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Perdas pós-colheita: conceitos

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Academic year: 2021

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Perdas pós-colheita: conceitos econômicos que ajudam a tomada de decisão do Produtor Rural.

Introdução

O aumento da demanda por alimentos e elevação histórica de preços que ocorre desde o ano de 2008 tornam as perdas pós-colheita um tema de grande preocupação mundial.

Segundo a FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (2014), cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos anualmente, se somadas as perdas pós-colheitas e desperdícios na mesa do consumidor. Ou seja, cerca de 30% do total de alimentos produzidos no mundo é perdido, no trajeto do campo ao prato.

Focando especificamente na produção de grãos, percebemos que alguns fatores influenciam o montante perdido no pós-colheita, como por exemplo, o teor de umidade do grão, impurezas, estrutura e temperatura de armazenagem, fungos, insetos, roedores e micotoxinas, além da infraestrutura de transporte da produção ao mercado e ferramentas de comercialização que ainda podem ser desenvolvidas no nosso país.

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Uma questão fundamental deriva dessa discussão:

Por que o produtor ou o gerente da fazenda permitem que certo nível de perda aconteça durante e depois da colheita de grãos? Não seria interessante minimizar as perdas pós-colheita e maximizar esta produção para aumentar o volume comercializado?

A resposta é depende. Depende, pois a decisão de diminuir ou não perdas pós-colheita é complexa. Infelizmente, os papéis dos tomadores de decisão da fazenda ainda são pouco estudados, assim como as perdas pós-colheita no Brasil.

Abordaremos alguns motivos econômicos para tentarmos entender algumas razões para estas perdas pós-colheita acontecerem, principalmente nas áreas com oportunidade para realização de segunda safra, como por exemplo o Cerrado Brasileiro.

Em primeiro lugar, precisamos entender o conceito de custo marginal de redução das perdas pós-colheita, conforme abordado por pesquisa da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (2014).

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Algumas definições são relevantes nesse momento:

O custo para reduzir a perda pós-colheita não é constante.O custo de evitar a perda de 1/2 saca de soja é diferente do custo de evitar a perda de, digamos, 3 sacas de soja.

O custo para reduzir as primeiras unidades de produção perdidas é baixo.Por exemplo, o custo para ajustar o RPM do rotor da colheitadeira é baixo, mas pode reduzir em até 3% as perdas durante as passadas, segundo estudo da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (2014). Porém, para reduzir 10% das perdas, o produtor deve adquirir uma máquina mais nova, por exemplo, o que já caracteriza um custo mais alto.

O custo para reduzir a última unidade perdida é infinitamente alto.Adquirir uma nova colheitadeira pode ser considerado um custo alto para o produtor. Porém, além do produtor, os custos para evitar 100% das perdas pós-colheita envolvem as empresas, governos, instituições e um sistema de organizações, que em um mundo ideal, poderiam resolver todos os problemas pós-colheita com uma quantidade exorbitante de investimento em silos, estradas, máquinas novas, caminhões, transporte ferroviário, fluvial, marítimo etc.

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Perdas pós-colheita: conceitos econômicos que ajudam a tomada de decisão do Produtor Rural.

Economia da Tomada de Decisão das Perdas pós-colheita. Adaptado de Martins, Goldsmith e Moura (2014).

Redução de Perdas Pós Colheita (P)

Benefício da Redução da Perda Pós Colheita Custo da Redução das Perdas Pós Colheita

0%

P

0 0 1 2

P

P

S

100%

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O gráfico anterior exemplifica esta discussão em termos econômicos. No eixo horizontal, temos a redução das perdas pós-colheita, em porcentagem. No eixo vertical, temos o custo de determinada redução. A curva S é a função utilidade da redução das perdas pós-colheita, representando a evolução do benefício conseguido por cada unidade de redução de perdas e sua relação com os custos dessa redução.

Vemos que o custo de redução P até P é representado pela seta número 1. Já o custo para reduzir as perdas pós-colheita de P até P é representado pela seta número 2, assumindo que P - P = P - P .

Vemos que a seta 2 é maior que a seta 1, ou seja, os custos para realizar a mesma % de redução nas perdas vão se elevando conforme chegamos próximo da última unidade de perda a ser reduzida, ou seja, quando a curva se desloca para a direita no gráfico. Virtualmente, reduzir 100% das perdas pós-colheitas teria um custo infinito. 0 0 0 1 1 1 1 2 2

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Dito isso, é necessário entender também o conceito decusto de oportunidade de redução das perdas pós-colheita. Esses aspectos colocam o produtor ou o gerente da fazenda em um dilema ao tentar resolver os problemas de perdas pós-colheita.

