era apenas o “comedor de o índio era apenas o “comedor de carne humana, que só ocarne humana, que só o Cristianismo salvaria”.

Cristianismo salvaria”.

A busca de uma “poesia americana” A busca de uma “poesia americana”

Já no Romantismo, o culto do passado e o nacionalismo literário permitiram aos Já no Romantismo, o culto do passado e o nacionalismo literário permitiram aos escritores cultivarem a chamada “poesia americana”, que se valia da

escritores cultivarem a chamada “poesia americana”, que se valia da natureza, danatureza, da História, de cenas e de costumes nacionais, fórmula em que o Indianismo se adequava História, de cenas e de costumes nacionais, fórmula em que o Indianismo se adequava  perfeitamente.

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Os escritores mais expressivos do Indianismo, nesse período, foram, na poesia, Os escritores mais expressivos do Indianismo, nesse período, foram, na poesia, Gonçalves Dias, com poemas como

Gonçalves Dias, com poemas como I-Juca Pirama I-Juca Pirama,, MarabáMarabá ee Leito de Folhas Verdes Leito de Folhas Verdes e,e, na prosa, José de Alencar, com romances como

na prosa, José de Alencar, com romances como O GuaraniO Guarani,, IracemaIracema ee UbirajaraUbirajara.. A corrente indianista foi muito prestigiada e vários poetas tentaram escrever o A corrente indianista foi muito prestigiada e vários poetas tentaram escrever o

““ poema americano poema americano ” por excelência, como Gonçalves de Magalhães com o seu poema” por excelência, como Gonçalves de Magalhães com o seu poema longo

longo A Confederação dos TamoiosA Confederação dos Tamoios, que originou uma célebre polêmica, em que até o, que originou uma célebre polêmica, em que até o Imperador participou.

Imperador participou. A polêmica

A polêmica

Alencar foi o protagonist

Alencar foi o protagonista, a, em 1856, dessa polêmica acaem 1856, dessa polêmica acalorada sobre o papel dolorada sobre o papel do índio na literatura brasileira. O introdutor do

índio na literatura brasileira. O introdutor do romantismo entre nós, o romantismo entre nós, o poeta Gonçalvespoeta Gonçalves de Magalhães, acabara de publicar um poema épico com temática indianista. Amigo do de Magalhães, acabara de publicar um poema épico com temática indianista. Amigo do imperador Dom Pedro II, Magalhães era, de

imperador Dom Pedro II, Magalhães era, de certa forma, o “poeta oficial” do Brasilcerta forma, o “poeta oficial” do Brasil naquele momento.

naquele momento. Em uma série de

Em uma série de cartas assinadcartas assinadas com o as com o pseudônimo de Ig., Alpseudônimo de Ig., Alencar critica oencar critica o

artificialismo do tratamento do índio dado por Gonçalves de Magalhães que, segundo artificialismo do tratamento do índio dado por Gonçalves de Magalhães que, segundo ele, “não está à altura do assunto”.

ele, “não está à altura do assunto”.

Saem, em defesa do poeta, vários amigos seus, entre eles o próprio

Saem, em defesa do poeta, vários amigos seus, entre eles o próprio imperador Domimperador Dom Pedro II. A polêmica se desdobra do início de junho ao final de outubro de 1856. Pedro II. A polêmica se desdobra do início de junho ao final de outubro de 1856.

Podemos mesmo perceber, em alguns pontos das cartas, que Alencar já pensava em Podemos mesmo perceber, em alguns pontos das cartas, que Alencar já pensava em abordar a temática nos seus futuros escritos, associando-a ao elogio da terra brasileira: abordar a temática nos seus futuros escritos, associando-a ao elogio da terra brasileira: “Digo-o por mim: se algum dia fosse poeta, e quisesse cantar a minha terra e suas “Digo-o por mim: se algum dia fosse poeta, e quisesse cantar a minha terra e suas belezas, se quisesse compor um poema nacional, pediria a Deus que me fizesse

belezas, se quisesse compor um poema nacional, pediria a Deus que me fizesse esquecer por um momento as minhas idéias de homem civilizado. Filho da natureza, esquecer por um momento as minhas idéias de homem civilizado. Filho da natureza, embrenhar-me-ia por essas matas seculares; contemplaria as maravilhas de Deus, embrenhar-me-ia por essas matas seculares; contemplaria as maravilhas de Deus, veria o sol erguer-se no seu mar de ouro, a lua deslizar-se no azul do céu; ouviria o veria o sol erguer-se no seu mar de ouro, a lua deslizar-se no azul do céu; ouviria o murmúrio das ondas e o eco profundo e solene das florestas.”

murmúrio das ondas e o eco profundo e solene das florestas.”

Mas não seria através da poesia que Alencar haveria de “cantar a minha terra e suas Mas não seria através da poesia que Alencar haveria de “cantar a minha terra e suas  belezas”. Ainda na polêmica sobre A Confederação dos Tamoios, ele critica o uso de  belezas”. Ainda na polêmica sobre A Confederação dos Tamoios, ele critica o uso de

gêneros poéticos clássicos para descrever o índio brasileiro: gêneros poéticos clássicos para descrever o índio brasileiro:

“Escreveríamos um poema, mas não um poema épico; um verdadeiro poema “Escreveríamos um poema, mas não um poema épico; um verdadeiro poema

nacional, onde tudo fosse novo, desde o pensamento até a forma, desde a imagem até o nacional, onde tudo fosse novo, desde o pensamento até a forma, desde a imagem até o verso. A forma com que Homero cantou os gregos não serve para cantar os índios; o verso. A forma com que Homero cantou os gregos não serve para cantar os índios; o verso que disse as desgraças de Tróia e os combates mitológicos não pode exprimir as verso que disse as desgraças de Tróia e os combates mitológicos não pode exprimir as tristes endeixas do Guanabara, e as tradições selvagens da América. Por ventura não tristes endeixas do Guanabara, e as tradições selvagens da América. Por ventura não haverá no caos incriado do pensamento humano uma nova forma de poesia, um novo haverá no caos incriado do pensamento humano uma nova forma de poesia, um novo metro de verso?”

metro de verso?”

