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The Theory of Poker (Português)

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Academic year: 2021

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THE THEORY OF POKER BY DAVID SKLANSKY OCTOBER 2004

PREFÁCIO

Jogadores iniciantes costumam perguntar: “O que você faria nessa situação específica”? Não há uma resposta correta para essa pergunta, porque essa pergunta é errada! A pergunta certa é: “O que considerar nessa situação antes de determinar o que fazer"?

O livro mostra que tipo de coisas devem ser pensadas para se tornar um jogador profissional. Não é um livro fácil, mas uma leitura atenta pode trazer ricas recompensas.

CAPÍTULO 1

BEYOND BEGINING POKER

A beleza do poker é que superficialmente ele é um jogo simples. Qualquer um pode aprender as regras em poucos minutos. Para os jogadores experientes, essa “simplicidade”, que ilude muitos jogadores a pensarem que são bons, é o que faz a lucratividade do poker.

No longo prazo todos têm a mesma proporção e porcentagem de receber boas ou más cartas e mãos vencedoras ou perdedoras. Os iniciantes confiam nas mãos vencedoras e na sorte. Os jogadores “experts” não confiam na sorte. Eles estão em “guerra” com ela. Usam suas habilidades para minimizar a sorte o máximo possível, minimizar as perdas nas piores mãos e maximizar os ganhos nas melhores mãos. Eles ainda são aptos a saberem quando uma grande mão não é a melhor, o e quando uma mão não tão boa é a melhor. Seja qual for o seu nível no poker, os capítulos seguintes apresentarão teorias e conceitos que o farão eliminar sua confiança na sorte e aprender como se tornar um expert que confia em suas habilidades. Poker não é um jogo de sorte e sim de habilidade!

POKER LOGIC

A lógica do poker não é feita de truques e nem trapaças. Sabemos que a matemática do poker pode certamente nos ajudar a jogar melhor. A lógica do poker também não é puramente matemática. Há fatores subjetivos, feelings e outras variáveis emocionais e técnicas.

É importante entender que o poker é um jogo difícil e complexo. Os conceitos desse livro pretendem o fazer entender a profundidade do jogo e fazê-lo um bom jogador de competições.

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O OBJETIVO DO POKER

Você tem que entender que o objetivo do poker é ganhar dinheiro!

Você tem que jogar sendo firme e resistente para fazer dinheiro, ganhar dinheiro!

Isso não significa que você não deve se sociabilizar com o poker. Você pode fazer amigos, aumentar seu ciclo de relacionamentos, networking, mas quando as cartas estão na mesa, você não é o bom neto, o bom filho, o bom marido ou o cara legal, você é um jogador!

Fazer dinheiro não quer dizer apenas ganhar potes individualmente. É claro que você não pode vencer sem ser ganhando potes, mas jogar todos os potes ou a maioria deles o faz perdedor a longo prazo.

As fichas que você consegue manter ou “economizar”, são tão importantes quanto às fichas que você ganha. A sua meta é maximizar os ganhos e minimizar as perdas. Vale lembrar que minimizar as perdas (não dando “calls”, por exemplo), fará toda a diferença até o final do jogo.

Muitos jogadores não seguem esses conceitos, por mais óbvios que eles pareçam ser.

Um bom jogador torna-se paciente para esperar por uma situação certa para jogar um pote e torna-se disciplinado para soltar uma mão que ele julgue ser a segunda melhor.

Tão importante quanto não pensar em termos de potes individuais, não perseguir dinheiro que você já colocou em algum pote individual, é entender que você não está jogando jogos individuais. Cada jogo individual é parte de um grande jogo de poker. Você não pode vencer todas as sessões e jogos que jogar, assim como um bom tenista ou golfista não vence todas as suas partidas. Deve-se pensar em ser vencedor pensando em termos de mês ou ano. Portanto, se você está perdendo ou ganhando numa noite, isso não é tão importante, e isso não deve afetar o seu jogo. É fácil no poker ficar irritado, desanimado e desmotivado quando se está perdendo. Você deve ter disciplina suficiente para jogar todas as mãos corretamente com atenção ao que se está fazendo.

O fato de se estar ganhando ou perdendo também não deve afetar a sua decisão de ficar ou sair de um jogo. Do ponto de vista de um “moneymaker” o único critério para jogar ou não é se é favorito ou não-favorito. Se você é favorito, permaneça, senão saia.

Nunca pare de jogar ou saia de uma mesa só para assegurar uma sessão vencedora. Do mesmo jeito não continue a jogar num dia/mesa ruim só para recuperar bankroll.

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Se você é favorito, mantenha-se. Se passar a ser um não-favorito saia estando ganhando ou perdendo.

Quando se está “espraguejado”, deve-se examinar o porquê do “espraguejo”, pode ser apenas falta de sorte, ou não! Há ali muitos jogadores melhores do que você? Você está jogando pior do que normalmente o faz? Você está cansado ou distraído? Você está pensando no jogo de futebol, na prova de amanhã, no relatório do trabalho que deve ser feito, na gata que você já chamou pra sair e tomou quatro foras? Você está agitado demais por causa dos espraguejos das sessões anteriores? Ta tiltado por causa daquele full house que você tinha e perdeu para um four no river na mesa anterior e que te deixaria líder do torneio?

Fazer dinheiro é o objetivo do poker e fazer dinheiro envolve economizá-lo nas noites ruins tanto quanto ganhá-lo nas noites boas. Então, não se preocupe em parar como o perdedor do dia. Se você tiver know-how, será vencedor a longo prazo tanto quanto a roleta faz do cassino o vencedor a longo prazo.

CAPÍTULO 2

EXPECTATION AND HOURLY RATE Mathematical Expectation

Expectativa matemática é a quantidade média de ganhos ou perdas de suas apostas. É um importante conceito, pois mostra como avaliar os maiores problemas relacionados ao jogo.

Usar a expectativa matemática é também a melhor forma de se analisar os jogos de poker.

Se você está com um amigo jogando uma moeda pra cima num cara ou coroa e quem ganhar leva R$ 1,00 a cada aposta. Você ganha com “cara” e ele com “coroa”. A probabilidade de sair “cara” é de 1-1, e você está apostando 1- 1. A Sua expectativa matemática é precisamente ZERO, já que você não tem expectativa matemática depois de 2 ou 200 jogadas da moeda para o alto. A sua “taxa de hora em hora” é também ZERO. “Taxa de hora em hora” é a quantidade de dinheiro que você espera ganhar por hora. Você pode até jogar a moeda pro alto 500 vezes numa hora, mas desde que você não tenha uma probabilidade nem boa e nem ruim você não vai nem ganhar e nem perder dinheiro. Para o ponto de vista de um jogador, essa proposição não é ruim, ela é apenas perda de tempo.

Mas vamos dizer que um imbecíl queira apostar 2-1 na jogada paro o alto da moeda. De repente você tem uma expectativa matemática de 50 centavos por aposta. Porque 50 centavos? Na média você vai ganhar uma aposta para cada aposta que você perder. Você aposta R$ 1,00 a primeira vez e o perde. Você aposta R$ 1,00 a segunda e ganha R$ 2,00. Você apostou R$ 1,00 duas vezes

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e Você está R$ 1,00 na frente. Cada um desses R$ 1,00 apostados ganhou 50 centavos.

Se você puder jogar 500 vezes a moeda para cima numa hora, sua “taxa horária” é agora de R$ 250,00, pois na média você perde R$ 1,00 250 vezes e ganha R$ 2,00 250 vezes.

(500,00 – 250,00 = R$ 250,00). A sua expectativa matemática é a quantidade média que você vai ganhar por aposta, no caso aqui, 50 centavos. Se você ganhou R$ 250,00 depois de apostar R$ 1,00 500 vezes, você tem 50 centavos por aposta.

Expectativa Matemática nada tem a ver com resultados. O imbecíl pode ganhar os dez primeiros “cara ou coroa” seguidos, mas você tem 2-1 de probabilidade, você mesmo assim ganha 50 centavos por R$ 1,00 apostado. Não faz diferença ganhar ou perder uma série específica de apostas desde que você tenha bankroll suficiente para cobrir suas perdas facilmente. Se você continuar com as apostas no longo prazo você vai ganhar um valor aproximado especificamente à soma de suas expectativas.

“Todas as vezes que você aposta com a probabilidade a seu favor, você ganha alguma coisa naquela aposta, você tendo ganhado ou não a aposta. Do mesmo jeito, quando você aposta com a probabilidade contra você, você está perdendo alguma coisa, não importando se você ganhou ou não a aposta.” Quando se tem uma expectativa positiva, você aposta com “best of it”, do contrário, com expectativa negativa, quando a probabilidade está contra você, você tem “worst of it”, (só para nos familiarizarmos com as expressões internacionais.)

