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CRIAÇÃO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL (MP N 258)

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CRIAÇÃO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

(MP N° 258)

A ANFIP e a FENAFISP defensoras históricas da Seguridade Social expõem: A inserção do inciso XXII no art. 37 da CF trouxe uma redação ousada que sinaliza para uma mudança profunda em nosso modelo de administração tributária por demais oneroso, pois mantém estruturas distintas, não integradas e calcadas em superposição de atividades que realizam tarefas semelhantes e conexas.

Esse é um dos motivos para os níveis de evasão fiscal, desvios, sonegação, fraudes, informalidade no Brasil serem, infelizmente, extremamente elevados. Cabe ao governo e à sociedade promover mudanças não somente na estrutura tributária, mas no aparelho arrecadador, para que se torne mais eficiente e equânime, permitindo, assim, que a própria carga tributária seja reduzida ao longo do tempo.

A criação da Receita Federal do Brasil - RFB, com a transformação dos órgãos federais de fiscalização e arrecadação – a Secretaria da Receita Federal - SRF e a Secretária da Receita Previdenciária - SRP, de certa forma preconizada pela EC n° 42 de dezembro de 2003, ao alterar o art. 37, é a grande oportunidade de evolução para um modelo de administração tributária federal único e moderno que irá racionalizar despesas e diminuir os custos do contribuinte.

Assim, a unificação dos órgãos da Administração Tributária é antes de tudo um meio para que esse objetivo seja alcançado, como demonstra, inclusive, a experiência internacional, permitindo que os organismos do aparelho estatal possam ser orientados para uma atuação mais homogênea, articulada e integrada, reduzindo as chances de que a sonegação se beneficie das falhas de governo.

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Cabe ressaltar que com essa reestruturação, além de promover maior racionalidade no sistema, não há qualquer aumento de despesa administrativa.

É importante frisar que essa proposta não é nova. A unificação institucional na Administração Tributária Federal, é tema presente na agenda governamental com certa freqüência desde o final de 1989.

Mais recentemente, ex-dirigentes da receita federal têm emitido opiniões favoráveis à unificação das instituições voltadas à Administração Tributária Federal (INSS e Secretaria da Receita Federal) sob o argumento de que se trata de tendência internacional capaz de conferir maior eficiência ao aparelho do Estado. A profundidade e a complexidade da mudança requer discussões amadurecidas, consistentes e calcadas na realidade, no sentido de aperfeiçoar a medida provisória. Argumenta-se que a RFB poderá criar o “Caixa Único” e, assim, prejudicar os recursos destinados ao pagamento dos cerca de 23 milhões de benefícios ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Esclareça-se que este “Caixa Único”, infelizmente, já foi instituído, há muito tempo, em um grave momento econômico, na ocasião da chamada “Crise da Rússia”, em 1998, pela MP nº 1.782 – atual MP nº 2.170-36/ 2001, que aprovou a incorporação de todas as receitas arrecadadas pelo INSS à conta única do Tesouro Nacional.

A segurança da vinculação da destinação dos recursos provenientes das contribuições sociais, especialmente a contribuição sobre a folha de salários, permanece intocável no art. 167, XI, da CF, que evidentemente não está sendo alterado pela MP nº 258. Nesse caso específico, é importante salientar que o § 2° do art. 3° da MP, teve o cuidado de reafirmar que as contribuições sociais sejam

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destinadas exclusivamente ao pagamento de benefícios do RGPS.

A alegação de que a transferência de 3,5% de remuneração pelos serviços prestados a ‘Terceiros’ ao FUNDAF (art. 36 da MP) trará prejuízos à Previdência Social, não procede uma vez que essa remuneração nunca fez parte das verbas previdenciárias destinadas ao pagamento de benefícios e que sempre foi alocada para pagamento de despesa administrativas.

É absolutamente louvável a destinação de verbas para o aperfeiçoamento das atividades de fiscalização.

O fato de a atividade de fiscalização e de arrecadação da contribuição sobre a folha de salários estar num ou noutro Ministério não interfere na Previdência Social, pois dentre as contribuições sociais (COFINS, CSLL, Concurso de Prognóstico, CPMF) destinadas ao financiamento da Seguridade Social (Assistência, Previdência Social e Saúde) somente as contribuições incidentes sobre a folha de salários estavam fora do Ministério da Fazenda.

Quanto às criticas sobre a urgência da proposta, e portanto através de MP, é necessário esclarecer que todos os planos de ação e fixação de metas de ambas as secretarias (SRF e SRP) são fixados a partir do mês de agosto e finalizadas em dezembro para execução no ano seguinte. Não sendo aprovada ainda este ano, suas ações somente serão efetivadas em 2007.