Desde as primeiras páginas de Iracema, fica claro que o seu

Desde as primeiras páginas de Iracema, fica claro que o seu autor procura colocar autor procura colocar  essas idéias em prática. Alencar adota o gênero do romance, mas o faz com um cuidado essas idéias em prática. Alencar adota o gênero do romance, mas o faz com um cuidado na construção das imagens e com a musicalidade da linguagem que levaram críticos na construção das imagens e com a musicalidade da linguagem que levaram críticos como Machado de Assis a considerá-lo mais um “

como Machado de Assis a considerá-lo mais um “ poema em prosa poema em prosa” do que” do que  propriamente um romance. E levaram Haroldo de Campos a afirmar que:

 propriamente um romance. E levaram Haroldo de Campos a afirmar que: “O maior “O maior   poeta indianista (o único plenamente legível hoje…) foi um prosador: José de

 poeta indianista (o único plenamente legível hoje…) foi um prosador: José de  Alencar.”

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“Bastaria Iracema para consagrá-lo o maior criador da prosa romântica, na língua “Bastaria Iracema para consagrá-lo o maior criador da prosa romântica, na língua  portuguesa, e o maior poeta indianista.”

 portuguesa, e o maior poeta indianista.” Desdobramentos

Desdobramentos

 No parnasianismo, o índio aparece raramente – um exemplo é o

 No parnasianismo, o índio aparece raramente – um exemplo é o poemapoema  A Morte de A Morte de Tapir 

Tapir , de Olavo Bilac – e simplesmente desaparece na poesia simbolista., de Olavo Bilac – e simplesmente desaparece na poesia simbolista.

O Modernismo volta ao tema e o utiliza às vezes como ponto de referência para O Modernismo volta ao tema e o utiliza às vezes como ponto de referência para diretrizes estética

diretrizes estéticas, como no s, como no caso dacaso da Poesia “Pau-Brasil”Poesia “Pau-Brasil” e dae da Antropofagia Antropofagia de Oswaldde Oswald de Andrade

de Andrade, com , com a questão “a questão “tupi or not tupitupi or not tupi”. Algumas obras aproveitaram o tema do”. Algumas obras aproveitaram o tema do índio e suas lendas, como

índio e suas lendas, como MacunaímaMacunaíma, de , de Mário de Andrade,Mário de Andrade, Cobra NoratoCobra Norato de Raulde Raul Bopp ou

Bopp ou Martim CererêMartim Cererê, de Cassiano Ricardo., de Cassiano Ricardo. Iracema e Macunaíma

Iracema e Macunaíma

O crítico Cavalcanti Proença demonstrou no

O crítico Cavalcanti Proença demonstrou no Roteiro de MacunaímaRoteiro de Macunaíma as diversasas diversas relações de semelhança entre

relações de semelhança entre MacunaímaMacunaíma (1928), de Mário (1928), de Mário de Andrade, ede Andrade, e IracemaIracema.. Entre essas destacam-se as semelhan

Entre essas destacam-se as semelhanças entre as personagens de Iracema e de ças entre as personagens de Iracema e de Ci, a mãeCi, a mãe do mato:

do mato:

"Ci aromava tanto que Macunaíma tinha tonteiras de moleza" (M.A.) -- "Todas as "Ci aromava tanto que Macunaíma tinha tonteiras de moleza" (M.A.) -- "Todas as noites a esposa perfumava seu corpo e a alva rede, para que o amor do guerreiro se noites a esposa perfumava seu corpo e a alva rede, para que o amor do guerreiro se deleitasse nela (J. A.). É a rede de cabelos que torna a Mãe do Mato inesquecível, e é deleitasse nela (J. A.). É a rede de cabelos que torna a Mãe do Mato inesquecível, e é uma rede que Iracema oferece ao guerreiro branco: -- "Guerreiro que levas o sono de uma rede que Iracema oferece ao guerreiro branco: -- "Guerreiro que levas o sono de meus olhos, leva a minha rede também. Quando nela dormires, falem em tua alma os meus olhos, leva a minha rede também. Quando nela dormires, falem em tua alma os  sonhos de Iracema" (J.A.)

 sonhos de Iracema" (J.A.)

 Ambas …não têm leite. O de Ci foi a cobra preta que sugou; em Iracema o leite não  Ambas …não têm leite. O de Ci foi a cobra preta que sugou; em Iracema o leite não chegava ao seio, diluído nas lágrimas de saudade. "A jovem mãe suspendeu o filho à chegava ao seio, diluído nas lágrimas de saudade. "A jovem mãe suspendeu o filho à teta; mas a boca infantil não emudeceu. O leite escasso não apojava o peito" (J. A.). teta; mas a boca infantil não emudeceu. O leite escasso não apojava o peito" (J. A.).  Em Macunaíma, o filho do herói "chupou o peito da mãe no outro dia, chupou mais,  Em Macunaíma, o filho do herói "chupou o peito da mãe no outro dia, chupou mais,

deu um suspiro envenenado e morreu". deu um suspiro envenenado e morreu". IRACEMA VOANDO HOJE

IRACEMA VOANDO HOJE A permanência de

A permanência de IracemaIracema no universo cultural brasileiro é incontestável. Uma dasno universo cultural brasileiro é incontestável. Uma das manifestações artísticas que perpetuam a imagem da virgem dos lábios de mel, mesmo manifestações artísticas que perpetuam a imagem da virgem dos lábios de mel, mesmo que nem sempre tão virgem ou idealizada, é a música popular brasileira contemporânea. que nem sempre tão virgem ou idealizada, é a música popular brasileira contemporânea.

Vejamos dois exemplos de compositores populares que recorrem à imagem Vejamos dois exemplos de compositores populares que recorrem à imagem alencariana para compor suas canções:

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Iracema voou Iracema voou Chico Buarque/1998 Chico Buarque/1998 Iracema voou Iracema voou Para a América Para a América Leva roupa de lã Leva roupa de lã E anda lépida E anda lépida

Vê um filme de quando em vez Vê um filme de quando em vez  Não domina o idioma inglês  Não domina o idioma inglês Lava chão numa casa de chá Lava chão numa casa de chá Tem saído ao luar 

Tem saído ao luar  Com um mímico Com um mímico Ambiciona estudar  Ambiciona estudar  Canto lírico Canto lírico

 Não dá mole pra polícia  Não dá mole pra polícia

Se puder, vai ficando por lá Se puder, vai ficando por lá Tem saudade do Ceará Tem saudade do Ceará Mas não muita

Mas não muita Uns dias, afoita Uns dias, afoita Me liga a cobrar: Me liga a cobrar: -- É

-- É Iracema da AméricaIracema da América

 Nessa canção, Chico Buarque de Holanda atualiza a lenda do Ceará, apresentando  Nessa canção, Chico Buarque de Holanda atualiza a lenda do Ceará, apresentando Iracema como uma emigrante que vai para a América (lembrando o anagrama de Iracema como uma emigrante que vai para a América (lembrando o anagrama de Alencar), seguindo assim, a sina do primeiro cearense, Moacir.