Apostadores sérios, só apostam quando tem “best of it”. Quando estão worst of it eles passam.

A verdadeira probabilidade do “cara ou coroa” é 1-1. Mas no caso do adversário imbecil, estamos com 2- 1 a nosso favor. Então a probabilidade nesse instante está a nosso favor. Temos “best of it” com expectativa positiva de 50 centavos por aposta.

Eis outro exemplo, um pouco mais complicado de expectativa matemática: Uma pessoa escreve um número de 1 a 5 num pedaço de papel e aposta R$ 5,00 contra o seu R$ 1,00 que você não consegue adivinhar o número. Você deve apostar? Qual a sua expectativa matemática?

Quatro suposições estarão erradas e uma certa em média. Conseqüentemente a probabilidade contra a sua suposição correta são 4-1.

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Há bastante chance de numa tentativa isolada você perder o seu R$ 1,00 apostado. Entretanto você tem R$ 5,00 – R$ 1,00 numa proposição de 4-1. Então a probabilidade está a seu favor, você está “best of it”, e deve apostar! Se você apostar 5 vezes, em média perderá R$ 1,00 quatro vezes e ganhará R$ 5,00 uma vez. Você ganhou R$ 1,00 em cinco apostas. Você tem 20 centavos por aposta de expectativa positiva.

Expectativa Matemática é o coração de toda situação de jogo!

Em alguns casos como das roletas dos cassinos, a probabilidade de qualquer aposta é constante. Em outros ela muda, e a expectativa matemática pode mostrá-lo como avaliar cada situação.

Mathematical Expectation in Poker

Jogos de poker também podem ser analisados em termos de expectativa. Você pode pensar que uma jogada é lucrativa, mas às vezes pode não ser e uma outra jogada alternativa pode ser mais lucrativa.

Vamos dizer que você está com um full house. Um jogador a sua frente aposta. Você sabe que se você der raise aquele jogador vai dar call. Então dar raise parece ser a melhor jogada. Entretanto, quando você dá raise outros dois jogadores antes de você certamente darão fold. Por outro lado se você der call na aposta do primeiro jogador, você sente certamente que os outros dois irão também dar call. Dando raise, você ganha uma unidade, mas apenas dando call, você ganha duas unidades. Portanto dar call nessa mão tem uma expectativa positiva maior e é a melhor jogada.

Uma situação um pouco mais complicada.

Você fez um flush, e o jogador adiante que você “leu” que tem dois pares aposta e há outro jogador atrás de você na mesma mão que você sabe que tem uma mão pior do que a sua. Se você der raise, o jogador atrás de você vai dar fold. Além disso, o apostador inicial provavelmente também irá dar fold caso ele tenha mesmo dois pares, mas se ele tiver um full house vai dar reraise. Nesse exemplo, dar raise não só não te dá uma expectativa positiva como na verdade te dá uma expectativa negativa! Se o apostador inicial tiver um full house e der reraise, a jogada irá te custar duas unidades caso você dê call no reraise dele e uma unidade se você der fold.

Tomando o mesmo exemplo, se você não fizer o flush na última carta e o jogador a sua frente apostar, você deve dar raise contra certos oponentes. Seguindo a mesma lógica da situação de quando você fez o flush, o jogador atrás de você dará fold e o apostador inicial que está com apenas dois pares também deve dar fold. Se a jogada tem expectativa positiva (ou menos expectativa negativa do que dar fold) depende da probabilidade que você está tendo do seu dinheiro, que é o tamanho do pote e a sua estimativa de chance

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do apostador inicial não ter um full house e jogar fora os dois pares. Isso requer obviamente a habilidade de ler mãos e ler jogadores. Nesse nível, expectativa torna-se muito mais complicado do que quando se está jogando uma moeda para o alto.

Entender a expectativa matemática te dá um senso para equilibrar perdas e ganhos. Quando você faz uma boa aposta (good bet) ou um bom fold (good fold) você sabe que ganhou ou salvou uma quantia específica e que outro jogador não o fez.

O dinheiro que você economizou dando fold ao invés de dar call contribui para as vitórias da noite ou do mês.

Sempre é mais prazeroso dar um bom fold mesmo que você tenha perdido o pote!

Você deve ficar feliz também após uma sessão perdedora, quando percebe que os outros jogadores devem perder muito mais jogando com certas cartas.

Hourly Rate

Como dito no exemplo do “cara e coroa”, a taxa horária está relacionada à expectativa e é um conceito muito importante para os jogadores profissionais. Quando se está num jogo, deve-se tentar supor o quanto se pode ganhar por hora. A sua taxa horária pode ser medida pela fatia do total perdido em uma hora pelos jogadores ruins que estão sendo batidos por você numa mesa.

É claro que na maioria das vezes não se tem como calcular precisamente. Outras variáveis podem afetar a sua taxa horária. Adicionalmente, quando se está jogando num lugar público ou em alguns clubes privados, onde há uma “house rake” (taxa da casa) ou uma hourly seat charge. (taxa horária para se jogar poker, muito comum na Califórnia), deve-se deduzi-las do seu ganho para o cálculo da taxa horária. Nas salas de poker de Lãs Vegas o rake usual é de 5% de cada pote até o máximo de U$ 3 no Texas Hold'em e na maioria dos outros tipos de poker.

No longo prazo o ganho total dos jogadores é a soma de suas expectativas matemáticas de suas situações individuais.

Quanto mais jogadas com expectativas positivas você tiver, mais vencedor virá a ser, e quanto mais com expectativas negativas, mais perdedor. Obviamente, deve-se sempre tentar maximizar as expectativas positivas ou minimizar as negativas para que se tenha a sua taxa horária maximizada.

Não se deve ficar ansioso para se ter um dia bom ou triste por ter tido um dia ruim. É ruim também achar que o poker é algo glamuroso. Você deve pensar apenas que está trabalhando como um jogador de poker e que não está ansioso por fazer um grande score. Se ele vier, veio. Não deve ficar triste

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também se tiver uma grande perda. Se ela vier, veio. Você está jogando por certa taxa horária pré-estabelecida.

Se você estimou corretamente sua taxa horária, os seus ganhos eventuais irão ser aproximadamente a sua taxa horária prevista multiplicada pelo total de horas jogadas.

A quantidade total de dinheiro perdida pelos seus oponentes (assumindo que eles estão jogando incorretamente e você corretamente) menos o rake é a quantidade de dinheiro que você ganha. É importante ressaltar que não há particularmente uma maneira correta de se jogar uma mão no poker. Deve-se sim ajustar-se para os diferentes oponentes e mixar o seu jogo, mesmo contra os mesmo oponentes.

Deve-se também anotar não só o perfil dos jogadores, mas que tipo de erros eles cometem e o quanto esses erros os custaram.

CAPÍTULO 3

THE FUNDAMENTAL THEOREM OF POKER

Há um teorema fundamental da Álgebra e um teorema fundamental do Cálculo. É hora de apresentarmos o Teorema Fundamental do Poker. Poker, como todos os jogos de cartas é um jogo de informação incompleta, o que o distingue de jogos de tabuleiros como xadrez, dama e gamão, onde você pode ver sempre o que o seu oponente está fazendo. Se as cartas de todos fossem mostradas o tempo todo, haveria sempre uma maneira precisa e matematicamente correta de se jogar para cada jogador.

É claro que se todas as cartas fossem expostas o tempo todo não seria um jogo de poker.

O Teorema Fundamental do Poker diz:

Toda vez que você joga uma mão diferentemente da maneira que você jogaria caso pudesse ver as cartas de seus oponentes, eles ganham. E toda vez que você joga uma mão do mesmo jeito que você jogaria caso pudesse ver as cartas de seus oponentes, eles perdem. Inversamente, Toda vez que seus oponentes jogam suas mãos diferentemente da maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você ganha, e Toda vez que eles jogam suas mãos da mesma maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você perde.

O Teorema Fundamental do Poker se aplica universalmente quando uma mão se reduz ao Heads up. (mano a mano). Ele pode até se aplicar num pote com mais de dois oponentes, mas raramente acontece.

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O Teorema significa que se de algum modo seu oponente soubesse suas cartas, haveria uma jogada correta para ele fazer.

Por exemplo, se seu oponente visse que você tem um flush pós flop, a jogada correta para ele seria jogar fora um par de ases quando você apostar. Dar call na sua aposta seria um erro. Mas um tipo especial de erro. Não significa que seu oponente esteja jogando erradamente dando call na sua aposta com par de ases na mão, significa que ele está jogando diferentemente da maneira que ele jogaria caso pudesse ver suas cartas.

