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A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER EM TEMPOS DE PANDEMIA POR COVID-19 RESUMO

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 162

A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER EM TEMPOS DE PANDEMIA POR COVID-19

Daniela Braga Paiano Doutora em Direito Civil pela USP, docente de graduação e do Programa em Mestrado e Doutorado em Direito Negocial da Universidade Estadual de Londrina – UEL. Coordenadora do Projeto de Pesquisa e Contratualização das Relações Familiares e das Relações Sucessórias, danielapaiano@hotmail.com

Luiza Ribeiro Graduanda do 4º ano do curso de Direito, Universidade Estadual de Londrina, luizaribeiro03@hotmail.com, vinculada ao projeto de pesquisa Contratualização das Relações Familiares e das Relações Sucessórias.

Marina Neves Balan Graduanda do 4º ano do curso de Direito, Universidade Estadual de Londrina, marinaneves.balan@gmail.com, vinculada ao projeto de pesquisa Contratualização das Relações Familiares e das Relações Sucessórias

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo promover o debate sobre o aumento do número de casos de violência doméstica e familiar contra a mulher durante a pandemia de COVID-19, bem como demonstrar a evolução da imagem da mulher na sociedade e dos dispositivos usados como meios de combate a esse tipo de violência. Foi usada a pesquisa qualitativa de fontes primárias e secundárias para demonstrar a importância do movimento feminista na promulgação da Constituição Federal de 1988 que promoveu a igualdade entre o homem e a mulher, assim como a importância da promulgação da Lei Maria da Penha que, diante do excessivo cometimento de violência doméstica e familiar contra a mulher, traz em seu conteúdo conceitos essenciais para a caracterização desse crime. No presente trabalho concluímos que a pandemia de COVID-19 promoveu uma maior demanda dos serviços de atendimento às vítimas de violência doméstica e familiar contra a mulher e que, embora os métodos e procedimentos de assistência às vítimas sejam precários e muitas vezes falhem na celeridade necessária para garantir a segurança das mulheres atingidas por esse crime, as autoridades estatais e empresas do setor privado estão buscando novas medidas para sanar tais falhas e promover uma consciência social sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher.

Palavras-chave: Violência. Doméstica. Mulher.

DOMESTIC VIOLENCE AGAINST WOMEN DURING THE COVID-19 PANDEMIC

ABSTRACT

This paper aims to promote the debate about the increase in cases of domestic violence against women during the covid-19 pandemic, as well as show the evolution of the role of women in society and the mechanisms used to fight this violence. We used the qualitative research of primary and secondary sources in order to present the importance of the feminist movement in the enforcement of the Federal Constitution of 1988, which promoted equality between men and women,

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 163 as well as the importance of the promulgation of Maria da Penha law that, in face of the excessive number of cases of violence against women, brings up some essential contents for the characterization of this crime. In this paper, we conclude that the Covid-19 pandemic has promoted a greater demand for services to assist women victims of domestic violence. In spite of the precarious system of assistance and the fact that it often fails in what concerns the necessary celerity that would guarantee these victims’ safety, state authorities and private companies are looking for new methods to solve such problems and promote social awareness on domestic violence against women.

Keywords: Domestic violence; women.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira foi constituída em bases patriarcais e machistas. Assim, desde o descobrimento do Brasil, há a percepção de que a mulher deve ser submissa às vontades do homem com quem tem ou teve relação afetiva e que deve agir como se fosse sua propriedade. Com a Revolução Industrial esse cenário começou a mudar, tendo em vista que a mulher passou a ser vista como sujeito detentor de força de trabalho. Após muito tempo de exploração das mulheres, os movimentos feministas começaram a reivindicar direitos que garantissem um tratamento mais humanitário às mulheres.

No Brasil, o movimento feminista conseguiu que na Constituição Federal de 1988 fosse garantida a igualdade entre homens e mulheres. Foi a partir desse momento que a violência doméstica e familiar contra a mulher passou a ser alvo de medidas combativas. Em 2006, com a promulgação de Lei n. 11.340, finalmente foram instituídas medidas com o intuito de combater especificamente a violência doméstica e familiar, garantindo à mulher uma maior segurança.

Apesar dos avanços conquistados no âmbito do combate à violência doméstica e familiar, esse crime ainda é visto como algo natural e as suas graves consequências são ignoradas por grande parte da sociedade. Ainda hoje, o esforço de muitas mulheres para buscar ajuda dos órgãos responsáveis é desperdiçado por conta do mau atendimento à vítima e pela falta de celeridade na implementação de medidas protetivas.

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 164 As medidas de isolamento social determinadas em razão da pandemia de COVID-19, apesar de necessárias, provocaram um aumento de tensão entre os indivíduos por conta das preocupações, o medo do desconhecido e a inserção da vítima em tempo integral no ambiente de agressão. Tudo isso resultou em um aumento do número de casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Apesar dos esforços feitos pelo Estado e por empresas de iniciativa privada para combater esse crime, o aumento da demanda de atendimentos às vítimas tornou ainda mais evidente a necessidade de elaboração de uma política pública efetiva e eficaz para a conscientização de toda a sociedade.

2 O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA ATÉ O CÓDIGO CIVIL DE 1916

A violência contra mulher é um fenômeno que vem sendo cada vez mais colocado em pauta nas discussões atuais, tendo em vista o aumento de casos de mulheres que a sofrem nos mais diversos âmbitos da sociedade. No Brasil, não é um problema atual e percorre décadas, haja vista a sociedade advir de um modelo patriarcal que ditou as relações familiares por anos e que ainda reflete muito das suas características.

No início do século XVI, com a vinda dos portugueses ao Brasil e com a posterior valorização do açúcar, os primeiros grandes latifúndios começaram a surgir e juntamente com eles, os engenhos, que eram liderados pelos “senhores dos engenhos”. Foi nesse cenário que, segundo o autor José Carlos Leal (2004, p. 166), teve o início da família patriarcal no Brasil, com a figura do ‘pater familias’, que nada mais era, do que o homem no centro da relação familiar, detendo todo poder dentro da família.