Alencar), seguindo assim, a sina do primeiro cearense, Moacir. Já Eduardo Dusek e Luiz Carlos Góes, na

Já Eduardo Dusek e Luiz Carlos Góes, na canção abaixo, vão desmontar a figuracanção abaixo, vão desmontar a figura idealizada de Alencar, transportando a índia para o mundo atual, em que prevalecem a idealizada de Alencar, transportando a índia para o mundo atual, em que prevalecem a corrupção e a marginalidade nada românticas.

corrupção e a marginalidade nada românticas.

A índia e o traficante A índia e o traficante

Eduardo Dusek / Luiz Carlos Góes /1986 Eduardo Dusek / Luiz Carlos Góes /1986

 Noite malandra, um luar

 Noite malandra, um luar de espelho,de espelho,  No meio da terra a

 No meio da terra a índia colhe o brilho,índia colhe o brilho, Som de suor, cheirada musical,

Som de suor, cheirada musical,

Palmeira que se verga em meio ao vendaval. Palmeira que se verga em meio ao vendaval.

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Sentia macia floresta, Sentia macia floresta,

Bolívia, montanha, seresta... Bolívia, montanha, seresta... Índia guajira já colheu sua noite Índia guajira já colheu sua noite Volta para a tribo meio injuriada, Volta para a tribo meio injuriada, Uma figueira numa encruzilhada Uma figueira numa encruzilhada Felina, um olho de paixão danada, Felina, um olho de paixão danada, Era Leão,

Era Leão, famoso traficante,famoso traficante, Um outdoor, bandido elegante, Um outdoor, bandido elegante, Que a levou para um apart-hotel Que a levou para um apart-hotel Que tem em Cuiabá.

Que tem em Cuiabá.

Índia, na estrada, largou a tribo Índia, na estrada, largou a tribo

Comprou um vestido, aprendeu a atirar, Comprou um vestido, aprendeu a atirar, Índia virada, alucinada pelo cara-pálida do Índia virada, alucinada pelo cara-pálida do Pantanal,

Pantanal,

Índia guajira e o traficante Índia guajira e o traficante

Loucos de amor, trocavam o seu mel, Loucos de amor, trocavam o seu mel, Era um amor tipo 45,

Era um amor tipo 45,

E tiroteios rasgando o vestido, E tiroteios rasgando o vestido, Em quartos de motel.

Em quartos de motel.

Explode o amor, adiós para o pudor, Explode o amor, adiós para o pudor,

Guajira e o traficante passam a escancarar, Guajira e o traficante passam a escancarar, Rolam papéis, nos bares, nos bordéis, Rolam papéis, nos bares, nos bordéis,

Os dois de Bonnie and Clyde, assunto dos cordéis, Os dois de Bonnie and Clyde, assunto dos cordéis, Maíra, pivete, amazônia,

Maíra, pivete, amazônia,

Esqueceu Tupã, a sem-vergonha... Esqueceu Tupã, a sem-vergonha... Dentro de um

Dentro de um Cessna, bebendo champagneCessna, bebendo champagne Leão e seu bando a fazem sua chefona, Leão e seu bando a fazem sua chefona, Índia fichada, retrata falada,

Índia fichada, retrata falada, A loto esperada pelos federais, A loto esperada pelos federais, Mas ela gosta de fotografia Mas ela gosta de fotografia E vira capa dos jornais do dia, E vira capa dos jornais do dia,

Enquanto espera uma tonelada da pura alegria. Enquanto espera uma tonelada da pura alegria. Índia, sujeira, foi dedurada

Índia, sujeira, foi dedurada

Por um sertanista que era amigo seu, Por um sertanista que era amigo seu, Índia traída – “mim tô passada” –  Índia traída – “mim tô passada” –  Ela lamentava num mal português, Ela lamentava num mal português,

A Índia, deu um ganho, num Landau negro, A Índia, deu um ganho, num Landau negro, Chapa oficial, que era da Funai,

Chapa oficial, que era da Funai, Passou batido pela fronteira, Passou batido pela fronteira, Uma rajada de metralhadora... Uma rajada de metralhadora... Morta no Paraguai!

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Vida e Obra Vida e Obra de José

de José de Alencar de Alencar  Alma brasileira

Alma brasileira

José de Alencar nasceu em 1829, apenas sete anos depois da Independência do Brasil, José de Alencar nasceu em 1829, apenas sete anos depois da Independência do Brasil, em Mecejana, no Ceará. Filho de um ex-padre, que se tornou presidente da Província do em Mecejana, no Ceará. Filho de um ex-padre, que se tornou presidente da Província do Ceará e Senador do I

Ceará e Senador do Império, o jovem Alempério, o jovem Alencar se transfere, com a ncar se transfere, com a família, aos nove anosfamília, aos nove anos de idade para a cidade do Rio de Janeiro. Em 1844, aos quinze anos, matricula-se nos de idade para a cidade do Rio de Janeiro. Em 1844, aos quinze anos, matricula-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo. Lê, então, o recém publicado cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo. Lê, então, o recém publicado romance

romance A MoreninhaA Moreninha, cujo sucesso em muito há de influenciá-lo na decisão posterior , cujo sucesso em muito há de influenciá-lo na decisão posterior  de se tornar

de se tornar romancistaromancista..

Em São Paulo, Alencar cursa os primeiros anos da Faculdade de Direito e começa a Em São Paulo, Alencar cursa os primeiros anos da Faculdade de Direito e começa a  publicar seus primeiros textos em algumas revistas estudantis. Transfere-se, em 1848,  publicar seus primeiros textos em algumas revistas estudantis. Transfere-se, em 1848,  para a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco. Em Olinda, na velha biblioteca  para a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco. Em Olinda, na velha biblioteca

do Mosteiro de

do Mosteiro de São Bento, encontra a literatura dos São Bento, encontra a literatura dos antigos cronistas coloniantigos cronistas coloniais, comoais, como Gabriel Soares de Sousa e Pero Magalhães Gandavo.

