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Necessidades de emergência poderão aumentar durante o pico da época de escassez

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FEWS NET MOZAMBIQUE A FEWS NET é uma actividade financiada pela USAID. O conteúdo deste relatório não

MOÇAMBIQUE Perspectiva de Segurança Alimentar

Outubro de 2016 a Maio de 2017

Necessidades de emergência poderão aumentar durante o pico da época de escassez

DESTAQUES

 Numa altura em que o país enfrenta os efeitos típicos da época de escassez, a FEWS NET estima que entre Outubro e Dezembro, cerca de 1,8 milhões de pessoas poderão enfrentar uma situação de Crise (IPC Fase 3) e, por conseguinte, necessitarão de assistência humanitária urgente. Um número menor de famílias, especialmente nas zonas de conflicto, poderão estar numa Situação de Emergência (IPC Fase 4), mas as necessidades, no geral, deverão aumentar e atingir o pico em Janeiro/Fevereiro de 2017. A assistência está actualmente sendo prestada em várias zonas e diferentes modalidades, ajudando a mitigar a situação de insegurança alimentar.

De Janeiro a Março de 2017, a FEWS NET estima que o número de pessoas em Crise (IPC Fase 3) ou pior suba para cerca de 2,3 milhões, incluindo as potencialmente afectadas pelas cheias. Embora existam planos e algum financiamento garantido até Março/Abril, não existe qualquer garantia de que o nível de assistência humanitária necessária será prestada em tempo útil. Na ausência de assistência adequada e sustentável até o pico da época de escassez, o número de famílias que enfrentam situação de Emergência (IPC Fase 4) poderá aumentar no Sul e partes do centro durante este período.

 A preparação da terra e sementeira estão em curso em partes do sul e centro, onde a previsão aponta para a ocorrência de precipitação normal para acima do normal durante a primeira metade da época. Os alimentos verdes ficarão

disponíveis na zona Sul em Fevereiro, seguidos pela colheita em Março. De Março em diante, na sequência das colheitas, a maioria das famílias estará a consumir alimentos de produção própria e poderá passar para a situação de insegurança alimentar de “Estresse” (IPC Fase 2) ou insegurança alimentar aguda mínima (IPC Fase 1).

 Os volumes de alimentos básicos apresentam uma oferta adequada na maioria dos mercados monitorados, com excepção de partes do Sul, onde a quantidade do milho se encontra muito abaixo da média. O comportamento dos preços do milho foi misto entre Agosto e Setembro, mas permanece a 120 por cento acima do ano passado e 182 por cento acima da média de cinco anos. Estes preços elevados poderão continuar até Fevereiro, dificultando o acesso aos alimentos pelos mais pobres. Os fluxos de milho são ligeiramente constrangidos, principalmente do norte ao sul, devido à tensão político-militar.

CALENDÁRIO SASONAL NUM ANO NORMAL

Fonte: FEWS NET

Figura 1. Resultados estimados de segurança alimentar, Outubro de 2016

Fonte: FEWS NET

Este mapa representa os resultados de insegurança alimentar aguda relevante para a tomada de decisão de emergência. Não reflecte necessariamente uma insegurança alimentarcrónica. Visite aqui para mais detalhes sobre esta escala.

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PANORAMA NACIONAL

Situação Actual

Actual Situação de Segurança Alimentar

 A época de escassez começou mais cedo do que o habitual este ano em Agosto, em vez de Outubro, em grande parte das regiões sul e centro devido ao rápido esgotamento das reservas de alimentos e renda limitada das famílias causados por dois anos consecutivos de fraca produção agrícola relacionada com a seca. A época 2015/16, em particular, foi afectada por seca severa, que esteve ligada a um dos mais fortes eventos El Niño jamais registados. Com base nas estimativas da FEWS NET, existem actualmente cerca de 1,8 milhões de pessoas em Crise (IPC Fase 3) ou situação pior, e necessitarão de assistência humanitária de emergência. A maioria das famílias rurais não afectadas pela seca consegue satisfazer as suas necessidades alimentares básicas e não enfrenta qualquer situação de insegurança alimentar (IPC Fase 1) em grande parte devido à disponibilidade de reservas de alimentos da sua produção, produção de vegetais da segunda época, e compras locais de alimentos.

 De acordo com a análise do IPC agudo de Agosto pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), os dados recolhidos usando os indicadores da Pontuação do Consumo de Alimentos (FCS) mostraram que na província de Gaza cerca de 26 por cento dos agregados familiares possuem fraco consumo de alimentos, seguido de Manica (20 por cento), Sofala (16 por cento), Tete (14 por cento), e Inhambane (11 por cento). Todas as outras províncias têm menos de 10 por cento dos agregados familiares com fraco consumo de alimentos. Em relação ao Índice das Estratégias de Sobrevivência Reduzidas (rCSI), um indicador de segurança alimentar que focaliza-se no uso de estratégias de sobrevivência baseadas no consumo, indicou que pelo menos 25 por cento de famílias em Gaza, Maputo, Sofala e Zambézia reduziram o número de refeições no geral, enquanto a redução do consumo de alimentos em adultos em prol das crianças foi maior em Maputo, Manica e Zambézia. Ademais, muitas famílias, tais como aquelas chefiadas por mães solteiras ou idosos, que não conseguem executar outras oportunidades de trabalho, são obrigadas a depender apenas do consumo de alimentos silvestres e assistência humanitária. No entanto, a seca também reduziu a disponibilidade de alimentos silvestres típicos. No geral, as províncias do norte têm aplicado estratégias de sobrevivência menos baseadas no consumo devido à maior disponibilidade de alimentos.

Preparação da Época Agrícola 2016/17

 A época agrícola 2016/17 foi oficialmente lançada pelo Governo de Moçambique a 28 de Outubro, um pouco mais tarde do que o habitual. A preparação da terra começou em Setembro na maioria das zonas do Sul e partes da região centro em Outubro, e espera-se que se estenda gradualmente para a região norte até o início de Novembro. De acordo com a Departamento de Culturas e Aviso Prévio (DCAP) do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), a partir de

meados de Outubro, a preparação da terra na região Sul atingiu 70 por cento da área total prevista, enquanto nas regiões centro e norte a preparação da terra atingiu 50 por cento da área total planificada. Nas zonas costeiras do Sul, a sementeira já começou, especialmente do milho, amendoim e feijão nhemba. Nas regiões centro e norte, a sementeira deverá começar entre meados de Novembro e meados de Dezembro, quando as chuvas começarem efectivamente.

 A disponibilidade de insumos agrícolas, principalmente sementes, será crucial para ajudar os agricultores, particularmente as famílias afectadas pela seca, a tirar o máximo proveito das condições agro-climatéricas favoráveis esperadas ligadas aos efeitos similares aos do fenómeno La Niña. Normalmente, as famílias pobres dependem da sua própria semente, mas este ano devido às dificuldades de acesso aos alimentos, algumas poderão acabar por consumir as suas sementes. O Governo de Moçambique, em coordenação com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e outras

Figura 2. Resultados projectados de segurança alimentar, Out. 2016 a Jan. 2017

Fonte: FEWS NET

Figura 3. Resultados projectados de segurança alimentar, Fev. a Maio 2017

Fonte: FEWS NET

Este mapa representa os resultados de insegurança alimentar aguda relevante para a tomada de decisão de emergência. Não reflecte necessariamente uma insegurança alimentarcrónica. Visite aqui para mais detalhes sobre esta escala.

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organizações, tem estado a fornecer sementes às famílias afectadas pela seca desde Agosto, e distribuições adicionais estão previstas para o período de Outubro a Dezembro conforme indicado abaixo (vide pressuposto sobre insumos).