Diante do assunto patriarcalismo, é de extrema importância conceituar tal termo. Para Max Weber (2004, p.188), o patriarcado seria um tipo ideal de dominação, onde determinada pessoa consegue impor sua vontade a terceiros. Ainda, o autor coloca que a autoridade do patriarcal se baseia na tradição, ou seja, na crença de algo que sempre existiu. A legitimidade das regras, nada mais seria do próprio senhor patriarcal, já que seu poder e a própria origem das normas, são sagradas por serem uma tradição (WEBER, 2004, p.234).

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 165 Com a formação dos engenhos e a vinda de milhares de escravos africanos ao Brasil, estabeleciam-se as casas-grandes, que representavam as figuras dos grandes latifundiários, com muito luxo e hierarquização. Quem ficava responsável pela organização da casa, eram as chamadas “matronas”, mulheres vindas de Portugal, que trouxeram uma grande carga cultural europeia (LEAL, 2004, p.166).

Em meio à ascensão econômica dos homens, a mulher detinha apenas uma função: manter a base familiar. O papel da mulher era associado à fragilidade, enquanto o homem era a autoridade do lar, que tomava as decisões de tudo, como bem expõe a autora Mary Del Priore: A dispersão dos núcleos de povoação reforçou as funções da família no interior da qual a mulher era mantida enclausurada. Ela era herdeira das leis ibéricas que a tinha na conta de imbecilitas sexus: incapaz, como crianças ou os doentes. Só podia sair de casa para ser batizada, enterrada ou se casar. Sua honra tinha de ser mantida a qualquer custo. (Del Priore, 2013, p.9-10).

Além disso, constava na parte Criminal das Ordenações Filipinas que os homens que violentassem as mulheres com pau ou pedra, teriam suas penas isentas e, caso eles descobrissem adultério por parte de sua companheira, eles teriam o direito de matá-las (ENGEL, 2005, s.p). Foi nesse cenário que as mulheres viveram, elas precisavam pedir autorização para qualquer lugar que quisessem ir e, como explana José Carlos Leal (2004, p.168), os homens não tinham medo do perigo que as ruas pudessem oferecer, mas temiam o que as mulheres poderiam descobrir fora de casa.

Outro ponto a ser destacado é que, além de terem suas ações privadas, as mulheres tinham suas aparências controladas pelos homens. No regime patriarcal, criou-se um estereótipo de mulher, estas deveriam se casar virgens, serem “moças discretas”, sensíveis e além de tudo “puras”. As roupas, deveriam cobrir o máximo do corpo, de maneira que o marido deveria permitir a vestimenta antes da esposa ir ao mercado, por exemplo (LEAL, 2005, p. 172). Por consequência, as mulheres não detinham qualquer envolvimento com a política ou outras profissões que não fosse cuidar do lar.

Com o Código Criminal de 1830, o adultério provocado pela mulher era visto como um afronte aos direitos do marido e continuou a ser considerado crime que tinha como pena a prisão de um a três anos (ENGEL, 2005, s.p), mas caso o homem casado, tivesse relacionamento com outra mulher publicamente, teria a mesma a pena. O que era muito comum na época, e que durante

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 166 muito tempo perdurou na sociedade, os chamados “crimes passionais”. Presente no Código Criminal de 1890, caso o homem matasse sua companheira, mas que estivesse em determinada situação onde seus sentidos fossem privados, não seriam tidos como criminosos, no caso, eles mesmos seriam as “vítimas do amor” (SENADO FEDERAL, 2017, p.10).

O sistema patriarcal começou a perder sua força principalmente com a Revolução Industrial. Assim, o nascimento das grandes indústrias e os efeitos do capitalismo trouxeram para a sociedade um empobrecimento dos trabalhadores, já que havia uma grande exploração em detrimento do lucro. Foi em meio a esse cenário, que as famílias perceberam que seria necessário que as mulheres trabalhassem, já que, apesar se serem mão de obra mais barata, precisavam complementar a renda familiar. Porém, o trabalho imposto a elas, eram deploráveis, o local de trabalho era insalubre e a remuneração era insignificante (NASCIMENTO, A.M; NASCIMENTO, S.A., 2014, p.32).

Mesmo com a vinda do Código Civil de 1916, a hierarquização familiar continuou e pode ser percebida em vários dispositivos, como por exemplo o Art. 233 que versava sobre o pátrio poder, o Art. 242 dispunha dos atos que a mulher não poderia fazer sem autorização do marido, caracterizando inferioridade da mulher casada e o homem como chefe do casamento e da família, demostrando as fortes influências do patriarcalismo (BRASIL. Lei 3.071, 1916).

Segundo dados do Instituto de Economia da UNICAMP – CESIT (2017, p.20), a presença das mulheres na sociedade, principalmente na área econômica, se intensificou durante os anos de 1970, principalmente por causa das transformações ocorridas pelo mundo, da industrialização, do aumento ao acesso às universidades e os mais diversos movimentos feministas. O estudo ainda aponta, que apesar do gradativo avanço das mulheres, estas permanecem realizando serviços considerados femininos.

As mulheres permanecem sendo as principais responsáveis pelo trabalho doméstico e os cuidados com filhos e idosos: dedicam, em média, 22 horas semanais, para pouco mais de 10 horas por parte dos homens. São a maioria no setor de serviços de menor qualificação e no emprego doméstico em residências, recebendo, portanto, as menores remunerações. Enquanto isso os homens continuam predominando nos cargos técnicos, cargos de maior qualificação, e nos setores que detém maior índice de inovação tecnológica, assim como nas posições de chefia, que são melhor remunerados (CESIT, 2017, p.20).

