• Nenhum resultado encontrado

Planejamento estético em dentes anteriores

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Planejamento estético em dentes anteriores"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Cristian Higashi

João Carlos Gomes

Sidney Kina

Oswaldo Scopin de Andrade

Ronaldo Hirata

Planejamento estético

em dentes anteriores

A

odontologia estética encontra-se em contínuo avanço e tem sido cada vez mais pra-ticada nos últimos anos em virtude dos procedimentos adesivos e do desenvolvimento de materiais restauradores que buscam a reprodução das características naturais das estruturas dentais.

A estética para o ser humano é um conceito altamente subjetivo, pois se encontra relacionada a fatores sociais, culturais e psicológicos que se alteram em função do tempo, dos valores de vida e da idade do indivíduo. Devido a isto, a avaliação das expectativas do paciente e o entendimento das possíveis soluções terapêuticas são essenciais antes de iniciar qualquer planejamento.

Atualmente o cirurgião-dentista possui diversas opções restauradoras para os dentes anteriores. Procedimentos diretos ou indiretos, com resinas compostas ou ce-râmicas, variáveis que muitas vezes dificultam o correto diagnóstico de qual técnica e qual material são mais adequados para cada situação clínica.

O conceito da Odontologia Restauradora atual preconiza que, para qualquer tipo de procedimento, o profissional deve sempre optar pelo tratamento mais conser-vador, isto é, com maior preservação de estrutura dental sadia.

O plano de tratamento deve ser realizado de modo que permita formular um bom prognóstico a médio e longo prazo, não apenas em termos de estética, como também considerando os aspectos biológicos e funcionais.

Nenhum tipo de tratamento poderá ter êxito sem o estabelecimento de um corre-to diagnóstico e adequado planejamencorre-to. Esta etapa é, provavelmente, uma das mais

(2)

importantes e imprescindíveis para a obtenção de excelência (Baratieri, 2002).

Este capítulo objetiva apresentar algumas estratégias clínicas que visam facilitar o planeja-mento e execução das restaurações estéticas em dentes anteriores, possibilitando trabalhar com uma maior previsibilidade de resultados e máxima preservação da estrutura dental.

ABORDAGEM INICIAL

O primeiro contato com o paciente que procura um tratamento odontológico estético tem por finalidade compreender as necessidades primordiais deste paciente, isto é, entender qual é o principal problema que o incomoda. Assim, o profissional deve ouvir atentamente as explicações do mesmo, buscando definir a personalidade do paciente, o nível de expectativa e o grau de exi-gência com relação ao tratamento a ser realizado (Fradeani, 2006).

Uma seqüência de procedimentos pode ser feita para obter informações essenciais para a elaboração de um planejamento estético indi-vidualizado, a começar por um exame clínico detalhado, que deve ser complementado com a requisição de radiografias, fotografias e modelos de estudo.

Radiografia e fotografia digital

A requisição de um levantamento radiográfi-co periapical é uma documentação extremamente importante, pois dentre as suas várias funções, possibilita a verificação de possíveis lesões cariosas, acompanhamento de restaurações ou próteses den-tárias antigas, além de possibilitar a observação da situação endodôntica e periodontal do paciente.

Em uma análise estética de dentes anteriores existem muitas informações a serem observadas,

