Sermão do Monte - Uma ética
possível
Roteiro de estudo para pequenos grupos
Alexandre Robles
Dedico aos líderes de pequenos grupos da IBG – Igreja
Batista da Graça, que pastoreiam aqueles que Deus
confiou aos seus cuidados.
Apresentação
Apresento este material de apoio para estudo em pequenos grupos. É um roteiro de exposição de um tema com proposta de discussão. Foi baseado no trecho do Evangelho de Mateus, entre os capítulos 5 e 7, conhecido como Sermão do Monte.
Por ser um roteiro, visa guiar e incentivar pesquisa e aprofundamento de estudo em cada capítulo, portanto, não houve a pretensão de oferecer um texto de estudo abrangente sobre o tema. A ideia é a de que o líder do grupo e cada participante, se interessando por conhecer mais, tenham neste material uma porta de entrada para seu próprio aprofundamento.
Cada capítulo tera a seguinte estrutura: À PRIMEIRA VISTA
Apresentação geral do tema. OLHANDO MAIS DE PERTO
Informações de contexto e interpretação que complementam a primeira leitura
OLHANDO PRA DENTRO
Estímulo à conversa sobre o que o tema tem a ver com a vida FECHANDO OS OLHOS
Índice
1. É Possível?
2. Felizes os pobres 3. Felizes os que choram 4. Felizes os humildes
5. Felizes os que têm fome de justiça 6. Felizes os misericordiosos
7. Felizes os puros
8. Felizes os pacificadores
9. Felizes os perseguidos pelo Reino 10. Sal e Luz - Viver com propósito
11. Jesus cumpre a Lei e se torna a nossa Justiça 12. Matar é odiar
13. Adultério no coração, na intenção e na sedução. 14. Divórcio e repúdio
15. Pessoas de Palavra 16. Vingança não é Justiça 17. Amar ou gostar do inimigo?
18. Espiritualidade X Religião: qual recompensa você busca? 19. O Dinheiro é um deus
20. Ansiedade e necessidade 21. Cada um cuide da sua vida 22. Não jogue pérola aos porcos
23. Peça tudo; o Pai dá o que o filho precisa 24. O resumo de tudo
25. A porta estreita
26. Não compre o livro pela capa 27. Só é real o que é praticado
1. É Possível?
À PRIMEIRA VISTA
Esta seção registrada no Evangelho de Mateus foi chamada de "O Sermão do Monte" ou de "Sermão das Bem-aventuranças". Diz-se "do Monte" por causa do registro inicial em 5.1 de que Jesus subiu à um monte para ensinar. No entanto, Lucas, ao registrar o evento, diz que Jesus se posicionou em um Vale. Não que isso tenha importância fundamental no conteúdo, mas explica muito sobre o que os historiadores defendem ser uma das principais
motivações de Mateus ao registrar os ensinos de Jesus em um bloco (Lucas registra os mesmos ensinos em partes diferentes), dizem os historiadores que Mateus quis comparar o Sermão do Monte de Jesus aos Dez Mandamentos de Moisés, que os recebeu de Deus também em um monte.
Neste caso, temos a Lei dada ao povo através de Moisés e a Lei interpretada e aplicada por Jesus no Sermão do Monte. Disso sempre houve a discussão a respeito da aplicabilidade do Sermão do Monte. É possível cumpri-lo? Jesus nos deixou um código de leis? Elas substituem o Decálogo? Seria o Sermão do Monte apenas uma utopia?
OLHANDO MAIS DE PERTO
A maneira que Jesus trata as leis já conhecidas do povo, sugere que Ele se compara à um rabino, uma espécie de líder religioso que ensinava seu modo particular de aplicação da Lei. Jesus afirma "vocês ouviram o que foi dito, mas eu porém lhes digo" antes de explicar o seu entendimento. Ele
considerava que outros rabinos já haviam "dito" algo sobre a Lei e inclusive considerava que o povo conhecia a própria Lei, então se posiciona como novo intérprete.