Assim, fica claro que, apesar de todos os avanços em relação ao empoderamento feminino, o sistema patriarcal deixa suas marcas, causando uma desigualdade que permeia até os dias atuais.

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 167 Analisar-se-á a seguir, o papel da Constituição Federal de 1988, como um marco legislativo para a emancipação das mulheres na sociedade brasileira.

2.1 A emancipação da mulher com a constituição de 1988 e a violência doméstica

Durante os anos de 1985 e seguintes, os movimentos feministas irradiaram-se pelo Brasil de maneira que, era visível a participação das mulheres que buscavam seus direitos. O foco principal das reivindicações era a Assembleia Nacional Constituinte, já que as mulheres estavam dispostas a ganhar espaço na sociedade com a vinda da nova Carta Magna. O movimento ficou conhecido como “Constituinte pra valer tem que ter direitos da mulher, se não fica pela metade”, conforme relata um estudo feito pelo Centro Feministas de Estudos e Assessoria (2010, p.26) e em 1986, mais de duas mil mulheres foram às ruas e ocuparam o Congresso Nacional, com intuito de produzirem a “Carta das Mulheres aos Constituintes”. O intuito principal desta carta era trazer todas as reivindicações feitas pelas mulheres que lutavam por mais direitos, a fim de garantir proteção pela Constituição que estava por vir. Esse movimento trouxe pontos extremamente positivos, como aponta as autoras.

Esse foi um grande momento de luta das mulheres brasileiras por justiça social e, vale destacar, uma luta vencedora: mais de 80% das propostas que constavam na Carta das Mulheres à Constituinte foi incorporada à Lei Maior do país. A Carta trazia de forma contundente o tema da violência contra as mulheres, o que possibilitou avanços posteriores nas políticas para o enfrentamento do problema. Valeu tanta luta (Centro Feministas de Estudos e Assessoria. 2010, p.27).

Foi graças a estas manifestações que hoje, a Constituição de 1988 aborda diversos temas que tendem a igualar a mulher ao homem. Foi com ela que, por exemplo, em seu Art.5°, I, (BRASIL, 1988) o Constituinte coloca como direito fundamental que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Ou ainda, no Art. 5°, L (BRASIL, 1988) quando dispõe sobre a possibilidade de as mulheres encarceradas poderem permanecer com seus filhos durante a amamentação. Nas palavras de Renata Coelho:

Com a Constituição da República firmou-se não apenas a igualdade em sentido negativo e de não-discriminação, como a igualdade positiva, promocional, afirmativa baseada na retirada de barreiras, no apoio, na proteção e garantias especiais a fim de equiparar direitos reconhecendo diferenças (COELHO, 2016, p.5).

Outro ponto a ser destacado é em relação ao avanço do instituto da Família, já que a Constituição prevê outras formas de família, não somente aquelas oriundas do casamento. Em seu Art. 226 (BRASIL, 1988), coloca a união estável, a família monoparental e o casamento,

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 168 como outras formas de família. Além disso, expõe em seu parágrafo 5°, que os direitos e deveres relacionados à sociedade conjugal serão exercidos de forma igual pelo homem e pela mulher, deixando de lado o que era imposto pela família patriarcal e a figura do pater familia.

O Art. 5°, XLIII da Constituição Federal (BRASIL, 1988), coloca que serão considerados crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, dentre outros, os crimes hediondos. A Lei 8.072 de 1990 e a Lei 8.930 de 1994 regulamentam esse dispositivo constitucional citado e colocam como crimes hediondos o estupro e a atentado violento ao pudor, demonstrando a gravidade do crime sexual praticado contra as mulheres. Ainda, em seu Art. 226, parágrafo único, a Constituição (BRASIL, 1988) reconhece a violência dentro do âmbito familiar e dispõe que assegurará a proteção dos membros dentro deste instituto.

Como expõe Renata Coelho (2016, p.6), logo após a Constituição Cidadã, diversas outras leis foram criadas com o intuito de abranger os direitos fundamentais das mulheres e punir a desigualdade e a violência que permeia esse âmbito. Dentre elas, como se verá a seguir, a Lei Maria da Penha, criada em 2006, que é considerada um marco para o movimento feminista, pois coíbe os mais diversos tipos de violência. No ano de 2009, a Lei 12.034, que versa sobre os Partidos Políticos, proporcionou um aumento na participação feminina na política, determinando que recursos sejam destinados às campanhas e às representantes femininas.

Portanto, com as lutas feministas que aconteceram durante a fase anterior da criação da Constituição Federal 1988, muitos direitos foram resguardados constitucionalmente. E foi com a Carta Magna Cidadã que, pela primeira vez, houve uma equiparação jurídica entre o homem e a mulher, e além de tudo, uma proteção constitucional dentro do instituto familiar. Esse foi um marco para que outras leis surgissem, em especial a Lei Maria da Penha que será analisada no tópico a seguir.

2.2 Lei n. 11.340 de 2006 – Lei maria da penha

O papel da mulher na sociedade, seja na sua atuação dentro de casa com os afazeres domésticos, seja no mercado de trabalho, teve sempre um caráter menos significante comparado ao papel do homem. A estrutura social patriarcal presente no Brasil desde o seu descobrimento

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 169 proporcionou a criação de leis extremamente machistas que acabaram corroborando um comportamento igualmente misógino por parte da sociedade.

Os movimentos feministas, embora criticados até hoje, são os principais responsáveis pelas mudanças legislativas e sociais que, gradativamente, promovem a ruptura do pensamento patriarcal e machista na sociedade. Além disso, foi o movimento feminista o responsável pela promoção do diálogo sobre a necessidade da criação de uma lei especial que tratasse especificamente dos crimes cometidos contra a mulher e, mais tarde, o responsável pela criação da Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha.