Rendimentos

 Com o mercado a ser a principal fonte de alimentos para a maioria das famílias pobres nas regiões sul e centro, a fim de obter dinheiro, as famílias continuam a fazer o que podem para ganhar renda que lhes permita fazer compras. AS oportunidades de trabalho agrícola começam a aumentar gradualmente, particularmente as relacionadas com o desmatamento, preparação da terra e sementeira. No entanto, devido ao poder de pagamento reduzido das famílias médias e ricas, o acesso à renda através destas actividades pode ser adiada até depois da colheita. Onde as actividades agrícolas ainda não estão disponíveis, as famílias pobres têm ocasionalmente vendido galinhas ou outros pequenos animais em sua posse num ritmo acelerado quando comparado com a média. Além da venda de aves de capoeira, as famílias conseguem obter dinheiro através do trabalho informal, que inclui as actividades de construção, colecta de água; e actividades de auto-emprego, incluindo a recolha e venda de produtos naturais tais como capim, corte e venda de estacas para construção, caniço; produção e venda de carvão vegetal; recolha e venda de lenha; fabrico de bebidas; cobertura de casas; e artesanato. No entanto, alguns dos produtos, tais como capim e caniço, também são afectados pela seca, o que levou a uma redução da disponibilidade e qualidade destes produtos. A produção de bebidas tradicionais também é afectada pela fraca disponibilidadeda da matéria-prima. Também, com mais e mais pessoas envolvidas em actividades de auto-emprego, as oportunidades de venda são reduzidas, limitando os rendimentos. Com o começo das chuvas, algumas dessas actividades serão ligeiramente reduzidas apesar da alta demanda de todas as oportunidades de geração de renda.

 A migração para a vizinha África do Sul em busca de oportunidades de emprego continua a um ritmo crescente, muitas vezes ilegalmente. Devido a dificuldades em encontrar trabalho estável na África do Sul, a maioria destes emigrantes não conseguem enviar remessas aos seus familiares em Moçambique. Internamente, famílias inteiras ou membros das famílias migram temporariamente e por vezes permanentemente para lugares com melhores condições de segurança alimentar. Um número indeterminado de pessoas, especialmente os jovens,

deslocam-se para zonas com oportunidades de mineração, particularmente nas províncias de Tete, Manica e Zambézia, onde praticam a mineração de subsistência ou artesanal geralmente de forma ilegal.

Preços e funcionamento dos mercados

 A oferta de alimentos básicos e outros produtos é adequada na maioria dos mercados monitorados, com excepção de partes do Sul, onde a disponibilidade do milho encontra-se muito abaixo da média devido à combinação de baixa produção e tensão político-militar que dificulta a circulação normal entre norte/centro e sul. De acordo com o último boletim do Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA), as fontes de produtos alimentares são as mesmas de sempre, mas em alguns mercados, tais como Chókwe, que normalmente é abastecido pelo milho produzido localmente, este ano está a ser abastecido pela região centro, particularmente a Província de Manica.

 Os preços do milho entre Agosto e Setembro apresentaram um padrão misto. Os preços do grão do milho subiram em Chimoio e Tete (10 por cento), Gorongosa (11 por cento), Mocuba (18 por cento) e Maputo (34 por cento), diminuiram na Beira (-12 por cento), Chókwe (-9 por cento), e foram estáveis em Maxixe, Nampula e Pemba. Uma comparação entre os preços deste ano e a média de cinco anos mostra que os preços actuais estão acima da média em todos os mercados em 182 por cento em média e acima dos preços do ano passado por 120 por cento, em média (vide Figura 4).

Conflito

 Devido ao conflicto político-militar em curso, um número indeterminado de pessoas em partes do centro do país foram forçadas a sair das suas casas em busca de locais mais seguros. As que ficaram poderão estar em piores condições de

Figura 4. Preços de milho de Setembro Comparados à média de cinco anos

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segurança alimentar, provavelmente numa situação de Emergência (IPC Fase 4), uma vez que as famílias pobres têm se preocupado mais na sua segurança do que em suas formas de vida. Estas famílias pobres poderão estar a enfrentar grandes défices de alimentos, a utilizar mecanismos de sobrevivência de emergência, e se a situação tornar-se insustentável, serão forçadas a se deslocar para áreas seguras onde poderão receber assistência humanitária. Os impactos negativos do conflicto político-militar em curso também estão a afectar os esforços do Governo de Moçambique e parceiros de prestação de assistência humanitária de emergência aos necessitados nas zonas remotas afectadas pelo conflicto.

Assistência humanitária

De acordo com os parceiros do Grupo de Segurança Alimentar (Food Security Cluster), em Setembro, cerca de 320.330 pessoas nas províncias de Gaza, Inhambane, Sofala e Tete receberam assistência alimentar através de uma combinação de acções de distribuição de alimentos em espécie e através de senhas. Com base nas actuais estimativas das necessidades de 1,8 milhões de pessoas, esta assistência cobriu apenas 23 por cento das necessidades totais nacionais em Setembro. Em Gaza e Inhambane, duas províncias particularmente muito afectadas, a cobertura em Setembro atingiu mais de 60 por cento do total das necessidades nestas duas províncias. Doadores tais como USAID/Food for Peace, USAID/OFDA, DFID, SIDA, ECHO, bem como outros doadores e organizações privadas todos comprometeram fundos para estas formas de assistência humanitária em todas as sete províncias afectadas pela seca, incluindo Maputo, Manica e Zambézia, onde não acontece actualmente qualquer assistência pela Equipa Humanitária Nacional (HCT), com as expectativas de assistência ir até Março/Abril de 2017. Por outro lado, o Governo de Moçambique tem vindo a prestart e continua a planificar a assistência humanitária de emergência para a cobrir os défices das necessidades.

 Actualmente, o PMA e Visão Mundial Internacional (WVI) estão a distribuir rações de alimentos em espécie que cobrem pelo menos 50 por cento do valor mínimo de 2.100 quilocalorias (kcal) por pessoa por dia (ppd). No entanto, o PMA encontra-se actualmente a realizar uma revisão do orçamento/projecto com a proposta de aumentar a quantidade em espécie para cobrir cerca de 90 por cento das necessidades mínimas diárias. Esta acção será quase consistente com o nível da assistência via senhas em curso e poderá ser implementada assim que o projecto for aprovado e recursos disponibilizados. A CHEMO, composta pela WVI e Food for the Hungry (FFH), e COSACA, um consórcio de ONGs composto pela Concern, Oxfam, Save the Children e CARE, está a distribuir senhas no valor de USD 50 (convertido em Meticais) por família por mês. Actualmente esta senha pode comprar alimentos suficientes para cobrir cerca de 90 por cento das 2.100 kcal ppd. Dada as flutuações dos preços bem como depreciação da moeda nacional, esta mesma senha não poderá proporcionar a mesma quantidade de alimentos durante o pico da época de escassez altura em que os preços dos alimentos atingem níveis mais altos, o que provavelmente vai exigir um reajuste.

Pressupostos

Pressupostos Nacionais

A perspectiva de segurança alimentar para o período de Outubro de 2016 a Maio de 2017 é baseada nos seguintes pressupostos a nível nacional:

Disponibilidade de alimentos

Défice do milho. De acordo com estimativas da FEWS NET, em parte baseadas no Índice de Satisfação das Necessidades Hídricas e no Balanço Alimnetar preliminar para a campanha de comercialização 2016/17, há um défice inicial de 393 mil toneladas de milho. Este número não inclui quaisquer importações projectadas, que são oficialmente estimadas em 175 mil toneladas, e também não exclui as exportações informais transfronteiriças estimadas em 110 mil toneladas.

Importações internacionais de milho. Espera-se que o milho seja importado da África do Sul através dos canais comerciais existentes e, principalmente, pelas empresas moageiras. De acordo com o PMA, o grão de milho é importado da Zâmbia, África do Sul e Malawi e complementada por compras locais.

Défice de arroz. Com base em estimativas oficiais, a produção nacional de arroz é estimada em 212 mil toneladas com reservas iniciais de 121 mil. Com as necessidades de consumo estimadas de 574 mil toneladas, isto resultará num défice inicial de 241 mil toneladas a ser coberto por importações próximas da média de cerca de 220 mil toneladas, principalmente da Ásia, resultando num défice de cerca de 21 mil toneladas.

