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VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM PROJETO DE MICRO GERAÇÃO FOTOVOLTAICA RESIDENCIAL NO AMBIENTE DE COMPENSAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.

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VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM PROJETO DE MICRO GERAÇÃO FOTOVOLTAICA RESIDENCIAL NO AMBIENTE DE COMPENSAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.

Vagner Vieira Reis

Universidade Federal de Juiz de Fora Anderson Rocha Valverde Universidade Federal de Juiz de Fora Ricardo Rodrigues Silveira de Mendonça

Universidade Federal de Juiz de Fora RESUMO

Este estudo visa avaliar a viabilidade financeira de um projeto regulamentado pela Resolução Normativa nº 482, de 2012, que regulamenta o acesso à rede de distribuição da geração de energia elétrica de pequeno porte utilizando fontes renováveis. Na pesquisa experimental, ao final desse estudo, foi proposta a instalação do referido projeto em uma residência. Este estudo faz parte da elaboração do business case do projeto, sugerido pelo guia PMBOK, que é um documento que descreve as informações para determinar se um projeto justifica ou não seu investimento. Verificou-se neste estudo que os aumentos recentes nas tarifas de energia elétrica ainda não tornaram o projeto viável economicamente, mas tiveram grande impacto na viabilidade do mesmo e, em caso de um novo aumento tarifário ou incentivo fiscal, o mesmo passa a apresentar viabilidade.

Palavras-chave: compensação de energia; viabilidade econômica; business case. ABSTRACT

This study aims to evaluate the financial viability of a project regulated by Normative Resolution No. 482, of 2012, which regulates access to the distribution network of electric power generation using small renewable sources. In experimental research at the end of this study, it proposed the installation of this project in a residence. This study is part of the preparation of the business case of the project, suggested by the PMBOK guide, which is a document that describes the information to determine if a project is justified or not your investment. It was found in this study that the recent increases in electricity tariffs have not made the project economically viable, but had great impact on the viability of it and, in the event of a tariff increase or tax incentive, it begins to show viability.

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1. INTRODUÇÃO

Aumentar o uso de fontes de energia renovável em sistemas de geração de energia elétrica é uma tendência em todo mundo. As demandas ambientais têm ganhado cada vez mais importância e o uso das referidas fontes estão sendo vistas como fundamentais para construção de um futuro sustentável. No entanto, o custo de implantação de tais sistemas tem sido um fator que dificulta a participação mais efetiva do mesmo na matriz energética. Vários governos têm buscado formas de viabilizar e incentivar sistemas de geração de energia sustentável. No Brasil, uma das formas encontradas para difundir o uso de energia limpa foi através da Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, que regulamenta o acesso da geração de energia elétrica de fontes renováveis de pequeno porte à rede distribuição. A resolução estabelece o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, em que a energia ativa gerada e injetada na rede por uma unidade consumidora é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de mesma titularidade.

O objetivo deste trabalho é verificar a viabilidade financeira de um projeto de geração de energia elétrica regulamentada pela resolução nº 482 a partir do uso da tecnologia fotovoltaica instalada em uma residência (SFCR). Assim, cabe salientar que o atual cenário do setor elétrico brasileiro, com aumento significativo de tarifas, faz com que o estudo proposto possa ser considerado como relevante. Nestes termos cabe mencionar que, segundo o Guia PMBOK, os projetos são iniciados em virtude de necessidades internas da empresa ou influências externas. Uma necessidade de negócios de uma organização pode ser baseada numa demanda de mercado, avanço tecnológico, requisito legal, uma regulamentação governamental, ou uma consideração ambiental. Normalmente, a necessidade de negócios e a análise de custo benefício estão contidas no business case, documento este que descreve as informações necessárias do ponto de vista de negócios para determinar se o projeto justifica ou não o seu investimento.

Para tanto, este trabalho apoia-se em cinco capítulos, assim descritos: o primeiro introduz o estudo, o segundo apresenta a metodologia adotada, o terceiro aborda a teoria que fundamenta o estudo, o quarto traz a pesquisa experimental em questão e, por fim, o quinto conclui apresentando as considerações finais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Aspectos sobre Geração Energia Elétrica no Brasil

O Brasil, devido ao seu potencial hídrico, tem a maior parte de sua energia gerada por usinas hidrelétricas. Este tipo de aproveitamento compreendia mais de 90% da energia demandada no fim da década de 1990 (REIS, 2011). Este valor vem reduzindo a cada ano devido a três principais razões: à necessidade da diversificação da matriz elétrica de forma a aumentar a segurança do abastecimento, da dificuldade em ofertar novos empreendimentos hidráulicos e do aumento de entraves jurídicos que protelam o licenciamento ambiental de usinas de fonte hídrica (ANEEL, 2008).

