Rosemarie Sánchez Krichel
TEORIA ESSENCIAL DA MÚSICA
Lema
d’OrigemTítulo: Teoria Essencial da Música
Autor: Rosemarie Sánchez Krichel
Editor: Lema d’Origem - Editora, L.da
editora@lemadorigem.pt
Revisão: Ana Pêgo Reis e Miguel Reis
Capa e Design: Álvaro Dias
Paginação: Lema d’Origem - Editora, L.da
Data de Edição: Outubro 2012
Impressão: www.artipol.net
ISBN: 978-989-8342-10-2
Depósito Legal: 348485/12
Índice
Elementos básicos
Introdução ... 9 Pentagrama ou pauta ... 11 Linhas suplementares ... 11 Figuras e pausas ... 12 Notas e claves ... 13Índice de altura dos sons ... 15
Ligaduras ... 16
Síncopa ... 16
Contratempo ... 17
Ponto de aumentação ... 17
Duplo e triplo ponto de aumentação ... 17
Fermata ou suspensão ... 18
Barra dupla de repetição ... 18
Parágrafo ... 19
Da capo ... 20
Repetição sucessiva de notas em valores iguais ... 21
Repetição de notas alternadas em valores iguais ... 21
Trémulo ... 22
Compassos de pausa ... 22
Intervalos
Classifi cação numérica ... 23
Classifi cação de dimensão ... 23
Tom e semitom ... 24
Sinais de alteração ... 24
Intervalos melódicos e harmónicos ... 25
Intervalos conjuntos e disjuntos ... 26
Ampliação e redução de intervalos ... 26
Enarmonia ... 26
Inversão de intervalos ... 26
Classifi cação harmónica ... 27
Compassos
Unidade de tempo e unidade de compasso ... 29Fração indicadora de compasso ... 30
Classifi cação de tempo ... 31
Compassos simples e compostos ... 32
Mudança de compasso ... 32
Compassos de amálgama ... 33
Grupos de valor irregular
Principais grupos de valor irregular ... 35Tonalidade
Graus ... 39
Graus tonais e graus modais ... 40
Modos ... 40
Armação de clave ... 40
Como descobrir o tom relativo ... 41
Como descobrir a tonalidade ... 42
Escala heptáfona ... 43
Escalas heptáfonas maiores ... 43
Escalas heptáfonas menores ... 44
Transposição ... 45
Níveis ... 45
Alterações acidentais ... 46
Elementos dinâmicos
O andamento ... 47Termos de andamento uniforme referentes ao andamento prévio ... 48
Carácter ... 49
Dinâmica ... 50
Sinais de acentuação e articulação ... 51
Termos mais generalizados de acentuação e articulação ... 53
Ornamentos
Apoiaturas ... 55Mordentes ... 56
Trilo ... 57
Harpegiado ... 58
Florituras ... 58
Cadenza ou Fermata ... 58
Interpretação dos ornamentos ... 58
Acordes
Estado dos acordes ... 59Introdução
Atualmente, o ensino artístico em Portugal encontra-se em plena fase de desenvolvimento. A oferta formativa dos Conservatórios, Academias e Escolas Profi ssionais é cada vez maior, o que faz aumentar progressivamente o número de alunos que as frequentam. Sendo a música considerada como a linguagem universal, o primeiro passo de todo o estudante será aprender a “ler e escrever” nessa língua.
O domínio da leitura rítmico-melódica e o conhecimento das leis elementares da escrita musi-cal constituem a base indiscutível dos progressos do aluno, permitindo-lhe desenvolver a perceção rítmica e auditiva, apurar o domínio técnico do instrumento e comprender a obra musical na sua verticalidade (harmonia).
Para facilitar esta tarefa, torna-se indispensável a existência desta teoria essencial (simples e de fácil consulta) como ferramenta de auxílio e complemento aos ensinamentos do professor.