Prvisão Sazonal

Impacto dos efeitos similares aos do fenómeno La Niña. De acordo com a NOAA, a mais recente previsão indica impactos similares aos efeitos de La Niña até o final de 2016. Ademais, com a previsão do Dipolo Subtropical do Oceano Índico (SIOD)

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positivo até o início de 2017, a maior parte do país tem uma alta probabilidade de receber precipitação normal para acima do normal. Espera-se precipitação normal para abaixo do normal para o Norte de Outubro a Dezembro, mas as implicações serão menores dado que a época agrícola efectiva nesta região não iniciará até meados de Dezembro. Em Março, partes do extremo sul de Moçambique poderão receber precipitação normal para abaixo do normal, mas esta precipitação poderá cair depois do começo da colheita. (Vide a Figura 5 abaixo, que

mostra quando a chuva começa normalmente em todo o país.)

Maior actividade ciclónica. Entre Dezembro de 2016 e Março de 2017, a actividade ciclónica no Sudoeste do Oceano Índico será acima da média devido ao previsto SIOD positivo e condições semelhantes às da La Niña até o início de 2017, o que aumentará a probabilidade de ocorrência de ciclones em Moçambique. O destino mais frequente de ciclones são as zonas costeiras entre as províncias de Nampula e Inhambane. Em caso de um ciclone, a maioria das famílias afectadas pode manter-se em situação de segurança alimentar, mas as famílias mais pobres podem entrar temporariamente uma situação de insegurança alimentar de “estresse” (IPC Fase 2) e de Crise (IPC Fase 3) podendo necessitar de assistência humanitária urgente. Nas zonas afectadas pela seca há possibilidade de algumas famílias virem a enfrentar piores situações.

Hidrologia

Os níveis dos rios começam a recuperar. A previsão de chuvas normais para acima do normal poderá repor os níveis dos rios e das barragens, a partir de Novembro, mas, dados os níveis actuais de secura, os níveis continuarão abaixo dos níveis normais durante a primeira metade da época (Outubro a Dezembro 2016), mas poderão chegar aos níveis normais durante a segunda metade da época (Janeiro a Março 2017). Cheias

Cheias moderadas a severas esperadas. Particularmente associadas com uma maior atividade ciclónica devido aos impactos similares as do fenómeno La Niña sobre a precipitação, entre Dezembro de 2016 e Março de 2017, especialmente nas zonas propensas às cheias tais como as bacias dos rios Umbeluzi, Incomati, Mutamba, Inhanombe, Púngoè, Licungo, Ligonha, Meluli, Megaruma, Montepuez, Messalo e Lugenda, são prováveis cheias moderadas a severas. Em caso de cheias, infra-estruturas tais como estradas, pontes entre outras podem ficar parcialmente ou totalmente intransitáveis e/ou destruídas. As águas das cheias colocarão em perigo a vida humana e animal e algumas famílias deslocadas terão que ser evacuadas de emergência para locais seguros. As famílias deslocadas, em particular as pobres e muito pobres, poderão necessitar de assistência humanitária urgente, incluindo abrigo, ajuda alimentar, cuidados de saúde e saneamento, por causa do impacto previsto das cheias nas infra-estruturas, acesso ao mercado, e preços dos alimentos. No entanto, os efeitos deverão ser localizados, e o número das famílias afectadas deverá ser relativamente baixo devido aos reassentamentos anteriores de populações em risco.

Insumos

 Se os agricultores tiverem acesso oportuno aos insumos e sementes certificadas, cuja situação ainda não está clara neste ponto, há potencial para uma boa campanha agrícola. De acordo com o DCAP/MASA, de forma a maximizar a campanha agrícola 2016/17 e apoiar o processo de recuperação das famílias afectadas pela seca, o Governo de Moçambique, através do MASA e com o apoio de parceiros, deverá fornecer sementes certificadas, incluindo 480 toneladas de variedades polinizadas de milho (OPV), 80 toneladas de milho híbrido, 400 toneladas de arroz, 100 toneladas de mapira, e 100 toneladas de feijão nhemba. O apoio do MASA também incluirá o fornecimento de 3.600 motobombas e 2 mil kits relacionados de irrigação. Em paralelo, a FAO também está a operacionalizar um plano de distribuição de sementes para começar em meados de Novembro e cobrir cerca de 42 mil famílias nas províncias de Gaza, Tete, Sofala e Manica. O plano de distribuição de sementes pela FAO inclui 7.500 kg de mapira, 81.000 kg de feijão nhemba, 453,375 kg de milho OPV, e 4.050 kg de abóbora. A quantidade de sementes por família pela distribuição da FAO será composta de 12,5 kg de milho ou cinco kg de mapira, dois quilos de feijão nhemba, e 0,1 kg de abóbora. Uma série de outras ONGs, incluindo a CHEMO e

Figura 5. Início médio das chuvas (em dekadas) com base na análise de dados de 2005 a 2015

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COSACA, também estão em processo de operacionalização dos seus planos de acção para o fornecimento de insumos de produção, incluindo sementes certificadas. Embora estes esforços não possam satisfazer todas as necessidades, vão ajudar as famílias pobres em sementes necessárias para a época agrícola.

2016/17 Perspectivas Agrícolas

Produção Agrícola. Com base na previsão de chuvas, esperam-se condições de cultivo favoráveis em todo o Moçambique para a campanha agrícola 2016/17. Como resultado, espera-se uma produção agrícola próxima da média

Alimentos silvestres. Com as chuvas iniciais, a partir de Novembro, a disponibilidade de alimentos silvestres vai aumentar dos seus níveis actuais - abaixo do normal, proporcionando uma fonte de alimentos necessários e de algum rendimento uma vez que podem ser vendidos. Os alimentos silvestres incluem, mas não estão limitados a, nhica, Massanica, Malambe,

Macucua e Xicutsi.

Alimentos verdes. Os alimentos verdes poderão estar disponíveis em Fevereiro de 2017 na região sul, Março na região centro, e Abril na região norte antes da colheita principal. Sendo uma fonte de alimentos muitos necessários, espera-se que o nível da disponibilidade de alimentos verdes esteja próximo do normal, dadas as condições agro-climatéricas favoráveis.

Mercados e Comércio

Fluxos normais do comércio transfronteiriço com o Zimbabwe, enquanto os fluxos com o Malawi reduzirão significativamente. Durante o período do cenário, o nível do comércio transfronteiriço com o Zimbabwe não terá mudanças significativas uma vez que o comércio está em grande parte concentrada em produtos manufacturados ou alimentos processados perto da fronteira. Por outro lado, o comércio normalmente significativo com o Malawi, particularmente do milho, poderá levar a volumes reduzidos devido às medidas locais em Moçambique sobre restrições no fluxo do milho para Malawi.

Depreciação da Moeda. A taxa de câmbio de USD para Metical (MZN) continua a aumentar e de Outubro a Fevereiro, a depreciação do MZN poderá continuar com a mesma tendência do ano passado. De acordo com XE, em um ano a taxa de câmbio de USD para MZN aumentou 83 por cento com aumentos mensais variáveis de 4,2 a 10,2 por cento. Por outro lado, a partir de Outubro de 2016 e Janeiro de 2017, a depreciação do MZN em relação ao Rand Sul Africano (ZAR) poderá aumentar devido à crescente demanda do Rand para compras na África do Sul.

Fluxo interno de produtos. Dentro da região norte, os alimentos básicos têm fluído intensamente; No entanto, nas regiões sul e centro, o fluxo de produtos alimentares é relativamente mais lento este ano, em comparação com a média devido à disponibilidade abaixo da média de produtos e mudança nas principais fontes tradicionais de alimentos. Embora existam fluxos da província de Tete e de Manica, este ano, a região norte tornou-se a principal fonte, mas o número de comerciantes dispostos a arriscar e a envolver-se no transporte do grão de milho para a região sul é reduzido devido aos custos de transação mais altos e insegurança ao longo das rotas principais. Enquanto observa-se algum fluxo do norte ao centro, há fluxos muito menores do norte para sul. Este cenário deverá permanecer ao longo de todo o período de consumo a menos que o Governo de Moçambique coloca em prática algumas medidas destinadas a encorajar este fluxo. Para as culturas que tradicionalmente são oriundas da região norte, tais como o feijão comum e amendoim, o fluxo permanecerá próximo da média, excepto devido a restrições causadas pelo conflicto em zonas localizadas ao longo das rotas.

