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PROPOSIÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA PARA UM SISTEMA DE GERAÇÃO SOLAR FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE POS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM CONTROLADORIA E GESTÃO EMPRESARIAL

EMANUELE BOTTEGA

PROPOSIÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE ANÁLISE

ECONÔMICA E FINANCEIRA PARA UM SISTEMA DE GERAÇÃO

SOLAR FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE

Profa Orientadora: STELA MARIS ENDERLI

IJUÍ (RS) 2019

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PROPOSIÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE ANÁLISE

ECONÔMICA E FINANCEIRA PARA UM SISTEMA DE GERAÇÃO

SOLAR FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE

Emanuele Bottega 1

Stela Maris Enderli2

RESUMO

Este artigo apresenta um método de cálculo de retorno de investimento para sistemas fotovoltaicos conectados à rede de distribuição. A partir de definições de dimensionamento de um sistema fotovoltaico, foi elaborada a análise financeira do mesmo. Primeiramente, encontrando quanto um sistema fotovoltaico é capaz de gerar a partir da potência instalada de painéis, e posteriormente definindo o retorno financeiro mensal considerando uma série de fatores inerentes a este cálculo. Em posse destes dados foi elaborada, como exemplo de utilização do método proposto, uma simulação de retorno de investimento com a demonstração de fluxo de caixa de um sistema com 30 módulos de 335kWp, totalizando 10,05kWp de carga instalada. Por fim, o estudo trouxe um caso real onde pode ser analisado 12 meses de um sistema fotovoltaico de 3,3kWp instalado em uma residência em Ajuricaba/RS. Dessa forma, o método de cálculo foi testado e teve seus resultados comparados com os resultados reais obtidos do caso estudado. Finalmente, obteve-se em cálculo uma estimativa de retorno financeiro no primeiro ano de R$ 3.228,88 e um retorno financeiro real de R$ 3.222,65, comprovando o método de cálculo apresentado.

PALAVRAS CHAVE: sistema fotovoltaico; geração de energia; economia; retorno financeiro; investimento.

1 INTRODUÇÃO

O mercado de geração de energia distribuída movimentou bilhões de reais no ano de 2018 no Brasil, mesmo com a energia solar fotovoltaica representando apenas 0,3% da matriz energética nacional, o que representa um espaço significativo no mercado (GREENER, 2019). A principal motivação para a instalação de um sistema fotovoltaico é econômica, sendo este um fator crucial para cerca de 90% dos consumidores (GREENER, 2019). Dessa maneira, torna-se imprescindível o desenvolvimento de uma metodologia de análise econômica e financeira como ferramenta de cálculo de retorno de investimento do sistema de geração solar fotovoltaico (SGFV).

A análise econômica e financeira de um SGFV consiste em uma ferramenta de auxílio na negociação do mesmo. A partir dessa análise é possível determinar a rentabilidade do sistema e seu retorno financeiro no decorrer da sua vida útil, que se encontra acima dos 25 anos (JINKOSOLAR,

1 Bacharel em Administração e pós-graduanda em Controladoria e Gestão Empresarial pela Unijui - RS 2 Professora do DACEC, Mestre em Administração e Finanças pela PUC-Rio e professora orientadora

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2016). Muitas variáveis precisam ser consideradas no desenvolvimento da análise econômica e financeira para que a mesma seja fiel a realidade, desde questões técnicas (rendimento do sistema, queda de performance dos painéis solares, manutenções, dentre outros) até questões econômicas (custos, depreciação, variação da tarifa de energia, impostos, dentre outros).

É observável no mercado solar que boa parte das empresas do setor não realiza a análise de investimento da forma adequada, além disso, não é encontrado um consenso na bibliografia de qual a maneira correta de realizar esta análise. Os principais fatores são a ausência de uma modelagem adequada dos dados, além da baixa previsibilidade de algumas variáveis, como a tarifa de energia e o valor da energia gerada (RAUSCHMAYER; GALDINO, 2014)

Na elaboração de um modelo de análise econômica e financeira para um sistema de geração solar fotovoltaico é preciso considerar as receitas e as despesas na implantação e posteriormente na execução do projeto.

