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A LINGUAGEM ESCRITA NA UNIVERSIDADE: RURAL VERSUS URBANA

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Academic year: 2021

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A LINGUAGEM ESCRITA NA UNIVERSIDADE: RURAL VERSUS

URBANA

Dalete Manhães Borges do AMARAL (UEMS)

daleteamaral@hotmail.com

Maria José de Toledo GOMES (UEMS)

maria_jose_505@hotmail.com

Resumo: O presente trabalho trata-se de uma reflexão a cerca das dificuldades encontradas no texto tanto

de alunos usuários da variação rural quanto de acadêmicos que viveram a maior parte da vida na zona urbana. Neste artigo, serão apontados aspectos da oralidade presente na escrita e também a frequência de “erros” ortográficos nos textos. Foram usadas para essa análise textos escritos pelos acadêmicos do 4º ano de Geografia da Unidade de Glória de Dourados da UEMS.

Palavras-chave: Linguagem escrita; redação; rural; urbano.

1 - INTRODUÇÃO

Várias pesquisas têm sido feitas sobre o falar rural e sobre as marcas deste na escrita dos falantes, no entanto, neste trabalho, foi estudada a influência da variação rural na escrita dos acadêmicos que estão concluindo o ensino superior.

Antes de iniciar as considerações referentes ao tema, faz-se necessário um breve comentário a respeito da Universidade e sua clientela que foi o objeto de nossa análise.

A Fundação Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS, foi concebida com o objetivo de mudar o cenário educacional no Estado. Para isso, foi criada uma universidade que fosse até o aluno, em função das distâncias e dificuldades de deslocamento.

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Assim, a Unidade da UEMS em Glória de Dourados, cidade situada no interior do estado, é fruto desse ideal e conta atualmente com duzentos e cinquenta e nove alunos, também vindos, em sua maioria, do interior do Estado de Mato Grosso do Sul.

No curso de Geografia, pelo menos 15% dos alunos moram na Zona Rural e, além desses percentuais, muitos acadêmicos são filhos de sitiantes que migraram para a cidade em busca de melhores condições de vida.

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo fazer alguns apontamentos sobre a escrita dos acadêmicos do 4º ano do curso de Geografia de Glória de Dourados, levando em consideração sua origem rural (R) ou urbana (U). Também visa analisar a frequência do uso informal da língua oral presente na escrita dos pesquisados e apontar algumas inadequações de ordem ortográfica.

A pesquisa foi feita tendo como corpus redações escritas pelos acadêmicos formandos em Geografia e o tema proposto foi: „Qual a perspectiva profissional do formando em Geografia no mercado de trabalho atual?‟

Para a análise usamos como amostra 22 redações, sendo 12 de alunos oriundos da zona rural e que tem como pais sitiantes, que sempre viveram no campo; e 10 redações de alunos que, tanto eles como seus pais, são da zona urbana. Todos estão na 4ª série do curso de Licenciatura em Geografia e têm entre 20 e 35 anos.

2 - PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

2.1 O rural e o urbano

Em virtude da extensão do Brasil e de fatores socioculturais, a língua portuguesa é bastante diversificada e repleta de características de cada localidade e de seus habitantes. Isto tem sido um desafio constante no ensino da língua, pois os estudantes,

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frequentemente, apresentam fala muito distante da norma tida como padrão e, por isso, tem dificuldade no aprendizado de tal norma.

Por ser uma parte constitutiva do ser humano, a linguagem é sujeita a alterações. Da mesma maneira que o homem evolui e transforma-se constantemente, é previsível que haja variações e mudanças linguísticas. Segundo Labov (apud BARONAS 2009, 17), a variação linguística é natural, é essencial à linguagem humana. E isso é percebido inclusive na Universidade, onde alunos de vários lugares se encontram trazendo seus falares característicos.

