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A história do menino beija-flor através do olhar da família

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Academic year: 2021

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A história do menino beija-flor através do olhar da família

Eixo temático: Contextos sociais e Educação Inclusiva

Autoras: Gabriela Brutti Lehnhart (Acadêmica do Curso de Educação Especial, Noturno, Universidade Federal de Santa Maria);173 Mara Rubia Alves da Silva (Departamento de Desportes Individuais, CEFD, Universidade Federal de Santa Maria)

Resumo: O objetivo deste texto é apresentar um breve relato sobre o Projeto de Extensão “Extremus” ao longo de seus 15 anos, mostrando a proposta e os métodos trabalhados com os alunos participantes, bem como apresentando o relato de uma mãe sobre a trajetória do filho com Transtorno Espectro Autista (TEA) durante os últimos seis anos nos quais participa do projeto. O Projeto “Extremus” foi criado em 2001 como Extensão no Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria (RS). Conta com participação de alunos cadeirantes e com outras deficiências, como os alunos com TEA, a partir de uma proposta de trabalho interdisciplinar, realizado com profissionais e acadêmicos de diferentes cursos da Universidade. Neste estudo, também foi realizada uma entrevista com a mãe de um dos alunos participantes com o diagnóstico de TEA, na qual são descritas duas categorias principais: os aspectos de mudanças e a trajetória acompanhada no Projeto. Metodologicamente, nos períodos de janeiro, fevereiro e março, nos encontramos para avaliação e planejamento das atividades a serem desenvolvidas durante o ano letivo da Universidade. Durante o período das atividades, realizamos dois encontros semanais, o primeiro para o planejamento e segundo para as aulas e as demais atividades, conforme será descrito a seguir.

Palavras-chave: dança, inclusão, interdisciplinar, transtorno espectro autista (TEA).

INTRODUÇÃO

Neste texto, apresentaremos o Grupo de Dança Sobre Rodas Extremus, criado em 2001 dentro do Projeto de Extensão “Uma proposta de Dança para pessoas com deficiência física”, da Universidade Federal de Santa Maria (RS), juntamente com suas propostas e métodos desenvolvidos e o relato de uma mãe sobre o seu filho, participante do Projeto com diagnóstico de TEA. Em 2016 o Projeto Extremus completou 15 anos, contando com a participação de 17 alunos com deficiência: 14 cadeirantes e com outras deficiências e três alunos com Transtorno Espectro Autista (TEA).

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Com uma proposta de um trabalho interdisciplinar, temos a colaboração de profissionais e de acadêmicos (monitores) nas áreas de Fisioterapia, Educação Física, Educação Especial, Terapia Ocupacional, Dança e outras afins, buscando desenvolver uma proposta de Dança que englobe os princípios da Dança-educação, Dança-terapia e Dança-arte na melhoria dos aspectos físicos, psicológicos, sociais e promover a inclusão social e cultural desta população.

A partir de ações desenvolvidos no Projeto, pretendemos mostrar como a Dança pode propiciar vários benefícios, melhorando as capacidades motora, cognitiva, social, desenvolvimento físico, dentre outras, e contribuindo para o resgate da autoestima e autoimagem, além de promover a melhora do relacionamento da pessoa consigo mesma, com as outras pessoas e com o mundo, pois oportuniza vivências e experiências em Dança.

Em janeiro desse ano, foi realizada entrevista com a mãe de um dos alunos participantes do projeto com o diagnóstico de TEA, onde destacamos, por meio de duas categorias, o relato da trajetória do aluno e os aspectos de mudanças apresentados com a frequência no Projeto. Na primeira categoria, podemos destacamos que foi o primeiro aluno com TEA a participar no Projeto, se observou que a inclusão ocorre de forma gradativa, em que todos buscaram desenvolvê-la, evidenciando as potencialidades de cada aluno. Referente à segunda categoria, relatou-se que a participação do aluno no Projeto só trouxe melhoras, sendo assim, foram obtidos grandes resultados, pelo seu próprio desenvolvimentos alcançados e sua evolução, tendo uma participação frequente nas aulas do Projeto.