As despesas a serem consideradas no fluxo de caixa de uma análise de retorno de investimento são de fácil compreensão e possíveis de se modelar com alta confiabilidade de dados, sendo custos fixos ou variáveis. O investimento inicial, os custos técnicos e de instalação além da manutenção preventiva e corretiva do sistema devem ser observados nesta parte da análise.

As receitas, por sua vez, são mais complexas e de baixa fidelidade, já que dependem de fatores como os dados meteorológicos, que possuem qualidade dubitável no Brasil, tarifa de energia, que é atrelada a PIS e COFINS e dependente de bandeiras tarifárias, e o valor da energia gerada, que devido a regulamentação brasileira é difícil de ser modelada (RAUSCHMAYER; GALDINO, 2014). Assim, é necessário o uso de estratégias para tentar encontrar a melhor forma de calcular as mesmas.

Nesse sentido, a questão de estudo desse artigo é apresentada como sendo: Qual a configuração de um modelo de análise econômica e financeira que atenda as especificidades na projeção das receitas e das despesas de um sistema de geração solar fotovoltaico? O objetivo é apresentar um modelo de análise de retorno de investimento de um SGFV, verificando todas as características técnicas e financeiras que influenciam nesta análise. Durante o desenvolvimento das simulações foram definidas as melhores estratégias de cálculos estimativos.

Elaborando e analisando o fluxo de caixa de um SGFV no decorrer da vida útil deste, obtém-se uma ferramenta de cálculo com maior confiabilidade, possibilitando resultados para definir a

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viabilidade e rentabilidade financeira deste sistema. O objetivo secundário deste trabalho consiste em definir quais as melhores estratégias para estimar as receitas e despesas oriundas deste sistema. O trabalho limita-se a demonstrar um método de cálculo de retorno de investimento de um sistema de geração de energia elétrica a partir de um gerador fotovoltaico, utilizando ferramentas de análise e previsão de despesas e receitas.

2 BASE CONCEITUAL

2.1 Controladoria:

A Controladoria é o órgão administrativo responsável pela gestão econômica da empresa, com o objetivo de levá-la à maior eficácia (PADOVEZE, 2004). Segundo esse pensamento, identifica-se primeiramente que a controladoria é interligada à contabilidade, como uma ferramenta administrativa que mede corretamente os resultados empresarias. Ainda segundo Padoveze (2004), a Controladoria caracteriza-se por ser um órgão de apoio, não de assessoria. Portanto, deve apoiar os gestores em todas as etapas do processo de gestão empresarial: planejamento, execução, controle e ação (o famoso ciclo PDCA).

Segundo Mosimann et al. (1993) a Controladoria consiste em um corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão econômica que pode ser visualizada sob dois enfoques: como um corpo administrativo ou como uma área de conhecimento humano.

Sob esse enfoque, a Controladoria pode ser conceituada como o conjunto de princípios, procedimentos, e métodos oriundos das ciências da Administração, Economia, Psicologia, Estatística e principalmente da Contabilidade, que se ocupa da gestão econômica das empresas, com o fim de orientá-las para a eficácia. (MOSIMANN et al. 1993, p.96) É percebido que esses autores citados têm definições completamente diferentes sobre a Controladoria. Enquanto um trata a controladoria como um braço da contabilidade, o outro trata como uma ciência autônoma que não se confunde com a contabilidade.

A controladoria e a contabilidade andam lado a lado, sendo que a controladoria utiliza muito os instrumentos e relatórios contábeis (PADOVEZE, 2004). Inclusive, da forma que a controladoria surgiu nos últimos anos, parece que se trata de uma “evolução” da ciência contábil: o que antes eram apenas relatórios natimortos com cálculos e mais cálculos que serviam somente para preencher livros contábeis, hoje é considerado uma ferramenta utilizada para mostrar cenários

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e guiar os gestores na tomada de decisão. Com esse mesmo pensamento, Padoveze (2004, p. 3) cria o conceito de que “a Controladoria é a utilização da Ciência contábil em toda a sua plenitude”.

Referente à contabilidade, Gouveia (1984, p. 01) diz que “É a arte de registrar todas as transações de uma companhia, que possam ser expressas em termos monetários. É também a arte de informar os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira dessa companhia.”

