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OCORRÊNCIA E EVOLUÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA E TORTUOSIDADE DO TRONCO DE ESPÉCIES NATIVAS PLANTADAS EM DOIS VIZINHOS - PARANÁ

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_________________________________________________________________________________________________________________ ¹Acadêmicos do curso de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná- Câmpus Dois Vizinhos. Bolsistas do Grupo PET Engenharia Florestal. E-mail: erickeneiri@yahoo.com.br

**Eng. Florestal, Dr., Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná- Câmpus Dois Vizinhos. Tutor do Grupo PET Engenharia Florestal. E-mail: eleandrobrun@utfpr.edu.br.

OCORRÊNCIA E EVOLUÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA E TORTUOSIDADE

DO TRONCO DE ESPÉCIES NATIVAS PLANTADAS EM DOIS VIZINHOS

- PARANÁ

Erick Martins Nieri¹, Lucas Daniel Perin¹, Thatiana Tominaga Higa¹, Aline Aparecida Ludvichak¹, Eleandro José Brun²

Resumo

Este trabalho avaliou os caracteres qualitativos de sobrevivência e a tortuosidade do fuste de 16 espécies nativas plantadas na região Sudoeste do Paraná. Em outubro de 2011, foi implantado um bosque experimental, o qual foi avaliado ao completar dois e posteriormente aos sete meses após o plantio. Foi analisada a sobrevivência das espécies e a ocorrência e evolução de níveis diferentes de tortuosidade do tronco das plantas. Apenas o Tarumã apresentou índices muito baixos de sobrevivência (33,3%). Quanto à tortuosidade, oito espécies apresentaram um aumento da tortuosidade do tronco dos indivíduos, de fuste reto e levemente tortuoso para um fuste torto. Seis espécies apresentaram uma evolução de indivíduos com fuste mais retos e uma redução de fustes mais tortuosos, sendo que o Ipê-Amarelo apresentou, dentre as espécies, maior evolução quanto à diminuição da tortuosidade.

Palavras-chaves: qualidade do fuste; valor agregado; mortalidade.

Abstract

OCCURRENCE AND EVOLUTION OF THE SURVIVAL AND STEM

TORTUOSITY OF NATIVE SPECIES PLANTED IN DOIS VIZINHOS -

PARANA

This study evaluated the qualitative character of the level of survival and the stem tortuosity of 16 native species planted in the Southwest region of Parana. In October 2011, were implanted an experimental plantation, that was measured in the two and seven months after planting. Were analyzed the survival of species and the occurrence and evolution of different levels of stem tortuosity of the plants. Only Tarumã showed very low rates of survival (33,3%). To the tortuosity, eight species showed an increase of stem tortuosity, of stem straight and slightly crooked to crooked stem. Six species showed a evolution for individuals with more upright stem and a reduction of more crooked stems. The Ipê-Amarelo presented, among the species, further progress on the decreased of tortuosity.

Key-words: stem quality; aggregated value; mortality. INTRODUÇÃO

As árvores nativas são fundamentais para a dinâmica do ecossistema, pois proporcionam fonte de alimento e abrigo para a fauna nativa, proteção do solo, entre outros atributos ecológicos. Além dessas funções, as espécies nativas possuem uma madeira de alta qualidade, a qual pode ser destinada para a produção de diversos produtos. Porém, devido à alta procura de madeira e a retirada da mesma de forma irracional, ou seja, sem a utilização de um manejo florestal adequado, muitas espécies estão ameaçadas (SEMA, 2011).

Com o plantio de espécies nativas, evidenciam-se os grupos sucessionais, os quais são classificados pelo crescimento da mesma, pela quantidade de iluminação recebida, entre outros fatores, sendo que esses levam a distinção dos estágios em: espécies pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e clímax, podendo assim determinar a sobrevivência dessas espécies (EMBRAPA, s/d).