A dependência de fontes hídricas somada à falta de chuvas e a insuficiente infraestrutura disponível para geração de energia elétrica fez com que o país passasse pelo período

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conhecido como “apagão”, que ocorreu entre 1 de julho de 2001 e 27 de setembro de 2002. Os governos, então, enxergaram a necessidade de promover o acesso de fontes de energia renovável ao sistema elétrico do país. Como o sistema elétrico demonstrava-se muito dependente do índice pluviométrico, o governo entendeu que era vital estabelecer o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (PROINFA) (LANDEIRA, 2013). O Proinfa teve como objetivo aumentar a participação de fontes eólica, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) (energia fotovoltaica não foi incluída na época devido ao alto custo). A iniciativa iria alavancar os ganhos de escala, a aprendizagem tecnológica, a competitividade industrial e, sobretudo, a identificação e a apropriação dos benefícios técnicos, ambientais e socioeconômicos na definição da competitividade econômico-energética de projetos de geração que utilizem fontes limpas e sustentáveis (MME, 2015).

A expressão “geração distribuída” (GD) tem sido utilizada para caracterizar qualquer forma de geração elétrica (em geral de pequeno porte e conectada à rede) localizada próximo ao usuário final. Ela pode pertencer a um autoprodutor, um produtor independente, à própria concessionária ou a parcerias dos mesmos. Uma política bem sucedida de incentivo à GD pode facilitar a utilização de energia proveniente de fontes como vento, calor, sol, quedas d’água, e biomassa. A utilização desses recursos, no entanto, depende da abundância, do nível de maturidade da tecnologia disponível, dos custos efetivos e, em alguns casos, do interesse e aceitação dos consumidores finais (REIS, 2011). O Decreto 5163, de 30 de Junho de 2004, regulamenta a contratação de energia elétrica proveniente de GD. Tal decreto diz que a contratação será precedida de chamada pública promovida diretamente pelo agente de distribuição e que o montante total da energia elétrica contratada não poderá exceder a dez por cento da carga do agente de distribuição e autoriza repasse às tarifas dos consumidores até o limite do valor de referência (VR). Mas, como os custos de geração fotovoltaica eram maiores do que o VR, o pequeno gerador fotovoltaico distribuído não encontrava ambiente econômico favorável para participar da chamada publica (EPE, 2012).

2.2. Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012

A ANEEL promoveu a Consulta Pública nº 15/2010 e a Audiência Pública nº 42/2011 com o objetivo de debater os dispositivos legais que tratam da conexão de GD de pequeno porte na rede de distribuição. Como resultado desse processo, a Resolução Normativa nº 482 estabeleceu as condições gerais para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição e criou o sistema de compensação (ANEEL, 2014). Na resolução, são adotadas as seguintes definições:

“I - microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 100 kW (...), conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; II - minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW (...), conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; III - sistema de compensação de energia elétrica: sistema no qual a energia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração distribuída ou minigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de mesma

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titularidade da unidade consumidora onde os créditos foram gerados, desde que possua o mesmo Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro de Pessoa Jurídica (CNPJ) junto ao Ministério da Fazenda.”

A resolução regulamenta ainda que, para fins de compensação, a energia ativa injetada será cedida a título de empréstimo gratuito para a distribuidora, passando a unidade consumidora a ter um crédito em quantidade de energia ativa a ser consumida por um prazo de trinta e seis meses. O consumo a ser faturado é a diferença entre a energia consumida e a injetada, devendo a distribuidora utilizar o excedente que não tenha sido compensado no ciclo de faturamento corrente para abater o consumo medido em meses subsequentes. Nota-se que a energia excedente será injetada na rede, que estaria funcionando como uma bateria, e a unidade consumidora passa a ter créditos para uso posterior nos próximos 36 meses. A figura 1 ilustra o esquema de geração distribuída usando fonte eólica ou fotovoltaica.

Figura 1: Esquema de geração distribuída

Fonte: (ANEEL, 2014, p. 17)

2.3. Impostos e custo Incidentes na Fatura de Energia Elétrica

No fornecimento de energia elétrica estão inclusos na tarifa tributos federais (PIS/COFINS) e estaduais (ICMS). Além desses tributos, a conta de energia elétrica é utilizada, em alguns casos, para arrecadação da contribuição de iluminação pública. Em geral essa contribuição é função do consumo. A alíquota média dos tributos federais PIS/COFINS está entre 5 e 7%, sendo que o valor efetivamente pago possa apresentar variação mensal, de acordo com a apuração. Já a alíquota do tributo estadual (ICMS) e, em geral, função do consumo (EPE, 2012). Cada unidade da federação possui um valor de alíquota.

