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ESCOLA ABERTA ÀS DIFERENÇAS: O PENSAR, SENTIR E FAZER DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO EM REDE DE SABERES

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Academic year: 2021

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ISSN 21774013

ESCOLA ABERTA ÀS DIFERENÇAS: O PENSAR, SENTIR E FAZER DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO EM REDE DE SABERES

Profª Drª Mirlene Ferreira Macedo Damázio Universidade Federal da Grande Dourados/Faculdade de Educação

Área Temática: Projeto Político Pedagógico e Inclusão

Palavras Chaves: Inclusão - Projeto Político - Rede de Saberes

A construção de um projeto pedagógico institucional para uma escola aberta as diferenças no Brasil, com base em princípios decorrentes dos novos paradigmas inclusivos, tem encontrado dificuldades para se efetivar, em virtude de problemas relacionados com as decisões político filosóficas, pedagógicas e de gestão educacional. Esse modelo de escola centrado em si mesmo, não estabelece conexões com a totalidade, perpetuando o modelo de educação estável, centralizado, destinado homogeneamente a qualquer população, totalmente amorfo, que não respeita as diferenças humanas em uma perspectiva da escola de um e de todos.

Diante do exposto, e sob outro ponto de vista, este projeto de pesquisa-ação denominado Currículo em Rede de Saberes Contextuais Relacionais - gestão de escola inclusiva procura, primeiramente, considerar o ser humano, o conhecimento e o objeto de estudo de outra forma, a partir da base conceitual do pensamento pós-moderno, envolvendo a educação da consciência e da instrução da inteligência.

Este projeto apresenta resultados importantes para colaborar no aperfeiçoamento da gestão de uma escola aberta a todos, e neste momento contemplando as especificidades dos alunos com deficiência, alunos estes, com grandes dificuldades de frequentar e estudar na escola comum. A elaboração e execução de currículo nesta perspectiva geram possibilidades enriquecedoras para as ações de uma gestão de escola inclusivas, no qual, a sala de aula é a grande beneficiadora.

Nessa perspectiva, o projeto se inscreve num sistema complexus, que significa abranger várias partes interdependentes, como membros de um todo. E este nos leva a pensar a educação e o currículo numa tomada de posição complexa, em que se tenha a visão do todo e do conhecimento uno, favorecendo a comunicação e o diálogo entre os saberes, de forma conectada, produzindo nos sujeitos sentidos do aprender.

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Diante disso, compreendemos que o homem interage com o meio social e físico num processo contínuo de construção e reconstrução, visando aprimorar sua própria existência e tendo em vista suas necessidades básicas. No decorrer desse processo, o conhecimento e a realidade são socialmente construídos pelo homem por meio de vivências, experiências, situações significativas que desencadeiam formas de comportamento.

Neste contexto, existe uma interdependência de tudo, no qual, a complementaridade de uma pessoa para a outra é a priori, o começo de tudo. De acordo com este pressuposto, a organização curricular de uma escola aberta às diferenças, segue os seguintes princípios: legitimação de uma concepção ampliada de homem e de mundo, a partir do equilíbrio do homem com a natureza, numa visão da auto e eco organização; valorização e prática dos valores humanos; condução ao caminho do autoconhecimento e reconhecimento do outro e a auto realização e auto organização; fomento ao espírito de equipe, parceria, cumplicidade e os sentimentos de nós e de pertença; respeito às diferenças individuais e coletivas, na compreensão multicultural crítica; concepção de um currículo contextualizado, alicerçado nos valores histórico-culturais, em ação e movimento continuum, que provoque a flexibilidade, o diálogo, a recursão, a organização do homem no mundo, nas dimensões da complementaridade e da complexidade; provisão de um ambiente de aprendizagem, no qual o aluno é observador, é observado de forma intensa e reflexiva, procurando não só sua formação, mas provocando movimento e transformação; processos de ensino e de aprendizagem que deflagrem o aprender a aprender; estabelecimento de uma metodologia de ensino que possibilite ao ato educativo um campo pedagógico rico de vivências, experiências, experimentações, investigações, criações e inovações.