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Em relação a variável qualitativa tortuosidade, pode-se dizer que a mesma possui suma importância para a indústria madeireira, pois quanto mais tortuoso o fuste, menor será o aproveitamento comercial dessa madeira. Esse defeito pode ocorrer: pela intensidade de luz que a árvore recebe, pela própria genética da espécie, pela competição entre indivíduos, entre outros fatores que ocasionam a mudança da copa e proporcionam defeitos anatômicos, como por exemplo, grã irregular, presença de lenho de reação, entre outros fatores que favorecem o declínio do aproveitamento (MATTOS, 2002).

De acordo com Lorenzi (2008) e Carvalho (2003), descreve-se as características das 16 espécies implantadas no bosque experimental no município de Dois Vizinhos – PR.

Conhecido popularmente como Açoita-cavalo, Luehea divaricata Martius é da família Tiliaceae, sendo classificado como espécie secundária tardia, possui crescimento lento com aproximadamente 5 m³ ha-1 ano-1, com espaçamento 4 x 4 m. Ocorre desde o estado do Pará até Sul do país, também nos países como Argentina, Paraguai e Uruguai. Sua madeira é suavemente pesada e dura, porém flexível e resistente. De acordo com Reitz et al. (1988), apresenta um tronco comumente tortuoso e nodoso, com base alargada e fuste habitualmente curto de 4 a 6 m de extensão, estando empregado na confecção de móveis, sobretudo em peças arredondadas e torneadas.

O Angico-vermelho, Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan, da família Fabaceae, é uma espécie arbórea com produtividade máxima registrada de 13,40 m³ ha-¹ ano-¹ aos 12 anos, possui madeira compacta, de baixa elasticidade e pesada. Além disso, é muito resistente e com uma ampla solidez. Tem como finalidade a fabricação de peças de boa durabilidade, de uso geral e principalmente externo, como estruturas de construção civil, moirões de cercas, galpões, entre outros. Tem distribuição natural em Minas Gerais, São Paulo, sendo também encontrada com frequência nos estados do Sul do país.

Da família Fabaceae, Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert., conhecida popularmente como Canafístula, possui uma madeira moderadamente pesada, de crescimento rápido com produtividade volumétrica máxima registrada de 19,60 m³ ha-¹ ano-¹. Ocorre desde a Bahia até o Paraná e também em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, na Floresta Estacional. Tem utilização importante na construção civil e em marcenarias.

Outras espécies da mesma família, plantadas no estudo, são: Grápia, Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. que possui um incremento volumétrico máximo de 6,80 m³ ha-¹ ano-¹ aos 12 anos, com um tronco retilíneo, pouco pesado, fácil de trabalhar. Sua madeira é muito susceptível ao ataque por cupins. É frequentemente utilizada em marcenarias para a fabricação de móveis e peças diversas. A Timbaúva,

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong,, também Fabaceae, apresenta uma alta produção volumétrica,

chegando a 30 m³ ha-¹ ano-¹ aos 11 anos, com tronco alinhado, cilíndrico e o fuste pode conter de 10 a 12 m ou mais. Essa espécie arbórea apresenta um crescimento rápido, sobretudo, em áreas de solo fértil (REITZ et al., 1988). Apresenta uma madeira leve, macia ao corte, com baixa resistência. É utilizada para fabricação de barcos e brinquedos. Esta espécie arbórea tem ocorrência natural no Pará, Maranhão, se distribuindo por boa parte do Brasil, chegando até o Rio Grande do Sul. Myrocarpus frondosus Allemão é da família Fabaceae, conhecida como Cabreúva. Sua madeira é utilizada na construção civil por ser pesada, dura ao corte e com alta resistência mesmo em obras externas.

A Canjerana, denominado cientificamente como Cabralea canjerana (Vell.) Mart., pertence à família Meliaceae, possui uma produtividade volumétrica registrada de 13,50 m³ ha-¹ ano-¹ aos 10 anos com espaçamento de 3 m x 2 m. Tem como característica uma madeira fácil de ser manuseada, moderadamente pesada, resistente a umidade e a insetos. Muito utilizada em marcenarias e construção civil (CARVALHO, 1994). Ocorrente desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul.