A lei foi sancionada em 7 de agosto de 2006 e recebeu o nome de Lei Maria da Penha em homenagem a uma mulher que, como tantas outras, sofreu diversos abusos em sua relação conjugal e foi negligenciada pelo Poder Judiciário brasileiro que permitiu que o seu agressor fosse absolvido.

Segundo o Instituto Maria da Penha (2020, sp), o caso de Maria da Penha ganhou destaque por envolver autoridades internacionais que constataram graves violações a direitos humanos que deveriam ser protegidos pelo Estado brasileiro. Assim, em 2001, juntamente com o Centro para a Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), Maria da Penha conseguiu que o Estado brasileiro fosse condenado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA) por negligência, omissão e tolerância à violência doméstica praticada contra as mulheres.

Foi em razão da condenação do Estado brasileiro pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA), que ficou clara a necessidade de criação de uma lei que garantisse a segurança da vítima nos casos de violência doméstica contra a mulher e combatesse a impunidade dos agressores. Assim, no ano de 2002, um consórcio de ONGs feministas foi formado para elaborar uma lei especial que, mais tarde, foi chamada de Lei Maria da Penha, com o objetivo de proteger as mulheres vítimas de violência.

A Lei nº 11.340 promoveu significativas inovações quando comparada as demais leis até então vigentes. Nela, as medidas de auxílio e proteção da mulher vítima de violência doméstica

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 170 ganharam destaque. Também foi criado o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher com o intuito de promover maior segurança jurídica nos julgados, tendo em vista a complexidade das relações familiares e afetivas.

A Lei Maria da Penha também é considerada inovadora quando, em seu conteúdo, promove uma maior valorização ao depoimento da vítima, tendo em vista que, na maior parte dos casos, a violência ocorre dentro de casa e sem testemunhas. Além disso, ela traz conceitos dos diferentes tipos de violência doméstica e familiar, deixando claro que a violência física é apenas um tipo de violação de direitos e que, na maior parte dos casos, as vítimas são atingidas simultaneamente por mais de um tipo das agressões elencadas.

Apesar da sua importância e de suas inovações, a Lei 11.340 é alvo de diversas críticas, dentre elas a de que promove tratamento desigual entre os indivíduos, e que, por este motivo, seria inconstitucional. Infelizmente, o aumento no número de casos de violência doméstica e familiar no Brasil tem provado reiteradamente que tais medidas são necessárias.

Portanto, fica nítida importância da Lei Maria da Penha para o combate da violência contra mulher, já que trouxe diversos mecanismos a fim de coibir e, principalmente, evitar a ocorrências destes crimes. Como já dito anteriormente, um dos pontos trazidos pela lei, foi a conceituação dos diversos tipos de violência que existe, acabando com o tabu de que apenas a violência física pode causar um dano a mulher, esse assunto será tratado com especificidade no tópico a seguir.

3 DOS TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA LEI MARIA DA PENHA

É fato que a Lei Maria da Penha, antes de criar novos tipos penais, busca a aplicação de agravantes aos crimes já existentes e praticados contra a mulher no contexto familiar e afetivo. Mario Luiz Delgado assim explica:

Além da violência física, sempre a face mais chocante da violência doméstica, a lei estabeleceu a moldura normativa, possibilitando a incorporação na tipificação de outras formas de violência doméstica e familiar em razão do gênero, as quais, apesar de muito frequentes, eram pouco invocadas como instrumentos de proteção à mulher agredida. (DELGADO, 2018, p. 1)

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 171 Infelizmente, o crime de violência doméstica e familiar contra a mulher era considerado um crime de baixo potencial ofensivo. Em razão disso, tais crimes eram julgados pelos Juizados Especiais Cíveis e Criminais que foram instituídos pela Lei 9.099 de 1995. Maria Berenice Dias (2007, p. 46) defende que, justamente por conta do baixo potencial ofensivo erroneamente atribuído ao crime de violência doméstica e familiar é que esse crime é um dos mais cometidos no Brasil.

A recorrência do crime de violência doméstica e familiar contra a mulher e a falta de rigor na punição do agressor, tornou necessária a delimitação do conceito desse tipo de violência bem como a especificação dos diversos tipos de constrangimento físicos e mentais praticados contra a mulher no âmbito familiar e afetivo.

A Lei Maria da Penha, em seus artigos 5º e 7º traz os seguintes conceitos:

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

Embora tenha sido extremamente importante trazer alguns conceitos delimitadores no conteúdo da Lei Maria da Penha, a abrangência dos termos usados no Art. 5º da Lei 11.340 preocupava

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 172 os estudiosos e aplicadores da lei. Maria Berenice Dias (2007, p. 40) defende que as críticas voltadas para abrangência dos termos usados nos Arts. 5º e 7º são derrubadas quando se interpreta os referidos dispositivos conjuntamente:

De qualquer modo, para se chegar ao conceito de violência doméstica, é necessária a conjugação dos artigos 5º e 7º da Lei Maria da Penha. Deter-se somente no art. 5º é insuficiente, pois são vagas as expressões: ‘qualquer ação ou omissão baseada no gênero’; ‘âmbito de unidade doméstica’; ‘âmbito da família’ e ‘relação íntima de afeto’. De outro lado, apenas o art. 7º também não se retira o conceito legal de violência contra a mulher. A solução é interpretar os arts. 5º e 7º conjuntamente e então extrair o conceito de violência doméstica e familiar contra a mulher (DIAS. 2007, p. 40).