Comércio informal. O comércio informal continuará a ser o principal factor motriz do fluxo de produtos alimentares das zonas excedentárias para as zonas deficitárias. Durante o período do cenário, a dinâmica do sector informal será reduzida em comparação ao normal devido aos constrangimentos causados pelo conflicto em curso.

Preços de alimentos básicos acima da média. De Outubro de 2016 a Fevereiro 2017, os preços do milho poderão manter-se acima da média e continuarão a subir durante o pico da época de escasmanter-sez, atingindo cerca de 180 por cento acima da média em Fevereiro, em Gorongosa, que é um mercado que representa tendências nacionais. Este ano, com perspectivas de uma boa colheita, espera-se que os preços do milho comecem a diminuir a partir de Março/Abril, na sequência das colheitas. Os preços da farinha de milho, que normalmente são estáveis durante todo o período de consumo, continuarão a subir até Fevereiro de 2017, devido à falta do milho; posteriormente, deverão permanecer estáveis até a colheita em Março/Abril. Em Gorongosa, espera-se que os preços da farinha de milho permaneça acima da média de cinco anos em 96 por cento em média, e acima dos preços do ano passado em 62 por cento, em média. Da mesma forma, os preços do arroz, que também ficam geralmente estáveis durante todo o período de consumo, deverão permanecer acima da média

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e dos preços do ano passado até Fevereiro de 2017 e depois deverão baixar até Maio altura em que aumenta a disponibilidade de alimentos das famílias na sequência da colheita. Em Gorongosa, espera-se que os preços do arroz estejam em média 117 por cento acima da média de cinco anos e 89 por cento acima do ano passado.

Recursos de pastagem

 O pastagem poderá deteriorar-se antes do início da época a partir de agora até meados de Novembro, mas espera-se que as condições comecem a melhorar gradualmente depois, durante todo o período do cenário.

Animais

Movimentação. As famílias que possuem animais poderão continuar a movimentar o seu gado para locais longícuos em busca de pasto e água até o início das chuvas. De Dezembro a Maio, as distâncias caminhadas poderão reduzir significativamente com a recuperação das condições de pasto.

Aspecto físico. De Outubro até o início das chuvas em Novembro, as condições físicas do gado deverão deteriorar-se, e o tamanho dos rebanhos deverá baixar devido à morte causada por falta de pasto, água e aumento de vendas. No entanto, em Dezembro, espera-se que o aspecto físico dos animais melhore gradualmente ao longo do resto do período do cenário.

Preços. De Outubro até Fevereiro, espera-se que os preços do gado nas zonas afectadas pela seca no Sul e centro estejam abaixo da média, até 25 por cento, devido à degradação da massa corporal dos animais e aumento da oferta. (Em outras zonas, os preços do gado bovino e caprino permanecerão semelhantes aos preços de 2015.) No entanto, espera-se que os preços comecem a recuperar gradualmente a partir de Março até o final do período do cenário uma vez que as chuvas terão melhorado a massa corporal e as vendas terão diminuído com o início das colheitas.

Disponibilidade do trabalho agrícola e remunerações

 No geral, dadas as condições agro-climatéricas favoráveis para a campanha agrícola 2016/17, com a perspectiva de impactos associados aos efeitos similares aos do fenómeno La Nina, normalmente relacionados com precipitações normais para acima do normal, durante o período do cenário (Outubro a Maio), espera-se que as oportunidades de trabalho agrícola estejam próximas do normal em todo o país. Nas regiões Sul e centro, espera-se que as famílias pobres ganhem remunerações próximos da média durante todo o período do cenário, mas os pagamentos em espécie e outras modalidades são mais prováveis uma vez que as famílias médias e ricas terão constrangimentos financeiros na sequência da seca. Algumas famílias ricas até poderão prometer pagar parte ou totalidade dos valores referentes às remunerações depois da colheita.

Oportunidades de auto-emprego e rendimento

 Embora típico durante a estação seca a partir de agora até Novembro, um número cada vez maior de famílias pobres está envolvido em actividades de auto-emprego para ganhar dinheiro necessário para compras de alimentos no mercado. Como resultado, as oportunidades para venda de bens ou serviços e ganhar rendimento são limitadas devido à concorrência, exceptuando o carvão vegetal por causa da alta demanda nas zonas urbanas, sendo que algumas tais como a venda de capim, foram limitadas pela seca. Durante todo o período do cenário, com uma ligeira queda durante o pico das chuvas, espera-se que todos os grupos de riqueza produzam e vendam carvão e lenha particularmente nas zonas semi-áridas, apesar dos custos ambientais. No entanto, logo que as chuvas começarem e famílias pobres a concentrarem na sua própria produção agrícola, outras oportunidades de auto-emprego, tais como artesanato, fabrico de bebidas e construção, poderão baixar até Maio, mas não ao mesmo nível como o normal devido a demanda pelo dinheiro, geralmente coberta pelo trabalho agrícola.

Migração para os centros urbanos em Moçambique e África do Sul, especialmente no Sul, está a aumentar, principalmente por pessoas mais jovens, que se envolvem significaivamente em pequenos negócios nos grandes centros de comércio informal. Durante todo o período do cenário, espera-se que a migração para estes centros esteja acima da média devido à severidade dos impactos da seca.

Assistência humanitária de emergência

 Durante o pico da época de escassez, de Janeiro a Março de 2017, a FEWS NET estima que 2,3 milhões de pessoas poderão enfrentar uma situação de insegurança alimentar aguda de Crise (IPC Fase 3) ou situação mais grave, e necessitarão de ajuda humanitária de emergência. (O SETSAN realizará uma avaliação rápida em algumas zonas seleccionadas em Novembro, juntamente com a FEWS NET e outros parceiros humanitários, para reavaliar essa estimativa.) Actualmente

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existem planos de ajuda alimentar financiada para cerca de 1,1 milhões de pessoas em todos as sete províncias afectadas pela seca que será faseada em todas as zonas começando em Outubro de 2016 até pelo menos Março de 2017, de acordo com a Equipa Humanitária Nacional (HCT) a partir do dia 24 de Outubro. A dimensão do financiamento prometido até a data poderá ter um impacto positivo na situação de segurança alimentar, mas actualmente cobre menos de 50 por cento das necessidades totais estimadas. Mais importante ainda, dado o actual nível de informação sobre as taxas de cobertura distrital e beneficiários destes programas, incluindo a incerteza sobre a sua implementação no que diz respeito ao calendário, aquisições, logística e questões de acessibilidade, é difícil determinar o nível exacto do impacto desta assistência; e como resultado, esses programas não foram incluídos na análise da FEWS NET.

Conflito Político-Militar

 Em zonas localizadas na região centro, especificamente em partes das províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia, muitas famílias poderão migrar para zonas mais seguras devido à tensão político-militar em curso. Até agora, um número indeterminado de pessoas abandonaram as suas casas na província de Sofala para a província de Manica e de Tete e Zambézia para o vizinho Malawi. Esta tendência deverá manter-se durante todo o período do cenário, a menos que medidas de mitigação sejam tomadas pelas partes envolvidas. As famílias deslocadas serão desviados das suas actividades de subsistência, principalmente as agrícolas, o que pode contribuir para perpetuar a sua dependência na assistência humanitária. A desistência escolar também deverá continuar.

 Além disso, há receios de que a insegurança em partes da zona centro afectadas pelo conflicto poderá dificultar os esforços para alcançar os que mais necessitam de assistência humanitária.