Esse exemplo do flush x AA, é muito óbvio. O fato é que o teorema é óbvio, mas a sua aplicação não é tão óbvia assim. Às vezes a quantidade de dinheiro no pote faz ser correto dar call mesmo que você pudesse ver as cartas de seu oponentes melhores do que a suas!!

EXEMPLOS DO TEOREMA FUNDAMENTAL DO POKER Exemplo 1:

Supondo que sua mão não é tão boa quanto do seu oponente quando você aposta (dá bet). O seu oponente paga seu bet e você perde. Mas de fato você não perdeu, você ganhou! Por quê? Porque obviamente a jogada correta para ser feita pelo seu oponente se ele soubesse o que você tinha, seria dar “raise” e não apenas te pagar. Entretanto você ganha quando ele não dá raise, e caso ele desse fold você ganharia uma quantidade enorme de fichas.

Vamos dizer que você está com JTs (hearts) (suited conectors) e seu oponente está segurando K (Spades) Q (Diamonds), o flop vem:

Q (Hearts) 8 (Clubs) 7 (Hearts).

Você dá check, o seu oponente dá bet e você dá call. Agora vem no turn um A (Diamonds) e você dá bet tentando representar que está com outro ás na mão. Se seu oponente soubesse o que você tem, a jogada correta dele seria dar raise em você num valor enorme para que você achasse caro o suficiente para não pagar e ver o river (esperando uma seqüência ou um flush) e você daria fold.

Entretanto se ele apenas der “call”, você ganhou! Você ganhou não somente porque você está pagando barato para ver o river, mas porque seu oponente não fez a jogada certa. Obviamente se seu oponente der fold, você ganha, pois ele jogou fora a melhor mão.

Exemplo 2:

Supondo que há 80$ no pote e você tem dois pares. Você dá bet $10 e seu oponente tem uma puxada pra flush (quatro cartas do mesmo naipe) ou um

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“four flush”. A questão é: você quer que ele dê call ou fold? Naturalmente você quer que ele faça o que for mais lucrativo pra você. O Teorema Fundamental do Poker diz que o que é mais lucrativo pra você é o seu oponente jogar incorretamente ou da maneira diferente do que ele jogaria caso pudesse ver suas cartas. Seu oponente tem 9-1 de probabilidade (os $10 que ele pagou gerou um pote de $90) e há mais ou menos 5-1 de cartas que servem pra ele fazer o flush, então é correto ele dar call, pois dar call nesse caso tem uma expectativa positiva. Desde que é correto dar call, você espera então que ele dê fold. Essa situação acontece frequentemente. Você tem a melhor mão, mas seu oponente tem “odds” suficientes para te pagar se ele soubesse o que você tem, porém você quer que ele dê fold. Da mesma forma é correto você dar call quando você tem suficiente pot odds. Caso você não o faça isso o custará dinheiro.

Sempre que um oponente não tiver odds contra você, você irá querer que ele pague, mesmo que pagando ele tenha uma chance de fazer uma mão melhor que a sua como fazer um flush ou seqüência.numa puxada.

No exemplo, se o pote fosse de $20 ao invés de $80, você gostaria que o seu oponente com um four flush pagasse a sua aposta de $10, pois ele seria 5-1 favorito tendo apenas 3-1 de cartas pelo pote. Se ele pagasse e fizesse o flush sua jogada seria incorreta, pois teria expectativa negativa e você ganha quando isso acontece!

Quando se tem uma mão como essa onde você quer que o seu oponente dê call, você não deve tentar fazer seu oponente dar fold apostando uma quantidade exorbitante.

Eis outro exemplo, havia apenas o river por vir e eu tinha uma seqüência que naquele ponto era “nut” (a melhor possível). Eu apostei $50, o jogador ao meu lado esquerdo pagou e outro atrás de mim deu raise do resto que tinha ($200), estando de all-in.

Eu tinha a melhor mão possível a questão era, eu deveria dar raise ou apenas call? Havia algo como $500 no pote. Como o 3º jogador estava de all-in, eu apenas tinha que me preocupar com o outro. Eu sabia que se eu desse reraised $400, fazendo com que ele tivesse que pagar $600 ele definitivamente daria fold. De fato, qualquer valor que eu entrasse de reraise ele daria fold. Porém, se eu desse call nos $200 ele talvez também o fizesse. O que eu queria que ele fizesse? Eu estava certo que ele tinha dois pares, se eu pagasse os $200, haveria uns $700 no pote o que lhe daria 7-2 odds para pagar os $200 com os dois pares. Os odds para que ele fizesse um full-house com os dois pares eram de 10-1. (40 cartas no baralho não serviam pra ele e 4 serviam). Entretanto se ele soubesse que eu tinha uma seqüência nut, seria incorreto para ele jogar com 7-2 odds num tiro de 10-1. Então eu apenas dei call nos $200 e ele também pagou.

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A triste conclusão é que ele fez o full-house apostou um valor pequeno e eu paguei. Muitas pessoas argumentam que eu errei ao tornar barato para ele ver o river ao invés de dar um raise forte no turn e tirá-lo da mão, mas o fato é que eles estão errados!

Eu precisava dá-lo a chance de cometer um erro, ao qual ele cometeu, pois quando meu oponente erra eu ganho no longo prazo!

“ERROS” RELACIONADOS AO TEOREMA FUNDAMENTAL DO POKER Entenda que quando falamos de cometer um erro relacionado ao Teorema Fundamental do Poker, não estamos necessariamente falando de se jogar errado ou mal. Estamos falando sobre um estranho tipo de erro que é “jogar diferentemente da maneira que você jogaria se pudesse ver as cartas dos seus oponentes”. Se eu tivesse um royal flush e alguém um king high straight flush, esse jogador estaria cometendo um erro ao me pagar! Mas ele não pode ser acusado de jogar mal ou erradamente quando me pagar ou mais precisamente me der raise pois ele não está vendo o que eu tenho na minha mão. Ele está cometendo um “erro” num sentido diferente da palavra.

No poker avançado, profissional, você constantemente tenta fazer seu oponente ou oponentes jogarem de uma maneira que seria incorreta caso eles tivessem vendo sua mão.

Você jogará um poker vencedor jogando o mais perto possível da maneira que você jogaria caso pudesse ver as cartas de seus oponentes, e tentará fazer seus oponentes jogar o mais longe possível desse utópico nível. Esse objetivo realiza-se principalmente lendo mãos e jogadores, pois é o mais perto que você pode chegar de descobrir o que eles têm nas mãos. Assim você cometerá o mínimo de “erros” relacionados ao Teorema Fundamental do Poker.

Em resumo, a melhor maneira de se jogar segundo o Teorema, é jogando da maneira que você jogaria caso pudesse ver as cartas dos seus adversários. A toda hora depois que uma mão se encerra e o oponente mostra as cartas ouvimos de jogadores “Se eu soubesse o que ele tinha eu teria jogado diferente”. Esse jogador perdeu dinheiro e o seu oponente salvou algum $. CAPÍTULO 4

THE ANTE STRUCTURE

As estrelas do poker sempre se esforçam e lutam pelos “antes”. Se não houvesse “ante”, não haveria razão para se jogar. Se não houvesse o “ante” sempre que alguém apostasse todos os outros dariam “fold” e poderia não haver jogo. Para que se estabeleça o jogo, o “ante” precisa existir.

Quanto menor o “ante” comparado com as apostas futuras, menos mãos deve-se jogar. E quanto maior o “ante” mais mãos deve-deve-se jogar. Na linguagem do

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poker, quanto maior o ante mais “bailarino” ou “looser” deve-se ser, enquanto quanto menor o “ante” mais “tight” deve-se jogar.

Quando nos referirmos ao “ante” nesse capítulo, estaremos incluindo também os “blinds”.

Frequentemente há jogadores que jogam muitas mãos em relação ao tamanho do ante, e às vezes outros jogam muito poucas. A melhor maneira de se avaliar se o tamanho do ante está apropriado é pensando em termos de pot odds e de expectativa matemática.

Quando se está fazendo algum cálculo rápido em relação à pot odds, um erro comum é descontar o valor que foi originalmente pago por você e que já está no pote. Isso é errado! Não importa se foi você ou outro jogador que “pingou” o que já está lá no pote, mas sim a quantidade total que deve determinar como se jogar. Não importa de qual pilha de fichas veio o que está no pote, o que importa é a relação de o quanto está lá e o quanto você deve apostar para continuar na mão.