Na afirmação de Winnick (2004), a Dança respeita os indivíduos pelo que eles trazem no momento, suas habilidades e experiências. Ressalta também que a Dança é totalmente inclusiva, quando não tem objetivo maior à técnica do movimento e sim ampliar o universo de possibilidades de se vivenciar a corporeidade, através do movimento expressivo.

1 OBJETIVOS

Apresentar um breve relato sobre o Projeto de Extensão Extremus ao longo de seus 15 anos, mostrando as propostas e os métodos de trabalho numa parceria interdisciplinar; relatar a trajetória de um dos alunos participantes do projeto com TEA, num movimento de inclusão.

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2 MÉTODOS

No período em que as ações do Projeto estão sendo desenvolvidas, as aulas acontecem aos sábados (durante o ano letivo da UFSM) a partir das 14h na sala de Dança do Ginásio Didático n.º 02 do Centro de Educação Física e Desportos, com duração de três horas cada aula. Nosso público-alvo são crianças, adolescentes e adultos, numa faixa etária de 8 a 29 anos.

Ao início do ano, começam as reuniões que ocorrem em outro dia da semana, entre a coordenadora do Projeto e os demais monitores, em que são traçados os objetivos, metas, organização dos encontros conforme as datas do calendário, eventos, programação para os espetáculos, festa comemorativas e oficinas. Conforme a necessidade, abrem novas vagas para monitores das diversas áreas, onde ocorre divulgação e depois uma reunião com apresentação do Projeto.

A preocupação com a atitude interdisciplinar, a visão do ser humano como um todo, e o conhecimento da eficácia deste método no desenvolvimento da Dança com pessoas com deficiências foram fatores determinantes para buscarmos fundamentação teórica e a aplicação do método juntos aos sujeitos que compõem este Grupo de Dança.

A iniciação do Projeto se dá a partir da liberação do transporte, através do apoio da Pró-Reitoria de Extensão/Administração Central da UFSM, sendo que a mesma parte nos sábados às 12 horas do centro da cidade de Santa Maria (RS), juntamente com o motorista e mais duas monitoras, passamos na casa dos alunos, onde aplicamos algumas técnicas como o manejo da cadeira, as transferências dos alunos para o transporte e demais auxílios.

Ao chegar ao Ginásio Didático (sala de Dança), ocorre a transferência dos alunos, do transporte para as cadeiras feito pelas monitoras. Após todos estarem presentes, iniciamos com a Roda de Conversa, ministrada por um dos monitores, que dará os recados e apresentará as atividades que ocorrerão durante a aula. Dando sequência, fizemos o alongamento e o aquecimento, esse feito por um monitor da área da Educação Física e/ou Dança.

Para formação de novos espetáculos/coreografias produzimos aulas/oficinas de processos criativos, de expressão corporal e o estudo de materiais audiovisuais que, ao final, visará a composição coreográfica. Após, iniciamos os ensaios das coreografias.

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Igualmente, buscamos trazer oficinas a serem realizadas e serem decididas conforme a demanda do grupo de monitores, pensando nos usuários do Projeto, por exemplo, quando há monitores novos procuramos realizar oficinas de manejo de cadeira e transferência, a partir daí, procuramos fazer outras oficinas, junto com as demais atividades.

Procuramos palestrantes conforme a necessidade e o interesse pelo assunto por parte dos alunos e dos monitores, alguns temas abordados até agora foram: Sexualidade e Deficiência, Expressão Corporal, Processos criativos, Maquiagem para bailarinos, patologias e conhecimentos gerais. As reuniões com os pais acontecem a cada início de semestre, buscando realizar a anamnese, quando necessário, também apresentamos o Plano de Atividades e as metas a serem atingidas durante o ano, como um momento de socialização e confraternização entre todas as famílias.