Gabriel Soares de Sousa e Pero Magalhães Gandavo.

Anos mais tarde, Alencar ainda se recorda da emoção que foi a descoberta desses Anos mais tarde, Alencar ainda se recorda da emoção que foi a descoberta desses autores do século XVI, que nos dão as primeiras impressões dos europeus ao

autores do século XVI, que nos dão as primeiras impressões dos europeus ao encontrarem a natureza e o índio do Brasil, em

encontrarem a natureza e o índio do Brasil, em cujas páginas já procurava um tema paracujas páginas já procurava um tema para desenvolve

desenvolver em r em sua própria literatura:sua própria literatura:

“Uma coisa vaga e indecisa, que devia parecer-se com o primeiro broto do Guarani “Uma coisa vaga e indecisa, que devia parecer-se com o primeiro broto do Guarani ou de Iracema, flutuava-me na fantasia. Devorando as páginas dos alfarrábios de ou de Iracema, flutuava-me na fantasia. Devorando as páginas dos alfarrábios de notícias coloniais, buscava com sofreguidão um tema para o meu romance; ou pelo notícias coloniais, buscava com sofreguidão um tema para o meu romance; ou pelo menos um protagonista, uma cena e uma época.”

menos um protagonista, uma cena e uma época.”

Voltando a São Paulo, após contrair tuberculose, forma-se em Direito no final de Voltando a São Paulo, após contrair tuberculose, forma-se em Direito no final de 1850. No ano seguinte, retorna à capital do país e lá começa a advogar. Não se esquece, 1850. No ano seguinte, retorna à capital do país e lá começa a advogar. Não se esquece,  porém, da literatura. Em 1854, começa a escrever uma seção diária no

 porém, da literatura. Em 1854, começa a escrever uma seção diária no CorreioCorreio Mercantil 

Mercantil , intitulada, intitulada Ao Correr da Pena Ao Correr da Pena, em que comenta os mais variados assuntos da, em que comenta os mais variados assuntos da vida do Rio de Janeiro e do país. Esses textos leves de temática cotidiana podem ser  vida do Rio de Janeiro e do país. Esses textos leves de temática cotidiana podem ser  considerados os precursores da crônica moderna, em que se haveriam de destacar, no considerados os precursores da crônica moderna, em que se haveriam de destacar, no século seguinte, escritores como Rubem Braga, Fernando Sabino e

século seguinte, escritores como Rubem Braga, Fernando Sabino e Carlos DrummondCarlos Drummond de Andrade.

de Andrade.

Em 1855, Alenca

Em 1855, Alencar é um r é um dos fundadores do jornaldos fundadores do jornal O Diário do Rio de JaneiroO Diário do Rio de Janeiro, do qual, do qual é editor-chefe. É através desse jornal que vai publicar os textos que, logo, o tornarão é editor-chefe. É através desse jornal que vai publicar os textos que, logo, o tornarão conhecido em todo o país. No final do ano de 1856, Alencar decide publicar um conhecido em todo o país. No final do ano de 1856, Alencar decide publicar um

folhetim como “brinde” aos leitores do jornal. Inicia, assim, sua carreira de romancista. folhetim como “brinde” aos leitores do jornal. Inicia, assim, sua carreira de romancista. Publica o curto romance

Publica o curto romance Cinco MinutosCinco Minutos, que é , que é recebido por seus leitores com granderecebido por seus leitores com grande simpatia. Estimulado pelo sucesso do primeiro, logo começa a publicar um segundo simpatia. Estimulado pelo sucesso do primeiro, logo começa a publicar um segundo romance,

romance, A ViuvinhaA Viuvinha, cuja publicação interrompe quando, por engano, , cuja publicação interrompe quando, por engano, umum companheiro seu publica

companheiro seu publica o final o final da história da história nana  Revista de Domingo Revista de Domingo . Inicia, então, a. Inicia, então, a  publicação de

 publicação de O GuaraniO Guarani. Surge, assim, na literatura nacional, uma nova “. Surge, assim, na literatura nacional, uma nova “ estrelaestrela colorida brilhante

colorida brilhante” – lembrando as palavras de Caetano Veloso na canção” – lembrando as palavras de Caetano Veloso na canção Um ÍndioUm Índio.. Uma estrela que há de escrever, “

Uma estrela que há de escrever, “ numa velocidade estonteantenuma velocidade estonteante”, os capítulos do”, os capítulos do romance do qual descerá um índio “

romance do qual descerá um índio “mais avançado que a mais avançada das maismais avançado que a mais avançada das mais avançada das tecnologias

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Entre 1857 e 1870, além de

Entre 1857 e 1870, além de publicar diversos romancespublicar diversos romances, entre eles, entre eles LucíolaLucíola (1862) e(1862) e Iracema

Iracema (1865), Alencar foi eleito várias vezes deputado, Ministro da Justiça entre(1865), Alencar foi eleito várias vezes deputado, Ministro da Justiça entre 1868 e 1870, e dedicou-se também ao teatro, escrevendo

1868 e 1870, e dedicou-se também ao teatro, escrevendo O Demônio FamiliarO Demônio Familiar (1857),(1857), As Asas de um Anjo

As Asas de um Anjo (1858) e(1858) e A MãeA Mãe (1860), entre outras peças. Em 1870, abandona a(1860), entre outras peças. Em 1870, abandona a  política, ressentido, após ser preterido para a vaga de Senador.

 política, ressentido, após ser preterido para a vaga de Senador.