Em relação aos blinds no hold'em. Vamos dizer que você pinga 5$ como blind e alguém dá raise para 10$. Agora custa para todos os outros 10$ para dar call, mas quando voltar para você só custará outros 5$. Então você não precisará de uma mão tão forte para completar esses outros 5$ que justifique o seu call. Você estará considerando o seu pot odds do momento e não se aqueles 5$ que você já havia colocado no pote foram colocados por você ou por outro jogador.

LARGE ANTES

O tamanho do ante determina como se deve jogar. Quanto mais alto o ante em comparação com as futuras apostas, mais mãos deve-se jogar. Desde que haja mais dinheiro no pote, se está tendo melhor odds obviamente, mas há outras razões para se jogar mais “loose” nesse estágio. Se você for esperar uma grande mão para jogar num jogo onde o ante é muito alto, você perderá mais durante os folds do que o tamanho do pote da mão que você vir a jogar e ganhar. Além disso, o pote que você ganhar será comparativamente menor do que os outros, pois os outros jogadores percebendo que você está jogando de maneira “tight” não lhes darão muita ação quando você jogar uma mão.

A não ser que você queira ser engolido pelos antes, você (assim como seus oponentes também o farão) deve diminuir suas exigências para jogar nesse estágio.

Quando se está jogando no estágio em que o ante está alto, tende-se a ser criado mais potes altos, já que mais jogadores estarão tendo bons pot odds para a queda de boas mãos. Com muitos jogadores no pote, quedas e puxetas para flush e seqüência de duas pontas) tem seu valor valorizado, enquanto pares medíocres como de 5 ou 7 tem seu valor minimizado.

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Outra razão para se jogar mais solto quando o ante está alto é que se você está jogando muito tight, torna-se correto para os outros jogadores tentar roubar o seu ante com qualquer mão.

Deve-se tentar roubar antes principalmente quando se está numa mesa com jogadores muito tights.

Não se deve jogar “slowplaying” uma boa mão nesse estágio, pois se você não deu raise com uma mão boa no primeiro round, você está dando ao oponente com uma mão medíocre a chance de ele conseguir uma queda. Ou seja, você dando slowplaying você está tornando barato em termos de custo para o seu oponente ver o turn e o river e talvez conseguir uma queda. Com um ante grande, ele não está cometendo um erro do Teorema Fundamental do Poker, pois ele terá bom odds. Mesmo que ele tenha certeza que você está “slowplaying” uma grande mão, ele provavelmente continuará pagando barato para tentar uma queda. No entanto quando você dá raise, você torna caro para ele jogar “esperanças” e o força a jogar fora sua mão medíocre.

Por outro lado, quando o ante está baixo, há mais razões para se jogar “slowplaying” grandes mãos para atrair piores mãos para o jogo e dar mais valor aos potes ganhos pelas grandes mãos nesse estágio.

Resumindo, quando o ante está alto:

1. À medida que o ante for crescendo de valor, reduza suas exigências para jogar. Há quatro razões para se jogar mais solto, a primeira que está tendo melhor pot odds, a segunda que custa muito esperar por grandes mãos, a terceira é que os seus oponentes estarão jogando mãos mais fracas e finalmente a quarta é que quando você está jogando muito tight contra oponentes observadores, eles não o darão ação quando você tiver uma grande mão.

2. Em multy-way pots, mãos como pares medíocres perdem valor, enquanto quedas para flush e seqüência de duas pontas tem seu valor aumentado.

3. Quando o ante está alto, deve-se tentar rouba-los, especialmente contra jogadores tights, pois você terá uma boa e positiva expectativa fazendo isso contra jogadores desse perfil.

4. Deve-se dar raise com boas mãos ao invés de tentar “slowplay”, pois o ante alto faz o seu oponente jogar “esperanças” de quedas de maneira barata. Além disso, quando o ante está alto, os oponentes tendem a pagar seus raises mesmo não tendo odds para isso. (que é o que você deseja). E eles estarão ainda mais propícios a pagar o seu raise se eles suspeitarem que você venha “roubando” antes com seus raises das mãos anteriores.

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Não jogar mais solto num jogo de ante alto é um problema muito menos comum entre os jogadores de poker do que jogar muito solto num jogo de ante baixo.

Com um ante pequeno, deve-se jogar exatamente ao contrário da maneira que se joga com a ante grande. Deve-se jogar poucas mãos, roubar poucos antes e dar “slowplay” em grandes mãos para “pescar” jogadores com puxadas. Deixe os jogadores agressivos tentarem controlar o jogo, caso eles o escolham fazer. Deixe-os roubarem os antes. Dêem a eles a falsa sensação de segurança. Mas há um limite para o quanto ser “tight”. Mesmo com o ante baixo não se deve deixar de jogar todas as mãos! Às vezes você não tem pot odds imediato que justifique um “call”, porém pode ter um “implied odds” que o justifique. (os conceitos de pot odds e implied odds serão mais bem explicados nos próximos capítulos).

Os conceitos discutidos nesse capítulo podem ser resumidos em poucas frases. “O tamanho do ante determina como se deve jogar”. Deve-se sempre lutar pelos antes para sobreviver!

Com um ante pequeno, deve-se jogar “tight” e à medida que o ante for crescendo deve-se jogar mais “loose” (solto).

CAPÍTULO 5 POT ODDS

Pot odds são as probabilidades que o pote está te dando para pagar uma aposta. Se há $50 no pote e a última aposta foi de $10, você está tendo 5-1 odds para pagar a aposta. É a relação quantidade de dinheiro do pote com quanto se deve apostar para continuar em determinada mão. É essencial saber o seu “pot odds” para saber sua expectativa matemática. No exemplo acima, se suas chances de ganhar o pote forem maiores do que 5-1, então é correto dar call. Se você acha que suas chances são menores do que 5-1, você deve dar fold.

CALLING ON THE BASIS OF POT ODDS WHEN ALL THE CARDS ARE OUT

Quando todas as cartas já estão no bordo, você deve decidir se sua mão é digna de se jogar ou não, e depende da probabilidade que se está tendo para aquele pote e quais as chances que você acha de ter a melhor mão. Esse é um problema de julgamento e subjetividade mais do que um problema de matemática, pois não há uma maneira precisa de se calcular quais as suas chances. Fazer essas avaliações não é fácil, especialmente quando se tem uma mão marginal como um “dois pares” ou “top pair”. A habilidade para avaliar

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essas situações depende de sua experiência, e especialmente da sua habilidade para ler mãos e jogadores. Algumas coisas somente podem ser aprendidas numa mesa de poker.

CALLING ON THE BASIS OF POT ODDS WITH MORE CARDS TO COME Agora a matemática se torna importante. Se você sabe que tem que melhorar sua mão para vencer, você deve determinar suas chances de melhorá-la em comparação com o seu pot odds.

Os odds para se fazer uma mão é determinado basicamente pela quantidade de cartas que ainda estão por vir e o número dentre essas que o favorece para fazer sua mão.

Quanto menor o seu pot odds em relação às chances de melhorar sua mão, mais razões para não jogá-la e dar fold.

POSITION

A sua posição em relação às apostas pode reduzir o seu pot odds. Se alguém aposta antes de você e há a possibilidade de alguém que joga após você dar raise, você deve levar em consideração esse fato, pois ele diminui o seu pot odds. Então antes de dar call numa primeira aposta, deve-se considerar seu pot odds não somente daquele momento, mas se haverá possibilidade de um oponente dar raise depois de você ou até mesmo mais de um. E sempre que há muitas apostas numa mão, certamente seu pot odds tende a diminuir, pois muitas apostas sugere que seus oponentes tem grandes mãos.

Vamos dizer que temos AT (clubs) e o flop vem A (spades) Q (Spades) 9 (Diamond).

Pode parecer que você tem uma mão forte com o “top pair”, mas se você está numa “early position” e alguém aposta antes de você, provavelmente você deve jogar esse par de ases fora. Não só o jogador que apostou na primeira posição sugere ter uma mão forte com a sua aposta, como ele pode tomar um raise de algum jogador que joga depois de você com um AK, AQ, ou uma trinca, o que encurtaria o seu pot odds e diminui sensivelmente sua possibilidade de levar o pote. Adicionalmente, a chance de haver calls com jogadores com quedas para flush (spades) e seqüência que jogam depois de você diminui ainda mais a força do seu par de ases. Você figura a desconfortável posição de talvez ter a segunda melhor mão no momento e de talvez ser batido por seqüência ou flush no turn e no river.