Para Basso, Brizolla e Filipin (2017) a contabilidade é vista de duas formas: como um conjunto de conhecimentos, leis, princípios e métodos de evidenciação próprios que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspectos quantitativo e qualitativo e como um conjunto de normas, regras e padrões gerais que “se constitui na técnica de coletar, catalogar e registrar informações de suas variações e situação, especialmente de natureza patrimonial, econômica e financeira (...)” (BASSO; BRIZOLLA; FILIPIN, 2017, p. 26).

Tomando como referência essas definições sobre contabilidade e as já descritas anteriormente sobre controladoria, é possível deduzir que a controladoria e a contabilidade andam juntas sim, e sob o mesmo enfoque as duas estudam os mesmos fenômenos.

2.2 Sistema de geração de energia fotovoltaico conectado à rede

Conforme descrevem Balfour, Shaw e Nash (2016, p.1), energia fotovoltaica é “a ciência que usa a energia do sol para produzir eletricidade”. Essa energia é proveniente da luz (radiação) solar. A energia da radiação solar que atinge a atmosfera a cada ano é de 1,52 𝑥 1018 kWh, sendo o consumo primário anual de energia no mundo de aproximadamente 1,40 𝑥 1014kWh (SOLAR, 2012; ABINEE, 2012). Isso significa que apenas 0,01% de toda a radiação solar que chega na atmosfera durante um ano seria o suficiente para suprir a demanda mundial de energia no mesmo período, demonstrando o grande potencial desta fonte de geração de energia.

O objetivo do sistema de geração solar fotovoltaico (SGFV) é aproveitar a radiação que chega à superfície para transformá-la em energia elétrica através do efeito fotovoltaico. O efeito fotovoltaico é explicado da seguinte forma: quando a luz solar atinge a célula fotovoltaica, os elétrons do material semicondutor se separam de seus átomos e se movem. Esse movimento gera eletricidade através de um circuito elétrico (BALFOUR; SHAW; NASCH, 2016).

As principais partes do SGFV são os módulos fotovoltaicos (placas) e o inversor. As placas transformam a luz solar em energia elétrica pelo efeito fotovoltaico, essa energia é enviada diretamente ao inversor que transforma a energia de corrente contínua para corrente alternada, que

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é o tipo de energia utilizada (o que sai das tomadas). Essa energia sai do inversor diretamente para o nosso consumo.

A energia que não é consumida, ou seja, quando o sistema gera mais energia do que o consumidor utiliza, essa sobra é encaminhada à rede de distribuição e se transforma em créditos para que o consumidor possa utilizar quando ocorre falta de geração (à noite ou dias nublados ou chuvosos, onde há menos radiação solar). Esse tipo de sistema conectado à rede é chamado de

on-grid, e faz com que a rede trabalhe como uma bateria: armazenando a energia excedente e

fornecendo quando há falta, conforme esquema apresentado na figura 1: Figura 1- Esquema de funcionamento de um SGFV on-grid.

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Para garantir o bom funcionamento do SGFV é necessário um projeto de dimensionamento. Primeiramente, os painéis precisam ser posicionados de forma que o aproveitamento das placas seja o melhor possível. A posição ideal na região de Ijuí-RS é o ângulo de 22º de inclinação posicionado ao norte geográfico (CEPEL-CRESESB, 2019). Nesta posição os painéis conseguem atingir a maior média anual de geração, ou seja, ele garante o melhor aproveitamento da luminosidade do sol no período de um ano.

De acordo com a ANEEL qualquer consumidor pode gerar a própria energia e distribuir o excedente para redes de distribuição local. Entretanto, no Brasil o sistema de compensação de energia adotado é o Net Metering, nele não é possível o consumidor comercializar a energia, logo o cliente deve utilizar toda a energia gerada. Com isso, o sistema fotovoltaico a ser instalado não

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pode ser superdimensionado, com mais geração do que o necessário, de modo que a energia excedente será desperdiçada.

O bom dimensionamento do sistema garante ao cliente o maior retorno possível do investimento. Além disso, o cálculo de retorno do investimento para o sistema dimensionado é de extrema importância, sendo que este é um dos maiores atrativos do SGFV. Este trabalho visa determinar a melhor fórmula de calcular este retorno, garantindo assim que o sistema terá a viabilidade esperada.