Inicia, então, uma fase de recolhimento: poucos amigos e nenhum sorriso. Sua Inicia, então, uma fase de recolhimento: poucos amigos e nenhum sorriso. Sua

 produção novelística é intensificada, agora norteada pelo projeto de descrição do Brasil,  produção novelística é intensificada, agora norteada pelo projeto de descrição do Brasil,

anunciado no prefácio do livro

anunciado no prefácio do livro Sonhos d'OuroSonhos d'Ouro (1872). Em 1875, publica(1872). Em 1875, publica SenhoraSenhora, um, um de seus romances mais

de seus romances mais complexos. complexos. Ao morrer, em 1877, Alencar era considerado oAo morrer, em 1877, Alencar era considerado o maior escritor brasileiro de todos os

maior escritor brasileiro de todos os tempos. Principalmetempos. Principalmente por nte por Machado de AssiMachado de Assis, seus, seu amigo e mais fiel admirador, e que logo o destronaria. Para Machado:

amigo e mais fiel admirador, e que logo o destronaria. Para Machado: “Nenhum“Nenhum escritor teve em mais alto grau a alma brasileira.”

escritor teve em mais alto grau a alma brasileira.” O próprio Alencar aponta que seus romances se

O próprio Alencar aponta que seus romances se encaixam em um projeto de encaixam em um projeto de descriçãodescrição global do Brasil. Divide-os em

global do Brasil. Divide-os em quatro tipos:quatro tipos:

• Romance urbano, comoRomance urbano, como LucíolaLucíola ee SenhoraSenhora.. •

• Romance regionalista, comoRomance regionalista, como O GaúchoO Gaúcho ee O SertanejoO Sertanejo.. •

• Romance indianista, comoRomance indianista, como IracemaIracema ee UbirajaraUbirajara.. •

• Romance histórico, comoRomance histórico, como O GuaraniO Guarani ee As Minas de PrataAs Minas de Prata..

A crítica posterior haveria de relativizar esta classificação. Tanto

A crítica posterior haveria de relativizar esta classificação. Tanto IracemaIracema quantoquanto OO Guarani

Guarani são considerados ao mesmo tempo históricos e indianistas.são considerados ao mesmo tempo históricos e indianistas.

IRACEMA IRACEMA A Lenda do Ceará A Lenda do Ceará 1865 1865 a) Controvérsia sobre o título

a) Controvérsia sobre o título

 Na revista da ABL, em 1929, surgiu a idéia de um anagrama:  Na revista da ABL, em 1929, surgiu a idéia de um anagrama:

Iracema = anagrama de América Iracema = anagrama de América Problema:

Problema:

A questão da linguagem é inquestionável, mas não é possível comprovar a intenção A questão da linguagem é inquestionável, mas não é possível comprovar a intenção

(11)

Subtítulo: "Lenda do Ceará" Subtítulo: "Lenda do Ceará" Fundação do Ceará

Fundação do Ceará

"[...] uma história, que me contaram nas lindas várzeas onde nasci, à calada da noite "[...] uma história, que me contaram nas lindas várzeas onde nasci, à calada da noite [...]"

[...]"

Sabor de lenda: Sabor de lenda:

"Além, de muito além daquela serra que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema." "Além, de muito além daquela serra que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema." Problema:

Problema:

Há mesmo uma lenda? Há mesmo uma lenda? Advertência em Ubirajara: Advertência em Ubirajara: "Este livro é irmão de I

"Este livro é irmão de Iracema. Chamei-lhe de lenda como ao outro"racema. Chamei-lhe de lenda como ao outro" b) Estrutura da obra:

b) Estrutura da obra:

A história compõe-se de XXXIII capítulos curtos, onde imagens e comparações A história compõe-se de XXXIII capítulos curtos, onde imagens e comparações

superpostas sugerem o nascimento de um texto densamente poético. O enredo, porém, superpostas sugerem o nascimento de um texto densamente poético. O enredo, porém, só começa a ser desenvolvido a partir do segundo capítulo, pois o capítulo I é apenas a só começa a ser desenvolvido a partir do segundo capítulo, pois o capítulo I é apenas a apresentaçã

apresentação do tema, um o do tema, um prólogo onde se vê um prólogo onde se vê um verdadeiro hino de nacionalisverdadeiro hino de nacionalismo, poismo, pois a natureza e o índio são idealizados.

a natureza e o índio são idealizados.

Subtitulado “A Lenda do Ceará“, o livro, impregnado de lirismo, mistura ficção e Subtitulado “A Lenda do Ceará“, o livro, impregnado de lirismo, mistura ficção e realidade.

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Em sua escritura, incrustam-se dois gêneros: o épico — por ser

Em sua escritura, incrustam-se dois gêneros: o épico — por ser uma narrativa históricauma narrativa histórica  — e o lírico —, uma vez que abriga subjetividade, o que faz com que sua linguagem  — e o lírico —, uma vez que abriga subjetividade, o que faz com que sua linguagem toque, freqüentemente, o poético. Ressaltem-se, ainda, outros elementos, tais como: o toque, freqüentemente, o poético. Ressaltem-se, ainda, outros elementos, tais como: o ritmo, a musicalidade, a cadência. A musicalidade é a característica mais marcante de ritmo, a musicalidade, a cadência. A musicalidade é a característica mais marcante de seu discurso literário.

seu discurso literário.

Sabe-se que a maior influência sentida na concepção de Iracema foi Átala, magnífica Sabe-se que a maior influência sentida na concepção de Iracema foi Átala, magnífica obra romântica francesa de

obra romântica francesa de ChateaubrianChateaubriand.d.

c) Caracterização psicológica: c) Caracterização psicológica: amor acima de tudo;

amor acima de tudo; transgressão das regras; transgressão das regras; amorX autoridade paterna; amorX autoridade paterna; amor e morte;

amor e morte; Possível modelo: Possível modelo:

Teresa, de Amor e Perdição de Camilo Castelo Branco (1862) Teresa, de Amor e Perdição de Camilo Castelo Branco (1862) d) Contradição

d) Contradição

Plano físico: traços indígenas Plano físico: traços indígenas

Plano psicológico: modelo das heroínas européias Plano psicológico: modelo das heroínas européias

e) A idealizaçã

e) A idealização do o do índioíndio

Caracterização física Caracterização física

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"Iracema, a virgem dos lábios de mel [...]. O favo da jati não era tão doce como o seu "Iracema, a virgem dos lábios de mel [...]. O favo da jati não era tão doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado."

sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado." "Quem cria, vê sempre uma Lindóia na

"Quem cria, vê sempre uma Lindóia na criatura, embora as índias sejam pançudas ecriatura, embora as índias sejam pançudas e remelentas."

remelentas."

(Trecho de Amar, verbo intransitivo - idílio de Mário de Andrade) [1] (Trecho de Amar, verbo intransitivo - idílio de Mário de Andrade) [1]

f) Foco narrativo f) Foco narrativo

A obra foi escrita em terceira pessoa, e leva a crer que temos um narrador-observador, A obra foi escrita em terceira pessoa, e leva a crer que temos um narrador-observador,  porém o ufanismo faz com que, em

 porém o ufanismo faz com que, em alguns momentosalguns momentos, o narrador , o narrador apareça em primeiraapareça em primeira  pessoa e deixe transparecer sua admiração e

 pessoa e deixe transparecer sua admiração e seu envolvimento. O narrador participa daseu envolvimento. O narrador participa da história:

história:

“Uma história que me contaram nas lindas vargens onde nasci”. “Uma história que me contaram nas lindas vargens onde nasci”.