Nutrição

 A prevalência nacional da Desnutrição Agua Global (GAM) em Moçambique é inferior a dez por cento, e prevê-se que se mantenha abaixo deste nível durante o período do cenário (Outubro 2016 a Maio de 2017). No entanto, existem disparidades geográficas e há actualmente níveis mais elevados de desnutrição aguda em vários distritos do Centro e Norte do país (Tete, Sofala, Gaza, Zambézia e Nampula). No entanto, o nível geral da desnutrição aguda, poderá deteriorar-se ligeiramente em todo o país, e em algumas zonas afectadas pela seca a prevalência do GAM poderá estar acima de 10 por cento até o final de Fevereiro de 2017. Isto é devido ao acesso reduzido à quantidade e diversificação de alimentos até a próxima colheita e o esperado aumento contínuo dos preços de alimentos básicos. Além disso, há outros factores que também podem ter impacto na prevalência do GAM incluindo a probabilidade de ocorrência de cheias e conflicto, o que poderá afectar os serviços de saúde e acesso; aumento da incidência de doenças sazonais, tais como a diarréia e a malária; fraco acesso a água e saneamento; e baixa cobertura dos programas de reabilitação nutricional. No entanto, depois da colheita em Março de 2017, a prevalência da desnutrição aguda em crianças com menos de cinco anos de idade deverá ser reduzida.

Situação de Segurança Alimentar Mais Provável

De Outubro a Janeiro de 2017, o país continuará sofrendo os efeitos típicos da época de escassez, altura em que a maioria das famílias terá esgotado as reservas de alimentos da sua própria produção, a oferta de alimentos locais será baixa e os preços dos produtos serão elevados. Durante este período, as famílias pobres começarão a expandir as suas estratégias de formas de vida e de sobrevivência para satisfazer as suas necessidades alimentares, mas algumas dessas estratégias têm sido usadas desde Agosto e poderão não render o mesmo valor de renda como anteriormente. Por exemplo, as famílias pobres continuarão a reduzir despesas em bens não alimentares para a compra de alimentos básicos. Estas famílias também intensificarão as actividades de fabrico e venda de bebidas tradicionais para geração de renda; corte e venda de estacas; venda de produtos naturais, tais como lenha e carvão vegetal; e procura do trabalho agrícola informal, preparação da terra e sementeira. As oportunidades de trabalho agrícola poderão aumentar com a evolução gradual da campanha agrícola 2016/17 e poderão estar próximas da média dada a previsão de uma precipitação associada a efeitos similares de La Niña caracteriazada por ser normal para acima do normal. Também, o início das chuvas de Novembro criará condições para o surgimento de uma variedade de alimentos silvestres e sazonais que irão melhorar gradualmente a disponibilidade de alimentos nas famílias pobres até a disponibilidade dos alimentos verdes em Fevereiro e Março de 2017. As frutas sazonais, incluindo a manga e castanha de caju também estarão disponíveis em Janeiro.

Nas zonas afectadas pela seca e condições secas durante a época anterior, a situação de insegurança alimentar de Crise (IPC Fase 3) prevalecerão uma vez que as famílias pobres e muito pobres continuarão a enfrentar défices de consumo de alimentos mesmo com a expansão das suas estratégias de formas de vida e de sobrevivência. A FEWS NET realizou, em Setembro último, uma Análise de segurança alimentar através da Abordagem das Economias Familiares (HEA) a qual corrobora essas expectativas.

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Para algumas famílias pobres, os alimentos silvestres sazonais serão a sua única fonte de alimentos. Algumas populações mais afectadas deverão registar maiores défices nas suas necessidades alimentares básicas e estarão em situação de Emergência (IPC Fase 4). A assistência alimentar em espécie e senhas para compras no mercado está programada a vários níveis nas sete províncias afectadas pela seca até pelo menos Dezembro, o que poderá mitigar a insegurança alimentar, mas dado o nível de informação sobre a cobertura distrital e beneficiários destes programas, é difícil determinar o seu nível exacto de impacto. Além disso, a possível ocorrência de cheias moderadas a severas em finais de Janeiro poderá afectar as formas de vida das famílias afectadas. Com base nas estimativas das cheias severas anteriores, mais de 200.000 pessoas, particularmente das famílias pobres e muito pobres já afectadas pela seca e/ou não afectadas pela seca, poderão enfrentar temporariamente uma situação de insegurança alimentar aguda de Crise (IPC Fase 3) ou mais severa caso as cheias devastem casas e mercados. Fora das áreas inundadas, a disponibilização gradual de alimentos silvestres sazonais apoiará a disponibilidade de alimentos. Nas zonas não afectadas pela seca do país, espera-se uma situação de insegurança alimentar aguda Mínima (IPC Fase 1) continue durante este período.

De Fevereiro a Maio 2017, a disponibilidade dos alimentos em Moçambique vai mudar drasticamente de um extremo para o outro. Em Fevereiro, os alimentos verdes começarão gradualmente a tornar-se disponíveis em partes da região sul, mas no geral a maioria das famílias pobres, que não conseguirá ter acesso aos alimentos verdes em caso destes ainda não estiverem disponíveis, continuará a depender de estratégias de sobrevivência e compras no mercado. No entanto, ainda espera-se que o rendimento continue baixo, e o poder de compra será limitado uma vez que os preços poderão continuar a subir este mês. Na região sul, particularmente em Maputo e zonas costeiras das províncias de Gaza e Inhambane, a colheita verde está prevista em Fevereiro e a colheita começará em Março. No interior de Gaza e Inhambane, a colheita verde deverá ter lugar em meados de Março e a colheita em Março. Em grande parte das zonas centro e norte, prevê-se que a colheita comece em April e Maio, respectivamente. Para além dos alimentos verdes, a maioria das famílias pobres nestas zonas continuará a depender de uma gama de formas de vida e estratégias de sobrevivência típicas.

Estima-se que de Janeiro até Março de 2017, o número de pessoas enfrentando uma situação de insegurança alimentar aguda de Crise (IPC Fase 3) ou mais severa pode atingir 2,3 milhões, incluindo potenciais pessoas afectadas pelas cheias, que podem necessitar de assistência alimentar de emergência. No entanto, ainda não há clareza sobre o nível de assistência humanitária provável, financiada e planificada deverá começar em Janeiro, o auge da época de escassez. Como resultado, se não houver assistência alimentar adequada para cobrir estas necessidades até Março de 2017, a FEWS NET prevê que a situação de insegurança alimentar para um número maior de famílias pobres pode agravar-se para além da fase de Crise (IPC Fase 3) para Emergência (IPC Fase 4), porque essas famílias não terá a capacidade de ganhar renda suficiente para a satisfação das suas necessidades básicas mínimas devido aos preços dos alimentos básicos extremamente elevados. A partir de Abril, com a disponibilidade das colheitas, a maioria das famílias pobres terá acesso aos alimentos da sua própria produção e o seu nível de insegurança alimentar aguda vai reduzir e variar estar entre “estress” (IPC Fase 2) e Mínima (IPC Fase 1), dependendo da severidade da sua situação anterior. (Note-se, que o mapeamento da FEWS NET para Fevereiro a Maio de 2017 reflecte a situação de insegurança alimentar mais severa esperada durante os meses de Fevereiro e Março e não a melhoria gradual que acontecerá mais tarde.) A colheita poderá restaurar a disponibilidade de alimentos em todo o país, mas, dada a extensão da seca e o facto de esta ser a segunda época agrícola fraca consecutiva, os pobres precisarão de mais tempo após o período de cenário, para restaurarem completamente as suas formas de vida. Dependendo da magnitude de quaisquer cheias, que são possíveis até Março, algumas famílias afectadas ainda podem estar a enfrentar défices de alimentos até que se recuperem através da produção pós-cheias em Maio/Junho. Além disso, nas zonas de conflicto, algumas famílias pobres ainda podem enfrentar uma situação de insegurança alimentar de Crise (IPC Fase 3) em Março, e possivelmente até Maio, uma vez que não conseguirão semear adequadamente dada a insegurança.