Para o encerramento da aula, retomamos a Roda de Conversa, fazendo um breve comentário sobre a aula, uma avaliação geral e, deixamos aberto para todos fazerem seus comentários sobre a aula.

Durante ano realizamos algumas festas, como de costume temos a Festa Junina, Festa da Primavera, Festa do Final de Ano e realizamos uma vez por mês um lanche coletivo ao final da aula.

No ano de 2016, o Projeto completou 15 anos. Para a comemoração foi montado o Espetáculo “Nas rodas da Tradição”, elaborado e apresentado no dia 14 de dezembro no Complexo Didático Artístico do CEFD/UFSM. O processo de construção coreográfica foi realizado junto aos alunos, caracterizando uma construção coletiva. O referido espetáculo foi baseado na Cultura Gaúcha, onde utilizamos algumas estratégias metodológicas, tais como: trabalho de improvisação em duplas utilizando lenços e alternando duplas, propondo a interação dos alunos e monitores, sendo um divertimento ao mesmo tempo em que estão trabalhando e se expressando através de movimentos que se sentem prazer de ser realizado naquele momento, em que o corpo necessita e precisa.

Nos processos criativos utilizamos imagens que os alunos trouxeram sobre o tema da Cultura Gaúcha para realizarem em grupo a atividade de trazer no corpo o que cada imagem trazia de significado para cada um, em que contexto a imagem estava e qual o sentido ela nos remetia. Outro processo foram os de objetos relacionados com a Cultura Gaúcha, podendo manusear de diferenças maneiras por cada um deles, ao mesmo tempo tendo o objeto na mão e em outros casos

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não, mas sabendo o verdadeiro sentido de todo o movimento e de onde saiu, podendo ter variações de movimentos pequenos e ampliados, acrescentando qualidade e podendo descontruir o movimento inicial. Trabalhamos as criações com base em lendas, que foram lidas para os alunos, para assim serem destacados alguns aspectos que chamaram a atenção podendo compartilhar para o grupo o que gostou e propor um movimento cada um para a montagem da célula coreográfica.

Em algumas atividades propostas, foram utilizados os princípios do Laban (1990) e Spolin (1982) como as direções, deslocamentos, qualidades de movimento e jogos cênicos, devendo aparecer no processo o que cada grupo foi solicitado na atividade, tendo que explicar e mostrar o que fez. Ao longo da caminhada rumo aos últimos detalhes, tivemos além de ensaios gerais, ensaios extras para assim poder estruturar e elaborar melhor as coreografias, sendo assim um tempo de estarmos mais perto dos alunos, tendo todo o cuidado e dedicação para eles se sentirem bem e motivados para o dia da apresentação.

O Projeto/Grupo de Dança sobre rodas “Extremus”, igualmente, para comemorar seu aniversário, realizou uma festa para que pudesse encontrar os alunos e monitores participantes do Projeto em toda a sua trajetória. A festa foi realizada com o empenho dos pais, dos alunos, monitores e da coordenadora, onde tivemos vários momentos como a Dança da valsa, a apresentação de fotos, as homenagens e ao final tivemos o baile.

Da mesma maneira, enquanto foco deste estudo, apresentaremos a trajetória de um dos alunos do referido Projeto, para tanto foi elaborado um roteiro de entrevista utilizado com a mãe do aluno com TEA. Possui perguntas desde dados gerais da mãe e do filho, sobre os aspectos de mudanças após a frequência do seu filho no Projeto em questão, que serão apresentados a seguir nesse texto, enquanto categorias analisadas.