Com respeito à micro e minigeração distribuída, é importante esclarecer que o Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ aprovou o Convênio ICMS 6, de 5 de abril de 2013, estabelecendo que o ICMS apurado tem como base de cálculo toda energia que chega à unidade consumidora proveniente da distribuidora, sem considerar qualquer compensação de energia produzida pelo microgerador. Com isso, a alíquota aplicável do ICMS incide sobre toda a energia consumida no mês (ANEEL, 2014). Este convênio tem caráter orientativo, cabendo a cada estado publicar sua regulamentação própria sobre o assunto. No entanto, atualmente Minas Gerais não aplica o Convênio por meio da lei nº 20.824, de 31 de julho de 2013, que determina que pelos primeiros cinco anos de geração a base de cálculo do imposto será o consumo líquido (EPE, 2014). A tarifa efetivamente cobrada é calculada por:

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(Eq. 1)

Fonte: (ANEEL, 2013, p. 17)

em que:

TFaturada é o valor da tarifa com os tributos inclusos em R$/KWh

TAneel é a tarifa publicada pela ANEEL R$/KWh

A partir de 2015, as contas de energia trazem o Sistema de Bandeiras Tarifárias. As bandeiras verde, amarela e vermelha indicarão se a energia custará mais ou menos, em função das condições de geração de eletricidade. Quando a bandeira está verde, as condições de geração são favoráveis e não há acréscimo nas contas. Com condições um pouco menos favoráveis, a bandeira passa a ser amarela e há uma cobrança adicional, que é de R$ 0,025 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido. Já em condições ainda mais desfavoráveis, a bandeira fica vermelha e a tarifa sofre acréscimo de R$ 0,055 para cada kWh consumido. A esses valores são acrescentados os impostos vigentes (ANEEL, 2015).

2.4. Sistemas Fotovoltaicos

A variável básica para o aproveitamento de energia solar é a radiação solar incidente. Como exemplo, a figura 2 ilustra a radiação solar em uma cidade de Alagoas.

Figura 2: Radiação solar para a cidade de Marechal Deodoro – AL. (a) dia claro de estação seca. (b) dia parcialmente nublado de estação seca. (c) dia claro de estação chuvosa. (d) dia parcialmente nublado para

estação chuvosa.

(a) (b) (c) (d)

Fonte: (REVISTA BRASILEIRA DE METEOROLOGIA, 2011, p. 210)

Pela natureza estocástica da mesma na superfície terrestre, ilustrada na figura 6, é conveniente basear-se em estimativas e previsões do recurso solar em informações solarimétricas levantadas durante prolongados períodos de tempo. Os dados solarimétricos são apresentados habitualmente na forma de energia coletada ao longo de um dia, produzindo uma média mensal ao longo de muitos anos. As unidades de medição mais frequente são Wh/m2 e a intensidade média diária em W/m2 (REIS, 2011).

A energia solar pode ser convertida diretamente em energia elétrica através da utilização da tecnologia de células fotovoltaicas. Atualmente, o silício é o mais empregado para produção das referidas células, sendo mais conhecidos o silício monocristalino, o amorfo e o policristalino. O último é o tipo mais comum no mercado devido ao menor custo. Apresentam menor eficiência, que está entre 15% a 18%. O conjunto de células fotovoltaicas conectadas é denominado de módulo fotovoltaico. Já um painel fotovoltaico é um grupo de módulos conectados para produzir os valores desejados de energia elétrica. Quanto maior a incidência

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solar sobre um painel fotovoltaico, mais eletricidade é gerada (LOPEZ, 2012). A energia elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico pode ser expressa por:

TD (Eq. 2)

Fonte: (Adaptado de REIS, 2011, p. 220 )

em que:

ED = energia elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico em (Wh/dia)

ES = energia solar diária recebida do sol (Wh/m2/dia)

Am = área do módulo fotovoltaico (m2)

η

m = eficiência de conversão do módulo fotovoltaico

TD = Taxa de desempenho do sistema

O valor da energia solar diária Es pode ser obtida usando o programa SunData,

disponibilizado pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito (CRESESB). O programa destina-se ao cálculo da radiação solar diária média mensal em qualquer ponto do território nacional e constitui-se uma ferramenta de apoio ao dimensionamento de sistemas fotovoltaicos. A taxa de desempenho (TD) é um parâmetro para avaliar a geração de energia de um sistema fotovoltaico, por levar em consideração a potência real do sistema sob condições de operação e todas as perdas envolvidas, como as perdas por queda de tensão, poeira acumulada na superfície do painel, sombreamento, temperatura de operação, eficiência do inversor, dentre outros. Para sistemas fotovoltaicos residenciais, bem ventilados e não sombreados, uma TD entre 70% e 80% pode ser obtida nas condições de radiação solar no Brasil (CEPEL-CRESESB, 2014). O número de módulos fotovoltaicos necessários para formar um painel é obtido por:

(Eq. 3)