Três espécies plantadas são da família Bignoniaceae: a Caroba, o Ipê-amarelo e o Ipê-roxo. A Caroba,

Jacaranda micrantha Cham., apresenta um incremento volumétrico baixo, de 0,75 m³ ha-¹ ano-¹ aos nove anos

com espaçamento de 4 m x 3 m, tendo uma madeira leve, de resistência mecânica boa e simples de se manusear. Utilizada na marcenaria e carpintaria, ocorre desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. O Ipê-amarelo,

Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos está presente desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul

e possui um crescimento lento. Apresenta uma madeira resistente, de alto crescimento, muito durável e brandamente pesada. Utilizadas pra construção de pontes, postes e tábuas para cercas. O Ipê-roxo, Handroanthus

heptaphyllus, é nativa do Cerrado e da Mata Atlântica, possui um incremento de 6,60 m³ ha-¹ano-¹ em um

plantio com espaçamento de 2 m x 2 m. Mostra-se bastante dura ao corte, resistente ao ataque de insetos e apresenta ser abundantemente pesada e sua utilização é adequada para uso como postes.

Espécies pertencentes à família Boraginaceae são brandamente pesadas, fácil de trabalhar e duras. A Guajuvira, Cordia americana (L.) Gottschling & J.S.Mill. é amplamente empregada em obras expostas, como vigas de pontes. Ocorre de São Paulo até Rio Grande do Sul. Já o Louro-pardo, Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud., é utilizada na composição de móveis de luxo e tem ocorrência desde o Ceará até o Rio Grande do Sul.

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O Marmeleiro, Ruprechtia laxiflora Meisn. é da família Polygonaceae e possui um crescimento médio de 3,35 m de altura e 2,6 cm de DAP em um espaçamento de 4 x 2 m aos 4 anos. Apresenta um tronco reto e cilíndrico, madeira suavemente pesada, moderadamente resistente e brandamente dura. É frequente na região do Sudoeste do Paraná. É também é comum na Argentina, Paraguai e Bolívia. Sua madeira é utilizada na fabricação de móveis.

Da família Rutaceae, o Pau-marfim, Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl, apresenta um crescimento volumétrica de 12 m³ ha-¹ ano-¹ aos 26 anos. Possui como característica um tronco retilíneo, com madeira dura, pouco resistente, brandamente pesada, sendo usada para construção civil. Com mesma utilidade, a Peroba, Aspidosperma polyneuron Müll.Arg. é da família Apocynaceae e apresenta um crescimento moderado chegando a atingir 5,90 m³ ha-¹ ano-¹. Como característica possui uma madeira moderadamente pesada, forte e compacta, com ocorrência na Bahia até o Paraná.

Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke, vulgarmente conhecido como Tarumã, pertence à família

Lamiaceae e apresenta uma madeira resistente, com excelente durabilidade, sendo usada principalmente para a construção de vigas de pontes.

Este trabalho tem como hipótese que mudas de boa qualidade tem alta sobrevivência em um plantio, desde que observadas às práticas silviculturais adequadas. Espera-se também que, com o avanço da idade do plantio, a tortuosidade do fuste diminua. Dentro dessa hipótese, tem-se por objetivo avaliar a sobrevivência e a ocorrência e evolução da tortuosidade do fuste de espécies nativas na região Sudoeste do Paraná em plantio experimental em Dois Vizinhos, PR.

MATERIAIS E MÉTODOS

A área de estudo está situada geomorfologicamente no terceiro planalto paranaense ou planalto de Guarapuava, na mesorregião do sudoeste do estado do Paraná e na microrregião de Francisco Beltrão. Localizada nas coordenadas 25º42’32”S e 53º03’56”W, tem solo do tipo Latossolo e altitude com cerca de 540 metros. Com um clima típico subtropical úmido mesotérmico, estação seca e temperatura com media de 18°C, Dois Vizinhos apresenta tanto características de clima de zona tropical quanto de zona subtropical, onde atuam tanto os sistemas polares quanto tropicais. Trata-se, portanto, de uma região de acentuada variabilidade climática, principalmente durante o outono e inverno, devido à maior intensificação de massa polar atlântica que cria situações frontais, com instabilidade do tempo e quedas bruscas de temperatura que muitas vezes provocam geadas (INMET, 2011).