que dificilmente podem ser anotadas durante a primeira consulta clínica. A obtenção de fotografias em diferentes ângulos pode auxiliar o profissional a analisar com tranqüilidade detalhes estéticos na ausência do paciente (Gürel, 2003). Além do au-xílio na montagem do plano de tratamento inicial, as fotografias podem ser úteis para diversas outras situações. É uma forma muito interessante de trans-mitir para o paciente, informações sobre os pro-blemas clínicos encontrados, podendo ampliar as imagens para uma melhor visualização. Diante de um momento crítico de decisão, como previamente à cimentação de laminados cerâmicos, estas foto-grafias podem auxiliar na decisão de escolhas quan-to à cor e forma das peças protéticas. Observando as imagens o paciente consegue opinar com maior clareza sobre quais alterações serão necessárias. Pode ser um excelente meio de comunicação com o laboratório de prótese (Magne, Belser, 2003), em que permite ao ceramista ter a visualização da face, do sorriso e do contorno de lábios do paciente, favorecendo a confecção de restaurações perso-nalizadas e algumas fotografias específicas podem ser importantes nas correções cerâmicas a serem feitas. Atualmente, com a evolução das câmeras digitais, esta etapa está bastante facilitada, pois permite a visualização e veiculação quase imediata das imagens registradas, no entanto é necessário objetividade e padronização do número e ângulos das fotografias, a fim de realizar somente o registro das imagens que realmente serão aproveitadas, pois ao contrário, esta etapa pode se um passo descon-fortável e irritante para o paciente.

Algumas fotografias podem ser padronizadas para a análise estética inicial dos dentes anterio-res. Desta forma, oito fotos deverão ser realizadas (Figuras 7.1 a 7.8).

As imagens registradas, juntamente com os modelos de estudo conferem uma condição mais favorável para uma análise estética minuciosa a ser conduzida sem a presença do paciente.

(3)

Figura 7.1

Lábio em repouso e a boca entreaberta, para avaliar a ex-posição dos incisivos superiores.

Figura 7.2

Lábio em repouso e boca entreaberta (foto de perfil), para a visualização do posicionamento dos dentes e do volume dos lábios.

Figura 7.3

Sorriso frontal, de pré-molar a pré-molar, utilizada para observar a altura e largura do sorriso; inter-relação das bor-das incisais dos dentes superiores com o lábio inferior.

Figura 7.4

Dentes em MIH (máxima intercuspidação habitual), de canino a canino com o auxílio de um afastador de lábios, para avaliar o posicionamento e simetria entre os dentes anteriores.

(4)

Figuras 7.5 a 7.7

Com o auxílio de um afastador de lábios e um fundo escuro, permitem avaliar as formas e os contornos dentais e verificar as proporções entre os dentes anteriores.

7.5 7.6

7.7

Figura 7.8

Fotografia em “close-up” dos incisivos superiores para reg-istro de pequenos detalhes, como a textura, definição dos mamelos, cristas marginais e áreas de translucidez, presen-tes principalmente nos denpresen-tes de pacienpresen-tes jovens.

(5)

Modelos de estudo e

enceramento diagnóstico

A obtenção de modelos de estudo da arcada superior e inferior permitem uma visualização tridimensional dos dentes e tecidos adjacentes, impossível de se obter clinicamente. Através dos modelos pode-se observar detalhes gengivais, posi-cionamento, inclinações, formas dentais e relações dos dentes em conjunto e com os seus antagonis-tas (Conceição, 2005).

Quando múltiplas alterações estiverem indi-cadas, um enceramento diagnóstico deve ser rea-lizado sobre os modelos de estudo para facilitar a visualização da forma, posição e proporção das futuras restaurações, que devem ser realizadas de acordo com o melhor arranjo funcional e estético possível. Este enceramento é muito interessante para os pacientes com dificuldade de imaginar todas as possíveis modificações que podem ser realizadas em seu sorriso após o tratamento res-taurador. Além de facilitar a comunicação entre profissional e paciente, o enceramento diagnósti-co pode ser muito útil durante os procedimentos diretos e indiretos. Sua aplicabilidade clínica será melhor comentada posteriormente.

Ensaios diagnósticos intra-orais

ou mock-up

A previsão do resultado final de um tratamen-to é essencial quando do planejamentratamen-to de uma reabilitação estética substancial (Magne, 1999).

Um planejamento restaurador em modelos de estudo e um ensaio restaurador intra-oral permite ao profissional trabalhar com maior previsibilidade de resultados e conseqüentemente com uma menor margem de erros em casos mais difíceis, quando múltiplas alterações deverão ser realizadas. Even-tualmente, pode não ser necessário para problemas isolados envolvendo apenas um ou dois dentes.