Fonte: (Elaborado pelo autor)

em que:

Nm = número de módulos necessários para formar um painel

ED = energia elétrica diária produzida por um módulo fotovoltaico em (Wh/dia)

EPROJETO = energia total desejada para suprir a demanda em Wh/mês

A potência de pico total do painel fotovoltaico é:

(Eq. 4)

Fonte: (Elaborado pelo autor )

em que:

PTotal = potência total de pico do painel em Wp

Nm = número de módulos necessários para formar um painel

PMAX = potência de pico do módulo fotovoltaico Wp

Além dos módulos, são equipamentos principais que compõem um SFCR: o inversor, equipamento usado para converter energia elétrica de uma fonte de corrente continua (c.c.) em corrente alternada (c.a.); a estrutura para fixação dos painéis, cabeamento e medidor bidirecional.

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Em virtude do sistema de compensação, pode não ser interessante que SFCR gere, ao longo do ano, mais energia do que a consumida pela unidade consumidora. Logo, para se dimensionar o sistema de forma otimizada, deve-se levantar o consumo médio diário anual (KWh/dia) descontado o valor da disponibilidade mínima de energia. Este dado pode ser calculado pelo histórico das faturas mensais de consumo de energia elétrica (CEPEL-CRESESB, 2014). Pra fins de faturamento e em função do Convênio ICMS 6, que orienta a tributação sobre o consumo bruto de eletricidade, é necessário verificar qual o percentual da energia gerada pelo SFCR que será exportada à rede para compensação em outro período. A identificação desse percentual é possível pela comparação de uma curva típica de geração do sistema fotovoltaico e da curva de carga do consumidor (EPE, 2014). Identificado o referido percentual e realizando a compensação em um determinado período, pode-se então chegar ao valor da conta de energia.

2.5. Análise de Investimentos

A tomada de decisão sobre a realização de um projeto requer critérios técnicos. A maneira mais eficaz é simular o investimento segundo algum modelo. Dessa forma, confrontam-se os fluxos de caixas gerados com o investimento realizado. Os principais métodos são: Payback simples, payback descontado, valor presente líquido (VPL), Taxa interna de retorno (TIR) e o Índice de lucratividade (IL) (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006).

O método do payback simples leva em conta o tempo de retorno do capital investido. O valor aplicado é adicionado, período a período (geralmente anual ou mensal) aos fluxos de caixa líquidos gerados, para que se obtenha o tempo de recuperação do investimento inicial. Isso ocorre no período em que a soma dos fluxos de caixa futuros for igual ao investimento inicial (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006). Alguns autores o sugerem, pela simplicidade dos cálculos, para uma triagem preliminar dos projetos (TORRES, 2006), entretanto, o mesmo apresenta fortes limitações por não considerar o valor do dinheiro no tempo. O método do payback descontado é um modelo similar ao anterior, exceto pelo fato de considerar uma taxa de atratividade ou de desconto. Ao considerar o custo de capital, considera-se o valor do dinheiro no tempo. Descontam-se todos os elementos do fluxo de caixa à taxa definida trazendo a valor presente, na data zero (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006).

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) representa o mínimo que o investidor se propõe a ganhar quando se faz um investimento, ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a pagar ao fazer um financiamento. A TMA é formada, basicamente, por três componentes: o custo de oportunidade, o risco do negócio e liquidez do negócio. O custo de oportunidade representa a remuneração de um capital caso não se aplique em nenhuma ação analisada, como a caderneta de poupança, por exemplo. O risco do negócio representa o ganho devido ao risco inerente à ação tomada. A Liquidez, que pode ser descrita como a facilidade, a velocidade com que se consegue sair de uma posição no mercado para assumir outra. Vale frisar que não existe um algoritmo, fórmula matemática, para a elaboração da TMA. Portanto, o momento da tomada da decisão, onde estarão expressos o cenário econômico, é que dará respaldo para o processo decisório e para a consequente obtenção da TMA (PILÃO e HUMMEL, 2004).

O método do Valor Presente Líquido (VPL) permite conhecer as necessidades de caixa, ou os ganhos de certo projeto, em termos do valor do dinheiro hoje. Isso porque normalmente se

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considera a somatória na data de referência dos valores existentes do fluxo de caixa como seu valor atual, isto é, a somatória dos valores existentes no fluxo de caixa já descontados os juros embutidos em cada um dos valores existentes nas demais datas do fluxo de caixa. Portanto, para proceder à somatória dos diversos fluxos na data de referência, tem-se que deslocar os fluxos livre de caixa anuais no tempo, sendo que para isso fazer o uso da TMA (PILÃO e HUMMEL, 2004). A equação do VPL é dada pela seguinte equação:

(Eq. 5)

Fonte: (BORDEAUX-RÊGO, 2006, p. 23)

em que:

I é o investimento inicial;

FCt é o fluxo de caixa líquido na data “t”;

i é o custo de capital definido pela empresa (TMA);

VR é o valor residual do projeto ao final do período de análise; t é o respectivo período do FCt;

n é o total de períodos de vida útil do objeto do projeto.