Ao mesmo tempo, caso não houvesse mais apostas nas primeiras posições e você fosse um dos últimos a falar, poderia pagar a primeira aposta.

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Muitos jogadores negligenciam o efeito da posição e também dos “outs” na hora de calcular um possível aumento do valor de suas mãos.

Com uma queda para flush (quatro cartas do mesmo naipe), o seu único out é outra carta do mesmo naipe. Mas suponhamos que você tenha dois pares ao longo da queda para flush, agora temos dois outs, fazer um flush ou um full house. Suponhamos que temos uma puxada para flush, dois pares e uma queda para seqüência, agora temos três outs, ou seja, três maneiras diferentes de “bater” os oponentes. Cada extra out melhora significativamente o valor da sua mão, e incrementa consideravelmente mais do que a primeira vista aparenta.

Sempre esteja ciente que os extra outs melhoram suas chances e podem tornar mãos que a principio seriam jogadas foras em mãos jogáveis.

DRAWING TO THE SECOND-BEST HAND

Igualmente importante quanto determinar se uma mão é “jogável” e “melhorável” com os outs, é a questão de que se caso os outs venham se ela será a melhor mão, ou seja, vencedora.

A sua mão pode ser perdedora de várias maneiras. Isso pode acontecer quando se tem uma “queda morta” que é quando se consegue fazer a mão que se está esperando ser feita, mas mesmo assim ela é “batida” por um oponente. Isso acontece quando se faz uma boa mão e seu oponente faz uma mão ainda melhor. Por exemplo, você pode fazer um flush no river que dá ao seu oponente um full house.

Em algumas situações deve-se reduzir o seu pot odds de vencer e às vezes jogar fora sua mão. A habilidade de dar fold corretamente quando se suspeita que se tenha uma “queda morta” ou desenhando com pouca chance de acabar com a melhor mão é um atributo que distingue um bom jogador de um mediano. Por outro lado, jogadores fracos costumam pagar com qualquer coisa não se importando se eles podem vir a ter uma “queda morta” ou não ajustando suas chances de acabar com uma mão levando em consideração a possibilidade de seus oponentes fazerem uma mão melhor do que as suas. No hold'em pode-se ter uma queda morta, quando a carta que se está esperando ajuda mais ainda o seu oponente do que a você.

Por exemplo: Temos: AK Oponente: QJ Bordo: J J T 5.

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Uma dama vem no river nos dando uma seqüência, que certamente bate uma trinca de valetes, entretanto dá ao oponente um full house.

Sempre é necessário ajustar seu pot odds quando se suspeita que seu oponente possa te “pegar pelo pé” numa “queda morta”. Em geral, não é necessário calcular a sua chance de vencer de maneira precisa, quando se há uma chance de se ter uma “queda morta” deve-se jogar fora a maioria de suas mãos jogáveis, pois elas tendem a ser mãos perdedoras.

Resumindo:

Quando todas as cartas já estão no bordo, a sua mão é “jogável” ou digna de um call se você acha que suas chances de vencer são melhores do que seu pot odds.

A sua decisão de dar call numa mão que precisa ser melhorada depende de alguns fatores:

1 – Suas chances de melhorar, levando em conta as cartas necessárias (outs) e qualquer outro “extra out”.

2 – Suas chances de vencer caso consiga a mão que se espera. 3 – O odds que se está tendo em todas as rodadas de apostas, levando se em consideração a chance de tomar um raise caso não seja o último a falar.

4 – Sua expectativa de lucro na última rodada de apostas se você fizer sua mão.

Esse último fator é o que chamamos de “ implied odds ”. É o dinheiro que se espera ganhar através das apostas na(s) última(s) rodada(s). O explicaremos melhor nos próximos capítulos.

CAPÍTULO 6

EFFECTIVE ODDS

Quando restar apenas uma rodada de apostas e apenas uma carta por vir, há uma relação direta entre a sua chance de melhorar sua mão e o pot odds que se está tendo no momento. Se suas chances de fazer uma mão que você sabe que será vencedora são de 4-1 e você deve dar $20 de call para tentar ganhar um pote de $120, então claro que sua mão é “jogável” ou “pagável”, digna de call, pois se está tendo 6-1 de pot odds. Esse 6-1 odds que o pote está te oferecendo (excluindo as apostas finais) são maiores do que o 4-1 odds contra você fazer sua mão. Entretanto, quando se há mais do que uma carta por vir, deve-se ser cuidadoso na hora de determinar seu real pot odds. Muitos jogadores cometem um erro clássico: Eles sabem suas chances de melhorar sua mão com cartas por vir, e eles a comparam suas chances com o pot odds que eles estão tendo agora (antes de vir as cartas). Só que essa comparação não é a real, pois desde que eles terão que colocar mais dinheiro no pote nas próximas rodadas de apostas, eles terão que levar em consideração na conta

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esse dinheiro que ainda será colocado. É verdade que as chances de fazer uma mão melhoram bastante quando se há mais de uma carta por vir, mas o odds que se está tendo para o pote piora!

REDUCING YOUR POT ODDS WITH MORE THAN ONE CARD TO COME Vamos dizer que após o flop temos quatro cartas do mesmo naipe e você está certo que caso faça o flush sairá vencedor dessa mão. Há ainda duas cartas por vir, o que melhora seu odds de fazer o flush para aproximadamente 1¾ -1. É um jogo $10-$20 e há $20 no pote e o único oponente jogando com você dá bet $10. Você pensa: tenho 3-1 odds e minhas chances são 1¾ -1, então eu devo dar call. Entretanto, os 1¾ -1 odds de fazer o flush se aplica apenas se você pretende ver não só a próxima carta, mas a última carta também, e para ver a última carta você provavelmente terá que pagar não só os $10 de agora, mas ainda mais $20 na próxima rodada de apostas. Consequentemente quando se decide jogar uma mão que precisa ser melhorada até o fim, pode se dizer que nesse caso se está tendo 30-10 odds. Você tem que pensar: se eu perder essa mão, eu perderei $10 nessa rodada e mais $20 na próxima. Perco no total $30. Se eu fizer minha mão, ganharei $30 agora e mais $20 no próximo, totalizando $50. Repentinamente ao invés de 30-10, você está tendo apenas $50-30 odds.

Esse é o seu effective odds – o odds real que se está tendo pelo pote quando se paga uma aposta com mais de uma carta por vir.

Desde que você tenha (50-30) para pagar uma aposta de $10 depois do flop, e suas chances de fazer o flush são de 1¾ -1, deve-se jogar fora a mão, pois essa é uma jogada perdedora com expectativa negativa. A única situação em que seria correto jogar essa mão seria se você levasse em conta que o seu oponente pagaria a sua aposta no final após você ter feito o flush. Então o seu $50 em potencial aumentaria para $70, dando 70-30 odds e justificando um call.

Deve ficar claro com esse exemplo que quando se computa odds numa mão que se pretende jogar até o fim, deve-se pensar não em termos do pot odds imediato, mas em termos da quantidade total que se pode perder versus a quantidade total que se pode ganhar naquela mão levando-se em consideração as futuras rodadas de apostas. Você deve se perguntar: “Quanto eu vou perder se eu perder essa mão e quanto eu vou ganhar se eu a fizer?” A resposta para essa questão lhe mostra o seu “effective odds”.

SITUATIONS WHEN EFFECTIVE ODDS NEED NOT APPLY

Há algumas situações em que não se devem considerar as apostas futuras quando se pensa em pot odds. O primeiro caso ocorre quando você e seu oponente estão de “all in” ou quase “all in”. Obviamente quando seu oponente não tem mais dinheiro para apostar ou você não tem mais dinheiro para pagar,

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a última carta torna-se grátis. Então tudo o que você deve fazer é observar seu pot odds imediato e compará-lo com as chances de terminar com a melhor mão. Deve-se considerar também que nem sempre quando se consegue fazer a mão que se espera ela é a melhor mão. Você pode consegui-la e ainda acabar vencido!

Há uma outra situação que você pode pagar mesmo se o seu “effective odds” indicar que a mão é digna de um fold. Isso acontece quando se tem uma boa razão para pensar que seu oponente pode dar check na próxima rodada de apostas. Se ele realmente der check, você ganhou uma “free card”. Novamente tudo o que deve ser considerado agora é o seu pot odds imediato, desde que você espera ver duas cartas pelo preço de uma. Essa situação acontece quando você suspeita que seu oponente tenha uma mão fraca ou quando você pensa que seu oponente pode temer uma aposta na próxima rodada de apostas, porque ele interpretará que você tem uma mão mais forte do que você na verdade tem, mesmo quando você não melhora sua mão ou não consegue a carta que se está precisando.