A intromissão do narrador no texto faz com que ele deixe de ser um mero observador, e A intromissão do narrador no texto faz com que ele deixe de ser um mero observador, e  permite que transmita juízo de valores.

 permite que transmita juízo de valores.

"Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta jandaia nas frondes da "Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta jandaia nas frondes da carnaúba"

carnaúba"

g) A linguagem g) A linguagem 1 -

1 - prosa poéticaprosa poética Capítulo 1

Capítulo 1

"Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da "Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;

carnaúba;

Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente,

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 perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;  perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;

Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. [...]"

aventureiro manso resvale à flor das águas. [...]"

"Ver-des-ma-res-bra-vios (6) "Ver-des-ma-res-bra-vios (6) De-mi-nha-ter-ra-n De-mi-nha-ter-ra-na-tal a-tal (7)(7) On-de-can-taa-ja On-de-can-taa-jan-da-ia n-da-ia (6)(6)  Nas-fron-des-da  Nas-fron-des-da-car-na-úba -car-na-úba (7)(7) Ver-des-ma-res-que-bri-lha-is (7) Ver-des-ma-res-que-bri-lha-is (7) Co-mo-lí-qui-da-es Co-mo-lí-qui-da-es-me-ral-da -me-ral-da (7)(7) Aos-ra-ios-do-sol Aos-ra-ios-do-sol-nas-cen-te -nas-cen-te (7)(7) Per-lon-gan-do Per-lon-gan-do-as-al-vas-pra-ias -as-al-vas-pra-ias (7)(7) En-som-bra-das-de-co-qu En-som-bra-das-de-co-quei-ros ei-ros (7)(7) 2 - Adjetivação e

2 - Adjetivação e comparaçõescomparações

"Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os

"Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa dacabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que o seu talhe de palmeira.

graúna e mais longos que o seu talhe de palmeira.

O favo da Jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque O favo da Jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado."

como seu hálito perfumado." 3 - A língua tupi

3 - A língua tupi

"O conhecimento da língua in dígena é o melhor critério para a ancionalidade da "O conhecimento da língua in dígena é o melhor critério para a ancionalidade da

literatura. Ele nos dá não só o verdadeiro estilo, como as imagens poéticas do selvagem, literatura. Ele nos dá não só o verdadeiro estilo, como as imagens poéticas do selvagem, os modos de seu pensamento, as tend~encias de seu espítito, e até as menores

os modos de seu pensamento, as tend~encias de seu espítito, e até as menores  particularidades de sua vida. è nessa fonte qye se deve beber o poeta brasileiro."  particularidades de sua vida. è nessa fonte qye se deve beber o poeta brasileiro."

h) Tempo h) Tempo

(15)

O ano em que a ação se desenvolve é 1603, século XVII, época da colonização do O ano em que a ação se desenvolve é 1603, século XVII, época da colonização do Brasil, mais especificamente, no texto, da colonização do Ceará.

Brasil, mais especificamente, no texto, da colonização do Ceará.

Iracema, de

Iracema, de José de Alencar José de Alencar  Análise

Análise Em

Em Iracema Iracema (1865) José de Alencar, ou por ter atingido a maturidade nos temas(1865) José de Alencar, ou por ter atingido a maturidade nos temas indianist

indianistas, ou porque nessa obra não as, ou porque nessa obra não há a rigor nenhum compromisso com umahá a rigor nenhum compromisso com uma afirmação nacional pela literatura, atinge seu romance mais bem estruturado, sob afirmação nacional pela literatura, atinge seu romance mais bem estruturado, sob oo  ponto de vista estético.

 ponto de vista estético. Iracema Iracema é o exemplar mais perfeito de prosa poética de nossaé o exemplar mais perfeito de prosa poética de nossa ficção romântica, belíssimo exemplo do nacionalismo ufanista e indianista, com o qual ficção romântica, belíssimo exemplo do nacionalismo ufanista e indianista, com o qual Alencar contribuiu com a construção da

Alencar contribuiu com a construção da literatura e da cultura brasileira.literatura e da cultura brasileira.

 No romance há um argumento histórico: a colonização do Ceará, que se deu em 1606.  No romance há um argumento histórico: a colonização do Ceará, que se deu em 1606.  Nele há a

 Nele há a presença de personagens históricospresença de personagens históricos: Martim Soares : Martim Soares Moreno, o colonizador Moreno, o colonizador   português que se aliou aos índios Pitiguaras e Poti, Antônio Felipe Camarão. Através do  português que se aliou aos índios Pitiguaras e Poti, Antônio Felipe Camarão. Através do

romance entre Iracema e

romance entre Iracema e Martim, José de Alencar romantizou o processo de Martim, José de Alencar romantizou o processo de colonizaçcolonizaçãoão do Ceará, simbolicamente representativo do processo de colonização do

do Ceará, simbolicamente representativo do processo de colonização do Brasil.

Brasil. Iracema Iracema apresenta uma espécie de conciliação entre o branco e o índio, naapresenta uma espécie de conciliação entre o branco e o índio, na medida em que romantiza a dominação de um povo pelo outro.

medida em que romantiza a dominação de um povo pelo outro. Desta forma insere nosDesta forma insere nos códigos artísticos do Romantismo europeu a temática do processo de colonização do códigos artísticos do Romantismo europeu a temática do processo de colonização do  país. Com a obra se inaugura o mito heróico da pátria, de natureza indianista.

 país. Com a obra se inaugura o mito heróico da pátria, de natureza indianista.