ÁREAS DE MAIOR PREOCUPAÇÃO

Zona de Formas de Vida 22 - Semi-árida de Cereais e Gado do Sul (província de Gaza – distritos de Massangena, Chigubo, partes do norte dos distritos de Chicualacuala, Mabalane, Guijá, e Chibuto; Província de Inhambane – distritos de Mabote, Funhalouro, Panda, e partes do norte do distrito de Homoíne)

Situação Actual

Com a maioria das famílias pobres nesta zona a depender de mercados por algum tempo, o problema continua a ser não o da disponibilidade de alimentos, mas de acesso, devido aos baixos rendimentos e preços elevados. O grão só pode ser encontrado no maior mercado de referência, Chókwe, mas os mercados locais estão a oferecer uma diversidade de alimentos maioritariamente processados tais como a farinha de milho, o arroz, óleo, açúcar e outros alimentos, incluindo algumas culturas

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produzidas localmente nas zonas baixas com alguma humidade residual. Em Setembro, os preços do milho em Chókwe situaram-se em 262 por cento acima da média de cinco anos e 182 por cento acima do mesmo período do ano passado. Como resultado, a maioria das famílias pobres continua a recorrer ao auto-emprego para ganhar algum dinheiro. No entanto, os níveis de renda que podem ser obtidos estão substancialmente abaixo dos habituais como resultado da queda global do rendimento em todos os grupos de riqueza devido à seca e aumento da concorrência da mão-de-obra. Um fenômeno comum na zona, que tem estado a crescer, inclui a migração para os centros urbanos e África do Sul, principalmente por pessoas mais jovens, onde se envolvem maioritariamente em pequenos negócios nos principais centros de comércio informal.

Desde Setembro, tem havido um aumento nas oportunidades de trabalho agrícola na limpeza e preparação da terra. No entanto, dada a capacidade reduzida de pagamento das famílias médias e ricas, o pagamento em espécie é mais provável do que em dinheiro. Além disso, tem havido um aumento nas vendas de galinhas e cabritos pelas famílias pobres, que ainda têm reservas remanescentes para compra de alimentos. Independentemente disso, a coleta de alimentos silvestres tem estado a decorrer onde existem condições favoráveis, mas a disponibilidade é relativamente menor comparado com a média para esta época do ano. Alguns dos frutos e raízes tais como Malambe (fruta de embondeiro), Macucua e Xicutsi são consumidos e por vezes vendidos nos mercados locais.

De acordo com a Análise de HEA da FEWS NET em Setembro, nesta zona de formas de vida, existem aproximadamente 138.000 pessoas (cerca de 43 por cento da população na zona de formas de vida) em situação de Crise (IPC Fase 3) ou pior que necessitam de assistência alimentar urgente a partir de agora até a próxima colheita em Março de 2017. Estas pessoas representam, principalmente, as famílias muito pobres e pobres, que enfrentam défices de consumo de alimentos, porque elas não conseguem ter acesso aos alimentos suficientes para a satisfação das suas necessidades alimntares mínimas e básicas. Estes défices de alimentos permanecem mesmo depois de as famílias terem utilizado todas as estratégias de formas de vida e de sobrevivência, forçando-as a começar a aplicar estratégias de sobrevivência insustentáveis e de crise que incluem a renúncia das necessidades não alimentares, desistência escolar, esgotamento de bens.

Tal como já indicado no panorama nacional, a assistência alimentar nesta zona, realizada através de uma combinação de assistência em espécie e senhas em Setembro, cobriu mais de 60 por cento das necessidades e deverá cobrir uma maior percentagem até Março de 2017. A avaliação rápida da segurança alimentar da FEWS NET na Província de Gaza em Setembro revelou que a assistência humanitária está a jogar um papel importante e ajudar a mitigar a situação de insegurança alimentar para as famílias pobres.

Pressupostos

Além dos pressupostos de nível nacional, os seguintes pressupostos se aplicam a esta área preocupante:

Previsão sazonal. Dada a previsão, a zona de formas de vida 22 é poderá receber uma precipitação média para acima da média de Novembro de 2016 para Março de 2017, que poderá ser favorável para condições de cultivo uma vez que as necessidades hídicas médias das culturas para a zona são de 400 a 500 mm e poderão ser superadas.

Fluxos atípicos das regiões centro e norte para a zona. Dado o fracasso quase total das culturas no Sul, espera-se que algumas quantidades de milho fluam de partes da região centro e norte para os mercados do sul. Como resultado, o mercado de Chókwe poderá continuar a receber milho das regiões centro e norte até a colheita em Março de 2017.

Preços dos alimentos básicos. Os preços do milho em Chokwe, o mercado de referência para a zona de formas de vida, poderão continuar a subir até o pico em Fevereiro, com probabilidade de atingir níveis entre 260 a 280 por cento acima da média de cinco anos devido à falta da disponibilidade. No entanto, os preços poderão começar a cair a partir de Março, após a colheita, até Maio. Os preços da farinha de milho em Chókwe seguirão um padrão semelhante e poderão continuar a subir até Fevereiro/Março, permanecendo acima da média de cinco anos em 66 por cento em média, e acima dos preços do ano passado em 51 por cento em média, em seguida baixarão na sequência da colheita. Devido à alta demanda pelos substitutos, espera-se que os preços do arroz em Chokwe subam até Fevereiro, atingindo um pico de 133 por cento acima da média de cinco anos, mas, em seguida, os preços poderão baixar até Maio.

Aumento da venda de carvão. Devido à gravidade dos impactos da seca, mais e mais famílias estarão envolvidas na produção e venda de carvão em níveis muito acima da média até Novembro até o começo das chuvas. Depois, a produção de carvão diminuirá até o final do período do cenário.

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De Outubro de 2016 a Janeiro de 2017, as oportunidades de trabalho agrícola tornar-se-ão gradualmente disponíveis com o começo gradual das chuvas e da época agrícola 2016/17. A previsão de precipitação normal para acima do normal ligada às condições semelhantes ao fenómeno La Niña é vista como um evento positivo que vai melhorar gradualmente a situação de segurança alimentar nas zonas afectadas pela seca. No entanto, em Outubro e início de Novembro, ainda prevalecerão condições secas e a situação só poderá começar a mudar a partir de meados de Novembro. No geral, durante este período, o rendimento esperado, tanto do trabalho agrícola como casual serão inadequados como resultado dos preços elevados. Em Outubro, a maioria das famílias estará envolvida na preparação das terras, e de Novembro começarão a semear onde terão caido quantidades adequadas de precipitação. As famílias pobres com animais tais como bois, cabritos, porcos, ovelhas e galinhas, poderão vender os seus animais sempre que for necessário para gerar algum dinheiro para a compra de alimentos; no entanto, os preços de venda poderão ser inferiores aos preços desejados devido as condições deploráves dos animais em termos de aspecto físico e vendas desesperadas por parte das famílias.

O início das chuvas em Novembro também irão proporcionar a água sazonal tanto para o consumo humano como animal e vai melhorar o pasto, o que irá melhorar as condições físicas do gado. Com o início das chuvas, a maioria das famílias vai trazer os seus animais de volta dos lugares distantes para onde os tinham deslocados em busca de água e pasto. Por outro lado, a precipitação vai aumentar a disponibilidade de alimentos silvestres sazonais que normalmente se tornam disponíveis durante esta época do ano. No entanto, os efeitos de duas más colheitas sucessivas, com reservas de alimentos das famílias esgotadas, persistirão até a disponibilidade de culturas recém-colhidas em Março de 2017. A oferta de alimentos nos mercados locais será reduzida e a procura aumentará até Janeiro de 2017, atingindo o pico da época de escassez. O acesso aos alimentos dos mercados vai deteriorar-se porque os preços dos alimentos básicos vão subir mais rapidamente quase no pico da época de escassez em Janeiro/Fevereiro imediatamente antes da colheita e os rendimentos não cobrirão as necessidades básicas. O consumo de alimentos menos preferidos e alimentos silvestres, redução das refeições, e utilização da assistência humanitarian ajudarão as famílias mais vulneráveis a sustentar suas vidas e a satisfazer as suas necessidades alimentares básicas. As actividades de auto-emprego serão gradualmente substituídas pelas atividades agrícolas, especialmente com o começo das chuvas, mas como a necessidade de obter dinheiro será crucial, as famílias pobres terão que balancear entre o seu auto-emprego e o trabalho agrícola. Por outro lado, a disponibilidade de sementes, e o tempo dessa disponibilidade, será um factor determinante para a dimensão da sementeira. As famílias pobres continuarão a enfrentar défices de alimentos e necessitarão de assistência alimentar até que tenham acesso à sua própria produção em Março de 2017. Análise do HEA de Setembro pela FEWS NET mostrou que as famílias pobres e muito pobres nesta zona poderão permanecer em situação de Crise (IPC Fase 3) na ausência de assistência alimentar devido aos défices de consumo de alimentos, enquanto outras terão de enfrentar uma situação de insegurança alimentar aguda de emergência (IPC Fase 4).