A mãe entrevistada, a partir de agora vamos identificá-la como (M) e o seu filho/aluno identificaremos com (A), ressaltamos que a entrevista foi gravada e transcrita pelo seu tempo de áudio, tendo a autorização da entrevistada, com média de duração de áudio de doze a quinze minutos, sendo que foram respondidas doze perguntas feitas pela entrevistadora. Cabe destacar que a nossa entrevistada (M) tem outros filhos mais velhos que o aluno (A). A idade de (A) é dezenove anos, tem o seu diagnóstico de TEA desde quando tinha um ano e meio de idade, sendo residente da cidade de Santa Maria (RS).

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3 ANÁLISE DAS CATEGORIAS

Como já mencionado anteriormente, será apresentado o relato da mãe (M) e, para preservar a identidades de monitores e alunos do Projeto, foi utilizado uma letra em maiúscula, seguida pelo ponto, mantendo o relato da entrevista na íntegra. Apresentaremos as duas categorias selecionadas:

1. Relato da trajetória do aluno;

2. Aspectos de mudanças apresentados com a frequência no Projeto. 3.1 Relato da trajetória do aluno

O aluno (A) aqui mencionado foi o primeiro aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a participar no projeto. Hoje, o Projeto conta com mais dois alunos com o diagnóstico. A seguir, apresentam-se relatos sobre a trajetória no Projeto e momentos que marcaram ao longo dos seis anos de participação, junto ao aluno (A) aos demais participantes.

De ver ele dançando pela primeira, de ele fazer, dele saber o lugar de sair, lembra que ele tinha aquelas birras, de ficar e não sair, de ver, que ele saiu na hora que tinha que sair, entrou na hora, elas fizeram um milagre, nas últimas apresentações ele sai, sabia, que foi assim, ele teve nas outas terapias, que o Extremus ajudou muito, mesmos com as outras terapias, acho que tudo foi, só foi somando, que lá tinha participação dos outros, nas outras terapias era só ele, lá ele podia ajudar, quem podia, ele por exemplo a L., que ele ouve. (M)

Ao perguntarmos sobre as dificuldades para o aluno (A) entrar no Projeto, a mãe respondeu que:

Não, não houve, o que eu vi assim que não houve mesmo, que tivesse, não precisa dez C., mas umas três C. iguais, só porque deu trabalho, todo mundo, assim, estava acostumado, com gente parada, que não andava, o (A) não parava nunca, ele corria e não sentava, pouca coisa, depois sim, ele sentava, ele era bem, e foi aceitação do grupo, da paciência, me lembro de uma vez que ele não quis descer da van, não ia mais e a C. disse leva, depois entendi, que era o lugar que ele mais gostava de ir de ficar, não queria sair da van. O que eu acho que muita coisa que o (A) participou, que tive uma C. ou umas meninas como tinha, vocês né, tinha tu, tinha outra menina que ajudou bastante a B., a L., ajudava bastante, tinha uma outras. A L., G., é isso que fez, elas tiveram paciência, souberam entender, porque para elas foi bem trabalhoso, (...) o (A), eu acho que foi o primeiro que tinham que está atrás dele. (M)

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Quando questionamos sobre a dificuldade para permanência do aluno (A) no Projeto, a mesma relatou que:

Deles lá nunca, sempre elogiei, sempre falei que ele tivesse na escola, um acessoriamente desses. (M)

Acreditamos que esta proposta do Projeto representa uma oportunidade para os nossos alunos desfrutarem o movimento, expressarem seus sentimentos, descobrirem suas possibilidades, apropriarem-se de suas vidas e libertarem-se das amarras sociais e dos preconceitos, desconstruindo conceitos e limites, sendo assim, se observou que a inclusão se deu de forma gradativa, onde todos buscaram desenvolvê-la, evidenciando as potencialidades de cada participante e aluno.

Atualmente, há vários movimentos para a inclusão das pessoas com deficiência em diferentes âmbitos da sociedade. Contudo, a maioria permanece distante dessa realidade. Santin (1999) ressalta que a sociedade atual está sendo educada para valorizar aspectos como produtividade e racionalidade, ocasionando um distanciamento do homem do seu corpo.