A decisão de investimento com base no VPL é simples e pode ser resumida da seguinte forma: VPL > 0, o projeto é aceito; VPL = 0, é indiferente aceitar ou não; VPL < 0, o projeto dever ser rejeitado.

O método da Taxa Interna de Retorno (TIR) é aquela que nos permite encontrar a remuneração do investimento em termos percentuais. Encontrar a TIR é encontrar a taxa de juros que permite igualar receitas e despesas na data de referência. É extrair do projeto o percentual de ganho que ele oferece ao investidor (PILÃO e HUMMEL, 2004) A TIR possui um grande apelo, pois tenta sintetizar todos os méritos do projeto em um único número. A TIR é encontrada quando o VPL é nulo (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006). O processo decisório da TIR pode, então, ser resumido assim: custo de capital < TIR, projeto deve ser aceito (VPL > 0); custo de capital = TIR, indiferente aceitar ou não (VPL=0); custo de capital > TIR, projeto deve ser recusado (VPL<0).

O índice de lucratividade é uma medida relativa entre o valor presente dos fluxos de caixa recebidos e o investimento inicial. Pode ser calculado usando a expressão:

(Eq. 6)

Fonte: (BORDEAUX-RÊGO, 2006, p. 25)

em que:

IL é o índice de lucratividade;

VPL é o valor presente líquido; I é o investimento inicial do projeto.

O critério de decisão é muito simples. O investimento deve ser aceito se ao menos IL=1. Isso

significa que a soma dos fluxos de caixa, descontados pela taxa escolhida, será pelo menos igual ao investimento inicial (BORDEAUX-RÊGO et al., 2006).

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Com o objetivo de identificar quais variáveis são mais sensíveis em um determinado projeto, pode-se fazer uma Analise de Sensibilidade. Esta consiste em variar um ou mais fatores que influenciam o fluxo de caixa do projeto, mantendo as demais no seu nível de referência, e calcular o efeito na variável de decisão (TORRES, 2006).

2.6 – Gestão de Projetos

Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus requisitos. A aplicação dos conhecimentos requer o gerenciamento eficaz dos processos de gerenciamento do projeto. Um processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas que são executadas para criar um produto, serviço ou resultado pré-especificado. Cada processo é caracterizado por suas entradas, ferramentas e técnicas que podem ser aplicadas e as saídas resultantes. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®) fornece diretrizes para o gerenciamento de projetos individuais e define os conceitos relacionados com o gerenciamento de projetos. Segundo o guia, projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. Os projetos são iniciados em virtude de necessidades internas da empresa ou influências externas. Essas necessidades ou influências normalmente provocam a criação de uma análise de necessidades, estudo de viabilidade, business case, ou descrição da situação que o projeto abordará. A natureza temporária dos projetos indica que eles têm um início e um término definidos. Cada projeto cria um produto, serviço ou resultado único.

O termo de abertura do projeto é o documento emitido pelo responsável inicial ou patrocinador do projeto que autoriza formalmente a existência de um projeto e concede ao gerente do projeto a autoridade para aplicar os recursos organizacionais nas atividades do projeto. O desenvolvimento do Termo de Abertura do Projeto é um dos processos de gerenciamento da integração do projeto. Os principais benefícios deste processo são um início e limites de projeto bem definidos, a criação de um registro formal do projeto e uma maneira direta da direção executiva aceitar e se comprometer formalmente com o projeto. A figura 3 ilustra o processo de elaboração do Termo de Abertura do Projeto.

Figura 3: Entradas, ferramentas e técnicas, e saídas para desenvolver o Termo de Abertura do Projeto

Fonte: (PMBOK, 2013, p. 66)

Umas das entradas para o Termo de Abertura do Projeto é a elaboração do business case, documento que descreve as informações necessárias do ponto de vista de negócios, para determinar se o projeto justifica ou não o seu investimento. Ele é comumente usado no processo decisório pelos gerentes acima do nível do projeto. Normalmente, a necessidade de negócios e a análise de custo benefício estão contidas no business case para justificar o projeto. O business case é criado como um resultado de um ou mais dos seguintes fatores: demanda de mercado, necessidade organizacional (por exemplo, redução de custos de

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fabricação), solicitação do cliente, avanço tecnológico, requisito de legislação, redução de impactos ecológicos, necessidade de natureza social, entre outros.