De Fevereiro a Maio de 2017, a situação de segurança alimentar será distinta da primeira metade comparativamente com a segunda. Durante a primeira metade, Fevereiro a Março de 2017 as famílias pobres estarão enfrentando condições semelhantes e respondendo da mesma forma como fizeram em Dezembro de 2016 e Janeiro de 2017. As famílias continuarão a depender fortemente do mercado para a compra de alimentos e a empregar estratégias de sobrevivência tais como a venda de animais quanto possível e intensificação das suas actividades de auto-emprego. No entanto, uma distinção em Fevereiro é que algumas famílias começarão a ter acesso aos alimentos verdes, e em Março, a colheita começará mas não poderá imediatamente parar a necessidade de realização de compras no mercado. Os preços dos alimentos permanecerão muito acima da média mas começarão a estabilizar-se. As famílias pobres e muito pobres sem animais e com poucas opções de sobrevivência continuarão a depender de alimentos silvestres e assistência alimentar durante esta primeira metade. Estas famílias poderão enfrentar uma situação de insegurança alimentar aguda de Crise (IPC Fase 3) e de Emergência (IPC Fase 4) e necessitarão de assistência alimentar de emergência.

Durante a segunda metade do período, Março a Maio de 2017, o acesso aos alimentos começará a melhorar gradualmente com a disponibilidade de culturas recém-colhidas. Durante este período, a maioria das famílias começará a ter acesso aos alimentos da sua própria produção, incluindo uma variedade de alimentos sazonais tais como a melancia, o grão de milho e feijão nhemba. Com a disponibilidade dos alimentos, as famílias pobres dependerão cada vez menos das compras no mercado. A demanda decrescente e aumento da oferta dos mercados locais concorrerão para uma redução dos preços a partir de Março/Abril depois de um pico em Fevereiro. No entanto, dados os preços significativamente elevados dos alimentos básicos tais como o milho, os preços permanecerão acima da média em mais de 100 por cento. O consumo de alimentos vai melhorar de forma significativa, resultando numa melhoria significativa do estado nutricional das crianças e adultos. A disponibilidade de água também vai melhorar uma vez que a maioria das fontes de água será reabastecida, permitindo que os membros das famílias tenham mais tempo para se dedicar a outras atividades domésticas, e não em busca da água. O pasto e água para o consumo animal também vai melhorar significativamente, resultando na melhoria das suas condições físicas e disponibilidade do leite. O nível de venda

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de gado será mínimo uma vez que a maioria das famílias conguirá obter o rendimento necessário com a venda dos seus próprios produtos e de pagamentos pela venda de mão-de-obra na agricultura. A disponibilidade de água ou humidade residual após a colheita principal também será uma oportunidade para as famílias começarem a investir na sementeira da segunda época que começa em Abril/Maio. Esta actividade será crucial para a disponibilidade de culturas fora de época durante a estação seca de Maio a Setembro. A assistência alimentar para este período será actualizada em conformiade no futuro, quando os planos de financiamento se tornarem mais consolidados.

Zona de Formas de Vida 15 - Semi-árida Central de Algodão e Minerais (Província de Tete – distritos de Changara, Doa, partes dos distritos de Moatize, Cahora Bassa, Mágoe e Chiuta; Província de Manica – distritos de Guro e Tambara; Província de Sofala – parte do distrito de Chemba)

Sitiação Actual

A maior parte da descrição feita para a zona de formas de vida 22 em termos de disponibilidade de alimentos e uso de estratégias de sobrevivência em curso é semelhante a esta zona. Por exemplo, para a obtenção de qualquer rendimento para compra de alimentos, as famílias pobres estão fortemente envolvidas em actividades de auto-emprego, e nesta zona, as famílias também conseguem recolher pedras para a construção. No entanto, não existem actualmente oportunidades de trabalho agrícolas disponíveis uma vez que as chuvas só poderão começar em finais de Novembro e princípios de Dezembro. Prevê-se que actividades de limpesa e preparação da terra comecem em meados ou finais de Novembro. Embora em menor escala em comparação com a região Sul, os impactos da seca também afectaram negativamente as famílias médias e ricas nesta zona, causando mortes de animais por falta de pasto e água.

A disponibilidade de alimentos básicos no mercado tais como milho, feijão nhemba e feijões, está abaixo da média na zona. Outros alimentos básicos que normalmente são importados ou processados, tais como farinha de milho e arroz, ainda estão adequadamente disponíveis. Assim como na zona 22, o maior impedimento para o acesso aos alimentos para as famílias pobres é a falta de rendimento para fazer face aos elevados preços dos alimentos. Os preços em Tete, o principal mercado de referência na zona, não estão tão elevados como em Chókwe, mas os preços do grão de milho de Setembro foram mais superiores à média de cinco anos em 133 por cento e superiores aos do mesmo período do ano passado em 70 por cento. Os dois principais substitutos do milho são a farinha de milho e o arroz. Os preços da farinha de milho em Setembro situaram-se a 88 por cento acima da média de cinco anos e 80 por cento superior aos do ano passado, enquanto os preços do arroz foram superiores a média de cinco anos em 41 por cento e 42 por cento acima do ano passado.

De acordo com a análise do HEA da FEWS NET em Setembro, cerca de 39 por cento (cerca de 407 mil pessoas) da população rural na zona de formas de vida estão em Crise (IPC Fase 3) ou mais e necessitam de assistência urgente de alimentos a partir de agora até a próxima colheita em Março de 2017. Este universo é constituído essencialmente por famílias muito pobres e pobres, que enfrentam défices de sobrevivência, pois não têm acesso a quantidades adequadas de alimentos para a satisfação das suas necessidades mínimas e básicas. Estes défices de alimentos persistem mesmo depois de as famílias terem aplicado todas as estratégias de formas de vida e de sobrevivência sustentáveis, forçando-as a começar a aplicar estratégias insustentáveis e de crise que incluem o consumo de alimentos silvestres menos preferidos e não-recomendados e redução do número e quantidade de refeições. As famílias já estão a começar a aumentar o consumo de alimentos silvestres tais como

malambe, lírio aquático, maçanica, ussica e matondo. O resto da população rural (cerca de 61 por cento) consegue satisfazer

as suas necessidades alimentares básicas, mas quase cinco por cento desta população não consegue comprar bens não-alimentares tais como roupa, propinas escolares, cuidados de saúde, insumos agrícolas, carvão, materiais de construção e outros utensílios e estão na situação de “estresse” (IPC Fase 2).

Contrariamente à zona 22 acima, menos de 20 por cento das necessidades de assistência humanitária de emergência foram cobertas em Setembro. No entanto, com base na assistência humanitária planificada e financiada, este nível de cobertura deverá subir durante o período de Outubro a Março.

Pressupostos

Para além dos pressupostos de nível nacional, os seguintes pressupostos são aplicáveis a esta zona preocupante:

Previsão sazonal. Dada a previsão, a zona de formas de vida 15 poderá receber uma precipitação média para acima da média de Novembro de 2016 a Março de 2017, que se espera que seja favorável para a produção agrícola uma vez que o nível das necessidades hídricas médias das culturas para a zona é de 600 a 900 mm e isso poderá ser superado.