Assim, para a autora, não restam dúvidas quanto à abrangência dos dispositivos acima elencados e quanto à aplicação da Lei Maria da Penha aos casos reais de violência contra a mulher elencados nos Arts. 5º e 7º da referida lei. Francisco Antonio Morilhe Leonardo ressalta a diferença entre uma conduta típica qualquer dirigida ao gênero feminino e o crime de violência doméstica e familiar contra a mulher:

Resta salientar que a referida Lei não se enquadra em qualquer violência contra o sexo feminino, ela se restringe àquelas baseadas no gênero e que ocorram no âmbito doméstico, familiar ou de relação íntima de afeto; para os demais casos, existem outras legislações específicas. Se uma mulher for agredida em decorrência de um assalto, efetuado por um agente desconhecido sem vínculo afetivo, não será, nesse caso, julgado pelo prisma da lei 11.340/2006, pois não existiu uma questão de gênero, nem vínculo familiar, afetivo ou doméstico. (LEONARDO, 2016, p. 203).

Outra importante observação a ser feita no que se refere à Lei Maria da Penha é sobre os seus sujeitos. Tendo em vista que a Lei 11.340 de 2006 visa proteger especificamente o gênero feminino da violência doméstica e familiar, o sujeito passivo deste crime é próprio, ou seja, a mulher ou aquele indivíduo que se comporte como uma (LEONARDO, 2016, p. 202).

Contudo, o sujeito ativo do crime de violência doméstica e familiar contra a mulher pode pertencer a qualquer gênero. Essa abrangência do sujeito ativo, dá-se em razão da expansão do conceito de entidade familiar feita pela Lei Maria da Penha. Assim, a referida lei passa a considerar como entidade familiar também as relações homoafetivas. Desse modo, o agressor poderá ser tanto homem quanto mulher.

Além disso, Maria Berenice Dias (2007, p. 46) explica que o rol dos tipos de violência elencados no Art. 7º não é taxativo, ou seja, os tipos de violência doméstica e familiar cometidos contra a mulher não se esgotam no referido artigo. Contudo, a autora esclarece que “as ações fora do elenco legal podem gerar a adoção de medidas protetivas no âmbito civil, mas não em sede de Direito Penal pela falta de tipicidade” (DIAS, 2007, p. 46).

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 173 A Lei 11.340 também amplia a sua aplicação no que diz respeito aos laços afetivos entre agressor e vítima. Maria Berenice Dias (2007, p. 45) explica que não é necessário que haja o matrimônio para configurar o crime de violência doméstica e familiar contra a mulher, mas apenas que exista ou tenha existido uma relação de afetividade entre o agressor e a vítima. Em decorrência disso, recente informativo de jurisprudência do STF (CC 100.654-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/3/2009) define que a agressão do namorado em decorrência da relação é considerada pela Lei Maria da Penha crime de violência doméstica e familiar contra a mulher.

3.1 Da violência física

A violência física é a primeira forma de agressão elencada na Lei Maria da Penha e se encontra conceituada no Art. 7º, I que designa esse tipo de violência contra a mulher como “qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal” (BRASIL. Lei 11.340, 2006).

Dentre as diversas formas de violência contra a mulher elencadas na Lei Maria da Penha, a violência física é uma das mais fáceis de ser percebida. Embora, Maria Berenice Dias (2007, p. 46) defenda que, para ser caracterizada a violência física, não é necessário que o agressor deixe marcas aparentes no corpo de sua vítima, muitas vezes a violência só é percebida quando a vítima traz sinais físicos da agressão.

Embora, os crimes de lesão corporal já tenham sido definidos no segundo capítulo da parte especial do Código Penal Brasileiro de 2004, os autores da Lei Maria da Penha optaram por aumentar a pena desses crimes quando praticados contra a mulher no contexto afetivo ou familiar.

Tendo em vista que, em seu conteúdo, a Lei 11.340 não especifica a conduta do crime de violência doméstica e familiar contra a mulher, Maria Berenice Dias (2007) explica que a violência física pode ser praticada tanto na forma ativa quanto na forma omissiva da prática do tipo penal.

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3.2 Da violência psicológica

As formas de violência psicológica estão elencadas no Art. 7º., II da Lei. A violência psicológica é aquela que atinge diretamente o emocional da mulher, de maneira que são as palavras do homem que causam algum dano. Ela pode se dar de várias maneiras, já que se perfaz por uma ação ou omissão, que visa degradar, insultar, humilhar ou até ameaçar determinadas condutas das mulheres, trazendo prejuízo no desenvolvimento psicológico da mulher no que tange sua autodeterminação e autoestima (CAVALCANTI, 2007, p.40). Como bem coloca uma cartilha realizada pelo Poder Judiciário do Rio de Janeiro, juntamente com a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (2015, p.8), acerca da violência psicológica:

A violência psicológica resulta de qualquer ato que ponha em risco o desenvolvimento pscicoemocional da mulher, sua autoestima e o seu direito de ser respeitada. É o assédio moral, que ocorre com a humilhação, a manipulação, o isolamento, a vigilância constante e ostensiva, os insultos, a ridicularização ou qualquer outro meio que intimide a mulher, impedindo que ela exerça sua vontade e autodeterminação. Nesse tipo de violência é muito comum a mulher ser proibida de trabalhar, estudar, sair de casa ou viajar, falar com amigos ou parentes.

Assim, o julgamento que o homem faz sobre a roupa da mulher, sobre sua aparência ou até os comentários sobre a alimentação dela, perfaz toda uma violência que acaba degradando a mulher, já que esta, por amar seu companheiro, acaba tomando as palavras dele como verdadeiras. Como bem coloca Schreiber (2005, p.144), a violência psicológica, se perpetuada por grandes períodos, acaba promovendo o suicídio, além disso, em muito se assemelha aos sintomas de depressão, o medo de agir perante determinadas situações, a ansiedade, dentre outros distúrbios.

Em um estudo realizado com mulheres vítima de violência doméstica, produzido pelas autoras Dantas e Berger (2005, s.p), a maioria das mulheres relataram que vivem com medo e que sempre esperavam o companheiro adormecer primeiro, para que pudessem descansar, mas que não dormiam por completo, porque temiam que algo acontecesse com elas. Além disso, relatam a grande pressão psicológica colocada pelos seus agressores.