A respeito dessa diversidade lingüística, Lemle (apud VEADO 1982, 98) diz: “nunca é demais frisar: o objetivo a ser proposto não é „aprenda uma língua culta em vez do português que você fala‟, e sim: „aprenda a norma culta além do português que você fala‟, e utilize um ou outro segundo as circunstâncias”.

O papel da escola é ensinar a norma padrão a partir da linguagem familiar do aluno, quer na forma oral ou escrita, e seria natural que na universidade este alvo já tivesse sido alcançado para que o indivíduo fosse capaz de se relacionar de forma bem sucedida com a comunidade urbana.

2.2- Linguagem Coloquial e as Marcas da Oralidade

Segundo o dicionário Houaiss, o termo coloquial serve para designar, entre outras definições, variante da língua falada em situações informais ou de pouca formalidade (HOUAISS, 2011, 763). No entanto, não é apenas na linguagem falada que encontramos a presença das expressões coloquiais, mas também no texto escrito.

Para muitos, existe uma grande dificuldade em compreender em que contextos e condições são usados a oralidade e a escrita e, por isso, não possuem a consciência de que “escrever não é simplesmente imitar a fala, mas reformulá-la em outra gramática” (HANISCH, 2010, 1).

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Em nossa pesquisa, observamos que expressões próprias da língua falada são usadas como muita frequência nas redações dos universitários. Por isso, MILANEZ (1993, 123) observa que podem existir interferências nas elocuções formais dos alunos, tanto a nível estilístico quanto a nível social. No nível estilístico, estas influências “manifestam-se através das inúmeras ocorrências de expressões do estilo informal” (MILANEZ, 1993, 123), como o uso de gíria e de marcadores conversacionais que encontramos nos textos analisados.

2.2.1- A repetição – outra marca da oralidade

A repetição é característica própria da oralidade e é usada na fala como uma estratégia para reafirmar melhor algo ou mesmo ganhar algum tempo para se formular melhor a fala seguinte. Também pode ser índice de pobreza de vocabulário, isto é, dificuldade de se encontrar sinônimos ou termos equivalentes para determinada palavra. BASTOS (2001, p. 100) aponta três tipos de repetição:

A) Repetições justificadas – para o acréscimo de informações; B) Repetições em vez de outros recursos anafóricos;

C) Redundância excessiva em vez de utilização de outros recursos expressivos.

Acreditamos que a maioria das ocorrências nas redações analisadas se refira ao terceiro tipo de repetição, isto é, uso excessivo de repetições ao invés de outros recursos expressivos.

2.2. Ortografia

Segundo FERREIRA (2004, 1453), ortografia é “o conjunto de regras que, para uma determinada língua, estabelecem a grafia correta das palavras e o uso de sinais de pontuação”. Essa “grafia correta das palavras” baseia-se no padrão culto da língua, por isso a importância de conhecer e saber usar a norma culta. Muitas grafias justificam-se

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apenas por razões etimológicas. Assim, o h inicial da palavra homem, embora não represente som algum, persiste por causa da sua origem: homine (em latim).

Como o conhecimento da origem das palavras não está ao alcance da grande maioria dos usuários da língua, a correta grafia passa a depender da retenção da imagem visual da palavra e, é claro, do aprendizado das normas gramaticais.

3. A COLETA DOS DADOS

Para a coleta de dados foram distribuídas folhas de redação com um breve questionário sobre a origem rural ou urbana dos informantes e de seus pais. No questionário também foi perguntado o sexo, a idade e o local de residência e, em seguida, propôs-se um tema para redação.

Inicialmente, um número reduzido de alunos fez e entregou a redação. Sendo assim, foi solicitada a ajuda de uma professora do curso de Geografia, que leciona disciplinas pedagógicas e as redações foram aplicadas como uma atividade da disciplina, o que contribuiu significativamente para que houvesse material para a análise.