Ainda, torna-se importante colocar, que experiências pregressas positivas e outras que estão em desenvolvimento com relação à Atividade Física Adaptada ou à Educação Física Adaptada, nos permite afirmar que vivências e experiências desta natureza para pessoas com deficiência e TEA, são de extrema valia e importância para o seu processo de desenvolvimento, contribuindo de forma positiva em sua inclusão, em sua evolução no seu aprendizado/educação e para a sua qualidade de vida.

3.2 Aspectos de mudanças apresentadas com a frequência no projeto

Conforme relato feito pela mãe do aluno participante, apresentaremos nessa categoria mudanças apresentadas pelo aluno sobre a observação da mãe, houve benefícios para ambos, mesmo passando por momento difíceis.

Segue relato da mãe sobre citar aspectos de mudanças observadas a partir da participação de seu filho no Projeto:

Comportamento, ajudar, entendimento, com tá as coisa, que eu vi que ele aprendeu lá, porque ele chegava, contava, ajudar, coisa que nunca, depois eu via ele ajudando, tentando, depois agora, eu acho, que podia confiar, que acompanhei ele por um tempo, ai

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depois que o C. morreu, ficou difícil, agora tenho a mãe, como eu ia passar com ela, que também ele que aprender a ir sozinho, o que ultimamente ele não queria que eu fosse, ele dizia que não precisa, até agora ele guarda tudo , se eu compro um refrigerante, bolacha diferente, é para dança, todo o dia ele pergunta quando é a dança, ele amou a festa da dança, ele fica toda hora quando tem festa da dança, ai digo que agora está de férias. (M)

Segundo o relato descrito pela mãe, antes do seu filho/ aluno de participar e de sua rotina do Projeto:

Antes dele entrar no projeto ele ia, acho que umas cinco vezes na UNIFRA, ele ia na TO, ia na psicóloga, ia no dentista, e tava indo no M. N., eu acho, naquele tempo, [...], já tinha parado de ir em São Pedro, que antes ele ia em São Pedro também, tinha umas quatro terapias, e tava bem difícil, uma época, tinha aquelas coisas de empacar e não querer. (M)

A mãe (M) relata que a participação de seu filho no Projeto só trouxe melhoras para todos, sendo assim, foram obtidos grandes resultados, e consequentemente houve a diminuição das terapias, pelo seu próprio desenvolvimento alcançado e sua evolução no projeto, tendo uma participação frequente nas aulas e completando seis anos de participação no projeto.

Diante desses fatos, algumas pessoas com deficiência sentem dificuldade em vivenciar ou não vivenciam atividades corporais e de interação social, ficando restritas ao convívio com familiares, escola ou nas clínicas de reabilitação. Este distanciamento do convívio social mais amplo acaba ocasionando uma diminuição nas relações sociais do sujeito interferindo diretamente na qualidade de vida destas pessoas.

4 RESULTADOS E AVALIAÇÕES DO PROJETO

O Projeto participa da Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas, através de Simpósios, Mostras e Campeonatos de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas, cada ano é realizado em uma cidade diferente. Paralelamente, realizamos pesquisas oriundas do Projeto que são apresentados em seminários, congressos e jornadas acadêmicas, como por exemplo o European Congress of Adapted Physical Activity, realizado 2014, na cidade de Madri (Espanha) e o de 2016, que foi realizado na cidade de Olomouc (República Tcheca).

Os espetáculos apresentados em 2012, 2014 e 2016, respectivamente, Espetáculo de Dança “Mais Forte do que Todos os Ventos Contrários”, o Espetáculo de Dança “Sentidos Coloridos” e o “Nas rodas da Tradição”.

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Avaliamos a Dança para o Projeto na devida forma, da afirmação Nanni (1995), o sucesso, a alegria, a excitação, a realização que os praticantes experimentam a partir das atividades em Dança, permite aos mesmos reforçar o seu autoconceito, a autoestima, a autoconfiança e autoimagem.