2.3 Receitas, despesas e fluxo de caixa

Basso, Brizolla e Filipin (2017) afirmam que a receita é a entrada no ativo que contribui positivamente para a situação líquida, de modo a gerar fatos contábeis modificativos aumentativos no patrimônio da entidade. Essa entrada pode vir em forma de dinheiro ou direitos a receber, oriundos da venda de produtos e serviços das atividades da empresa ou, ainda, de juros recebidos ou outros ganhos eventuais.

Sobre a despesa, os autores a descreve como o “custo” do uso dos bens ou serviços que deverão produzir uma receita. A despesa se constitui em gastos que se consomem na sua realização e, assim como os ativos, são elementos de aplicação de recursos. Basso, Brizolla e Filipin ainda explicam esse conceito dizendo que “enquanto estes (os ativos) se materializam sob a forma de bem ou dinheiro, aquelas (as despesas) são aplicações fungíveis (...) Aluguéis, ordenados, contas de telefone e outras, são despesas” (BASSO; BRIZOLLA; FILIPIN, 2017, p. 83)

Segundo a NBC TG estrutura conceitual (2011), receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido e que não estejam relacionados com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais: “A definição de receita abrange tanto receitas propriamente ditas quanto ganhos. A receita surge no curso das atividades usuais da entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos, royalties, aluguéis”, (CFC, 2011, p. 24).

Esse conceito é explicado descrevendo-se que os ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receita e incluem, por exemplo, aqueles que resultam da venda de ativos não circulantes. Além disso, está na NBC TG que a “definição da receita também inclui ganhos não realizados. Por exemplo, os que resultam da reavaliação de títulos e valores mobiliários

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negociáveis e os que resultam de aumentos no valor contábil de ativos de longo prazo.” Olhando pelo mesmo caminho, complementa dizendo que “a receita também pode resultar da liquidação de passivos” (CFC, 2011, p. 24).

Esta última definição é o que descreve a situação do investimento em um sistema fotovoltaico: após o investimento inicial, o retorno financeiro vem em forma de economia mensal na conta de luz, ou seja, o passivo de conta de luz a pagar diminui.

Sobre as despesas, a NBC TG afirma que estas têm sua conceituação totalmente contrárias às receitas. As despesas são entendidas como decréscimos nos benefícios econômicos do período contábil, como saída de recursos, redução de ativos ou, ainda, assunção de passivos. Esses lançamentos resultam em decréscimo do patrimônio líquido: “A definição de despesas abrange tanto as perdas quanto as despesas propriamente ditas (...). Geralmente, tomam a forma de desembolso ou redução de ativos como caixa e equivalentes de caixa, estoques e ativo imobilizado” (CFC, 2011, p. 24). Nesse sentido, perdas incluem outros itens que se enquadram na definição de despesas, como as que resultam de sinistros e as que decorrem da venda de ativos não circulantes, por exemplo.

Analisando os conceitos descritos sobre receitas e despesas e entendendo que estas são variáveis de entradas e saídas, respectivamente, é válida uma breve citação sobre as contas de resultado: “O resultado de um período contábil é apurado mediante o confronto entre as receitas e as despesas nele ocorridas.” (BASSO; BRIZOLLA; FILIPIN, 2017, p. 83). A partir das contas de resultado elabora-se a DRE que nos mostra se no período contabilizado a empresa obteve lucro (quando as receitas superam as despesas) ou prejuízo (quando as despesas superam as receitas). Além disso, outro instrumento utilizado na administração financeira pelas empresas é o fluxo de caixa.

Basso, Filipin e Enderli (2015) afirmam que o fluxo de caixa tornou-se uma ferramenta indispensável na administração financeira empresarial, sendo que toda decisão tomada acarreta mudança no caixa da empresa. “O fluxo de caixa é um sistema que expressa os ingressos e desembolsos financeiros de uma entidade em um período estabelecido, evidenciando a disponibilidade ou não de recursos financeiros” (BASSO; FILIPIN; ENDERLI, 2015, p.184).

Esses autores ainda afirmam que o fluxo de caixa é um instrumento de suporte para a tomada de decisão, “sendo de grande valia para a determinação de empréstimos de curto ou longo prazo, bem como na aplicação de recursos excedentes” (BASSO; FILIPIN; ENDERLI, 2015, p.185).