Para que o texto dos alunos fosse o mais natural possível, foi proposto um tema para a redação diretamente relacionado a sua situação acadêmica: “Qual a perspectiva profissional do aluno formando em Geografia no mercado de trabalho atual?”. Orientou-se que a redação fosse realizada com no mínimo 25 e no máximo 30 linhas.

4. DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1. Alunos de zona rural: o seu perfil

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Das redações coletadas dos alunos que se declaram oriundos da zona rural, foram escolhidas 12 usando-se como critério o preenchimento, mais completo possível, do questionário proposto. Desses 12 informantes, 8 são do sexo feminino e 4 do sexo masculino, eles têm entre 20 e 35 anos e 50% moram na cidade de Glória de Dourados, 33% moram em outras cidades que também estão localizadas no interior do estado de Mato Grosso do Sul e 17% não informaram.

Todos os alunos responderam que viveram - e/ou vivem ainda – a maior parte da vida na zona rural.

Tanto o pai como a mãe de cada informante também é oriundos da zona rural. Apenas um não informou a origem da mãe (9MR).

Quadro 01 – Faixa Etária

Idade 20 21 22 24 25 28 35 NR Total Percentuais

Masc. - 1 1 - 1 - - 1 4 33%

Fem. 1 - 2 1 - 1 1 2 8 67%

Total 1 1 3 1 1 1 1 3 12 100%

Percentuais 8,3% 8,3% 24,9% 8,3% 8,3% 8,3% 8,3% 24,9% 100%

Observamos, conforme o quadro acima, que grande parte dos acadêmicos formandos em Geografia está na faixa etária esperada para o último ano da graduação. Provavelmente são alunos que não repetiram ano no ensino fundamental e médio e que entraram na faculdade sem grande intervalo entre o término da educação básica e a universidade. Neste sentido, apenas 2 alunos têm mais de 25 anos e 3 não preencheram o questionário sobre este quesito.

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Quadro 02 – Local de Moradia

Residência Fem. Masc. Total Percentuais

Glória de Dourados 5 1 6 50%

Outras cidades 2 2 4 33%

NR 1 1 2 17%

Totais 8 4 12 100%

Percentuais 67% 33% 100%

Em relação à moradia, nota-se que, dos alunos que responderam o questionário, a metade mora no município que se encontra a Unidade Universitária em questão e, fora os 2 alunos que não responderam, os outros moram em cidades próximas da Unidade como Deodápolis e Ivinhema. A cidade de Glória de Dourados faz parte da região da Grande Dourados, que engloba Dourados, 2ª maior cidade do estado de Mato Grosso do Sul, e outras cidades situadas próximas a Dourados. Glória de Dourados fica distante 70km de Dourados e em seguida, a cerca de 15km, temos Deodápolis, e Ivinhema logo em seguida, distante 50km de Glória de Dourados.

4.1.1 Aspectos ortográficos

Em relação aos aspectos ortográficos foram analisadas as redações tomando-se os seguintes critérios: falta de acentos, troca da letra adequada por outra com o mesmo som, ausência da crase, falta ou colocação desnecessária de letras nas palavras, etc.

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Quadro 03 - Ortografia

Descrição Fem. Masc. Total Percentuais

Uso inadequado do acento agudo 6 10 16 64% Ausência de crase - - - - Troca de j pelo g - - - - Troca de c pelo s - - - - Troca de l pelo m - - - - Troca de ç pelo s - - - - Troca de l pelo u 1 - 1 4% Troca de x pelo s - 1 1 4% Troca de nh pelo ~ - 1 1 4% Troca de d pelo t - 1 1 4% Uso inadequado do acento circunflexo - - - - Falta ou excesso de letra na palavra 2 1 3 12% Troca de acento - - - - Junção ou separação indevida 1 1 2 8% Totais 10 15 25 100% Percentuais 40% 60% 100%

No quadro acima observa-se uma ocorrência maior de “erros” ortográficos nas redações dos informantes do sexo masculino, 20% a mais de ocorrências em relação aos

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textos escritos por informantes do sexo feminino. É possível notar também maior incidência em relação aos acentos, principalmente o acento agudo. Na maioria dos casos a questão foi a ausência do acento, mas também ocorreu a colocação desnecessária onde não há o acento, como ocorre em “ideológia” (10MR).