Em muitas organizações, o prognóstico e análise do desempenho financeiro do projeto é realizado fora do projeto. Em outras, o gerenciamento dos custos do projeto pode incluir esse trabalho. Quando esses prognósticos e análises são incluídos, o gerenciamento dos custos do projeto pode abordar processos adicionais e muitas técnicas gerais de gerenciamento como retorno do investimento, fluxo de caixa descontado e análise da recuperação do investimento. O gerenciamento dos custos do projeto preocupa-se principalmente com o custo dos recursos necessários para completar as atividades do projeto, considerando também o efeito das decisões de projeto no custo recorrente subsequente do uso, manutenção e suporte do produto, serviço ou resultado do projeto.

Estimar os custos é o processo de desenvolvimento de uma estimativa dos recursos monetários necessários. Os custos são estimados para todos os recursos que serão cobrados do projeto. Isso inclui, mas não se limita a mão de obra, materiais, equipamentos, serviços e a instalações, assim como a categorias especiais como provisão para inflação, custos de recursos financeiros ou custos de contingências. Uma estimativa de custo é uma avaliação quantitativa dos custos prováveis dos recursos necessários para completar a atividade. Em alguns projetos, especialmente aqueles com menor escopo, a estimativa e orçamento de custos estão tão firmemente interligados que podem ser vistos como um processo único que pode ser realizado por uma pessoa num período de tempo relativamente curto. Opinião especializada, estimativa análoga, analise de proposta do fornecedor, entre outras, são ferramentas e técnicas sugeridas pelo guia PMBOK para estimar os custos de um projeto.

3. METODOLOGIA

Este estudo apoia-se em uma pesquisa exploratória, que tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, de forma a torná-lo mais explícito. Pode-se dizer que esses tipos de pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010). O estudo inicia-se com a elaboração de um referencial teórico através de pesquisa documental e bibliográfica. A primeira tem como característica a coleta de dados restrita a documentos (sem tratamento analítico), enquanto a segunda consiste em um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema estudado (MARCONI e LAKATOS, 2003). Por fim, e realizado uma pesquisa experimental. Esta e realizada quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto (KAUARK, MANHÃES e MEDEIROS, 2010).

4. PESQUISA EXPERIMENTAL 4.1 Apresentação

Para o estudo proposto, foi considerada a curva de carga diária estimada por Francisquini (2006). A curva é mostrada na figura 4.

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Figura 4: Curva de carga média para faixa de consumo entre 101 a 200 kWh/mês

Fonte: (FRANCISQUINI, 2006, pag. 37)

A curva de carga foi estimada considerando a média de consumo de energia elétrica de consumidores com consumo entre 101 e 200 kWh/mês. A faixa de consumo escolhida para este estudo é devido ao fato de o consumo médio por residência, no Brasil, no fim de 2014, atingir o valor de 167 KWh/mês (EPE, 2015). Analisando a curva de carga diária, note-se que o consumo diário é de 5,3 kWh/dia, que é dado pela área da referida curva.

A cidade escolhida para a localização do SFCR é a cidade mineira de Juiz de Fora. O valor da energia solar diária incidente em Juiz de Fora, obtida usando o programa SunData, é de 4,34 kWh/m2.dia. O custo de disponibilidade considerado é o de consumidores com ligação monofásica, que corresponde a um consumo de 30 kWh/mês (ANEEL, 2014). O módulos fotovoltaicos considerados têm potência de 0,250 kWp, eficiência de 15,3% e uma

área de aproximadamente 1,63 m2. Considerando uma TD de 80% e utilizando as equações de 2 a 4, chega-se a um sistema de 1,25 KWp. O quadro 1 abaixo mostra a especificação dos principais componentes do SFCR.

Quadro 1: Equipamentos do SFCR

Descrição dos componentes Total

5 Módulos fotovoltaicos de 0,250 kWp 1,25 kWp

1 Inversor 1 x 1,25 KW

Cabos para conexão 30 m

Estrutura e acessórios de instalação 1 estrutura

Fonte: Elaborado pelo autor

O sistema fotovoltaico proposto gera, em média, 4,32 kWh/dia. Sobrepondo a curva média diária de carga com a curva de geração aproximada do SFCR, pode-se chegar qual é o percentual de energia diária exportada à rede e a energia gerada pelo SFCR consumida pela própria residência. A figura 5 mostra, em (a), as curvas de carga e de geração sobrepostas. Em (b), é mostrado a quantidade de energia exportada à rede. Em (c), é ilustrado a curva de carga da residência após a instalação do SFCR. E por fim, em (d), é mostrado a quantidade de energia gerada pelo SFCR e consumida na própria residência. A energia é calculada considerando a área sob as respectivas curvas. O cálculo das áreas foi realizado utilizando o software GeoGebra (GEOGEBRA, 2015). A energia consumida da rede, consumida do próprio SFCR e injetada na rede são, respectivamente, de 3,3 kWh/dia, 2,0 kWh/dia e 2,3 kWh/dia.