O que mais acaba sendo degradante na violência psicológica é o fato de que muitas mulheres nem sequer conseguem identificar quando perpassam por esse tipo de violência. Tudo isso decorre da ideia patriarcal de que a família tem a obrigação de viver em harmonia e que essa

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 175 harmonia deve ser garantida pela mulher, o que acaba naturalizando determinadas atitudes consideradas machistas e considerando normal as ofensas verbais. As mulheres que vivem a violência psicológica passam seu cotidiano com insegurança, de como agir e principalmente com medo do próprio companheiro (SOUZA, H.L., CASSAB, L.A., 2010, p.42).

Portanto, a violência psicológica atinge diretamente o desenvolvimento psíquico da mulher, já que, com as palavras proferidas pelo agressor, cria-se uma insegurança na personalidade daquela, que confia e teme o companheiro. Assim, esse tipo de violência é baseado em ofensas que podem causar danos e deles decorrem, inclusive, pensamentos suicidas.

3.3 Da violência sexual

A violência sexual prevista no Art. 7º. da Lei, em seu inciso III, não se trata somente do ato sexual em si, ou seja, abrange outras formas, dentre elas, fazer a vítima olhar cenas ou imagens sexuais, obrigá-la a ter relações desconfortáveis com o próprio agressor ou com terceiros, causar intimidação ou, pelo uso da força, praticar o estupro conjugal. Ainda, a violência sexual pode acontecer quando a mulher é obrigada a usar anticoncepcional, fazer aborto ou até mesmo se prostituir (TJRJ, 2013, p. 11).

Como bem aponta as autoras Dantas e Berger (2005, s.p) a ordem patriarcal gerou uma normalidade acerca da violência sexual contra a mulher, é como se o homem exercesse sempre o papel ativo na relação sexual e fosse o único detentor do prazer, ficando a cargo da mulher a reprodução e passividade. Segundo uma pesquisa realizada pelas autoras, no qual foram entrevistadas mulheres que passaram pela violência sexual dentro da sua relação conjugal, a maioria das respostas indicavam a coerção sexual como natural, como se a prática de relação sexual fosse uma obrigação do casamento. Além disso, o estudo aponta que, por esse assunto ser tratado com tanta naturalidade, a maioria das mulheres não percebe que a coerção é um tipo de violência e acaba muitas vezes não denunciando, porque acredita que é sua obrigação praticar relações sexuais quando seu companheiro quiser.

Segundo Drezett (2003, p.38), a maioria das mulheres que sobrevive à violência sexual perpetrada pelo agressor, não apresenta qualquer tipo de dano físico, o que pode ser explicada pelo fato da grande intimidação imposta pelo agressor no momento do crime. Mas o que autor

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 176 aponta é que existe uma grande resistência nos serviços de atendimento em relação aquelas mulheres que não apresentam qualquer tipo de lesão, ou seja, é como se exigissem que elas apresentem algum tipo de prova em seu corpo para que se tomem as devidas diligências acerca do crime cometido.

A violência sexual passou a ser a única situação de interface entre saúde e justiça em que um boletim de ocorrência policial ou um exame pericial são colocados adiante da assistência imediata em saúde. Embora essas ações sejam de inegável importância, a proteção à saúde de quem sofre violência sexual é um bem ainda maior a ser preservado (DREZETT, 2003, p.42).

Assim, é nítido perceber que se cria um paradigma em relação a violência sexual, como se necessariamente a mulher precisasse de marcas que comprovassem tal ato. Analisou-se que esse tipo de violência é muito mais que o próprio ato sexual em cima, o que a torna mais difícil de ser detectada em muitos casos, principalmente para a mulher que a sofre.

3.4 Da violência patrimonial

A violência patrimonial está elencada no artigo 7º, IV da Lei Maria da Penha que assim dispõe: Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

(...)

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; (BRASIL, 2006)

Em detrimento da relativa facilidade de percepção da ocorrência de violência física contra a mulher, a violência patrimonial é considerada pelo autor Mario Luiz Delgado (2018, sp) como a forma de violência invisível que, na maior parte das vezes, passa “despercebida no bojo dos litígios conjugais”.

Mesmo que em seu título II, capítulo primeiro, o Código Penal de 2004 disponha sobre os diversos tipos de violência patrimonial bem como sobre as excludentes de ilicitude, o próprio código, em seu Art. 61, II, f, traz agravantes nos casos de crime de violência doméstica e familiar contra a mulher. Além disso, a Lei Maria da Penha não admite a aplicação das excludentes dos Arts. 181 e 182 do Código Penal.

Maria Berenice Dias (2007, p.53) inclui na violência patrimonial o não pagamento dos alimentos, determinados ou não em juízo, quando o alimentante ainda possuir condições

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 177 financeiras para garantir o seu pagamento. Esse entendimento tem o objetivo de garantir a dignidade da mulher que não possui condições de subsistência.

3.5 Da violência moral

O Art. 7º, V da Lei 11.340 – Lei Maria da Penha, determina que violência moral é “qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria”. Com essa tipificação, o dispositivo legal busca proteger a honra da vítima que, nesse caso, é agredida com a imputação de crimes falsos, fatos que agridam a sua imagem perante a sociedade ou características que a ofendam.

Anderson Albuquerque (2020, sp) defende que a violência moral está intimamente ligada à violência psicológica, tendo em vista que a vítima muitas vezes é agredida e acaba internalizando as palavras ou ações a ela associadas. Infelizmente, a violência moral passa despercebida quando comparada aos outros tipos de violência já expostos, contudo, conforme afirmam Paula Drummond de Castro e Cristiane Bergamini (2017, sp), os danos causados por esse tipo de agressão muitas vezes culminam no desenvolvimento de quadros de depressão, ansiedade e outras enfermidades.