Inicialmente é extremamente importante re-definir a morfologia dental desejada através do enceramento diagnóstico. Quando há a necessidade de alteração da forma, comprimento ou posição do dente no arco, o ensaio pode ter grande valia para a visualização prévia do resultado final desejado (Figuras 7.9 a 7.14). Dependendo da situação clí-nica encontrada e dos conhecimentos e habilidades do profissional, esta simulação pode ser realizada diretamente sobre os dentes, inserindo resinas compostas em áreas específicas para obtenção do melhor resultado estético e funcional possível.

Figuras 7.9 e 7.10

Enceramento diagnóstico para redefinição da morfologia dos dentes a serem restaurados.

(6)

Figuras 7.11 a 7.14

Enceramento diagnóstico para redefinição da morfologia dos dentes a serem restaurados.

7.11 7.12

7.13 7.14

É importante salientar que estes ensaios intra-orais ou “restaurações de diagnósticos” devem ser realizados sem o condicionamento dos tecidos dentais, para depois de cumprida a sua finalidade poder ser facilmente removido.

Uma outra forma de se realizar este ensaio é a utilização de uma resina composta para res-taurações provisórias, genericamente denominada bis-acryl, que se polimeriza quimicamente ao ser automisturada em pistolas com pontas semelhan-tes às utilizadas nos sistemas de silicone de adição. Algumas marcas comerciais com o Structur 2 SC (Voco), Ultra-Trim (Bosworth) e Systemp C&B (Ivoclar Vivadent) podem ser encontradas no mer-cado odontológico, disponíveis em diversas cores. Primeiramente faz-se uma moldagem do

encera-mento diagnóstico com silicone por condensação de uso laboratorial, posteriormente, a matriz obti-da desta molobti-dagem (Figura 7.15) é preenchiobti-da com uma resina bis-acryl (Figura 7.16), levada aos dentes não preparados, e mantida em posição até a completa polimerização. Ao final do tempo de polimerização, remove-se a matriz e pode-se ava-liar o ensaio diagnóstico em posição (Figuras 7.17 e 7.18). Neste caso, se algum desgaste dental for necessário, será realizado somente após a aprova-ção da forma, tamanho e comprimento dental por parte do profissional e do paciente. É muito válido principalmente para os casos em que apenas um aumento do volume dental é necessário, muito freqüente em pacientes adultos ou idosos com incisivos desgastados ou envelhecidos.

(7)

Figura 7.15

Matriz obtida pela moldagem do enceramento diagnóstico, utilizada para a confecção do ensaio intra-oral.

Figura 7.16

A matriz de silicone é preenchida com uma resina bis-acryl, que deve ser levada aos dentes e mantida em posição por um tempo de aproximadamente 5 minutos.

Figura 7.17

Situação inicial.

Figura 7.18

Situação logo após a confecção do ensaio diagnóstico, pre-viamente aos procedimentos de acabamento e polimento. Observe que este ensaio permite uma correta visualização do resultado final esperado, sem a necessidade de des-gastes dentais prévios.

Após a conclusão do ensaio restaurador é ne-cessário que o paciente e o profissional avaliem o resultado obtido e havendo a necessidade, ajustes

e modificações intra-orais poderão ser realizados de acordo com as características e anseios de cada paciente.

(8)

INDICAÇÕES CLÍNICAS PARA

RESTAURAÇÃO EM DENTES

ANTERIORES

A reprodução das características dos dentes naturais sempre foi um dos grandes objetivos das técnicas e materiais restauradores.

Após a preconização do condicionamento do esmalte dental com ácido fosfórico por Buonoco-re, em 1955, e o advento das resinas compostas com Bowen, em 1963, soluções restauradoras extremamente conservadoras e reversíveis torna-ram-se possíveis.