Foram implantadas 16 espécies nativas, a saber: Açoita-cavalo, Luehea divaricata Martius; Angico-vermelho, Parapiptadenia rigida; Canafístula, Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert.; Grápia,

Apuleia leiocarpa; Canjerana, Cabralea canjerana; Cabreúva, Myrocarpus frondosus; Caroba, Jacaranda micrantha; Ipê-amarelo, Handroanthus chrysotrichus; Ipê-roxo, Handroanthus heptaphyllus; Guajuvira, Cordia americana; Louro-pardo, Cordia trichotoma; Marmeleiro, Ruprechtia laxiflora; Pau-marfim,

Balfourodendron riedelianum; Peroba, Aspidosperma polyneuron; Tarumã, Vitex megapotamica; Timbaúva e Enterolobium contortisiliquum. As mudas foram doadas pela Companhia Paranaense de Energia (COPEL -

Usina Hidrelétrica Governador José Richa).

Antes do plantio, que foi realizado em outubro de 2011, o solo teve preparo mecanizado com escarificação de 30 cm de profundidade. O plantio foi executado em parcelas experimentais com 36 plantas por espécie, com 6 colunas e 6 linhas em espaçamento de 3 m x 2 m. Aos dois meses (dezembro de 2011) foi realizada uma capina manual em coroamento e aplicação manual, em semicírculo no entorno da muda, de 360 g de adubo químico NPK (8-20-10) por planta, dosagem baseada em análise de solo e nas recomendação para espécies de Eucalyptus sp., em função da inexistência de recomendações de adubação padronizadas para as espécies em estudo.

O plantio ocorreu em um período de seca, tendo sido necessária a realização de irrigação manual com 1,5 litros de água para cada planta no plantio, a qual foi repetida mais três vezes até a ocorrência de chuva mais significativa, cerca de duas semanas depois

As avaliações da sobrevivência e da tortuosidade do tronco foram realizadas aos dois e aos sete meses após o plantio. A tortuosidade foi classificada como: tortuosidade 1 (fuste reto), tortuosidade 2 (fuste levemente torto), tortuosidade 3 (fuste com tortuosidade média), tortuosidade 4 (fuste torto) e tortuosidade 5 (fuste extremamente torto). Esta classificação foi determinada e estruturada antes de ir a campo (Figura 1).

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Figura 1: Classificação da tortuosidade do tronco das plantas usadas no estudo. Dois Vizinhos, PR. 2012. Figure 1: Classification of stem tortuosity of plants used in the study. Dois Vizinhos, PR. 2012.

Os dados obtidos foram tabulados e analisados em planilha excel, sendo calculada a percentagem de sobrevivência e a distribuição de frequência da tortuosidade nos cinco níveis estabelecidos e nas duas ocasiões de medições. Com base nas duas medições, foi avaliada a evolução dos dados entre os dois períodos de medição. O presente trabalho é parte de um experimento maior, onde estão sendo avaliados dados quantitativos e qualitativos, sendo reportada nessa publicação a análise da sobrevivência e tortuosidade do fuste das plantas. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos no presente trabalho estão expostos nas Tabelas 1, quanto à sobrevivência das mudas no plantio de espécies nativas e, na Tabela 2, em relação à evolução da tortuosidade do tronco de espécies nativas da região Sudoeste do Paraná.

Tabela 1: Porcentagem de sobrevivência de 16 espécies florestais nativas em plantio experimental em Dois Vizinhos-PR, 2012.

Table 1: Survival percentage of 16 native tree species in experimental planting in Dois Vizinhos-PR, 2012.