A calúnia, imputação de falsos crimes à vítima, está disposta no Art. 138 do Código Penal que assim determina:

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

A difamação, imputação de fatos que atingem negativamente a imagem da vítima perante a sociedade, está conceituada no Art. 139 do Código Penal brasileiro que define esse tipo penal como o ato de “imputar fato ofensivo à reputação da vítima” e tem como pena detenção de 3 meses a 1 ano e multa.

Já o crime de injúria, ofensas proferidas à vítima, está elencado no Art. 140 do Código Penal brasileiro nos seguintes termos:

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 178 § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997).

Importante ressaltar que a internet, no contexto da violência familiar e doméstica contra a mulher, é muitas vezes usada como meio de disseminação das inverdades proferidas pelo agressor. Infelizmente, por conta do alcance dos meios de comunicação da atualidade, a violência moral torna-se ainda mais pública e prejudicial para a mulher.

Infelizmente, na maior parte das vezes, a mulher é vítima desses tipos de violência dentro da própria casa e longe de testemunhas oculares. Esse fato acaba beneficiando o agressor e impedindo a vítima de buscar socorro. Hoje, com o surgimento da pandemia de Covid-19 e com a implementação de medidas de isolamento social, a mulher se encontra em situação de maior vulnerabilidade, tendo em vista que permanece quase o tempo inteiro inserida no ambiente de agressão.

4 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM TEMPOS DE QUARENTENA PELO COVID-19

O Brasil e o mundo vêm enfrentando uma pandemia mundial causada pelo vírus COVID-19, que teve sua origem na China, mas que em poucos meses se alastrou pelo mundo e tem causado milhares de mortes. Uma das suas formas de prevenção, é o chamado isolamento social, que nada mais é, do que uma recomendação da Organização Mundial de Saúde, para que as pessoas não saiam de casa, a fim de evitar a proliferação do vírus (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).

Em poucos dias, milhares de famílias se viram obrigadas a ficarem dentro de suas casas e, não sabendo exatamente como lidar com essa situação, enfrentam grande tensão e instabilidade. Em consequência disso, trouxe de forma potencializada os indicadores do aumento da violência doméstica no Brasil e no mundo. Na China, por exemplo, os números triplicaram e na Itália, França e Espanha, houve também o aumento após a quarentena domiciliar se tornar obrigatória (VIEIRA, P.R e col., 2020).

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 179 No Brasil, de acordo com os dados disponibilizados pelo Governo Federal (2020) em março deste ano, houve aumento de 9% no número de ligações para o 180, que é o canal que recebe as denúncias da violência contra mulher.

Segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), a média diária entre os dias 1 e 16 de março foi de 3.045 ligações recebidas e 829 denúncias registradas, contra 3.303 ligações recebidas e 978 denúncias registradas entre 17 e 25 deste mês (GOVERNO FEDERAL, 2020)

Já no mês de maio, a Câmara dos Deputados (2020) divulgou os dados referentes ao mês de abril, onde se completava apenas um mês de isolamento e mostrou que o aumento foi de quase 28% e em relação ano passado, as denúncias cresceram em média 14%. Em relação aos assassinatos, o Senado Federal (2020) divulgou através de uma reportagem feita pela Folha de São Paulo, juntamente com a Secretaria de Segurança Pública, os números de mulheres mortas dentro de casa durante o isolamento, no Estado de São Paulo, mostrando que quase dobrou em relação ao ano passado. Dia 24 de março houve o fechamento dos estabelecimentos e até o dia 13 de abril, 16 mulheres foram mortas, sendo que, ano passado apenas 9 haviam morrido (SENADO FEDERAL, 2020).

Mais especificamente no Estado do Paraná, segundo a reportagem divulgada pelo G1 Globo (2020), os casos de violência doméstica aumentaram 8,5% no 1° trimestre de 2020, em relação ao ano de 2019, segundo o SESP (Secretaria da Segurança Pública). Porém, o que a reportagem chama atenção, é que, em relação ao período em que se iniciou o isolamento domiciliar, houve uma redução dos números em cerca de 19% em relação ao ano de 2019, o que, para a advogada Helena de Souza Rocha, pode significar que as vítimas estejam com dificuldade de denunciar (G1 GLOBO, 2020).

Isso acontece, por que segundo a Pesquisa Violência Doméstica e Familiar contra mulher, realizada em 2019 pelo Instituto DataSenado e o Observatório da Mulher contra Violência (SENADO FEDERAL, 2020), 78% das mulheres que sofrem ou sofreram algum tipo de violência, foram agredidas pelos próprios companheiros ou pelo ex-companheiro, assim, fica evidente que, com o isolamento domiciliar obrigatório, as mulheres ficam mais expostas ao perigo.

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 180 Outro ponto a ser destacado que vem aumentando o conflito dentro de casa e expondo ainda mais a mulher, é o fato de que a crise econômica está afetando a todos. A Secretária Nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, relatou que conflitos foram denunciados em relação ao pagamento do auxílio emergencial disponibilizado pelo governo neste período de pandemia (CÂMARA LEGISLATIVA, 2020). A major Denice Santiago, ex-comandante da Ronda Maria da Penha na Bahia, ainda contou que nas filas dos bancos para retirar o dinheiro, muitas mulheres estavam acompanhadas por algum homem e acredita ela, que aquela mulher sofreu violência patrimonial quando teve seu dinheiro sacado (CÂMARA LEGISLATIVA, 2020).

Assim, fica claro que o surgimento do novo coronavírus e juntamente, o isolamento domiciliar obrigatório, acabou trazendo como uma de suas consequências o aumento da violência doméstica, não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Será analisado no próximo tópico algumas medidas que estão sendo tomadas no Brasil para que essas mulheres consigam de alguma maneira denunciar e se desvincular de seu agressor. Ao contrário de muitas pessoas ainda permanecerem com pensamentos conservadores e entenderem que “em briga de homem e mulher não se mete a colher”, são nesses momentos de enclausuramento que se evidencia a importância das denúncias feitas por pessoas próximas das vítimas.