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De acordo com Silva (2005, p.11), “(...) é o principal instrumento da gestão financeira que planeja, controla e analisa as receitas, as despesas e os investimentos, considerando determinado período projetado”.

Como se pode perceber, o fluxo de caixa é considerado uma ferramenta de projeção financeira, com o objetivo de dar uma visão mais ampla das atividades desenvolvidas, por meio da análise de estimativas de entradas e saídas referentes a orçamento de caixa ou, no caso deste artigo, a um investimento a ser feito. Entende-se por investimento um desembolso de valor inicial que trará retornos financeiros em períodos futuros.

Dentro da análise de investimentos, o diagrama de fluxo de caixa é uma representação gráfica simples que facilita a visualização de um problema envolvendo receitas e despesas que ocorrem em instantes diferentes do tempo (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010). Conforme descrevem os autores:

A representação do fluxo de caixa de um projeto consiste em uma escala horizontal onde são marcados os períodos de tempo e na qual são representadas com setas para cima as entradas e com setas para baixo as saídas de caixa. A unidade de tempo – mês, semestre, ano – deve coincidir com o período de capitalização dos juros considerados. (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010, p. 6 e 7)

Com essa definição, é possível entender o diagrama de fluxo de caixa: Figura 2 - Demonstração de fluxo de caixa

1ª parcela de retorno 2ª parcela de retorno 3ª parcela de retorno 4ª parcela de retorno etc... 0 1 2 3 4 Investimento inicial

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

O investimento inicial é uma saída de caixa no período 0 e as parcelas de retorno do investimento são as entradas de caixa nos períodos que se sucedem.

Segundo Padoveze (2004), o fluxo de caixa faz parte da projeção dos demonstrativos contábeis como sendo consequência dos demonstrativos que fundamentam a projeção: Balanço Patrimonial inicial, Demonstração dos Resultados do período orçamentado (projetado) e o Balanço Final após a Demonstração de Resultados. O fluxo de caixa, dessa maneira, é um método para projetar o saldo final de caixa, sendo resultante das movimentações de entradas e saídas, através do relatório de Fluxo de Caixa (PADOVEZE, 2004).

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Já Casarotto Filho e Kopittke (2010) falam do fluxo de caixa dentro da matemática financeira, como parte do conhecimento de técnicas especiais para a análise de investimentos que descreve as relações do binômio tempo e dinheiro. Segundo os autores, a análise prévia de investimentos permite que se racionalize a utilização dos recursos de capital. Essa avaliação envolve desde critérios puramente monetários até critérios de mensuração mais complexa, como vantagens estratégicas ou impacto ambiental (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010)

2.4 Indicadores de desempenho

A força de uma organização é demonstrada na sua capacidade de geração de lucro. Sem dúvida, esse é o maior objetivo das organizações e entidades de fim lucrativo: o lucro! Sem ele é difícil de uma organização respirar e conseguir se manter viva e, por isso, são necessárias as ferramentas contábeis para analisar entradas e saídas, lucratividade e rentabilidade de suas atividades. “Os indicadores econômicos buscam evidenciar a situação do desempenho dos negócios praticados pela empresa, sintetizado nos resultados obtidos, lucros ou prejuízos, comparados com as diversas unidades de medidas (...)” (BASSO; FILIPIN; ENDERLI, 2015, p. 136).

Pela visão da gestão na controladoria, “a análise dos indicadores financeiros deve considerar todo os aspectos conjuntamente. O analista deve assumir alguns parâmetros e dizer se a empresa está bem ou não, tanto em cada um dos indicadores como no conjunto deles (...)” (PADOVEZE, 2004, p.223).

Para fazer o estudo da lucratividade e da rentabilidade é necessário que a organização tenha obtido lucro, caso contrário esse estudo é prejudicado: “Estudar a lucratividade consiste em comparar os diversos estágios do resultado (...) da entidade com o volume monetário da Receita Operacional Líquida (de Vendas e/ou de Serviços) no período em exame” (BASSO; FILIPIN; ENDERLI, 2015, p.137).