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Fluxos de milho do Norte. Tradicionalmente o grão de milho nesta zona de formas de vida é produzido localmente. No entanto, devido à gravidade da seca, os fluxos do Norte chegam a partes da zona devido a maiores demandas

Preços de alimentos básicos. Os preços do grão de milho em Tete, mercado de referência para a zona de formas de vida, poderão continuar a subir até o pico em Fevereiro, provavelmente atingindo 120-130 por cento acima da média de cinco anos devido à falta da disponibilidade. No entanto, os preços poderão começar a baixar a partir de Março, após a colheita, até Maio. Os preços da farinha de milho em Tete seguirão um padrão semelhante e poderão continuar a subir até Fevereiro, e depois, deverão permanecer estáveis ou começar a baixar até Maio. De Outubro a Maio, os preços da farinha de milho poderão permanecer acima da média de cinco anos em 96 por cento em média, e acima dos preços do ano passado em 56 por cento em média. Devido à alta demanda pelos substitutos, os preços do arroz em Tete poderão subir até Fevereiro, atingindo um pico de 83 por cento acima da média de cinco anos, mas, em seguida, os preços poderão baixar até Maio.

Aumento da venda de cabritos. Partes da zona são criadoras e vendedoras de cabritos, e dada a gravidade dos impactos da seca, a venda de cabritos será intensificada pelas famílias como uma estratégia de geração de rendimento para a compra der alimentos. No entanto, o aumento do nível normal é inferior a 10 por cento.

Situação de Segurança Alimentar Mais Provável

De Outubro de 2016 a Janeiro de 2017, a situação de segurança alimentar em grande parte assemelham-se a da zona 22, mas devido ao início mais tardio das chuvas nesta zona, provavelmente em Dezembro, o rendimento proveniente das oportunidades de trabalho agrícola virá quase um mês depois. Por isso, durante as condições secas de Outubro a Novembro, espera-se que as actividades de auto-emprego continuem e sejam intensificadas para que as famílias pobres possam fazer algumas compras no mercado de alimentos. Ao longo deste período, porém, a oferta de alimentos para os mercados locais será reduzida, e a demanda pelas famílias vai aumentar. No entanto, com os preços significativamente elevados dos alimentos, as estratégias de sobrevivência não serão suficientes para satisfazer as necessidades alimentares básicas mínimas das famílias pobres, apesar de consumirem alimentos menos preferidos e reduzirem o número de refeições. Em Novembro, a maioria das famílias estará envolvida na limpeza das terras e em Dezembro começarão a semear onde as condições o permitirem, mas algumas poderão não receber a remuneração integral do seu trabalho até depois da colheita. O início das chuvas também vai criar condições para disponibilidade de água sazonal para o consumo humano e animal e aumentará as condições de pasto, o que irá melhorar as condições físicas do gado e provavelmente estimular ainda mais as vendas de cabritos para geração da renda. As famílias pobres continuarão a consumir alimentos silvestres, e a disponibilidade vai aumentar com as chuvas. A maioria das famílias pobres poderá enfrentar uma situação de insegurança alimentar aguda de Crise (IPC Fase 3) com algumas a enfrentarem uma situação de emergência (IPC Fase 4), especialmente nas zonas afectadas pelo conflicto, necessitando de ajuda alimentar de emergência durante todo o período.

De Fevereiro a Maio 2017, e tal como descrito para a Zona 22 acima, as melhorias são esperadas apenas a partir de Abril já que durante Fevereiro e Março a maioria das famílias ainda não terá acesso aos alimentos da sua própria produção e continurão a depender de compras no mercado, alimentos silvestres, estratégias de sobrevivência intensificadas e assistência humanitária. As condições de Crise (IPC Fase 3) e de Emergência (IPC Fase 4), especialmente com números mais elevados de agregados familiares nesta fase, poderão persistir caso não seja prestada a assistência humanitária de emergência. Na segunda metade deste período, Abril a Maio de 2017, a segurança alimentar poderá melhorar gradualmente, com a disponibilidade de alimentos verdes em Março e a principal colheita em Abril/Maio. Devido à colheita mais tardia, as melhorias ocorrerão mais tarde nesta zona, em relação a outra zona, mas as alterações ao longo do tempo serão semelhantes. Com a colheita em Abril/Maio, a maioria das famílias começará a ter acesso aos alimentos da sua própria produção, devendo incluir uma variedade de alimentos sazonais tais como melancia, milho, feijões, feijão nhemba e outras culturas alimentares sazonais. Com a disponibilidade de alimentos ao nível das famílias, elas dependerão cada vez menos das compras no mercado. A demanda decrescente e aumento da oferta dos mercados locais vai causar uma redução dos preços a partir de Março até Abril. No entanto, dado os preços significativamente elevados dos alimentos básicos tais como o milho, os preços poderão permanecer acima da média. A partir de Abril em diante, o consumo de alimentos vai melhorar significativamente, resultando em melhorias substanciais no estado nutricional das crianças e dos adultos. Com o início das chuvas em meados de Novembro e início de Dezembro, as condições de pasto e água para o gado também vai melhorar significativamente, resultando na melhoria do aspecto físico dos animais. Depois do pico em Fevereiro, a partir de Abril em diante, o nível de vendas de gado poderá ser mínimo uma vez que a maioria das famílias vai gerar o seu rendimento através da venda de alimentos da sua própria produção, e receberá remunerações pelo trabalho agrícola. A disponibilidade de água ou humidade residual depois da colheita principal também será uma oportunidade para as famílias começarem a investir na segunda época, com início em Maio. Esta actividade será crucial para a disponibilidade

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de culturas fora da época durante a estação seca de Maio a Setembro. A assistência alimentar poderá ser desnecessária depois do final de Março até o início de Abril, altura em que a maioria das famílias começará a ter acesso aos seus próprios alimentos. Com a colheita, a partir de Abril, a situação de segurança alimentar das famílias pobres vai melhorar e poderão enfrentar uma situação de “estresse” (IPC Fase 2) ou Nenhuma (IPC Fase 1). Até pelo menos Maio, espera-se que haja um período de transição com as famílias pobres a recuperarem as suas formas de vida de uma das piores secas. Em algumas localidades isoladas devido ao conflicto, é possível que um pequeno número de famílias permaneçam em Crise (IPC Fase 3) ou mesmo em emergência (IPC Fase 4), caso não haja assistência humanitária adequada durante este período, uma vez que não conseguiram semear adequadamente devido à insegurança.

EVENTOS QUE PODEM MUDAR A PERSPECTIVA

TabELA 1. Eventos possíveis nos próximos oito meses que poderão alterar o cenário mais provável

SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO CENÁRIO

Para projectar a situação de segurança alimentar ao longo de um período de oito meses, a FEWS NET desenvolve um conjunto de pressupostos sobre eventos prováveis, os seus efeitos, e as respostas prováveis dos vários intervenientes. A FEWS NET analisa esses pressupostos no contexto das condições actuais e formas de vida locais para desenvolver cenários que estimam a situação de segurança alimentar. Normalmente, a FEWS NET reporta o cenário mais provável. Click aqui para mais informações.

Área Evento Impacto na situação de segurança alimentar

Áreas preocupantes

 Prestação de assistência humanitária

pontual, adequada e sustentável de larga escala até Março de 2017.

 As chuvas de Outubro a Novembro não

começam ou não tenham o desempenho previsto

 Intensificação do conflito político militar

 Se a assistência é suficientemente de grande em escala e

prestada de forma pontual sem quaisquer atrasos logísticos ou problemas de acesso, esta terá um impacto positivo na situação de segurança alimentar, e o nível da severidade das necessidades seria reduzido

 Se a precipitação não tiver o desempenho previsto, a

situação de insegurança alimentar vai piorar e dificultar a recuperação das famílias afectadas pela seca. O número de pessoas em situação de Crise (IPC Fase 3) e de Emergência (IPC Fase 4) será maior do que o previsto, bem como o nível de assistência humanitária necessária.

 A recuperação do rendimento projectado para as famílias

pobres para a compra de alimentos será ainda mais reduzida e a severidadade da insegurança alimentar será maior. Isto poderá exigir esforços adicionais por parte da comunidade humanitária para ajudar a suprir para além das necessidades projectadas.

 Esta intensificação desviará os esforços das famílias da

agricultura para a sua segurança e vai dificultar ainda mais os fluxos de bens e assistência humanitária. Isto pode aumentar os níveis de insegurança alimentar aguda nas zonas afectadas e representar uma ameaça real para a vida da maioria dos agregados familiares afectados.

Referências

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