Ás vezes é correto também pagar para ver uma carta apenas quando seu effective odds indica um fold. Se essa carta não fizer sua mão, você não deve continuar com as apostas futuras. Essa situação ocorre principalmente em jogos onde há um grande aumento nas apostas de um round para outro. Você pode, por exemplo, estar jogando numa mesa $10-$50 de hold'em e está com quatro cartas de um mesmo naipe no flop. Seu oponente aposta $10 num pote de $40 e você espera que ele aposte $50 no próximo round. Para pagar ambas as apostas deve-se entender que se está tendo effective odds de 100-60, ou seja, muito pouco para se jogar com uma queda para flush. Entretanto, tem-se 5-1 para a primeira aposta, o que é melhor do que o odds até a última carta. (sem levar em consideração o seu potencial lucro nas últimas rodadas de apostas caso você faça o seu flush). Quando se estiver decidindo em dar call por apenas uma carta, tudo o que deve ser considerado é seu pot odds imediato versus as chances de conseguir a sua mão apenas na próxima carta . Na maioria dos casos, entretanto, quando se tem uma mão que precisa ser melhorada, deve-se saber que as apostas futuras reduzem substancialmente o seu pot odds, suficientemente para fazer sua mão ser jogada fora! Entretanto antes de sair jogando todas as mãos, deve-se calcular seu effective odds que se está tendo.

CALCULATING EFFECTIVE ODDS

O effective odds pode parecer complicado, mas é um simples caso de adição. Você adiciona todos os calls que você terá que dar assumindo que jogará até o fim para determinar a quantia total que será perdida caso você não faça sua mão. Então compare esse valor pela quantia total que você deve ganhar caso a consiga. Esse total é o que se está no pote naquele momento mais todas as futuras apostas que você espera ganhar excluindo as suas futuras apostas. Assim se há $100 no pote no momento e há três rodadas de apostas de $20,

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você está tendo $160-60 effective odds se ambos (você e seu oponente) derem call em todas as apostas. Se você sabe que não irá dar call no fim a menos que você faça sua mão, seu effective odds torna-se $160-$40. Quando você acha que seu oponente não irá dar call no fim se você conseguir sua carta que você está esperando seu effective odds se reduz para algo em torno de $140-40. Se nas primeiras rodadas de apostas esse odds for melhor do que suas chances de fazer sua mão, vá em frente até o fim, se não você dê fold. CAPÍTULO 7

IMPLIED ODDS AND REVERSE IMPLIED ODDS

Durante os primeiros rounds de apostas, ter que pagar futuras apostas reduz consideravelmente seu pot odds e você tem que calcular o seu real odds ou effective odds.

Entretanto há momentos em que a existência de futuras apostas é a razão para se jogar uma mão. O seu pot odds imediato pode não parecer alto suficiente para se continuar numa mão por uma carta, mas se essa carta pode lhe dar uma mão monstruosa que indica muita ação na mesa, você não precisa do odds inicial, pois você o aumentará drasticamente depois. Esse odds final é o que chamamos de implied odds.

IMPLIED ODDS

Implied odds são baseados na possibilidade de ganhar dinheiro nos últimos rounds de apostas acima do que se está no pote até o momento. Mais precisamente o seu implied odds é o quanto se espera ganhar quando se consegue a carta que se está esperando pelo preço/custo de se pagar uma aposta.

A possibilidade de lucro futuro muito grande quando se consegue a carta que se está esperando de uma queda é que justifica o uso do implied odds.

Quando se tem um par na mão, tem-se aproximadamente 8-1 de possibilidade de “flopar” aquela carta e lhe dar uma trinca, mas um par baixo é “jogável” em muitos casos tendo se algo em torno de 5-1. Se há $50 no pote e $10 para se jogar num jogo $10-$20, você está tendo implied odds de aproximadamente 150-10 ou 15-1, desde que a média provável é de aproximadamente $100 de lucro quando se consegue a trinca. Claro que quando não se faz a trinca no flop deve-se jogar fora a mão ao invés de pagar uma aposta pós flop.

O conceito de implied odds sugere que quando se está jogando com uma queda e consegue-se a carta desejada você provavelmente conseguirá um pote com muito dinheiro e conseguirá futuras apostas de alto valor. O seu possível lucro futuro é tão grande que “disfarça” o odds pequeno que se está tendo no momento.

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Por exemplo: você está numa $10-$20 e o oponente aposta $10 num pote com $20, então seu pot odds são 3-1, o que indica jogar fora, por exemplo, uma queda para seqüência de duas pontas. Entretanto se sua mão (ou a do seu oponente) pode melhorar consideravelmente na próxima rodada, você já tem uma expectativa de aposta de $40 pelo seu oponente no próximo round de apostas, então seu implied odds são $70-$10 ou 7-1, o que torna possível um “call” com essa queda para seqüência de duas pontas. Se você não conseguir na próxima rodada e seu oponente apostar $20, você estará novamente com 3-1 odds ($60-$20), mas seu implied odds deverá ser menor.

IMPLIED ODDS IN POT- LIMIT AND NO- LIMIT GAMES

Em geral, quanto maior for a diferença entre as apostas futuras e a aposta presente que se deve pagar, melhor é seu implied odds.

O implied odds se torna mais significante em pot-limit e em no limit games, já que uma aposta futura pode ser tão grande quanto à quantidade de fichas que se está na frente do oponente. Nesses jogos, deve-se considerar não quanto se está no pote no momento, mas quanto pode ser ganho num futuro round de apostas.

Eis um clássico exemplo na mão final do “Hold'em Championship at Binion's Horseshoe Casino em Las Vegas :

O lendário e simpático Doyle Brunson tinha $232.500 em fichas versus Stu Ungard com $ 497.500.

Na mão final, Brunson tinha Ás e 7 e Ungar 4 e 5 de espadas (conected suited). Antes do flop, havia $30.000 no pote e assim veio o flop: A, 2 e 7. Ungar dá check e Brunson aposta apenas $ 17.000 para manter Ungar no jogo. “Eu não pagaria essa aposta com uma queda para seqüência, caso Brunson tivesse apostado um pouco mais” admitiu Ungar “mas caso viesse o 3, eu iria acabar com ele” e eram $17.000 para tentar acabar com ele e com o campeonato.

Ungar pagou estritamente em termos do implied odds que tinha naquele momento. Ele não pensou nos $47.000 que estavam no pote, o que o daria menos do que 3-1 odds, mas sim nos $232.500 de Brunson. O implied odd de Ungar era de aproximadamente 14,5 – 1 e com quatros “ 3” disponíveis dentre 47 cartas possíveis, o odds para a seqüência na próxima carta era de 10,75 – 1. Então ele pagou.

É preciso dizer que veio um “ 3” na 4ª casa (Turn). Ungar apostou $40.000. Após alguma reflexão Brunson disse: I'm all in! Ungar tinha a melhor mão no momento e os únicos outs de Brunson eram A e 7 no river que o dariam um full house. Ungar pagou o all in e se tornou o campeão.

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Num seminário na Califórnia dado por Brunson tempos depois, Brunson reconheceu que jogou incorretamente apostando $17.000 no flop. Ele disse que ao invés de dar ao Ungar a chance para uma carta perfeita, ele deveria ter apostado mais do que o Ungar estava disposto a pagar para tentar uma seqüência de duas pontas, mais quanto? Mais o suficiente para não ser digno de uma tentativa de queda mesmo em termos de implied odds!

Quando se estima o seu implied odds, deve-se tentar quantificar o quanto de dinheiro pode-se ganhar caso você consiga a sua mão. 3 fatores são fundamentais nessa análise:

1. o tamanho das apostas futuras

2. o quão escondida sua mão está. (em termos da facilidade de “ser lida” pelos oponentes)

3. A habilidade dos seus oponentes.

FACTORS IN DETERMINING IMPLIED ODDS

Obviamente que quanto maior o tamanho das apostas em potenciais, maior o seu implied odds e mais razões você terá para pagar uma mão que pode melhorar e se tornar a melhor mão. Entretanto, os outros dois fatores também são importantes.

Adicionalmente deve-se levar em conta o quão escondida está a sua mão, ou o quão não-óbvia ela é. Quando as cartas que se espera são muito óbvias, não se pode esperar muito valor dessa mão quando a fizer, pois os oponentes não deverão pagar suas apostas quando você apostar, não lhe darão muita ação devido à obvialidade.