Espécies Sobrevivência (%) Acoita cavalo 100,0 Angico vermelho 100,0 Canafístula 94,4 Canjerana 100,0 Cabreúva 97,2 Caroba 97,2 Grápia 100,0 Guajuvira 100,0 Ipê amarelo 94,4 Ipê roxo 100,0 Louro pardo 100,0 Marmeleiro 100,0 Peroba 100,0 Pau Marfim 94,4 Tarumã 33,3 Timbaúva 100,0 Média geral 94,1

Tortuosidade 1 Tortuosidade 2 Tortuosidade 3 Tortuosidade 4 Tortuosidade 5

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Ao analisar a Tabela 1, pode-se perceber que a maioria das espécies obteve uma alta porcentagem de sobrevivência, variando de 100% a 94,44%, demonstrando assim que os métodos silviculturais foram empregados corretamente. Porém, o Tarumã obteve uma taxa de sobrevivência de 33,33%, sendo que essa porcentagem pode ser explicada pelo ataque de formigas cortadeiras e lagartas, que causaram a retirada das folhas e necrose na respectiva espécie. Não foram encontrados em literatura científica dados que possam demonstrar algum tipo de preferência de formigas cortadeiras (Atta ou Acromyrmex) pela espécie, aspecto que merece ser ainda melhor estudado. As lagartas encontradas parasitando as folhas da espécie foram coletadas e estão passando por processo de identificação.

Durigan (1990) avaliou a sobrevivência das espécies Ipê-roxo e Canafístula após oito meses de plantio, obtendo uma porcentagem de 100%, a qual se equivale à porcentagem obtida pelo presente estudo em relação ao Ipê-roxo. A Canafístula apresentou uma porcentagem de 94,44% no presente estudo, também semelhante ao encontrado pelo citado autor.

Figueiredo Filho et al. (2009) avaliaram a mortalidade das espécies nativas da Floresta Ombrófila mista e constatou uma taxa de mortalidade dos indivíduos de aproximadamente 2% ao ano. Esses dados evidenciados pelo mesmo demonstra uma semelhança com os dados obtidos no presente trabalho, mesmo sendo um proveniente de floresta nativa e outro de floresta plantada. Essa diferença pode ser explicada, pois na floresta nativa possuímos condições adequadas para o desenvolvimento de espécies com distintos estágios sucessionais, sendo que em diferentes fases de desenvolvimento da floresta ocorrem mudanças entre maior mortalidade ou maior ingresso nos diferentes grupos de espécies, diferentemente dos plantios puros onde as condições de desenvolvimento são similares para as espécies, indiferentemente de grupo sucessional.

Vaccaro (2002) avaliou a mortalidade das espécies nativas da Floresta Estacional Decidual do município de Santa Tereza, Rio Grande do Sul e constatou que aproximadamente 42% das espécies classificadas como secundarias iniciais morreram, o que pode ser uma explicação para a alta taxa de mortalidade do Tarumã, o qual é classificado como espécie desse grupo sucessional.

Tabela2: Avaliação da tortuosidade de 16 espécies nativas plantadas em área experimental em Dois Vizinhos, Sudoeste do Paraná 2012.

Table 2: Evaluation of stem tortuosity of 16 native species planted in the experimental area in Dois Vizinhos, Southwest of Paraná in 2012.

Espécies

Tortuosidade aos 2 meses (%) Tortuosidade aos 7 meses (%) Evolução (%)