Observamos algumas trocas da letra adequada por outra com o mesmo som, como em: “...o número de formandos nesta área é auto...” (4FR) e “faz a estinção...” (9MR). Verifica-se também a junção de palavras que são escritas separadas como: “... porisso temos que...” (5FR) e “... apartir de seus...” (11MR).

4.1.2 Aspectos gramaticais: o uso dos verbos

Um dos aspectos gramaticais observado foi o uso inadequado dos verbos em alguns textos. Encontramos no trecho “...desde que nos empenhamos muito nos estudos para que...” (1FR) inadequação tanto do tempo como no modo verbal e outros exemplos de utilização deficiente dos verbos como: “... E os meios de comunicação nos mostra que o professor (9MR) ...” , em que se verifica a falta de concordância entre o verbo e o seu sujeito; e “Porém no mercado de trabalho atual procuram pessoas...” (5FR).

4.1.3 Outros aspectos: marcas de oralidade

Observou-se também o uso de expressões próprias da oralidade em alguns textos pesquisados. Nos textos dos informantes oriundos da zona rural encontramos gíria como a expressão “legais” (4FR), marcador conversacional como em “Ai você me pergunta...” (7FR) e várias ocorrências de repetições desnecessárias como: “Em algo que realmente possa me empenhar em algo que realmente gosto” e “Pois geografia não é bem o que eu gosto, pois...” (1FR), “Porém o mercado de trabalho atual ... porque o mercado de trabalho é .. para o mercado de trabalho.” (5FR) e também em “Quando se trata de formação profissional não devemos ater só ao profissional de geografia, mas

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sim ao profissional como um todo. Porém o que está em questão é o profissional de geografia e ...” (10MR).

4.2. Alunos de zona urbana: o seu perfil

Das redações coletadas dos alunos que se declaram oriundos da zona urbana, foram escolhidas 10 usando-se como critério o preenchimento do questionário proposto. Desses 10 informantes, 6 são do sexo feminino e 4 do masculino, eles têm entre 20 e 26 anos e 20% moram na cidade de Glória de Dourados, 60% moram em outras cidades localizadas também do interior do estado de Mato Grosso do Sul e 20% não informaram.

Todos os alunos responderam que viveram a maior parte da vida na zona urbana.

Em relação aos pais, 90% também são oriundos da zona urbana, com a exceção de dois informantes: 8MU não informou sobre o pai e 9MU não falou sobre esse dado com respeito à mãe.

Quadro 04 – Faixa Etária

Idade 20 21 22 23 26 NR Total Percentuais

Masc. - - 2 1 1 - 4 40%

Fem. 1 2 1 - - 2 6 60%

Total 1 2 3 1 1 2 10 100%

Percentuais 10% 20% 30% 10% 10% 20% 100%

No quadro acima, observamos que a faixa etária é própria dos alunos em último ano de graduação e que a porcentagem de alunos do sexo masculino em relação às alunas é semelhante aos informantes analisados da zona rural.

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Quadro 05 - Local de Moradia

Residência Fem. Masc. Total Percentuais

Glória de Dourados - 2 2 20%

Outras cidades 4 2 6 60%

NR 2 - 2 20%

Totais 6 4 10 100%

Percentuais 60% 40% 100%

Em relação à moradia, percebe-se que, dos alunos que responderam o questionário, apenas 20% são de Glória de Dourados e que a maioria reside em outras cidades da região, sendo 2 de Taquarussu, 2 de Deodápolis, 1 de Angélica e 1 de Ivinhema. Os outros 2 alunos não responderam. Todas estas cidades também fazem parte da região conhecida como Grande Dourados que fica no Sul do Estado de Mato Grosso do Sul.