Diante do exposto, trabalhamos para que os profissionais dessa proposta de escola desenvolvam qualidades e capacidades diferenciadas para cada momento do ato de ensinar a aprender a aprender, respeitando os princípios pedagógicos, abaixo descritos: autoridade baseada numa relação de respeito e responsabilidade; observação como eixo íntimo para a construção contextual relacional vivencial; heterogeneidade, singularidade, como pilares de compreensão da individualidade e das diferenças humanas; respeito aos ciclos naturais de desenvolvimento humano; consideração do conhecimento como energia viva, dissipadora, que provoca movimento transformacional continuado e recursivo; aprendizagem compreendida como processo vivencial contextual, sintônico, construída por meio de ambientes estimuladores do aprender a aprender.

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Assim, o projeto político pedagógico, é desenvolvido por meio de conhecimentos em rede de saberes contextuais e procura romper com o paradigma moderno da simplificação, o qual não legitima a fragmentação do conhecimento, a homogeneidade, a hierarquização dos saberes, a linearidade, os estereótipos, os estigmas e os preconceitos de um fazer educativo centrado no idealismo, no intelecto, no individualismo e na reprodução social.

No cotidiano da escola adota-se o movimento curricular que não se centra na disciplinaridade, nem na hierarquização dos saberes e nem na seriação. O processo curricular é organizado em rede de saberes que rompem com a mera visão de interação de disciplinas, ou seja, a interdisciplinaridade, e desenvolve as dimensões da interdependência, da complementaridade, da conectividade, que reconhece uma matriz axiomática entre as ciências, de forma relacional contextual.

Assim, optamos por adotar, a construção do conhecimento em rede de saberes contextuais relacionais que propõe uma organização dos saberes em forma de matrizes axiomáticas. Essa matriz é contextual relacional e nela os conhecimentos estão conectados. Assim, há um fluxo total e único, um movimento contínuo complexo, formando sistemas abertos e fechados de saberes, por meio de um processo complementar que provoca interconectividade, inclusividade, flexibilidade, cooperação e inteireza.

Fotografia: Fernando Gomes

Esse processo rompe com a visão seriada e disciplinar que provoca rupturas e desconexões na compreensão do mundo e do homem no mundo, ou seja, fragmentações no pensar e agir humanos. Essa matriz segue os ciclos do desenvolvimento e as fases da aprendizagem humana, bem como considera as habilidades e saberes essenciais de ser trabalhado na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. É importante demarcar, que

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Pode-se dizer que, em tempos de pós-modernidade, em início do terceiro milênio, sob a força de grandes acontecimentos, mudanças, rupturas e desagregações, que o currículo em rede de saberes insere-se nesse paradigma emergente de acordo com a perspectiva de uma escola aberta a todos, e, portanto inclusiva.

Essa proposta curricular propõe o re-ligare do ser humano, buscando a educação da consciência e a instrução da inteligência, pois é por meio dessa simbiose que atuaremos na esfera da vida, na esfera da inteligência e na esfera da consciência. Se o desenvolvimento da inteligência for estimulado sem a educação da consciência, este Ser poderá deteriorar-se, predestinando-se a seguir caminhos perigosos e ser relegado a uma condição humana inferior (ROHDEN, 1997, p. 43).

Precisamos educar verdadeiramente, deixando manifestar o que de melhor existe na natureza do homem. Enfim, nesse processo educativo de interdependência e simbiose entre a educação da consciência e a instrução da inteligência, para a era das relações e contatos humanos, o projeto político organizado em rede de saberes contextuais relacionais significa preparar para a individualidade e a coletividade o sujeito humano, a fim de provocar um processo comunicacional dialogal global e a superação da imanência, da imediaticidade, buscando, assim, a transcendência (um processo de mudanças) do social, do cultural e do histórico-ideológico, com a ruptura de fronteiras, instituindo uma sociedade mais solidária, fraterna e humana, em que os saberes não aprisionem o corpo ao poder, mas possam liberá-lo para o amor, a compaixão e a paz. E ter consciência é saber do nosso grande poder: o poder de ser humano – “ser gente” e promover a inclusão, a inteireza e a plenitude.

Bibliografias

DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Educação Escolar de Pessoa com Surdez: uma

proposta inclusiva. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2005. 117 p. Tese de

Doutorado.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs- Capitalismo e Esquizofrenia -Vol. 1. São Paulo: Editora 34, 1995.

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 3 ed. Lisboa: Stória, 2001.ROHDEN, Humberto. Educação Cósmica - Autoconhecimento e Auto realização. São Paulo: Martin Claret: 1997.

ZOHAR, Danah. O Ser Quântico – Uma visão revolucionária da natureza humana e da

Referências

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