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Acoita cavalo 94,4 5,6 0,0 0,0 0,0 36,1 50,0 11,1 2,8 0,0 -58,3 44,4 11,1 2,8 0,0 Angico Vermelho 36,1 47,2 16,7 0,0 0,0 55,6 44,4 0,0 0,0 0,0 19,5 -2,8 -16,7 0,0 0,0 Canafístula 22,2 77,8 0,0 0,0 0,0 82,4 17,7 0,0 0,0 0,0 60,2 -60,1 0,0 0,0 0,0 Canjerana 94,4 5,6 0,0 0,0 0,0 94,4 5,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Cabreúva 75,0 25,0 0,0 0,0 0,0 45,8 51,4 2,9 0,0 0,0 -29,3 26,4 2,9 0,0 0,0 Caroba 77,8 19,4 0,0 2,8 0,0 88,6 11,4 0,0 0,0 0,0 10,8 -8,0 0,0 -2,8 0,0 Grápia 80,6 19,4 0,0 0,0 0,0 52,8 41,7 5,6 0,0 0,0 -27,8 22,2 5,6 0,0 0,0 Guajuvira 86,1 13,9 0,0 0,0 0,0 52,8 27,8 16,7 2,7 0,0 -33,3 13,9 16,7 2,7 0,0 Ipê amarelo 41,7 36,1 8,3 5,6 8,3 50,2 41,2 5,8 2,8 0,0 8,5 5,1 -2,5 -2,8 -8,3 Ipê roxo 0,0 63,9 30,6 5,6 0,0 0,0 80,6 19,4 0,0 0,0 0,0 16,7 -11,1 -5,6 0,0 Louro pardo 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Marmeleiro 37,1 60,0 0,0 2,9 0,0 8,3 36,1 19,4 5,6 30,6 -28,8 -23,9 19,4 2,7 30,6 Pau marfim 80,6 19,4 0,0 0,0 0,0 94,3 5,7 0,0 0,0 0,0 13,7 -13,7 0,0 0,0 0,0 Peroba 52,8 47,2 0,0 0,0 0,0 38,9 50,0 5,6 5,6 0,0 -13,9 2,8 5,6 5,6 0,0 Tarumã 91,7 8,3 0,0 0,0 0,0 75,0 16,7 8,3 0,0 0,0 -16,8 8,3 8,3 0,0 0,0 Timbaúva 13,9 75,0 11,1 0,0 0,0 8,3 63,9 13,9 13,9 0,0 -5,6 -11,1 2,8 13,9 0,0 Média geral 61,53 32,74 4,17 1,06 0,52 55,22 34,01 6,79 2,09 1,91 -6,32 1,26 2,63 1,03 1,39

Ao analisar a tabela 2, pode-se evidenciar que os indivíduos conhecidos popularmente como Acoita Cavalo, Canjerana, Grápia, Guajuvira, Louro Pardo, Pau Marfim e Tarumã, obtiveram tortuosidade 1 na medição realizada aos dois meses, sendo que as respectivas porcentagens foram de 94,4%, 94,4%, 80,6%, 86,1%, 100%, 80,6% e 91,7%. Na segunda medição ao sétimo mês as espécies que obtiveram o grau de tortuosidade 1 (Fuste reto) foram a Canafístula com 82,4%, a Canjerana com 94,4%, a Caroba com 88,6%, o Louro Pardo com 100% e o Pau Marfim com 94,4%.

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Em relação às espécies que apresentaram grau de tortuosidade 5 na primeira medição, pode-se observar que o Ipê Amarelo obteve aproximadamente 8%, sendo essa a única espécie que apresentou o grau de tortuosidade 5. A segunda medição, realizada ao sétimo mês, pôde-se observar que a espécie de Marmeleiro apresentou 30,6% de indivíduos extremamente tortos (Tortuosidade 5) e a espécie de Ipê Amarelo ao contrario da primeira medição apresentou indivíduos com o grau de tortuosidade 4, com 2,8% de fuste tortos.

Pode-se observar na Tabela 2 que Açoita-Cavalo, Cabreúva, Grápia, Guajuvira, Marmeleiro, Peroba, Tarumã e Timbaúva apresentaram uma regressão quanto a sua característica de fuste, representada pelas porcentagens de -58,3%, -29,3%, -27,8%, -33,3%, -28,8%, -13,9%, -16,8% e -5,6%, respectivamente. Tais regressões em relação à evolução da tortuosidade do tronco das espécies é indesejável, pois ao invés dessas espécies passarem para o grau de tortuosidade 1 ou aumentarei a sua participação no mesmo, estão regredindo para os demais graus de tortuosidade e consequentemente perdendo valor comercial.

O Marmeleiro foi a espécie que teve uma perda na tortuosidade 1 e 2 (indivíduos com fuste retos e levemente tortuosos), com aproximadamente -28,8% e -23,9% respectivamente, e um aumento na tortuosidade 5 (indivíduos extremamente tortos), com uma porcentagem estimada de 30,6%.