Pode se assumir também que sempre se tem maior implied odds contra oponentes “patos”, pois eles estão mais predispostos a pagar suas apostas quando você fizer sua mão. Jogadores espertos e profissionais tendem a não te pagar, pois lêem melhor sua mão e nesse caso (de jogadores bons) seu implied odd deve ser diminuído.

Implied odd obviamente não pode ser aplicado quando você ou seu oponente estão de all in ou muito próximos ao all-in, já que pouco restará para ser apostado nas próximas rodadas.

Cuidado também, pois o implied odds tem muito menos aplicação e sentido quando há uma chance considerável de você conseguir a sua mão e ela ser a segunda melhor mão. Se você irá pagar um pequeno preço para melhorar sua mão significativamente esperando levar um pote gigante, é melhor que você tenha certeza que sua mão caso a faça seja a melhor.

REVERSE IMPLIED ODDS

O implied odd sugere que seu odd é melhor do que parece no momento. Porém há momentos em que seu odd não são tão bons quanto parece. Essa situação ocorre quando se tem uma mão medíocre com pouca chance de melhorar e você acha que seus oponentes podem estar blefando e que você pode “pescar” o blefe, ou seja, você acha que seus oponentes tem uma mão

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pior do que a que eles estão representando. Caso eles estejam mesmo blefando, eles provavelmente largarão suas cartas nos últimos rounds de apostas caso eles não façam nenhuma mão. Só que você está numa posição de que caso tenha a melhor mão, ganhará o mínimo e perderá o máximo caso tenha a pior mão. O verdadeiro pot odd nessa situação é pior do que parece e o chamamos de reverse implied odds

Por exemplo: Num pote de $50, seu oponente aposta $20. Você acha que está com a melhor mão, mas não tem certeza. Você ainda tem uma pequena chance de melhorá-la. Não dá pra se pensar no momento: “Tenho 70-20 de odds”, pois seu oponente pode apostar novamente nos próximos rounds se ele tiver uma mão melhor do que a sua ou se a mão dele melhorar, mas ele tende a desistir caso ele tenha uma mão pior do que a sua. Você está numa situação que se você perder, provavelmente perderá não só os $20 da aposta de agora (call), mas um total de $60. Entretanto se você ganhar, provavelmente ganhará só $70 que está no pote agora, pois desde que seu oponente perceba que você está comprometido com o pot, ele não irá à frente com a pior mão. Então você está tendo algo em torno de $70-$60 e não $70-$20. Na verdade o reverse implied odds de 70-60 representa o pior cenário possível caso isso ocorra na prática. Nessa mão, você pode tentar ganhar $70 apostando $20 ou $90 apostando $40 ou até $110 apostando $60, dependendo de quantas vezes seu adversário apostar.

RESUMINDO:

Reverse implied odds se aplica quando:

- Você não está certo do valor da sua mão

- Você tem uma pequena chance de melhorar sua mão e bater seu oponente

Você não deve pensar que no odds que está tendo no momento e no que está no pote, pois seu odds verdadeiro é um pouco pior.

Enquanto o implied odds é baseado na possibilidade de ganhar mais dinheiro nos últimos rounds de apostas, reverse implied odds são baseados na possibilidade de se perder dinheiro nas últimas rodadas.

Colocando de uma outra maneira, quando se está tendo implied odds, você está contente por não estar all-in, pois você espera ganhar mais dinheiro nas próximas apostas. Entretanto quando se tem reverse implied odds, você gostaria de estar de all-in, pois você poderia ver a mão até o fim sem ter que pagar apostas futuras.

CAPÍTULO 8

THE VALUE OF DECEPTION

A essência do poker é dar “raise” quando se tem uma boa mão e “fold” quando se tem uma mão ruim. Mas o que acontecesse se seguimos a essência? Vamos supor que temos um flush no flop, sendo a melhor mão que se pode ter

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naquele momento. Você dá raise e todos dão fold. Você ganhou um pote pequeno com uma mão que poderia ter ganhado um pote enorme.

THE COST OF GIVING YOUR HAND AWAY

Esse exemplo nos traz a um dilema no poker. Você quer maximizar seus ganhos e minimizar suas perdas. Quanto lhe custa quando você joga de uma maneira que seus oponentes saibam o que você tem nas mãos? A resposta para essa pergunta está no Teorema Fundamental do Poker, que diz que “Toda vez que seus oponentes jogam suas mãos diferentemente da maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você ganha, e toda vez que eles jogam suas mãos da mesma maneira que eles jogariam caso pudessem ver suas cartas, você perde”.

O Teorema fundamental indica que quando você joga de uma maneira que permite seu oponente saber o que você tem, isso lhe custa substancialmente caro. Se o oponente sabe exatamente o que você tem ele nunca vai cometer erros. Quanto mais você joga revelando o que você tem, menos seus oponentes irão cometer erros. E o que você deseja é que eles o cometam. Criar erros e enganos é em essência o objetivo do jogo. Você então não dá raise imediatamente com o seu flush nut, pois não quer que seus oponentes saibam o quão forte é sua mão. Você quer ganhar mais dinheiro deles nas últimas rodadas de apostas. Ao mesmo tempo, nunca dar raise com uma grande mão pode ser um erro também.

Um exemplo interessante de erro aconteceu no World Series of Poker de 1977 numa mão com dois jogadores clássicos. Doyle Brunson e Bones Berland. O jogo era o No Limit Hold’em. Brunson tinha aproximadamente 20.000 em fichas e Berland 50.000. Antes de flop Berland deu “raise” grande numa early position e Doyle pagou com um par de damas na mão. O flop veio J, 5, 2. Novamente Berland apostou solidamente e Brunson o pagou. No turn veio uma outra carta baixa e Berland apostou fortemente, aproximadamente para colocar Brunson all in. Doyle pensou, pensou e pensou e finalmente pagou. Muitas pessoas pensaram que Brunson jogou incorretamente em dar “call” com par de damas. Berland não estava envolvido em blefar nessa situação. Esses críticos achavam que havia uma grande chance de Berland estar com AA ou KK e havia outras mãos que o par de damas de Brunson não poderia vencer. Da maneira que ele jogou, a única mão que faria Berland ser batido seria um AJ, um top pair com ás de kicker.

Quando Bones mostrou suas cartas ele tinha precisamente um AJ. Brunson venceu a mão com QQ e ganhou o campeonato daquele ano. A resposta de Brunson para seu arriscado “call”. “Bem, disse ele, Bones não poderia ter AA ou KK, pois ele não entraria de “raise” numa early position com esse tipo de mão pré flop. Ele apenas pagaria, esperando dar “reraise” jogando “slowplay”. Esse é um caso onde um top player sabia informação de outro e adaptou seu

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estilo de jogo apropriadamente. No no-limit hold’em é geralmente correto jogar “slowplay” numa early position com AA ou KK. Entretanto como Berland sempre jogava esses pares da mesma maneira, a informação que ele deixou transparecer foi muito mais dispendiosa do que o dinheiro que ele calcularia ganhar jogando com AA e KK sempre da mesma maneira.

DECEPTION AND THE ABILITY OF YOUR OPPONENTS

A questão é quando jogar diretamente e quando induzir seu oponente ao erro. O critério mais importante para tomar essa decisão é a habilidade de seus oponentes. Se você tem uma mão boa numa primeira rodada de apostas você não deve deixar o “raise” para as últimas rodadas contra jogadores resistentes, mas contra jogadores fracos, é melhor fazer uma aposta extra para fazê-los pensar que sua mão é mais forte do que realmente é. Se você está jogando contra jogadores medíocres, você não ganha o suficiente induzindo-os ao erro para justificar o custo de fazê-lo. Contra esses jogadores, deve-se dar “raise” quando se acha que tem a melhor mão, e não apostar com uma mão ruim contra eles que não dão “fold” nunca. Quando se pensa em induzir o adversário ao erro, deve-se pesar a habilidade de seus oponentes contra o custo de um “extra bet”.

DECEPTION AND THE SIZE OF THE POT

Outro critério de como tomar essa decisão é o tamanho do pote. Quanto maior o pote for se tornando, cada vez menos importante será disfarçar sua mão, mesmo porque os bons jogadores não irão desistir facilmente dessa mão, pois eles terão pot odds e dificilmente darão “fold”, tornando desnecessário o disfarce. Quando o pote se tornar grande, você não deve pensar em induzir seu adversário ao erro.

DECEPTION AND BET SIZE

São conceitos relacionados. O uso da indução ao erro do adversário e o tamanho da aposta. Se as apostas iniciais forem muito menores do que as últimas, é melhor não dar “raise” com uma grande mão. Espere, pois se os adversários não desistirem no início, eles o farão quando as apostas crescerem substancialmente nas últimas rodadas de apostas. Você deve querer mais ação com suas grandes mãos jogando-as “slowplaying”.