No grupo, resgatamos a Liberman (2008), assim, as formas que os corpos assumem a cada momento e em cada situação, as diferentes maneiras de participação do sujeito em uma ou outra proposta e as palavras que acompanham suas experiências constituem elementos reveladores e, ao mesmo tempo, produtores da diversidade, de realidades e de singularidades.

5 DISCUSSÃO

Compreendemos que a inclusão de pessoas com deficiência através da Dança pode acontecer quando profissionais evidenciarem cada vez mais as potencialidades destas pessoas.

Na descoberta do TEA acontece através de diagnóstico médico, sendo assim ocorrem mudanças significativas para toda a família, em responsabilidade de cuidar desse sujeito e de novos tratamentos com diversos profissionais.

A partir do DSM-5 passou a utilizar o termo TEA (Transtorno do Espectro Autista) a qualquer pessoa que se encaixe no espectro. Cabe destacar que o TEA é identificado como: comportamental (que há diferentes graus de acometimento, e provavelmente múltiplos fatores etiológicos) e sobre o atraso ou mesmo a falta da comunicação (déficits característicos de comunicação social são acompanhados por comportamentos excessivamente repetitivos, interesses restritos e insistência nas mesmas coisas).

Pode-se, portanto, encontrar diferentes níveis de comprometimentos tanto na comunicação e interação social, quanto no comportamento, já que a condição varia de pessoa para pessoa.

Deparam-se com diversas barreiras, que vão desde a impossibilidade de deslocamento provocada pelas barreiras arquitetônicas às dificuldades causadas devido às barreiras atitudinais e ao estigma. Todavia, Vendramin (2013, p. 16-17) afirma que:

A sociedade hoje está deixando de considerar a deficiência a partir de um modelo médico e passando a entendê-la a partir de um modelo social. No modelo médico, a pessoa é deficiente pela sua condição mental, sensorial e física específica, que deve ser tratada para ser corrigida e “normalizada”. No modelo social, o que limita a pessoa, tornando-a deficiente, são as barreiras sociais tanto ambientais como comportamentais e culturais. Esse

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modelo social de deficiência é atualmente adotado pela ONU; mesmo assim, ainda existem muitos resquícios do modelo médico inseridos no entendimento e no comportamento da sociedade e da dança.

Com a Dança, temos a possibilidade do que Vendramin (2013) chamou de “desafiar o discurso sobre tragédia que está incorporado na sociedade e a ideia de que o corpo deficiente é naturalmente um manifesto sobre deficiência”. Para essa autora, o conhecimento influencia o modo como vemos a diversidade corporal e como a percepção pode mudar devido ao conhecimento, pois é preciso compreender que há uma diversidade de pessoas com deficiência e que, na dança, essa variedade de corpos também pode criar uma variedade de práticas.

Se por um lado a dança se estabiliza criando técnicas e estéticas fechadas, por outro lado a premissa de que apenas corpos determinados são apropriados para determinado tipo de dança vem sendo desafiada através de toda a história da dança, criando o espaço para a criação de outras técnicas e estéticas. (VENDRAMIN, 2013, p. 28-29).

Assim, a Dança pode surgir em suas vidas como uma forma de inclusão social. Mais do que o sentimento de pertencimento por parte do dançarino, a Dança também pode, para Vendramin (2009, p. 34):

[...] desafiar conceitos e mudar as formas de atuar e responder estabelecidos socialmente. Este é um sistema dinâmico de geração de significado que reestrutura o que conhecemos sobre um assunto. Os trabalhos de dança reinformam a plateia sobre o que ela conhece sobre deficiência e o modelo social sobre a deficiência certamente tem influenciado a mudança de paradigmas sociais.

Nesse sentido, Nanni (1995) afirma que por meio da Dança o ser humano poderá emancipar-se socialmente, porque a criatividade possibilita a independência (reflexão), a liberdade (decisão) e a autonomia (criação).