As espécies Guajuvira e Açoita-Cavalo foram os que demostraram aumento do grau de tortuosidade, sendo que passam do grau de tortuosidade 1 para os graus 2 (levemente torto), 3 (indivíduos com tortuosidade média) e 4 (indivíduos tortos), ocorrendo a mesma tendência para o marmeleiro.

A Canjerana e o Louro-Pardo mantiveram índices constantes em relação à medição inicial, sendo que a Canjerana continuou com graus de tortuosidade 1 e 2 enquanto que o Louro Pardo manteve fuste reto em 100% dos indivíduos. Esse fato é característico de ambas as espécies, que apresentam predominantemente fustes retos..

O Angico Vermelho, Caroba, Canafístula, Ipê-Amarelo, Ipê-Roxo e Pau Marfim apresentaram índices melhores quanto à tortuosidade do tronco. O Angico Vermelho teve um aumento de indivíduos retos (tortuosidade 1) e um declínio (-2,8%) de indivíduos levemente tortos (tortuosidade 2) assim como diminuição de indivíduos com tortuosidade média (tortuosidade 3), com cerca de -16,7%. A Canafístula apresentou um acréscimo considerável em relação à tortuosidade 1 (melhora de 60%). O Ipê-amarelo teve redução das tortuosidades 3, 4 e 5 para os graus 1 e 2. O Pau-Marfim obteve aproximadamente 94% de indivíduos com fuste reto, sendo que 13,7% desses passaram de tortuosidade 2 para 1. A Caroba apresentou bons índices na qualidade do fuste, perdendo aproximadamente -2,8% e -8% em tortuosidade 4 e 2 respectivamente e ganhando cerca de 11% em indivíduos retos.

Segundo Mattos (2002a), a tortuosidade de um tronco depende de diferentes fatores, sendo esses a exposição à luminosidade, a competição por espaço, incidência de ventos, as características genéticas, entre outras que modificam o formato do tronco. Com isso, observa-se que as mudas plantadas na região Sudoeste do Paraná estão em processo de formação de copa e até o momento não competem por luz e espaço. Dessa forma há maior desenvolvimento de gemas laterais do que gemas apicais, aumentando a tortuosidade, devido as mesmas fornecerem mais nutrientes para o crescimento das gemas laterais e assim prejudicando as gemas apicais. Isso poderia ser minimizado com o tutoramento das mudas, assim como pela desrama que será realizada no momento em que as copas estiverem em processo de competição.

Mattos (2002b), pesquisando o grau de tortuosidade de espécie nativas como o Louro-Pardo e a Grápia, obteve porcentagem de cerca de 82,9% de fuste retilíneo para o Louro Pardo e de 75% de fustes retilíneos para a Grápia. Dados semelhantes a esses foram obtidos nesse trabalho, exceto para a segunda medição da Grápia, com aproximadamente 53%, demonstrando a confirmação de sua forma e a utilização de métodos silviculturais adequados.

Segundo Vaccaro et al. (2003), em estudo sobre a tortuosidade de espécies nativas constatou que as características de tortuosidade não atrapalham no crescimento dos indivíduos, ou seja, não interferem no incremento de área basal.

CONCLUSÕES

- A sobrevivência apresentou percentuais acima de 90% em todas as espécies, menos para o tarumã, com problemas de ocorrência de pragas que elevaram a mortalidade de plantas da espécie;

- O Louro Pardo e a Canjerana foram as espécies de fuste mais reto e estável entre as duas avaliações; - A metade das espécies apresentou aumento do nível de tortuosidade do fuste, com um declínio na quantidade de indivíduos com fuste reto, sendo o marmeleiro a espécie que apresentou piores resultados em relação a evolução da tortuosidade do fuste;

- Seis espécies apresentaram ganho de qualidade no fuste, sendo que dentre dessas a Caroba e o Pau Marfim apresentam bons níveis de fuste reto;

- O Ipê-Amarelo teve redução de indivíduos com grau de tortuosidade 3 e 4 para indivíduos retilíneos, demonstrando maior evolução da espécie, uma vez que comercialmente tem mais valor agregado árvores com fustes retilíneos ou levemente tortuosos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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