Se há uma grande diferença entre o tamanho das apostas de uma rodada para outra, com uma mão ruim você deve sim dar “raise” nas primeiras rodadas para criar a impressão errada quando as apostas estiverem altas. Então não se deve considerar apenas o montante no pote no momento, mas ainda o valor das apostas agora comparado ao valor que elas terão depois. Você pode dar “check” numa rodada inicial com uma grande mão esperando grandes apostas nas rodadas finais, ou de outro modo, pode apostar com uma mão ruim no

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início, esperando que seus oponentes dêem “check” nas próximas rodadas para dá-lo “free cards”.

DECEPTION AND THE NUMBER OF OPPONENTS IN THE POT

Jogando com “patos”, com um pote grande, e com grandes apostas nas rodadas iniciais, você não precisa se interessar em disfarçar sua mão. Quanto mais jogadores estiverem lutando pelo pote, menos você ganha disfarçando sua mão. Custa-se muito fazer isso. Você não está apto a fazer todo mundo dar “fold” quando aposta com uma mão ruim e custará muito perder apostas com uma mão boa. Ainda quando você permite muitos jogadores uma “free card”, suas chances de ser batido aumentam muito, principalmente por quem estava esperando quedas. No heads up disfarçar sua mão é muito mais necessário do que em potes disputados por vários jogadores.

Vamos a um exemplo: Você está com AA que é a melhor mão possível numa no limit hold’em. Você dá um pequeno “raise”, quatro ou cinco pessoas pagam (call) e agora alguém dá um substancial “reraise”. Você deve dar “reraise” novamente mesmo que isso o faça ser lido completamente pelos outros jogadores. Disfarçar a mão nesse momento torna-se errado, pois o que está no pote no momento conta mais do que as apostas em potenciais nos rounds futuros.

RESUMINDO:

A regra geral é: Quanto melhor forem os jogadores e menores os potes, mais se disfarça sua mão quando há mais cartas por vir. Quanto piores os jogadores e maiores os potes, mais se joga a mão normalmente desconsiderando se está sendo “lido” ou não.

Às vezes jogar sua mão normalmente pode ser a melhor maneira de se disfarçar uma grande mão e induzir seu adversário ao erro contra jogadores resistentes e que esperam que você a disfarce.

1 - Você está jogando contra grandes jogadores ou “super readers” 2 - O pote é pequeno em comparação às apostas futuras. 3 - A rodada de apostas presente é pequena em comparação às futuras. 4 - Você está jogando apenas contra um ou dois oponentes 5 - Você está jogando “slowplaying” uma mão monstruosa As duas primeiras são mais significantes. Não é necessário que todas apareçam juntas para se induzir o adversário ao erro, mas é recomendável que pelo menos três das cinco estejam presentes e pelo menos uma das duas primeiras.

Não use “deception” contra jogadores ruins, contra muitos jogadores, quando o pote está grande ou quando as apostas iniciais estiverem grandes. É especialmente importante jogar uma boa mão de maneira agressiva quando o

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pote está grande. A única exceção é quando você tem uma mão que não pode ser vencida, aí valerá a pena esperar as rodadas antes de agir.

Você deve jogar cada mão de cada sessão da maneira que o fará ganhar mais dinheiro e perder menos (exceto quando você intencionalmente joga uma mão erradamente para criar uma impressão ruim e usar disso um artifício nas futuras mãos). Sempre se lembre do TFP, quanto mais o oponente sabe sobre sua mão, menos ele cometerá erros. Entretanto, há situações que induzir ao erro pode custar caro e jogar diretamente é melhor. Nós iremos discutir essas situações no próximo capítulo.

CAPÍTULO 9

WIN THE BIG POTS RIGHT AWAY

Como mostramos no último capítulo, é sempre importante disfarçar uma grande mão para dificultar a “leitura” pelos seus oponentes e você ter maior “value” possível para ela. Entretanto, há uma dica especial da aplicação do Teorema Fundamental do Poker que é: À medida que o pote se torna cada vez maior, ganhe-o imediatamente! É natural que você queira que seu oponente jogue errado e jogue fora a melhor mão. Mas mesmo quando a sua mão é a melhor mão, é preferível que seu oponente desista do que dê “call” quando o pote é grande. A razão disso tem a ver com pot odds, quando o seu adversário tem odds para pagá-lo e joga fora, você ganha e quando ele tem não tem pot odds e o faz, você também ganha no longo prazo, mesmo que não ganhe esse pote em questão.

BETTING WHEN YOUR OPPONENT IS CORRECT TO CALL

Ao mesmo tempo seria incorreto não dar “bet” com a melhor mão, mesmo que você saiba que seu adversário terá odds para te pagar e tenha certeza que ele o fará. Não dando “bet”, você está dando a seu oponente uma chance grátis de fazer a melhor mão. Colocando de outra maneira, você está dando a ele “infinite odds”. Vamos dizer que seu oponente tem contra si 5-1 de odds de fazer uma mão melhor que a sua. Apostando $20 num pote de $150, você está oferecendo ao jogador 8,5-1 odds ($170-$20), então é correto para ele pagar os $20. Não apostando nada, você oferece a ele “infinite odds”, pois ele terá que pagar ZERO para ter a chance de ganhar $150. Então quando o pote é grande, é sempre correto apostar com a melhor mão. Mesmo que o adversário tenha odds favorável para te pagar, ele será menos “favorecido” com você apostando, ou seja, sairá mais caro para ele mesmo quando ele tem odds. E há ainda a chance de ele dar “fold” quando você aposta. (o que CK e Raul costumam chamar de taxa de take it down).

No jogo no limit é mais fácil ganhar grandes potes imediatamente, pois você pode apostar qualquer quantia para pressionar seu adversário. Então você pode escolher qual odds dar ao seu adversário. Por exemplo, com $150 no

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pote e seu adversário tem 5-1 de chance de fazer a mão almejada, apostando mais $150, você dá a seu adversário 2-1 odds ($300-$150), caso ele pague, você não ficará triste, pois ele estará jogando errado. Então, sempre que possível, com a melhor mão, aposte uma quantia grande suficiente para que caso o pague, o seu adversário não esteja fazendo a coisa certa. (em termos de pot odds).

A não ser que você tenha a melhor mão possível (nuts), você deve sempre dar a seu oponente a oportunidade de dar “fold” e fazer ficar o mais caro possível para ele pagar, mesmo quando pagando ele continue tendo odds favorável.

BETTING (OR RAISING) TO DRIVE OPPONENTS OUT

Um passo em direção a ganhar grandes potes é tirar da jogada o máximo de oponentes possíveis. Se um pote se tornou suficientemente grande para você tentar ganha-lo imediatamente, você deve definitivamente dar “raise”, até para tentar tirar o máximo de oponentes da mesa. Se todos os oponentes saírem, você ficará satisfeito, mas se seu “raise” cortar substancialmente o número de oponentes da mão, também será ótimo. Não é o caso se você fizer um four no flop ou no turn, nessa situação, a sua mão é tão boa que você vai querer coletar mais apostas com ela. Mas se você tiver com uma trinca e o bordo sugerir quedas para seqüência ou flush, você deve tentar ganhar o grande pote imediatamente, ao invés de permitir aos seus oponentes que vejam o “river” de graça ou de maneira muito barata. Para esse tipo de jogada, o pote não necessariamente precisa ser gigante, mas relativamente grande para a estrutura de apostas do jogo em que se está jogando.

BETTING (OR RAISING) WITH THE SECOND-BEST HAND

Há uma conclusão curiosa a respeito do princípio de tentar levar o pote imediatamente. É claro que você quer expulsar da mesa o máximo de jogadores possíveis quando você tem a melhor mão. Porém quando o pote é muito grande, é frequentemente desejável fazer o mesmo quando se suspeita que se tenha a segunda melhor mão. Especialmente quando se acredita que tem a segunda melhor mão e não está muito longe de ter a melhor mão. A sua porcentagem de chance de levar um grande pote sempre aumenta na medida em que seus oponentes vão dando “fold”.

RESUMINDO:

O conceito básico desse capítulo é muito simples. Quando o pote é grande, você deve ganha-lo agora mesmo. Para ganha-lo imediatamente, você deve apostar tanto quanto possível, esperando expulsar os adversários, ou ao menos reduzi-los. Você deve apostar e aumentar com a melhor mão, e deve frequentemente fazer o mesmo quando suspeita que a sua mão seja a segunda melhor. Quanto menos oponentes estiver no pote, maiores suas

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