Portanto, o espaço da obra é o Estado do Ceará e o tempo é o início do século XVII. Portanto, o espaço da obra é o Estado do Ceará e o tempo é o início do século XVII. O relacionamento amoroso entre Iracema e

O relacionamento amoroso entre Iracema e Martim pode ser Martim pode ser interpretadointerpretado,,

simbolicamente, como metáfora, como alegoria representativa do cruzamento das raças simbolicamente, como metáfora, como alegoria representativa do cruzamento das raças indígena e branca, ou seja, o nativo e o europeu colonizador. O desenvolvimento do indígena e branca, ou seja, o nativo e o europeu colonizador. O desenvolvimento do enredo - ruptura de I

enredo - ruptura de Iracema com o compromisso de virgem vestal e com sua tribo, suaracema com o compromisso de virgem vestal e com sua tribo, sua entrega amorosa, seu abandono e sua morte, deixando o filho Moacir, "aquele que nasce entrega amorosa, seu abandono e sua morte, deixando o filho Moacir, "aquele que nasce da dor",

da dor", - todos esses elementos da - todos esses elementos da trama narrativa confirmam a possibilidade de leituratrama narrativa confirmam a possibilidade de leitura simbólica. A própria construção do personagem Iracema é feita a partir da natureza, de simbólica. A própria construção do personagem Iracema é feita a partir da natureza, de comparações com elementos da fauna e da flora americana , em geral brasileira e mais comparações com elementos da fauna e da flora americana , em geral brasileira e mais especificamente do Ceará.

especificamente do Ceará.

A índia Iracema, que se entrega por amor a Martim, tem a função de simbolizar, no A índia Iracema, que se entrega por amor a Martim, tem a função de simbolizar, no romance, a presença do elemento nacional, da cor local, existente na criação de seus romance, a presença do elemento nacional, da cor local, existente na criação de seus traços físicos, que é feita por

traços físicos, que é feita por comparação com elementos da natureza. Emboracomparação com elementos da natureza. Embora  psicologicamente Iracema se assemelhe às heroínas românticas européias, constitui,  psicologicamente Iracema se assemelhe às heroínas românticas européias, constitui,

nessa fusão de elementos da cor local com elementos do romantismo europeu, um mito nessa fusão de elementos da cor local com elementos do romantismo europeu, um mito fundador da pátria. De acordo com o

fundador da pátria. De acordo com o romantismo europeu, Iracema pode ser romantismo europeu, Iracema pode ser  caracterizad

caracterizada como um a como um exemplo de "mulher-anjo" - virgem, delicada, bela, capaz de exemplo de "mulher-anjo" - virgem, delicada, bela, capaz de sese sacrificar pelo homem que ama,

sacrificar pelo homem que ama, Martim. Essa característica de Iracema mostra queMartim. Essa característica de Iracema mostra que embora o narrador privilegie os seus sentimentos e pensamentos ao longo da história, embora o narrador privilegie os seus sentimentos e pensamentos ao longo da história, idealizando o índio, que ela representa, o seu ponto de vista ao contar torna-se o do idealizando o índio, que ela representa, o seu ponto de vista ao contar torna-se o do  branco colonizador

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Quanto à importância relativa das personagens, Alencar constrói uma obra inteiramente Quanto à importância relativa das personagens, Alencar constrói uma obra inteiramente distinta de

distinta de O GuaraniO Guarani (e também do posterior (e também do posterior Ubirajara,Ubirajara, que data de 1874).que data de 1874). Em

Em Iracema, Iracema, a relação amorosa entre a jovem índia e o fidalgo português Martima relação amorosa entre a jovem índia e o fidalgo português Martim domina toda a obra.

domina toda a obra.

 Não é difícil encontrar as fontes principais em que se inspirou Alencar:

 Não é difícil encontrar as fontes principais em que se inspirou Alencar:  Iracema Iracema é, numé, num certo sentido (não o da imitação, evidentemente), a transposição de

certo sentido (não o da imitação, evidentemente), a transposição de  Atala, Atala, dede

Chateaubriand, autor que Alencar confessou ter lido bastante. Temos, pois, o caso de Chateaubriand, autor que Alencar confessou ter lido bastante. Temos, pois, o caso de uma composição homóloga, pois apresenta vários pontos em comum: o

uma composição homóloga, pois apresenta vários pontos em comum: o tema datema da felicidade primitiva dos selvagens, que começa a se corromper diante da primeira felicidade primitiva dos selvagens, que começa a se corromper diante da primeira aproximação do civilizado; a idéia do bom selvagem; o amor de uma índia por um aproximação do civilizado; a idéia do bom selvagem; o amor de uma índia por um

estrangeiro; a morte das duas heroínas, o exótico da paisagem; enfim, nas duas obras de estrangeiro; a morte das duas heroínas, o exótico da paisagem; enfim, nas duas obras de um conflito fundamental representado pela oposição de índole dos dois mundos: o da um conflito fundamental representado pela oposição de índole dos dois mundos: o da velha civilizaçã

velha civilização européia e o européia e o Novo Mundo o Novo Mundo da América.da América.

O romance, na definição de Machado de Assis, é uma "poema em prosa", é

O romance, na definição de Machado de Assis, é uma "poema em prosa", é um poemaum poema épico-lirico (para Machado de Assis, é

épico-lirico (para Machado de Assis, é um poema um poema essencialessencialmente lírico).mente lírico). Elementos épicos

Elementos épicos

- Presença do "maravilhoso" nas epopéias e em Iracema. - Presença do "maravilhoso" nas epopéias e em Iracema.

O texto é épico por ser narrativo. José de Alencar narra os feitos heróicos dos O texto é épico por ser narrativo. José de Alencar narra os feitos heróicos dos  portugueses na figura de Martim. Iracema, também, é transformada em heroína. O  portugueses na figura de Martim. Iracema, também, é transformada em heroína. O vinho de Tupã que permite a posse de Iracema (presença do "maravilhoso"). Além vinho de Tupã que permite a posse de Iracema (presença do "maravilhoso"). Além disso, temos, também, a presença dos deuses indígenas representando as forças da disso, temos, também, a presença dos deuses indígenas representando as forças da natureza.

natureza.

Elementos líricos Elementos líricos O amor de

O amor de Iracema por Martim: Iracema é a Iracema por Martim: Iracema é a heroína típica do romantismo, que padeceheroína típica do romantismo, que padece de saudades do amante, que partiu, e da pátria que

de saudades do amante, que partiu, e da pátria que deixou. Ela se enquadra dentro dedeixou. Ela se enquadra dentro de uma corrente luso-brasileira cujo inicio data das cantigas medievais.

uma corrente luso-brasileira cujo inicio data das cantigas medievais.