4.1 Das medidas de combate à violência

O aumento dos números de violência doméstica e familiar contra a mulher durante a pandemia de COVID-19 tem chamado a atenção das entidades governamentais e das organizações não governamentais que promovem a segurança daqueles que sofrem agressões físicas e morais dentro da própria casa. A demanda cada vez maior dos canais de denúncia de violência doméstica e familiar durante o isolamento social mostra que os sistemas que deveriam promover a segurança das vítimas já estava, desde antes da pandemia de COVID-19, em estado extremamente precário.

Diante dessa realidade e do atendimento deficiente prestado às mulheres em situação de vulnerabilidade, o governo tem procurado implementar novas medidas que garantam a segurança das vítimas de violência doméstica e familiar confinadas em suas casas por conta das medidas de distanciamento social atualmente adotadas em todo o país.

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 181 Uma campanha promovida pelo Conselho Nacional de Justiça propõe que a vítima de violência doméstica e familiar mostre um “x” vermelho desenhado na palma da mão para o farmacêutico ou atendente da farmácia. Quando apresentado esse sinal, o farmacêutico ou atendente deve acionar a polícia. Essa iniciativa promove um melhor acolhimento das vítimas que possuem dificuldades para apresentar as suas queixas (ISTOÉDINHEIRO, 2020).

Outra medida tomada pelo governo do Estado do Paraná foi a criação da Lei Estadual n. 20.145 (Paraná, 2020), que obriga os condomínios a acionar a Delegacia da Mulher da Polícia Civil responsável quando houver indícios de violência doméstica ou familiar sendo praticada contra mulher, criança, adolescente ou idoso. A Lei Estadual n. 20.145 também obriga os condomínios a fixar cartazes informativos divulgando a referida lei (Paraná, 2020).

Além da Lei Estadual n. 20.145, diante do aumento da violência doméstica e familiar na pandemia de COVID-19, tramitam diversos projetos de lei nos mais diversos estados brasileiros, como, por exemplo, o PL n. 1.796/2020 que propõe uma tramitação mais rápida e a não suspensão dos processos que abordem violência doméstica e familiar durante a pandemia. O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná também entrou em estado de alerta quanto aos casos de violência doméstica durante a quarentena e tomou algumas medidas que possam amenizar possíveis danos. Dentre elas, podemos citar:

a) prorrogação automática das medidas protetivas já concedidas durante o período de atendimento remoto dos órgãos do Sistema de Justiça, exceto nos casos em que as mulheres requeiram a revogação, como forma de garantir a proteção das mulheres em situação de risco;

b) análise do pedido de medida protetiva de urgência mesmo sem o prévio registro policial, tendo em vista tratarem-se de provimentos jurisdicionais de caráter satisfativo e principal;

c) adoção de meios de comunicação, notificação e intimação das partes por vias digitais, observando-se as normativas pertinentes, a fim de garantir a um só tempo a eficácia do provimento judicial e dos direitos do contraditório e da ampla defesa.

Além das entidades governamentais, muitas empresas do setor privado estão investindo em aplicativos alternativos para denúncia e auxílio às vítimas de violência doméstica e familiar. O Magazine Luiza, loja de departamentos, apesar de já investir em formas veladas de denúncia contra mulher, promoveu o seu botão de denúncias. Basta que a vítima busque no aplicativo da loja de departamentos por maquiagens que escondam marcas na pele (ISTOÉDINHEIRO, 2020).

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Revista Científica do UniRios 2020.2 | 182 Outra empresa privada que tem investido em campanhas de combate à violência doméstica e familiar é o Instituto Avon, do grupo Natura&Co, que promoveu a hashtag #isoladassimsozinhasnão. Essa campanha foi promovida pelo Instituto Avon Argentina, mas acabou se dissipando pelo mundo (ISTOÉDINHEIRO, 2020).

A violência doméstica e familiar não atinge apenas a mulher vítima, mas também aqueles que a presenciam diariamente e a sociedade machista. A reação do governo e das entidades particulares a esse crime pode transformar essa realidade tão injusta e tão presente no Brasil e no mundo. Só assim será possível transformar a vida de tantas mulheres vítimas que, hoje, não possuem qualquer perspectiva de viver livre dos abusos da violência doméstica e familiar.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dado o exposto, verifica-se que a desigualdade de gênero no Brasil é histórica e permanece presente até os dias de hoje. Pertencente a uma sociedade patriarcalista, onde a figura masculina é representada como detentora de todo o poder familiar, a mulher é posta como inferior e submissa ao homem. Em um país marcado pela extrema desigualdade entre os gêneros, foi somente com a Constituição Federal de 1988 que o primeiro passo foi dado em relação a emancipação das mulheres. Diante dos movimentos feministas por todo o mundo e, diante principalmente da violência que mata mulheres todos os dias, viu-se a necessidade de criação de uma lei específica. A Lei Maria da Penha delimita os vários tipos de violência doméstica e familiar existentes e não somente traz formas de punir o agressor. A referida lei trouxe, também, formas de prevenção da violência contra o gênero feminino. É diante do momento atual que se vivencia, nota-se o aumento da violência doméstica e familiar contra mulher, justamente porque, na maioria dos casos, o agressor vive no mesmo domicílio que a vítima. Neste período delicado de pandemia, onde o isolamento social se tornou a principal forma de prevenção contra o coronavirus, não se pode olvidar que existem mulheres que estão sendo agredidas por aqueles com quem tem ou já tiveram laços afetivos. Mesmo com todos os mecanismos provisórios que foram criados a fim de minimizar essa situação, é evidente que existe um longo caminho a ser percorrido, principalmente porque esse tipo de violência está enraizada na sociedade brasileira através da cultura patriarcal.

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