Em sede constitucional o STF já decidiu favorável a unificação em três Ações Diretas de Inconstitucionalidade – ADIN 2335, ADIN 1591 e ADIN 2713. A primeira tratou da unificação das carreiras tributárias de fiscalização do Estado de Santa Catarina. A segunda, discutiu a constitucionalidade da unificação promovida por Lei Estadual do Rio Grande do Sul, das carreiras de auditor de finanças

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públicas e de fiscais de tributos estaduais, em uma nova carreira de Agente Fiscal. O STF nesse caso entendeu por rejeitar a tese de que haveria ofensa ao princípio do concurso público, que é o tema central dessa discussão, tendo em vista a similitude das funções das carreiras unificadas. A terceira, a ADIN 2713, referente à Advocacia do Estado, ação ligada aos assistentes jurídicos e seu aproveitamento como advogados da União seguiu a mesma linha de raciocínio das anteriores identificando mais similitudes do que diferença entre as carreiras, ainda que houvesse alguma diferença.

O Ministro do Supremo Gilmar Mendes, em entrevista durante a realização do II Seminário Internacional sobre a Nova Administração Tributária Brasileira, promovido em março deste ano pela ANFIP e o SINDIRECEITA com o apoio da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, ressaltou que o STF, em casos semelhantes entendeu que não havia quebra do regime de concurso público, pois as pessoas tinham sido admitidas legitimamente. Na ocasião, se referindo ao tema do seminário, o Ministro afirmou: “Certamente aqui, hoje, a estrutura decorrente preconizada pela EC 42, com a inclusão do inciso XXII ao art. 37, cria essa base de reflexão do STF, que vem quebrando, assim, o entendimento inicial, que marcou a jurisprudência inaugural do Supremo, sob a Constituição de 1988, que refutava o aproveitamento como forma legítima de acesso aos cargos públicos”

A ANFIP vem estudando, pesquisando e debatendo o tema desde 2001, época em que foram aprovadas teses que versam sobre a unificação compiladas no livro Administração Tributária da União e Previdência Social – Trabalho, Estudos

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Em outro fórum, da FENAFISP, em Plenária Nacional, realizada nos dias 05 e 06 de agosto de 2005, a categoria, por unanimidade, se manifestou a favor da criação da Receita Federal do Brasil.

Diante de todo o exposto a ANFIP e FENAFISP, representantes legítimas dos Auditores Fiscais da Previdência Social defendem a aprovação da MP 258 e reafirmam o compromisso pela defesa intransigente dos recursos para o financiamento da Seguridade Social.

Brasília, 09 de agosto de 2005

A N F I P

Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social FENAFISP

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MP nº 258 – Mitos e Verdades

Sr. parlamentar,

Quando um determinado assunto é colocado em pauta, surgem muitas informações a respeito, mas também muita contra-informação. É o caso da criação da Receita Federal do Brasil, um assunto complexo que por isto mesmo leva ao surgimento de muitos equívocos. Alguns mitos estão sendo espalhados, que precisam ser desmentidos categoricamente. A criação da Receita Federal do Brasil não prejudica o contribuinte; ao contrário: irá beneficiá-lo. Basta verificar que a burocracia será muito menor e o intercâmbio de informações entre Receita e Previdência será constante, o que significa maior potencial de arrecadação e menor índice de sonegação. E todos sabem que, quanto maior for a base de arrecadação, maior será a possibilidade de se desonerar a carga de tributos. Muita gente pagando significa que cada pessoa pagará menos. Pouca gente pagando, como ocorre hoje, resulta em alta carga tributária. E o pobre também acaba pagando, pois existem impostos diretos e indiretos. Vale ressaltar que a receita da Previdência Social tem garantia constitucional. Os recursos das contribuições sociais vinculadas ao pagamento de benefícios previdenciários continuarão, como determina a Constituição (Art. 167, XI), a ser utilizados, exclusivamente, para essa finalidade, pois a MP 258 não muda esse preceito constitucional.

As carreiras que já existem hoje (Auditor-Fiscal da Previdência e Auditor-Fiscal da Receita Federal) terão asseguradas as suas identidades e as prerrogativas, não se produzindo nenhum choque ou desvantagem que possa vir a prejudicar os componentes de ambas as carreiras.

Sendo assim, a criação da Receita Federal do Brasil significa na verdade a progressiva racionalização, modernização e aumento da eficiência do esforço de arrecadação, com incremento de receita e redução de despesas, acompanhado do fortalecimento da Administração Tributária, mediante a integração de ações, a unificação de cadastros e a valorização dos servidores da auditoria, com a atribuição de prerrogativas, garantias e condições de trabalho adequadas.

Por isto, senhor Parlamentar, confiamos no seu alto espírito público e pedimos gentilmente que se mobilize para aperfeiçoar e aprovar a MP 258, em benefício do Brasil e de todos os brasileiros.

Referências

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