Além disso, ele diz que cumpre a Lei em si mesmo e afirma aos seus seguidores que a justiça deles deve exceder à dos escribas e fariseus. O contexto é de confronto entre a tradição dos líderes religiosos e Jesus. OLHANDO PARA DENTRO
Jesus esclarece que esperava sim que seus seguidores cumprissem a Lei e que suas palavras não eram apenas para serem ouvidas. Ele diz que quem ouve e não pratica é um tolo que constrói casas na areia, que vive uma vida sem fundamentos, uma fé vazia.
Acontece que Ele não espera que cumpramos a Lei de modo cerimonial e externo, mas que entendamos o verdadeiro significado espiritual dos
mandamentos. Para Jesus, não matar vai muito além de não atirar em alguém, mas tem a ver com ódio, raiva, difamações. Este é o espírito com que Ele interpreta Moisés.
Jesus nos convoca a olharmos para dentro de nós mesmos e observarmos que mesmo não quebrando publicamente as leis, em nosso coração
fazemos. Esta é a convocação de Jesus em todo o seu ministério, para que o homem olhe para dentro de si mesmo.
Era comum que os fariseus se orgulhassem de não quebrar publicamente as tradições que eles mesmo determinavam para o povo, muito se orgulhavam de cumprir regras religiosas como jejuns, orações, esmolas e assim se
apresentavam como justos diante de todos, requerendo o direito de julgar a todos e se orgulhando de serem vistos cumprindo a lei.
Por isso que a mensagem de Jesus é tão profunda, porque os que se diziam justos por não serem pegos em adultério com uma mulher, no coração cobiçavam e com o olhar seduziam; os que não matavam à espada, o faziam com palavras de ódio; os que não se divorciavam, repudiavam suas esposas. Então Jesus afirma que a nossa justiça precisa exceder a dos fariseus. Queria Ele dizer que precisamos ser mais legalistas que os fariseus, cumprir um pouco mais que eles, como se fôssemos bater metas, ou seja, se um fariseu jejua duas vezes por semana, um cristão deve jejuar três? Por certo que não, isso seria como aumentar a nota de corte de uma mesma postura farisaica de autojustiça.
A justiça que deve exceder a dos fariseus é a de Jesus. A nossa justiça é Cristo, nossa justiça não é própria, como era a dos fariseus. Jesus cumpriu toda a Lei e nos justificou nEle.
O que nos cabe praticar da Lei não são suas cerimônias, regras, liturgias e semelhantes, mas seu espírito.
Podemos dividir as leis de Moisés em dois grupos. Leis cerimoniais e leis da vida. As leis cerimoniais tinham efeito pedagógico e todas se tornaram realidade em Cristo, caíram em desuso. Eram como sinais de trânsito que apontavam um destino, uma vez tendo chegado, a placa se torna
desnecessária.
Mas as leis da vida, como não roubar, não matar, não adulterar, etc, foram interpretadas por Jesus de modo a nos mostrar que elas acontecem no
coração, antes de se consumarem na prática.
São essas leis que devemos viver. E Jesus explicou-nos como devemos viver. É disso que trata o Sermão do Monte e a este espírito é que vamos prestar atenção daqui pra frente.
FECHANDO OS OLHOS
Seguir Jesus, através da leitura e reflexão dos Evangelhos, é um exercício de olhar para si mesmo. Quem olha para si, há de perceber a necessidade constante de mudança e salvação. As vezes lemos a Bíblia pensando em pessoas que não cumprem o que está escrito. Essa atitude é como tentar tirar um cisco do olho de uma pessoa, tendo um pedaço de madeira no nosso.
Quando lemos e estudamos a Bíblia devemos olhar para nós mesmos. Depois, abrir bem os olhos para ver como vamos colocar em prática o que descobrimos. Ao olhar para si mesmo, agora, observe motivações, intenções e outras questões de seu coração. Creio que temos o que conversar com o Pai.