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Brasil criou cultura exportadora

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Sérgio Tomisaki/Agência Meios

Miguel Jorge: estratégia brasileira transformou árabes no quarto destino das exportações do país

Agência de Notícias Brasil-Árabe - SP 09/10/2007 - 07:00

Brasil criou cultura exportadora

A afirmação é de Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior do país. Em entrevista exclusiva à

ANBA, Jorge falou sobre o crescimento

das exportações brasileiras para novos mercados, como o bloco árabe. Comentou

ainda sobre as estratégias do governo para aumentar as vendas externas e falou das

boas oportunidades de negócio para as empresas do Brasil nos países árabes.

Como exemplo, citou o setor de construção civil.

Joel Santos Guimaraes

Joel dos Santos Guimarães

joel.guimaraes@anba.com.br

São Paulo - O crescimento do comércio exterior brasileiro está diretamente relacionado ao fato de que o Brasil finalmente criou, nos últimos cinco anos, uma cultura exportadora. A partir dela, os empresários começaram, de modo organizado e permanente, a se programarem para exportar. Ou seja, o país e suas empresas passaram a ter mentalidade exportadora.

Essa é a avaliação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, para as exportações brasileiras que, nos últimos anos, sem abrir mão de seus parceiros tradicionais, como Europa e Estados Unidos, vêm conquistando novos mercados. O Brasil está ampliando os itens de sua pauta de exportação e, como conseqüência, registrando superávit sucessivos na balança comercial.

Em entrevista exclusiva à ANBA, Miguel Jorge, que é neto de libaneses, destacou ainda o

espetacular crescimento das vendas de produtos brasileiros para os 22 países árabes. No ano passado, a região foi o quarto maior destino dos produtos brasileiros. Esse crescimento,

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passado, a região foi o quarto maior destino dos produtos brasileiros. Esse crescimento, segundo o ministro, é atribuído à estratégia do Brasil para conquistar novos mercados com o objetivo de reduzir a dependência das exportações de parceiros tradicionais como Europa e Estados Unidos.

Com o comércio exterior entre as duas regiões consolidado e em crescimento contínuo, Miguel Jorge disse que o Brasil se prepara para outra empreitada: atrair investimentos árabes para a cadeia produtiva da economia brasileira. Para isso, no primeiro trimestre de 2008 será organizada uma missão empresarial brasileira a vários países do Golfo Arábico. O objetivo é prospectar oportunidades de negócios e também convidar possíveis investidores para vir ao Brasil conhecer setores da economia brasileira interessantes para os seus investimentos. Veja abaixo os principais trechos da entrevista de Jorge:

ANBA - Nos últimos cinco anos, houve uma clara mudança na política do comércio exterior brasileiro. O Brasil não só manteve os seus mercados tradicionais, mas conquistou novos, como China, Índia e países árabes, está vendendo regularmente para mais de 180 países. Essa postura faz parte de uma estratégia de mudança do perfil do comércio exterior brasileiro, com o objetivo de nos tornar menos dependentes da Europa e dos Estados Unidos?

Miguel Jorge - Foi e é uma estratégia que tem mais de cinco anos. Ela começou a ser discutida

há uns dez anos, essa mudança e a redução da dependência foi construída aos poucos. E ela se aprofundou muito no governo no Lula, pois as condições macroeconômicas para isso começaram realmente acontecer. Nos últimos cinco, seis anos, temos, por exemplo, a redução da inflação, a estabilidade de preços, estabilidade macroeconômica, que deu condições às empresas de se programarem, de começarem a programar suas vendas externas. Para você exportar o fundamental é ter estabilidade no país. Criar um mercado é muito difícil. Agora, perder é muito fácil. Se você deixa de entregar, perde o mercado.

É a confiabilidade...

Sim, confiabilidade, a credibilidade que o exportador ganha ao cumprir um contrato. O exportador não pode, por exemplo, fazer um contrato, começar a vender e depois, por causa de aumento de custos ou inflação, que corroeu o seu ganho, querer renegociar preço ou ser incapacitado de exportar.

Nesse período todo, o Brasil, que exportava para cerca de cem países, passou a vender regularmente para mais de 180. Além da confiabilidade, o que explica esse crescimento?

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aconteceu nesses últimos cinco anos -, começa a fazer com que o empresário procure mercados novos e, inclusive, procure regiões onde a concorrência é até menor, que ele possa competir em melhores condições. É o caso dos países árabes e da própria América Latina e América do Sul. Fora a Argentina, por causa do Mercosul, nós não exportávamos muito para a América do Sul. Isso mudou, o Brasil ampliou suas exportações para todos os países da América do Sul, ao mesmo tempo em que conquistou novos mercados em várias regiões do mundo.

O senhor poderia citar um exemplo dessa expansão do comércio exterior brasileiro?

Na América do Sul, um bom exemplo é a Venezuela. Nós passamos de US$ 600 milhões de exportação para a Venezuela para US$ 4 bilhões. Isso em quatro anos, o que é uma coisa incrível.

E os países árabes?

Para os países árabes também. Nos últimos cinco anos, por exemplo, nossas exportações cresceram de maneira acelerada e constante para aquela região do mundo. Basta dizer que hoje as nações árabes são o quarto maior destino das vendas externas do Brasil. De 2003 para 2006 as exportações brasileiras para o mercado árabe saltaram de US$ 2,76 bilhões para US$ 6,68 bilhões. E devemos fechar 2007 com US$ 8 bilhões.

A que pode ser atribuído esse crescimento?

As empresas brasileiras passaram a ter a mentalidade exportadora. Antes o que acontecia? Só se exportava quando o mercado interno diminuía. A exportação era oportunidade, era uma coisa de momento. Se o mercado interno se recuperava, o empresário deixava de exportar e voltava a vender no mercado interno, até porque é mais confortável, é mais tranqüilo. Para exportar, você tem que ter o que eu chamaria de sofisticação, tem que ter preparo, escritório no exterior, pessoal lá fora, canais de distribuição estruturados.