Falando com os produtores do cerrado brasileiro, vemos claramente que existe uma relação de custo-benefício entre o número de colheitadeiras, vagões graneleiros, caminhões e silos. Com mais máquinas, o produtor colhe mais em menor tempo, mas isto pode alterar a efetividade da colheita, elevando as perdas pós-colheita.

Se o produtor optar por reduzir as perdas pós-colheita e colher a produção em ritmo mais lento, ele pode sofrer com atrasos de colheita e prejudicar o plantio de safrinha.

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Sendo assim, qual é o melhor para o negócio do produtor?

Tentar reduzir a perda pós-colheita e efetivamente ter mais grãos na safra, mas correr o risco de atrasar a colheita e prejudicar o plantio de safrinha? Ou aumentar a velocidade de colheita, correndo o risco de perder parte da produção na safra, mas viabilizando a janela de plantio da safrinha?

Esta situação é única para o produtor brasileiro: a safrinha permite que

os fazendeiros produzam dois cultivos, mas as perdas em um deles pode proporcionar maiores ganhos no cultivo subsequente. Para o produtor, o que importa é soma no final do dia, além dos benefícios agronômicos da rotação de cultivos.

Resumindo, se o preço do milho safrinha estiver com perspectivas positivas

os produtores irão colher o mais rápido possível e, consequentemente, tolerar aumentos nas perdas na colheita da soja para proporcionar o plantio de milho safrinha, deslocando o Gráfico 1 para direita.

Outro aspecto relevante que influencia as perdas pós-colheita no Brasil é o

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Perdas pós-colheita: conceitos econômicos que ajudam a tomada de decisão do Produtor Rural.

Diferentemente dos EUA e Argentina, a utilização de mão de obra contratada nas operações de colheita no Brasil é alta. Enquanto nos Estados Unidos, o próprio produtor opera sua colhedora no campo, no Brasil, grande parte das fazendas médias e grandes tem operadores de máquinas contratados. Isso gera um custo de agência.

O custo de agência é usado para denominar um tipo especial de gasto que decorre de conflitos de agência existentes numa organização. Este gasto é devido ao conflito de interesse entre proprietários e colaboradores. Por exemplo, um acionista da Petrobrás (no caso, proprietário de uma parte da empresa) tem interesses diferentes do que o presidente executivo da empresa (no caso, um funcionário contratado). Mas esse é um tema para outros artigos. Voltamos às perdas pós-colheita.

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A priori, podemos assumir que o comportamento de reduzir perdas pós-colheita é mais agressivo no produtor do que no seu operador da colhedora. Afinal, o produtor é o dono dos grãos. Porém, no Brasil, geralmente não é o produtor que pilota a colheitadeira. Então temos outro dilema: Como podemos treinar e sensibilizar a mão de obra sobre a importância da redução de perdas pós-colheita e reduzirmos este problema de agência?

Para finalizar esta série de discussões sobre a tomada de decisão e conceitos econômicos das perdas pós-colheitas, gostaríamos de destacar a importância da redução de perdas pós-colheita para a segurança alimentar mundial.

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O desafio é grande, já que tecnologias para redução de perdas pós-colheitas são específicas a um certo contexto. Técnicas que funcionam em um silo de uma fazenda de Lucas do Rio Verde – MT não funcionarão nos boxes do CEAGESP de São Paulo.

Além disso, as tecnologias de redução de pós-colheita são difíceis de se expandir em larga escala e são dependentes de linhas de fomento e financiamento.

Dito isso, como podemos tomar decisões complexas em um ambiente com diversas restrições? Sugerimos o entendimento da situação, identificação dos principais sintomas e causas estruturais, além de ações focadas em contextos específicos, como disseminação do conhecimento por meio de agentes de extensão, empresas, associações e, por que não, de maneira digital?

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FAO, 2014. http://www.fao.org/docrep/014/mb060e/mb060e.pdf

Martins, A. M.; Goldsmith, P. Moura, A. Managerial factors affecting post-harvest loss: the case o f Mato Grosso Brazil. International Journal of Agricultural Management, Volume 3 Issue 4. 2014. DOI: 10.5836 / ijam/201 4-04-03.

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