A busca constante da estética natural, jun-tamente com a evolução continuada de técnicas adesivas avançadas e formulações poliméricas e cerâmicas garantiu ao clínico e ao paciente a oportunidade para alcançar resultados funcionais e estéticos em longo prazo (Christensen, 1991; Meijering, 1997; Rucker, 1990; Welbury, 1991).

Várias são as alternativas de abordagem clí-nica dos problemas relacionados com a forma, posição e alinhamento, simetria e proporção, textura superficial e cor dos dentes anteriores (Heymann, 1987).

As indicações atuais dos procedimentos ade-sivos são relativas, não existe mais a possibilidade que ocorria com as técnicas e materiais mais anti-gos de indicações e contra-indicações autoritárias e seguras. Hoje quem define a indicação é o pró-prio profissional, em vista de cada situação clínica (que é extremamente particular) e com base em conhecimentos científicos (Hirata, 1999).

Dentro desta abordagem, o limite entre as indicações para facetas diretas e indiretas será tênue, variando de acordo com o caso clínico em questão.

Tratamento restaurador direto

O recontorno cosmético com resinas compos-tas é a técnica mais simples de restauração direta, não requer qualquer espécie de preparo, exige simplesmente o condicionamento ácido total do dente. A resistência e retenção são providas pela adesão ao esmalte. Representa a alternativa de escolha em casos em que não existem alterações de cor profundas, ou dentes cujo posicionamento não exige correção por meio de desgastes. Essa técnica representa a base do recontorno cosmético por aposição de resinas compostas, cujo objetivo

principal é o reposicionamento do dente no arco, podendo também esta técnica ser empregada para o fechamento de diastemas e restaurações de dentes conóides. Desde que respeitadas as suas limitações, principalmente com relação à seleção do caso e a sensibilidade da técnica, os recon-tornos cosméticos são restaurações que podem proporcionar ou devolver a harmonia do sorriso de forma excepcional.

As resinas compostas oferecem resultados de tratamentos adequados para pacientes jovens. Em adultos são apropriadas quando o volume, a extensão ou o número de restaurações é limitado (Magne, Belser, 2003).

Aqueles casos em que já existe um comprome-timento razoável da cor, com escurecimento médio ou elevado, a alternativa restauradora invariavel-mente exigirá um preparo do remanescente dental, visando uma espessura e campo de trabalho para a execução de uma faceta. Outros casos que exi-girão preparo são dentes com extrema vestibulari-zação, onde para o correto alinhamento no arco, exige-se um desgaste da superfície vestibular.

Para os dentes escurecidos, o clareamento dental prévio sempre deve ser proposto como tra-tamento inicial.

Em situações isoladas, com a presença de pro-blemas localizados, referentes a apenas um dente conóide ou fraturado ou escurecido, com muita estrutura dental remanescente, talvez a técnica direta seja mais recomendada pela versatilidade e possibilidade de reprodução mais fiel dos dentes vizinhos.

As restaurações diretas possuem a grande vantagem de ser unicamente dependente do profis-sional, um procedimento centralizado; o resultado será, portanto, diretamente proporcional à técnica e ao conhecimento daquele que estiver executan-do, sendo também uma faca de dois gumes.

Outra vantagem do processo direto é o custo do procedimento, que é relativamente mais baixo do que aqueles que envolvem parte laboratorial. O número de sessões para execução (sessão única) também mostra ser uma vantagem importante, apesar de esta ser relativamente longa.

A resistência e a estabilidade de cor das resi-nas compostas, apesar de inferiores em relação às cerâmicas, são satisfatórias e dependerão do caso em que as restaurações foram indicadas e como foram executadas e ajustadas. O tempo estimado de vida infelizmente não pode ser calculado devi-do ao caráter multifatorial envolvidevi-do.

(9)

Tratamento restaurador indireto

Quando vários dentes anteriores apresentam perda significativa da estrutura coronal, as res-taurações cerâmicas são indicadas (Magne, Belser, 2003).