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Figura 5: Curvas de carga e geração do SFCR. (a) Curvas de carga e geração de potência do SFCR sobrepostas. (b) Curva de potencia injetada na rede pelo SFCR. (c) Curva de carga residencial após

instalação do SFCR. (d) Curva de potência consumida pela própria residência.

Fonte: Elaborado pelo autor

Dimensionado o sistema fotovoltaico, foi utilizada uma das ferramentas para estimar custo sugeridas pelo guia PMBOK. A Análise de Proposta do Fornecedor é uma técnica de estimativa de custos que inclui a análise de quanto o projeto custaria baseado nas cotações de fornecedores qualificados (PMBOK, 2013). Foram solicitados 5 orçamentos de empresas especializadas e, por apresentarem características específicas tais como preço de frete, mão de obra, vantagens comerciais, entre outras, considerou-se o preço médio por Watt pico (Wp). O

quadro 2 mostra o preço por Watt pico sugerido pelas empresas e a média considerada neste estudo, que além dos componentes do sistema, consideram os custos de instalação. Nota-se que o valor da referida média está de acordo com o site Portal Solar, onde é possível ter uma estimativa de quanto custará o SFCR através do link

http://www.portalsolar.com.br/calculo-solar , onde se vê o valor de, aproximadamente, R$ 10,00/WP (PORTAL SOLAR, 2015) para

o SFCR proposto.

Quadro 2: Preço sugerido por empresas especializadas para fornecimento e instalação de um SFCR em Fevereiro e Março de 2015 em R$/WP

Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Empresa E MÉDIA

8,63 10,20 13,20 9,83 10,65 10,50

Fonte: Elaborado pelo autor

O período de vida útil do sistema é de 20 anos, considerando que a vida útil do inversor é de 10 anos, sendo este trocado uma vez neste período. O valor residual do SFCR no fim da vida útil é considerado como zero, pois, provavelmente, este sistema será obsoleto devido aos avanços tecnológicos. O custo da troca do inversor após no décimo ano é, em média, de R$ 3.000,00. O custo de manutenção não será considerado nesse estudo porque envolve basicamente a limpeza dos painéis fotovoltaicos. O Fluxo de caixa gerado pelo projeto é mostrado na figura 6.

O investimento inicial, no ano zero da figura 6, é dado pelo custo médio obtido na tabela 2 vezes a potência total do SFCR, dado na tabela 1. Nota-se também na figura anterior, no ano 10, o impacto da substituição do inversor no fluxo de caixa. Os demais valores anuais do fluxo de caixa são obtidos pela economia que o SFCR causa na fatura de energia, ou seja, a diferença entre as faturas sem e com o SFCR instalado. De posse do fluxo de caixa exposto, o VPL, a TIR e o PAYBACK do projeto são obtidos pela equação 5, sendo que nos dois

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últimos considera-se o VPL igual a zero, conforme mencionado no item 3.5 do texto. Calculado o VPL, aplica-se a equação 6 para se obter o Índice de Lucratividade.

Figura 6 – Fluxo de caixa gerado pelo projeto

-R$ 15.000,00 -R$ 10.000,00 -R$ 5.000,00 R$ 0,00 R$ 5.000,00 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 V P L Ano

Fonte: Elaborado pelo autor

A taxa de desconto considerada para este estudo foi a inflação apurada em fevereiro de 2015, onde a mesma acumulada nos últimos doze meses, em relação ao referido mês, estava em 7,7% (VALOR ECONÔMICO, 2015). A tarifa efetivamente cobrada do consumidor é calculada usando a equação 1. Os dados referentes à impostos e tarifas são:

PIS/COFINS (Média apurada em 2014) (%): 4,4% ICMS (MG) (%): 30%

Tarifa apurada pela ANEEL em 04/2015 (com bandeira vermelha): 0,50974R$/kWh Tarifa apurada pela ANEEL em 12/2014: 0,39642 R$/kWh

Taxa de iluminação pública: isento até 50 kWh. Taxa de R$ 2,35 para faixa de 51-100 kWh. Taxa de R$ 20,81 para faixa de 101-150 kWh.

4.2 Resultados

A título de referência, primeiramente, foi feita uma análise considerando a tarifa praticada em dezembro de 2014. Neste período, não estava em vigência o Sistema de Bandeiras Tarifárias e não estava em vigor o último aumento tarifário autorizado pelo governo. Os resultados desta análise são mostradas no quadro 3 abaixo.

Quadro 3 – Análise financeira do SFCR com tarifa de 12/2014

VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR

- 3849,35 - 0,71 3,27

Fonte: Elaborado pelo autor

Nota-se que o projeto não apresentava viabilidade financeira no período em questão considerando o exposto no item 3.5 do texto. A seguir, no quadro 4, são apresentadas as análises considerando o aumento das tarifas em abril de 2015 com o Sistema de Bandeiras Tarifárias inseridas na mesma, no caso a bandeira vermelha.