Linhas suplementares
São pequenos traços colocados fora do âmbito da pauta que aumentam momentaneamente o espaço de escrita, permitindo assim representar sons mais graves (nas linhas adicionais inferiores) e sons mais agudos (nas linhas adicionais superiores).
Considera-se como primeira linha adicional aquela que se encontra mais perto da pauta. A sua utilização dá origem ao aparecimento dos respetivos espaços adicionais (Ver exemplo 1).
Para saber mais:
O Dó situado na 1.ª linha adicional superior na clave de Fá em 4.ª, representa o mesmo som que o Dó situado na 1.ª linha adicional inferior na clave de Sol. Corresponde à tecla branca central de um piano (Dó central).
Elementos básicos
Pentagrama ou pauta
A pauta ou pentagrama é um conjunto de cinco linhas paralelas e quatro espaços que permitem a escrita dos símbolos musicais ou notação.
A sua contagem realiza-se em sentido ascendente, considerando como primeira, a linha inferior e assim sucessivamente.
Linhas e espaços adicionais superiores
Linhas e espaços adicionais inferiores
(Cada fi gura e cada pausa vale exatamente metade do valor da fi gura ou da pausa anterior).
(*) Estas pausas, por terem relação direta com as linhas da pauta, quando necessário, podem
ser escritas em linhas adicionais. A pausa de semibreve atua como “pausa universal”, podendo ser Observe a tabela seguinte:
Figuras e pausas
Figuras e pausas são essenciais à escrita musical.Têm um valor determinado que indica a duração do som ou silêncio (respetivamente) que estão a representar. A cada fi gura corresponde um sinal de pausa, com a mesma duração, que representa os momentos de silêncio no discurso musical.
Figuras
Pausas
Semibreve
4 tempos
Mínima
2 tempos
Semínima
1 tempo
Colcheia
1/2 tempo
Semicolcheia
1/4 tempo
Fusa
1/8 tempo
Semifusa
1/16 tempo
(*) (*)Caso não domine ou não disponha de programas informáticos de escrita musical e opte pela escrita manual, deverá ter como principal objetivo a uniformidade e a clareza na disposição de notas e sinais. Os conselhos seguintes poderão contribuir positivamente para tal propósito:
• Evitar ultrapassar exageradamente os limites da pauta.
• Se o discurso musical nos conduzir para registos agudos, a partir da 3.ª linha em sentido ascendente as hastes e as caudas ou barras devem fi car para baixo; tratando-se dos registos graves, a partir da 3.ª linha em sentido descendente as hastes e as caudas (que fi cam sempre para a direita) ou barras devem fi car para cima.
• Na música vocal, o grafi smo encontra-se muitas vezes condicionado ao texto. Deste modo, as colcheias e as fi guras de pequeno valor escrevem-se isoladamente umas das outras, permi-tindo um melhor encaixe entre a sílaba e a nota. Quando uma sílaba se prolonga englobando mais do que uma nota, as fi guras correspondentes apresentam-se unidas entre si, por barras (dependendo do valor das fi guras) ou por ligaduras de expressão.
Para saber mais:
Existem ainda duas fi guras de menor valor que a semifusa: quarto de fusa e oitavo de fusa, cujos valores são de 1/32 e 1/64 de tempo e suas respetivas pausas. Grafi camente, representam-se com cinco e seis caudas, respetivamente. Na Sonata para Piano op. 13 n.º 8 em Dó Menor, no compasso 4 do Grave (Edição Peters), Ludwig van Beethoven (1770-1827) fez uso delas.
♪
♫
cauda
haste
barra
cabeça
Quando se fala na clave de Sol, na 2.ª linha, signifi ca que, à fi gura situada na referida linha da pauta, atribui-se o nome de Sol. O mesmo acontece quando se fala em clave de Dó na 1.ª linha (a fi gura situada na 1.ª linha da pauta chamar-se-á Dó) e assim sucessivamente. É a partir desta nota inicial que as outras virão a adquirir o nome. Assim, origina-se o seguinte fenómeno: uma fi gura colocada no mesmo lugar da pauta pode ter sete designações diferentes, em função da clave que se situa atrás da mesma. Repare-se também nos dois pontos que aparecem junto da clave: delimitam a linha que dá nome à própria clave. A sua utilização torna-se necessária para evitar confusões, especialmente com as claves de Dó e de Fá, sendo dispensável no que diz respeito à clave de Sol, uma vez que existe uma única. No entanto, o hábito leva a fazer uso destes pequenos sinais, mesmo quando se trata da clave de Sol.