Casos clínicos em que problemas generaliza-dos são observageneraliza-dos, bem como grande número de restaurações extensas, com manchamentos, alterações de forma observados em vários dentes, estes são sérios candidatos ao facetamento indi-reto. Descolorações por tetraciclina, resistentes ao clareamento, podem também ser efetivamente tratadas com laminados cerâmicos, podendo apresentar elevada satisfação com relação à cor após 2,5 anos de acompanhamento clínico (Chen, 2005).

Na necessidade de reposição de guia anterior, provavelmente as facetas indiretas sejam mais in-dicadas, pela maior resistência mecânica oferecida. Lembre-se que um correto ajuste dos movimentos excursivos influencia diretamente a longevidade e preservação da área incisal.

Pacientes com expectativas altas, com senti-dos apurasenti-dos para estética, que apresentam face-tas de resinas composface-tas insatisfatórias realizadas anteriormente, solicitando resultados com outros materiais mais estáveis, com menos manchamen-tos e melhor estética são casos para facetamento indireto.

A grande vantagem da natureza da técnica indireta é a fabricação das peças de forma extra-oral, otimizando os resultados estéticos e os pro-cedimentos de acabamento e polimento.

Os laminados cerâmicos apresentam diversas vantagens, pois reúnem algumas das qualidades dos compósitos, como a capacidade de ser cola-do ao substrato dental; e das cerâmicas, como a estabilidade de cor, alta resistência e durabilidade, expansão térmica e rigidez semelhante ao esmalte dental.

Estudos in vivo demonstram um elevado po-tencial para o estabelecimento de uma excelente adaptação marginal, manutenção da integridade periodontal e alto grau de satisfação pelos pacien-tes (Peumans et al., 2000).

UTILIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO

INICIAL PARA O TRATAMENTO

RESTAURADOR

O planejamento inicial é fundamental na bus-ca pelos melhores resultados estéticos e funcionais dos procedimentos restauradores. A utilização de algumas técnicas aliadas a este planejamento per-mite a execução do trabalho com maior previsi-bilidade de resultados e com máxima preservação da estrutura dental.

Uso do enceramento diagnóstico

e matriz palatina para confecção

de restaurações diretas

Um bom tipo de matriz para dentes anteriores fraturados, restaurações classe IV extensas, redu-ção e/ou fechamento de diastemas e recontornos cosméticos pode ser obtido a partir de um ensaio restaurador diagnóstico (Figura 7.19), por meio de uma moldagem com a parte densa de um silico-ne por adição ou condensação. Essa matriz é na verdade um “guia de silicone”, que pode ser feita diretamente na boca ou a partir de um modelo de gesso (Baratieri et al., 2002). Para ambos os casos devem-se primeiramente realizar um ensaio diagnóstico, como citado anteriormente. Após a reconstrução dos dentes a serem restaurados, na boca ou no modelo de gesso (enceramento diagnós-tico), uma moldagem, sem moldeira, com a parte densa de um silicone por adição ou condensação deverá ser feita, envolvendo todo o dente (Figura

7.20). Pode-se também utilizar silicones

polimeri-zados por condensação, de uso laboratorial, como o Zetalabor (Zhermack), Silon IP (Dentsply) ou Perfil Lab (Vigodent), sendo estes muito rígidos e excelentes para este fim. Após a presa do material de moldagem, o molde deverá ser retirado e, com auxílio de uma lâmina de bisturi nº 12 ou 15 (fea-ther), recortado no sentido mesio-distal, removendo apenas a porção vestibular, de modo que o rebordo incisal permaneça na matriz de silicone (Behle, 2000) (Figura 7.21). Após o recorte do molde, este deve ser levado em posição para verificar e testar o assentamento correto (Figura 7.25).

(10)

Figura 7.19

Planejamento inicial com enceramento diagnóstico sobre os modelos de estudo do paciente.