4.2.1 Aspectos ortográficos

Quanto aos aspectos ortográficos, a análise aconteceu usando como critério os mesmos pontos observados nos textos dos alunos da zona rural. Foram observados aspectos como: falta de acentos, troca da letra adequada por outra com o mesmo som, ausência da crase, falta ou colocação desnecessária de letras nas palavras, etc.

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Quadro 06 - Ortografia

Descrição Fem. Masc. Total Percentuais

Uso inadequado do acento agudo 4 5 9 41% Ausência de crase 2 - 2 9% Troca de j pelo g 1 - 1 4,5% Troca de c pelo s 1 - 1 4,5% Troca de l pelo m 1 - 1 4,5% Troca de ç pelo s - 1 1 4,5% Troca de l pelo u - - - Troca de x pelo s - - - Troca de nh pelo ~ - - - Troca de d pelo t - - - Uso inadequado do acento circunflexo 1 - 1 4,5% Falta ou excesso de letra na palavra - 4 4 18,5% Troca de acento - 1 1 4,5% Junção ou separação indevida 1 - 1 4,5% Totais 11 11 22 100% Percentuais 50% 50% 100%

Há semelhança na quantidade de “erros” ortográficos entre as redações dos informantes do sexo masculino e feminino. A maior incidência de “erros” ocorreu em

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relação aos acentos, principalmente o acento agudo. O segundo ponto com mais ocorrências foi à falta ou a colocação de letras a mais nas palavras, como em: “formado” (7MU) em vez de formando, “sendo que a mais professores” (7MU) sem o h necessário antes do a, “engresso” (9MU) em vez de egresso e “então qua é” (7MU) onde percebe-se a falta do l em qual.

Observamos também algumas trocas da letra adequada por outra com o mesmo som, como em: “geito” (3FU), “conseitos” (3FU) e “intensão” (10MU).

Encontramos ainda a ausência de crase em dois momentos, fato que não observamos nos textos dos informantes oriundos da zona rural.

4.2.1.1 O Rural e o Urbano: comparando resultados

Para melhor interpretação dos resultados, foi realizada a contagem das linhas de cada redação, tanto dos alunos que se identificaram como moradores da zona rural, quanto os alunos que moram na zona urbana.

Quadro 07 – Extensão dos textos

Número de

Linhas

Zona Urbana Zona Rural Total Percentuais

Fem. 140 161 301 66%

Masc. 64 90 154 34%

Total 204 251 455 100%

Percentuais 45% 55% 100%

Verifica-se que há uma pequena diferença na quantidade de linhas escritas, o que se explique por termos analisado 12 redações dos informantes da zona rural e 10 dos acadêmicos que residem na zona urbana.

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Observa-se que os informantes do sexo feminino, tanto oriundos da zona rural quanto da urbana, escreveram um maior número de linhas, o que se explica por serem a maioria dos pesquisados.

Encontra-se abaixo um quadro geral com a quantidade de inadequações ortográficas encontradas nas redações analisadas e os seus respectivos percentuais.

Quadro 08 – Ortografia: resumo

Zona Urbana Zona Rural Total Percentuais

Fem. 11 10 21 45% Masc. 11 15 26 55% Total 22 25 47 100% Percentuais 46% 54% 100%

Pode-se notar que foram apontadas 47 ocorrências de “erros” encontrados. Dessas ocorrências, a maioria constou nas redações de informantes da zona rural: 25. Dos textos dos informantes da zona urbana foram retiradas apenas 22. É notório também que os informantes do sexo masculino são responsáveis pela maioria das inadequações apesar de terem escritos apenas um terço das linhas analisadas.