Quadro 4 – Análise financeira do SFCR no cenário atual

VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%)

- 234,60 - 0,98 7,44

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Verifica-se, em relação ao período proposto anteriormente, que o aumento tarifário da energia teve impacto considerável na viabilidade do projeto, mas ainda não foi suficiente para tornar o mesmo viável.

Mais dois cenários ainda foram analisados. Um considerando que o convênio ICMS 6 deixa se ser aplicado em toda vida útil do projeto e o outro no qual o SFCR seria isento de ICMS na compensação de energia. Esses dois tipos de incentivos tem sido considerados como fundamentais para uma maior aceitação desse tipo de projeto. A referidas análises são apresentadas por intermédio dos números expressos nos quadros 5 e 6 abaixo:

Quadro 5 – Análise financeira do SFCR isento do convênio ICMS 6

VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%)

1,052,05 18 1,08 8,77

Fonte: Elaborado pelo autor

Quadro 6 – Análise financeira do SFCR isento de ICMS

VPL (R$) Payback (anos) Índice de lucratividade TIR (%)

2.028,61 16 1,15 9,74

Fonte: Elaborado pelo autor

Nas hipóteses consideradas, as análises econômicas passam a ser favoráveis e o projeto passa a ser viável. Tais considerações são muito interessantes, pois em caso de haver tais incentivo por parte do governo estadual, a decisão de aceitar a projeto pode ser tomada. Por fim, é apresentada a Análise de Sensibilidade da viabilidade do projeto em relação a compra e custo de instalação do SFCR e da tarifa cobrada do consumidor. A figura 7 ilustra a variação do VPL em relação aos itens referidos anteriormente. Nota-se que a reta que representa a sensibilidade do VPL em relação aos custos dos equipamentos apresenta inclinação ligeiramente maior. Este fato mostra que os custos dos equipamentos ainda influenciam no VPL com maior intensidade do que a custo da tarifa na viabilidade do projeto.

Figura 7 – Análise de sensibilidade do Projeto

Fonte: Elaborado pelo autor

5. Considerações Finais

O estudo proposto neste trabalho mostrou que os aumentos recentes das tarifas de energia

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economicamente. Apesar disso, notou-se que eles contribuíram para provocar impactos consideráveis nas variáveis econômicas estudas e assim, conforme estudado, a isenção do ICMS é considerada como fundamental para tornar esse tipo de projeto viável atualmente. Uma decisão do governo estadual de isentar o micro gerador distribuído do referido tributo pode fazer que o interesse por esse tipo de projeto cresça no estado. Além de trazer benefícios financeiros aos proprietários, tal iniciativa pode contribuir com a atual crise energética e com as demandas ambientais.

Alguns estudos apontam que SFCR já apresentam, na maioria dos casos, viabilidade financeira. Isso pode não ser uma realidade já que os mesmos são feitos usando dados de custo de instituições estrangeiras. Esses dados são, então, nacionalizados e podem não considerar alguns parâmetros tais como a margem de lucro da empresa, custo de estoque e também custos de frete para transporte do equipamento para o local da instalação, custos estes que são altos no Brasil.

Apesar de o estudo proposto considerar a média de consumo de energia elétrica no Brasil no fim de 2014, o mesmo pode não representar algumas situações de viabilidade econômica desse tipo de projeto no Brasil. Isto se deve ao fato da diversidade de fatores a serem analisados tais como: diversidade de tarifas de ICMS dos estados brasileiros, diferentes índices de insolação solar no território brasileiro, custos de fretes e hospedagem dos profissionais de mão de obra para instalação, benefícios de mercado oferecidos pelos fabricantes e instaladores, valorização do imóvel, entre outros. Este trabalho apenas considerou o custo médio do SFCR, sem considerar as questões citadas.

A análise financeira desenvolvida aqui pode fazer parte do business case do projeto e, consequentemente do seu Termo de Abertura do Projeto. Esta pode ser somada à análise alguma demanda de mercado, avaliação de necessidade, solicitação de cliente interessado, avanço tecnológico, redução de impactos ecológicos, necessidade de natureza social, entre outras. Uma analise conjunta desses itens pode justificar o motivo pelo qual o projeto deve ser continuado. Desta forma é possível sugerir que a análise obtida, proposta e exibida por intermédio dos quadros 5 e 6 devem fazer parte do Business Case do projeto. Por fim, cabe comentar que pelo menos em síntese, o cliente pode não aceitar realizar projeto semelhante, considerando-se para tanto, o delicado momento atual, por questões meramente financeiras, mas terá a informação que, em caso de mudança de tarifa ou de impostos, poderá solicitar um novo estudo.

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Referências

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