Figura 7.20

Moldagem do enceramento diagnóstico com um silicone de uso laboratorial Zetalabor (Zhermack). Observe o completo envolvimento de todo o dente.

Figura 7.21

Recorte da matriz no sentido mesio-distal, preservando so-mente a região palatina e incisal.

Figura 7.22

Posicionamento da matriz palatina no modelo de gesso encerado.

Figuras 7.23 e 7.24

Caso inicial antes e após a remoção das restaurações antigas, respectivamente. Foi utilizada uma técnica de isolamento abso-luto modificado.

(11)

Uma das grandes vantagens de se trabalhar com este tipo de matriz é a segurança do correto posicionamento dos bordos incisais e proximais,

onde a partir da região palatina outras camadas de resinas são inseridas pela técnica incremental policromática (Figuras 7.26 a 7.28).

Figura 7.25

Verificação intra-oral do correto assentamento da matriz palatina.

Figuras 7.26 a 7.28

Restauração pela técnica incremental policromática com inserção das resinas a partir da região palatina. Note que a utilização matriz permite a visualização prévia do cor-reto posicionamento e comprimento da restauração final planejada.

7.26 7.27

(12)

7.29 7.30

7.31 7.32

Figuras 7.29 a 7.32

Resultado final obtido.

Uso do enceramento diagnóstico

em preparos dentais para

laminados cerâmicos

Para o desgaste da superfície do esmalte é essencial restabelecer o volume original do dente. Para isto, o uso de um enceramento diagnóstico e uma correspondente matriz de silicone é imperati-vo a esta consideração (Magne, 1999).

Para os procedimentos indiretos, a forma e a espessura do preparo dental são variáveis possíveis para o sucesso das restaurações cerâ-micas e diferentes geometrias de preparos podem ser encontradas na literatura. Dentre as várias técnicas de preparo descritas, independente do autor e tipo de tratamento proposto, um dos objetivos principais é a máxima preservação das estruturas dentais sadias, desta forma, pode-se utilizar uma matriz para nortear a espessura de desgaste. Esta matriz é obtida pela moldagem do enceramento diagnóstico e deve ser recortada no sentido horizontal, de forma a utilizar somente a

face vestibular da mesma. Posiciona-se a matriz nos dentes antes de iniciar o procedimento de preparo para verificar sua estabilidade e correto assentamento, porém quando o posicionamento dos dentes não permitir que isto ocorra, alguns desgastes prévios serão necessários (Figuras 7.33 a 7.35). Durante o preparo dental esta mesma matriz deve ser novamente posicionada para avaliar os locais específicos a serem desgastados, permitindo assim preparos mais conservadores. O espaço necessário na região incisal pode ser controlado com uma matriz palatal (Figura 7.36) e após a finalização de todo preparo é necessário o posicionamento da matriz para verificar se há uma espessura adequada para a confecção da res-tauração (Figura 7.37). Portanto, a quantidade de desgaste da estrutura dental é calculada tendo em vista o resultado final da restauração cerâmica e não em relação ao que está presente no paciente, como era realizado na técnica convencional da silhueta. Resulta-se assim em preparos minima-mente invasivos e com máxima preservação da estrutura dental sadia (Figura 7.38).

(13)

Figuras 7.33 a 7.35 *

Desgastes dentais necessários para o correto assentamento da matriz (setas).

7.33 7.34

7.35

Figura 7.36*

Espaço de aproximadamente 2 mm necessários para a região incisal dos laminados cerâmicos.

Figura 7.37 *

Verificação da espessura necessária para a confecção da restauração.

* (Mesmo paciente das Figuras 7.9 a 7.18).

Figura 7.38 *

(14)

Figuras 7.40 e 7.41 *

Visão final dos provisórios para laminados cerâmicos, após a remoção dos excessos e glazeamento.