Manter a escrita musical dentro dos limites da pauta, evitando a utilização excessiva de linhas adicionais e tornando a escrita mais clara e a leitura mais simples, é uma das principais funções das claves. Assim, os instrumentos e as vozes com registos mais agudos, como o violino, a fl auta ou a voz de soprano, por exemplo, utilizam a clave de Sol. Para os instrumentos e as vozes graves, como o violoncelo, o fagote ou a voz de barítono, utilizar-se-á a clave de Fá na 4.ª linha. Para todos os instrumentos ou vozes com registos médios, utilizam-se as restantes claves, especialmente as de Dó na 1.ª linha e Dó na 3.ª linha, como por exemplo a viola d’arco.
Existem situações em que o discurso melódico excede em muito o âmbito da pauta. Neste caso, deverá utilizar-se uma clave mais apropriada. Um bom exemplo é o violoncelo: lendo habitual-mente na clave de Fá na 4.ª linha, quando o discurso musical caminha para registos mais agudos obriga o compositor a utilizar a clave de Dó na 3.ª linha ou inclusive, de Sol. Em casos mais extre-mos, bastará recorrer a estes signos auxiliares colocados em cima ou em baixo da pauta:
Existem sete claves, representadas com três símbolos diferentes:
Notas e claves
São sete as notas musicais: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si. Formam uma sucessão de sons naturais que correspondem à escala de Dó Maior. Uma fi gura situada na pauta, por si só, não tem nome nem altura defi nida. Precisa, para isso, de uma clave, que se situará sempre no início de cada pentagrama. Portanto, podemos defi nir como clave o símbolo musical que determina o nome das notas e a altura dos sons.
Clave de Sol Clave de Fá Clave de Dó
As notas que se encontram limitadas pelas barras serão executadas uma oitava mais alto do que aquilo que está escrito (1) ou uma oitava mais baixo (2). Quando só aparece indicação de 8.ª, subentende-se que será alta (3).
Algumas claves caíram gradualmente em desuso durante o decorrer do século XX. No entanto, devido ao facto de existir um enorme repertório composto ao longo dos séculos nessas claves, o seu estudo ainda hoje torna-se necessário. A outra grande utilidade destes sinais está relacionada com o fenómeno da transposição, do qual nos ocuparemos no capítulo dedicado à tonalidade.
Índice de altura dos sons
Para poder referir-se de forma concreta a altura exata de uma nota, sem necessidade de especifi car a sua colocação na pauta e sem determinar a clave que determina o seu nome, estabeleceu-se um sistema de denominação de oitavas chamado sistema franco-belga. Trata-se do sistema que vigora atualmente em Portugal. Desta forma, as oitavas são numeradas tomando como ponto de partida o Dó que, na clave de Fá na 4.ª linha, se escreve debaixo da pauta, com duas linhas adicionais. A esta oitava ascendente corresponde o índice Dó2, até chegar ao Dó seguinte, onde começa a oitava Dó3 que, por sua vez, prolonga-se até alcançar novamente o Dó4, onde começa a oitava Dó5, e assim sucessivamente (ver exemplo).
Quanto menor for o índice, mais grave será a oitava, da mesma forma que, quanto maior for o índice, mais aguda será a oitava. O índice assinala-se com uma pequena cifra colocada a seguir ao nome da nota: Dó3 ou Dó3 ou Dó
3. O Dó central do piano, que corresponde ao Dó situado na
primeira linha adicional inferior na clave de Sol, pertence à terceira oitava, o Dó4. Dó4
Dó5
Dó3