Outro fator a destacar é a correlação entre o total de linhas escritas e o número de erros de ortografia. Comparando as 455 linhas escritas com os 47 erros encontrados temos uma percentagem de 10% de linhas contendo alguma inadequação, isto é, em 90% do texto os alunos não cometeram erro ortográfico. Percebe-se que muitos do “erros” encontrados poderiam ser caracterizados mais como desatenção do que falta de domínio da linguagem escrita.

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4.2.2 Aspectos gramaticais: o uso dos verbos

Quanto ao uso inadequado dos verbos, também foi encontrada uma ocorrência: “Na verdade penso que podemos falar da perspectiva profissional do formando em licenciatura, independente se seja geografia ou não.” (4FU), onde „for‟ seria o ideal a ser usado.

4.2.3 Outros aspectos: marcas da oralidade

Em relação às marcas da oralidade presentes nos textos dos informantes da zona urbana, achamos gírias como: “legal” (2FU). Também encontramos alguns marcadores conversacionais como: “Levar as cochas” (5FU) e “To aqui” (10MU).

Diferente dos textos dos alunos da zona rural, não encontramos o uso excessivo de repetições nos textos dos informantes da zona urbana. Observou-se nestes textos maior facilidade em usar termos equivalentes nas orações.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como verificamos na análise dos textos, do ponto de vista ortográfico, os resultados obtidos em relação ao número de “erros” é pequeno em relação à quantidade de linhas escritas. Foram analisadas 455 linhas escritas e encontrados apenas 47 “erros” ortográficos, e é interessante destacar que, em algumas redações não houve nenhuma ocorrência.

Quanto as marcas da oralidade, encontramos a ocorrência de repetição de palavras apenas nos textos dos alunos da zona rural e o que chama a atenção é justamente a grande dificuldade que alguns encontram em usar termos equivalentes durante um determinado parágrafo. Foi encontrada repetida até 6 vezes a mesma palavra em um único parágrafo.

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Constatou-se também que não há grande divergência entre os resultados obtidos analisando-se os textos em relação a origem rural ou urbana do informante. Possivelmente, a globalização, o acesso aos meios de comunicação e toda a influência semelhante recebida tanto no campo como na cidade são determinantes para a conclusão de que podemos encontrar deficiências e acertos em quantidade bem próxima, na escrita dos acadêmicos, independente da sua origem rural ou urbana. Há única ressalva é que diferentemente da linguagem escrita, a língua falada dos acadêmicos e repleta de marcas do falar rural, e foi justamente isto que nos levou a análise dos textos escritos pelos acadêmicos.

Além dos resultados aqui obtidos, respeitando o objetivo proposto para este trabalho, seria interessante, em outro momento, também aprofundar o estudo dos textos observando outros aspectos, como a coesão e coerência textual e outros aspectos gramaticais não abordados aqui. Enfim, para o momento, o artigo apresentado serve como ponto de partida para o estudo de outros aspectos da escrita acadêmica na universidade e tem como meta ser uma reflexão que gere discussão sobre o ensino de língua na Universidade.

REFERÊNCIAS BBIBLIOGRÁFICAS

BARONAS, Joyce Elaine de Almeida. Marcas de oralidade no texto escrito. SIGNUM: Est. Ling., Londrina, v. 12, n. 1, p. 15-32, jul. 2009

BASTOS, L. K. Coesão e coerência em narrativas escolares. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 3ª Ed. Curitiba: Positivo, 2004.

HANISCH, Cleide Vilanova. As marcas da oralidade nas produções escritas dos alunos do ensino médio em um recanto amazônico. Universidade Estadual de Maringá – UEM. Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Lisboa:Círculo dos Leitores, 2011.

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MILANEZ, Wânia. Pedagogia do oral: condições e perspectivas para sua aplicação no português. Campinas, SP: Sama, 1993.

VEADO, R. M. A. Comportamento lingüístico do dialeto rural. – MG. Belo Horizonte, UFMG/PROED, 1982.

Recebido Para Publicação em 28 de dezembro de 2011. Aprovado Para Publicação em 23 de janeiro de 2012.

Referências

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