Uso do enceramento diagnóstico

para confecção de provisórios

diretos

Uma restauração provisória adequada é ne-cessária para proteção dental contra as injúrias térmicas e infiltrações bacterianas. Para os casos de laminados cerâmicos, o objetivo dos provisó-rios, além dos já citados acima, é prover a função e estética planejada no início do tratamento, pos-sibilitando uma comunicação direta com o pa-ciente e o laboratório a fim de melhorar pequenos detalhes que podem influenciar no resultado final da restauração.

Os provisórios diretos podem ser confeccio-nados da mesma forma que os ensaios restaura-dores de diagnóstico (Figuras 7.15 a 7.18), isto é, utilizando as resinas denominadas bis-acryl, com a mesma matriz obtida do enceramento diagnós-tico. Ela é levada aos preparos e mantida em

posição até a completa polimerização da resina. Ao final do tempo de polimerização, remove-se a matriz (Figura 7.39) e se realiza os acabamentos e polimentos necessários nas restaurações provisó-rias, que estão unidas entre si e serão cimentadas provisoriamente com cimentos translúcidos como o Temp Bond Clear (SDS Kerr) ou Provitemp (Biodinâmica), proporcionando assim uma maior previsibilidade dos resultados finais relacionados à forma dos laminados cerâmicos a serem con-feccionados. Um glazeamento final (polimento através da aplicação de uma resina líquida) des-tes provisórios pode ser feito com uma resina fotopolimerizável própria para este procedimento, como o Biscover (Bisco) utilizado para aumentar o brilho, a estabilidade de cor e o polimento destas restaurações (Figuras 7.40 a 7.42). É importante salientar que este produto não se polimeriza com-pletamente com ativação por algumas luzes de aparelhos LED, sendo necessário a fotoativação com luz halógena.

Figura 7.39 *

Após aproximadamente 5 minutos, tempo necessário para a polimerização da resina bis-acryl, remove-se a matriz e se realiza os acabamentos e correções necessárias.

7.40 7.41

(15)

Após a cimentação dos provisórios, é normal o paciente queixar-se do excessivo volume dental. Para isto, ele deve ser informado que o objetivo da avaliação estética dos provisórios requer uma análise clínica de vários dias e conseqüentemente deve-se “provar” as restaurações provisórias por 1 a 2 semanas, para em uma outra consulta discutir alterações possíveis a serem feitas.

Se alterações forem posteriormente realizadas, uma melhor forma de transferir estas alterações para o laboratório é por meio de uma moldagem final dos provisórios com alginato ou silicone por condensação. Este é o melhor meio de transferir a correta posição incisal, forma e posicionamento dos dentes para o laboratório e deve ser enviado juntamente com as fotografias intra e extra-orais do paciente.

ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES

Um correto conhecimento das técnicas e materiais restauradores é essencial para o plane-jamento e execução de restaurações estéticas em dentes anteriores.

O protocolo de tratamento descrito neste capítulo possibilita uma melhor interação entre o profissional, o paciente e o laboratório, através das fotografias e dos modelos de estudo encera-dos. Demonstrou que a utilização do enceramento diagnóstico com o auxílio das matrizes de silicone facilita a confecção de restaurações diretas, auxilia no planejamento de laminados cerâmicos e permi-te a realização de preparos dentais permi-tendo em vista o resultado final estético desejado.

Figura 7.42 *

Caso finalizado.

(16)

Referências

1. Baratieri LN et al. Caderno de Dentística: restau-rações adhesivas diretas com resinas compostas em dentes ateriores. São Paulo, Livraria Editora Santos, 2002.

2. Behle C. Placement of direct composite veneers utili-zing a silicone buildup guide and intraoral mock-up. Pract Periodontics Aesthet Dent v. 12, n. 3, p. 259-66, apr. 2000.

3. Bowen RL. Properties of silica-reinforced polymer for dental restorations. J Am Dent Assoc Chicago v. 66, n. 1, p. 57-64, jan. 1963.