Além da Dança em si, um fator socializante muito importante é o fato de que para ir até o local onde a atividade é desenvolvida, a pessoa com deficiência física terá que entrar em contato com outros indivíduos, seja no transporte, no próprio local e com os colegas de Dança.

Portanto, a Dança, que nasceu nas civilizações individualistas, nos dias de hoje pode contribuir significativamente para a realização de uma sociedade aberta onde o comunitário não se degrade em totalitário, nem a expressão da pessoa em individualismo, mas ao contrário, o homem possa conjugar sinfonicamente, sua dimensão social e sua criatividade em um sistema consciente de sua relatividade e aberto para o futuro (GARAUDY, 1980).

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Em atividades interdisciplinares ocorre entrosando do conhecimento de diversas áreas, que devem ser acompanhados de vivência prática e fundamentações teórica, para que se atinja um melhor nível de conscientização profissional. No projeto temos como importância do conhecimento das diversas áreas sendo integrados para atingir um fim em comum: a melhora da condição física, psicológica e social destes indivíduos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No espetáculo de 2014, “Sentidos Coloridos” , após longo período de ensaio, e observando a necessidade de uma pessoa de apoio para o nosso aluno da entrevista, o qual demos o codinome de (A), para sua apresentação durante o espetáculo, quando as instruções dos monitores para entrada e saída de palco foram feitas, o que gerou a todos presentes foi a maior alegre e satisfação de poder ver o nosso aluno (A) realizar toda a sua apresentação de forma perfeita, sem que seu apoio se utilizasse de algum movimento, o aluno (A) se apresentou com o Beija-flor da noite, que despertou as lindas rosas, durante a canção de Marisa Monte, Alta Noite, ao final de sua apresentação, como um grande Beija-Flor, recebeu muitas aplausos, as quais ele esperava muito e as recebia vibrante, pois a todos ali presente, era mais um passo que tinha conquistado.

Oportunizaremos e estimularemos a cada momento a estarem sempre em constante busca pelo conhecimento e atualizações, para que envolvam e constituem as especificidades de cada indivíduo e do ato de dançar, considerando sempre os benefícios que a Dança proporciona, além de valorizar e reconhecer a participação de cada um no Projeto.

Existe um trabalho que está dando certo, pois ao longo de quinze anos houve muitas mudanças, e concretizou um trabalho interdisciplinar das diversas áreas que o Projeto abrange, e qualificando ao final um profissional com uma vasta aprendizagem sobre vários assuntos, cada dedicação e interação que transforma a visão do outro como um todo, e eles se fortalecem com cada encontro e momento de socialização, pois cada aluno nosso traz consigo uma história de vida, de uma forma natural vem ocorrendo a inclusão nesse espaço.

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REFERÊNCIAS

GARAUDY, R. Dançar a vida. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. LABAN, R. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990.

LIBERMAN. Flavia. Delicadas coreografias: instantâneos de uma terapia ocupacional. São Paulo: Summus Editorial, 2008.

NANNI, D. Dança educação: princípios, métodos e técnicas. Rio de Janeiro-RJ: Editora Sprint, 1995.

SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 1982. SANTIN, Silvino. Educar e Profissionalizar. Editora Est. Porto Alegre, 1999.

VENDRAMIN, Carla. Discurso e prática da dança inclusiva/integrada: uma análise com

referência a companhias e ao ambiente de dança no Reino Unido. Revista online Entre ideias: educação, cultura e sociedade. Editorial de Nelson De Luca Pretto, n. 16, p. 25-38 e 34, 2009.

VENDRAMIN, Carla. Diversas danças —diversos corpos: diversos corpos: diversos corpos:

discursos e práticas da dança no singular e no plural. Ciências e Artes, Caxias do Sul, v. 1, n. 3,

p.16-17 e 28-29, 2013.

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