Toda a força poética do livro advém dessa relação amorosa. A ação é reduzidíssima, o Toda a força poética do livro advém dessa relação amorosa. A ação é reduzidíssima, o que dá ao livro o

que dá ao livro o notável espaço lírico de que se valeu Alennotável espaço lírico de que se valeu Alencar para escrever sua obracar para escrever sua obra mais poética: a desorientação inicial de Martim, jovem fidalgo português, que se mais poética: a desorientação inicial de Martim, jovem fidalgo português, que se

 perdera nas matas... O surpreendente encontro com a jovem índia... A hospitalidade do  perdera nas matas... O surpreendente encontro com a jovem índia... A hospitalidade do

selvagem brasilei

selvagem brasileiro... O ciúme do ro... O ciúme do guerreiro... O amor entre os representantes das duasguerreiro... O amor entre os representantes das duas raças: lracema e Martim... A morada dos dois, afastados da tribo e da civilização... A raças: lracema e Martim... A morada dos dois, afastados da tribo e da civilização... A nostalgia de Martim por sua terra natal, suas viagens e a

nostalgia de Martim por sua terra natal, suas viagens e a tristeza de Iracema com atristeza de Iracema com a mudança inesperada de seu amado... O nascimento de Moacir, filho da dor, e a morte de mudança inesperada de seu amado... O nascimento de Moacir, filho da dor, e a morte de Iracema... Essa é praticamente a síntese da fábula do livro.

Iracema... Essa é praticamente a síntese da fábula do livro. Foco narrativo

Foco narrativo

A obra é escrita em terceira pessoa, temos um narrador-observador, isto é, um narrador  A obra é escrita em terceira pessoa, temos um narrador-observador, isto é, um narrador  que caracteriza as personagens apenas a partir do que pode observar de seus sentimentos que caracteriza as personagens apenas a partir do que pode observar de seus sentimentos e de seu comportamento, como se percebe no trecho:

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 pôs nos olhos e no rosto não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba,  pôs nos olhos e no rosto não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba,

e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara." 

e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara."  (Capítulo 2), (Capítulo 2), especialmeespecialmentente no momento em que o

no momento em que o narrador coloca em dúvida a reação emocional de Martim,narrador coloca em dúvida a reação emocional de Martim, flechado por Iracema. O narrador conta a história do

flechado por Iracema. O narrador conta a história do ponto de vista de Iracema, isto é,ponto de vista de Iracema, isto é, do índio, privilegiando os seus sentime

do índio, privilegiando os seus sentimentos e não os ntos e não os de Martim, que representa o brancode Martim, que representa o branco colonizador.

colonizador. Personagens Personagens

Iracema – (lábios de mel) – 

Iracema – (lábios de mel) – índia da tribo dos índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquémtabajaras, filha de Araquém, velho pajé;, velho pajé; era uma espécie de vestal (no sentido de ter a sua virgindade consagrada à divindade) era uma espécie de vestal (no sentido de ter a sua virgindade consagrada à divindade)  por guardar o

 por guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais rsegredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiososeligiosos);); anagrama de América. Forte, sedutora, mas

anagrama de América. Forte, sedutora, mas submissa. Heroína trágica.submissa. Heroína trágica. Martim Soares Moreno – 

Martim Soares Moreno – guerreiro branco, colonizador europeu, amigo guerreiro branco, colonizador europeu, amigo dos pitiguaras,dos pitiguaras, habitantes do litoral, adversários dos tabajaras; os pitiguaras lhe deram o nome de

habitantes do litoral, adversários dos tabajaras; os pitiguaras lhe deram o nome de Coatiabo ("guerreiro pintado" - "tinha nas faces o branco das areias, nos olhos o Coatiabo ("guerreiro pintado" - "tinha nas faces o branco das areias, nos olhos o azulazul triste das águas e os cabelos da cor do sol."

triste das águas e os cabelos da cor do sol." Moacir

-Moacir - Filho de Iracema e Martim, filho do sofrimento (Moaci = dor, ira = saído de).Filho de Iracema e Martim, filho do sofrimento (Moaci = dor, ira = saído de). Poti – 

Poti – herói dos pitiguaras, amigo – que se considerava irmão – de herói dos pitiguaras, amigo – que se considerava irmão – de Martim. PersonagemMartim. Personagem histórico.

histórico. Irapuã

-Irapuã - chefe dos tabajaras; apaixonado por Iracema. Ciumento e corajoso. Seu nomechefe dos tabajaras; apaixonado por Iracema. Ciumento e corajoso. Seu nome significa "mel redondo".

significa "mel redondo". Caubi – 

Caubi – índio tabajara, irmão de Iracema. Não guardou rancor de Iracema, indo visitá-índio tabajara, irmão de Iracema. Não guardou rancor de Iracema, indo visitá-la no exílio.

la no exílio. Jacaúna – 

Jacaúna – chefe dos pitiguaras, irmão de Poti. chefe dos pitiguaras, irmão de Poti. Seu nome significa "jacarandá preto".Seu nome significa "jacarandá preto". Valor simbólico do personagem Moacir

Valor simbólico do personagem Moacir

Moacir simboliza o primeiro brasileiro nascido da miscigenação índio X português. Moacir simboliza o primeiro brasileiro nascido da miscigenação índio X português. Duas vezes filho da dor de Iracema: dela nascido e, também, dela nutrido. Tal mescla de Duas vezes filho da dor de Iracema: dela nascido e, também, dela nutrido. Tal mescla de vida e morte, de dor e de alegria, acha-se tematizada pelo leite branco, ainda rubro do vida e morte, de dor e de alegria, acha-se tematizada pelo leite branco, ainda rubro do sangue de que se formou.

sangue de que se formou. Enredo

Enredo

Durante uma caçada, Martim Soares

Durante uma caçada, Martim Soares Moreno, personagem histórico responsávMoreno, personagem histórico responsável pelael pela colonizaç

colonização do Ceará, se ão do Ceará, se perdeu dos companheiros pitiguperdeu dos companheiros pitiguaras e se pôs aras e se pôs a caminhar sema caminhar sem rumo durante três dias.

rumo durante três dias.  No interior das

 No interior das matas pertencentematas pertencentes à s à tribo dos tabajaras, encontra-se com Iracema, filhatribo dos tabajaras, encontra-se com Iracema, filha do pajé Araquém, da tribo dos Tabajaras, "os senhores das montanhas".

do pajé Araquém, da tribo dos Tabajaras, "os senhores das montanhas". Ao deparar-se com Martim, surpresa e amedrontada, a índia o fere

Ao deparar-se com Martim, surpresa e amedrontada, a índia o fere no rosto com umano rosto com uma flechada. Ele não reagiu. Arrependida

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