Tem que ter instrumentos de prospecção desse mercado, não é?

Exato, são necessários instrumentos de prospecção como, por exemplo, as missões e feiras organizadas pelo governo em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Quando

se quer exportar, é preciso saber que produtos vender e para que mercados. Não adianta você falar que vai vender carne de porco para países árabes, você tem que saber o que aquele mercado quer, o que ele precisa, o que você tem que aquele mercado precisa e no que você

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pode ser competitivo. Também não adianta bater no muro, se o mercado já está totalmente ocupado por gente muito produtiva. No caso da carne, por exemplo, o Brasil tomou o lugar de alguns países em relação ao mercado de exportação de carne de gado e, ao inverso, a China tomou uma parte do mercado brasileiro de calçados.

Ainda com relação ao mercado árabe, dados do próprio ministério mostram que, nos últimos anos, houve um crescimento de 270% nas vendas para os 22 países que formam a Liga Árabe, já a corrente comercial cresceu 520%. A que se deve isso?

Foi a parceria entre o governo e a iniciativa privada e a percepção de que, para vender, é preciso movimento. Não dá para ficar sentado, esperando que alguém pegue a lista telefônica e saia procurando você, embora, hoje, acho que a lista telefônica está em desuso. Mas, mesmo no mercado interno, se você quer vender para alguém, tem de ir lá, sentar, conversar, conhecer o comprador, estabelecer uma relação. Tem que ser olho no olho. Nós não tínhamos esse processo de ir ao lugar, sentar, conversar, trazer para verem onde você está e o que faz. Nós começamos com os países árabes uma aproximação. Tinha uma aproximação, digamos, poética, cultural, antropológica, etc., da qual eu até sou um pequeno exemplo, pelas origens e tal. Todo mundo muito simpático. O Brasil tem dez milhões de libaneses, duas vezes mais do que tem de libaneses no Líbano. Mas isso nunca se traduziu em comércio, em negócios.

Quando esse quadro começou a mudar?

Quando o país começou a olhar os países árabes como parceiros comerciais. Teve a visita do presidente Lula a seis países árabes; houve a primeira cúpula sul-sul, em Brasília, e a segunda já esta marcada para o ano que vem. Será realizada no Marrocos, e esse evento certamente contribuirá para uma expansão ainda maior do comércio entre o Brasil e os árabes.

Qual a sua avaliação do encontro de Brasília?

Os resultados foram positivos em todos os aspectos. Depois dela, os empresários brasileiros intensificaram suas viagens para os países árabes em busca dos compradores interessados em produtos brasileiros. Do outro lado, trouxemos compradores árabes para o Brasil, mas aí não estou falando só de governo. Tem que ter a aproximação do governo sim, mas o fundamental são os empresários. São eles que vão vender, o governo não vende, o governo não exporta e o governo não importa, quem exporta e importa são os empresários.

É o que justifica as missões que foram realizadas nos países árabes?

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afinidade. Mas eu diria que a aproximação comercial mesmo foi iniciada no início da década de 1990 e intensificada a partir da viagem do presidente Lula, em dezembro de 2003, à região. A viagem deixou claro o interesse do Brasil em intensificar suas relações comerciais com a Liga Árabe. Para se ter uma idéia da importância da visita do presidente Lula, basta lembrar que, antes dele, apenas um governante brasileiro visitou os países árabes: o imperador Dom Pedro II. Ou seja, hoje há negócios entre o Brasil e os árabes.

Que tipo de negócios?

A pauta do nosso comércio com os árabes é muita grande, variada e com valor agregado. Para citar apenas um exemplo: um grande frigorífico de São Paulo, Minerva, vende bois em pé para o Líbano, tem até um escritório lá. Tomou o mercado que era dos irlandeses, que exportavam boi vivo para o Líbano. Aliás, os irlandeses estão bravos, estão fazendo campanha contra a carne brasileira, dizem que não é de boi, que o zebu brasileiro não é boi. Chegaram a esse ponto, eles chegaram a dizer que é uma espécie de camelo por causa do cupim. Então, veja bem, estamos vendendo três mil bois vivos para o Líbano.

As relações comerciais com os países árabes são uma realidade, as exportações devem continuar crescendo. Essa, portanto, não é a hora do Brasil iniciar um trabalho para atrair investimentos árabes para a cadeia produtiva da economia brasileira?

Sim, mas temos que trabalhar no médio prazo. Isso porque, hoje, os investimentos dos países árabes estão voltados para a sua própria economia. Acho que, numa primeira etapa, os empresários brasileiros têm de aproveitar as várias oportunidades de negócios participando dos inúmeros megainvestimentos que estão sendo feitos naquela região, em setores que o Brasil tem qualidade, preço, competência e competitividade.

O que senhor quis dizer sobre o fato dos investimentos árabes estarem voltados para eles mesmos?

Os países árabes estão programando investimentos em infra-estrutura e outros setores essenciais para expandir as suas economias. Digamos que os investimentos programados por esses países seja uma espécie de PAC deles. Vou dar apenas um exemplo, entre vários, a Arábia Saudita, que vai investir nos próximos anos algo em torno de US$ 400 bilhões no setor de infra-estrutura do país. Isso representa uma grande oportunidade para as empresas brasileiras. É por isso que para o primeiro trimestre do ano que vêm estamos planejando uma missão empresarial para os países do Golfo Arábico.

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países árabes. Empresas como a Camargo Corrêa, a Odebrecht já estão participando de construção de obras de infra-estrutura em vários países daquela região do mundo.

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