4. Buonocore MG. A simple method of increasing the adhesion of acrylic filling materials to enamel surfa-ces. J Dent Res v. 34, n. 6, p. 849-853, dec. 1955. 5. Chen J et al. Clinical evaluation of 546

tetracycline-stained teeth treated with porcelain laminate veneers. J Dent v. 33, n. 1, p. 3-8, jan. 2005.

6. Conceição EN et al. Restaurações Estéticas: compó-sitos, cerâmicas e implantes. Porto Alegre, Artmed, 2005.

7. Christensen GJ, Christensen RP. Clinical obser-vations of porcelain veneers: a three year report. J Esthet Dent v. 3, n. 5, p. 174-9, sep./oct. 1991. 8. Dietschi D, Dietschi JM. Current developments in

composite materials and techniques. Pract Perio-dontics Aesthet Dent v. 8, n. 7, p. 603-13, Sep. 1996.

9. Fradeani M. Análise Estética: uma abordagem sis-temática para o tratamento protético. São Paulo, Quintessence Editora Ltda, 2006.

10. Gürel G. The science and art of porcelain laminate veneers. Baden-Baden, Quintessence Books, 2003. 11. Heymann HO. The artistry of conservative esthetic

dentistry. J Am Dent Assoc (Special Issue) p. 14E-23E, Dec.1987.

12. Hirata R, Carniel CZ. Solucionando alguns proble-mas clínicos comuns com uso de facetamento direto e indireto: uma visão ampla. JBC J Bras Clin Estét Odontol v. 3, n. 15, p. 7-17, 1999.

13. Magne P, Belser U. Restaurações adesivas de porcela-na porcela-na dentição anterior – uma abordagem biomiméti-ca. Quintessence Editora Ltda, São Paulo, 2003. 14. Magne P et al. Crack propensity of porcelain

la-minate veneers: A simulated operatory evaluation. J Prosthet Dent v. 81, n. 3, p. 327-34, mar. 1999. 15. Meijering AC et al. Pacients’ satisfaction with

diffe-rent types of veneer restorations. J Dent v. 25, n. 6, p. 493-97, nov. 1997.

16. Peumans M et al. Porcelain veneers: a review of the literature. J Dent v. 28, n. 3, p. 163-77, mar. 2000. 17. Rucker ML et al. Porcelain and resin veneers clini-cally evaluated: 2-year results. J Am Dent Assoc v. 121, n. 5, p. 594-6, nov. 1990.

18. Welbury RR. A clinical study of a microfilled com-posite resin for labial veneers. Int J Paediatr Dent v. 1, n. 1, p. 9-15, 1991.

Referências

Documentos relacionados

Quanto à composição química dos dois materiais mais utilizados na função de biomaterial, o titânio comercialmente puro e a liga Ti-6Al-4V, a Tabela 5

Mediante a extensão da análise crítica pela direção para além da verificação do sistema de gestão da qualidade, as saídas dessa análise podem ser usadas pela Alta Direção

Você pode digitar manualmente um número de fax ou discar novamente o último número usado, selecionar um número na lista de discagem rápida ou usar um telefone conectado para discar

Desta forma, o livro introduz o leitor ao conhecimento das tendências de moda, das personagens importantes que ditaram significantes transformações na forma de se vestir

3 Em outro lugar (Cardoso de Oliveira, 2010), propus a existência de uma tensão entre duas concepções de igualdade no Brasil, respectivamente: (1) a concepção que define a

• Em relação a outros procedimentos mais invasivos, como por exemplo, o caso de coroas totais, as facetas indiretas apresentam menor desgaste, preservação da estrutura

As a follow-up of the first filarial clinical mapping survey in Dande Municipality, Bengo Province ( Brito et al., 2017 ), the objec- tive of this current study was to examine

Estudando as diferenças genéticas entre diferentes genótipos de bicho-da-seda através da técnica RAPD, Nagaraja e Nagaraju (1995) também conseguiram agrupar as