Segundo os autores, para o estudo da lucratividade são analisados vários indicadores: margem de lucro operacional bruto, margem de lucro operacional líquido e margem de lucro líquido do exercício. Estes consistem em cálculos que resultam em coeficientes ou taxas que demonstram qual a margem de lucro (operacional bruto, operacional líquido ou líquido) que as empresas operam. Quanto maior e mais estável for esse coeficiente (ou taxa), melhor é o desempenho da empresa estudada em relação a si mesma, geralmente demonstrando aumento de suas receitas e/ou redução de seus custos (BASSO; FILIPIN; ENDERLI, 2015)

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Já o estudo da rentabilidade tem por objetivo verificar os percentuais de remuneração dos indicadores de capital social, patrimônio líquido e ativo total. “Quanto maiores forem os indicadores e de preferência crescentes do primeiro para os demais anos da série em estudo, melhor é o indicador de rentabilidade” (BASSO, FILIPIN E ENDERLI, 2015, p. 143).

O estudo de fluxo de caixa considera as seguintes variáveis: VPL, TIR, TMA e payback.  VPL (Valor Presente Líquido): segundo Rebelatto (2004) o VPL de um investimento

é o valor atual das entradas de caixa, incluindo o valor residual, quando houver, e excluindo o valor atual das saídas de caixa.

Por considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo, o VPL é considerado uma técnica sofisticada para a análise de investimentos. Este tipo de técnica desconta os fluxos de caixa de uma empresa a uma taxa especificada, geralmente chamada de taxa de desconto, custo de oportunidade de capital ou custo de capital (GITMAN, 2007). Aceita-se o projeto quando o VPL é positivo: quanto maior, melhor.

O cálculo do VPL é descrito pela seguinte fórmula:

Onde:

FC0: é o fluxo de caixa verificado no momento zero (investimento inicial);

FCj: é o valor de entrada ou saída previsto para cada espaço de tempo;

i: é a taxa de desconto; n: é o período de tempo.

 TIR (Taxa Interna de Retorno): é a taxa de desconto que torna nulo o VPL do projeto. É considerada a taxa de retorno obtida se o investimento for concretizado e as entradas de caixa previstas forem recebidas (GITMAN, 2007).

Onde:

FC0: é o fluxo de caixa verificado no momento zero (investimento inicial);

i: é a taxa de desconto; n: é o período de tempo.

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 TMA (Taxa Mínima de Atratividade): é uma taxa de juros para equacionamento. De forma simples, deve ser a taxa mínima alcançada pelo investimento para que ele seja viável economicamente, sendo necessária sua definição prévia para servir como parâmetro de aceitação ou rejeição de um determinado investimento (REBELATTO, 2004)

 Payback: corresponde ao prazo necessário para que o valor do retorno de capital seja igual ao desembolso do investimento inicial, ou seja, o tempo em que o capital aplicado é devolvido (REBELATTO, 2004).

3 METODOLOGIA

A metodologia da pesquisa tem como objetivo padronizar a mesma e evidenciar o método utilizado na abordagem, as técnicas de conhecimento e os pensamentos do pesquisador.

A metodologia da pesquisa caracteriza-se, quanto à natureza, como aplicada, e conforme Silva e Menezes (2005), um dos objetivos da pesquisa aplicada é gerar conhecimentos para aplicação prática e orientados para a solução de problemas específicos, considerando verdades e interesses locais. Vergara (2009) argumenta que a pesquisa aplicada tem seus fundamentos baseados pela motivação de problemas imediatos e que sejam concretos. Essa pesquisa é aplicada por elaborar um método de cálculo que pode ser utilizado na prática para maior confiabilidade na análise de estimativa de retorno financeiro de um SGFV.

A abordagem utilizada é de forma qualitativa, pois de acordo com Collis e Hussey (2005) o método qualitativo visa examinar de forma subjetiva e realizar a reflexão de percepções para ter um entendimento social e humano. Conforme Silva e Menezes (2005), a pesquisa qualitativa considera que há um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. Quanto aos objetivos o estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, para Collis e Hussey (2005, p. 24) a pesquisa descritiva é aquela “que descreve o comportamento dos fenômenos. É usada para identificar e obter informações sobre as características de um determinado problema ou questão”. O presente artigo se caracteriza assim por utilizar dados concretos para informar o retorno financeiro do investimento em um SGFV e garantir a qualidade dos dados informados por meio de um estudo real a fim de comparar valores.

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Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa foi bibliográfica e documental. Conforme Vergara (2009, p. 4), “pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”.

Para Martins e Theóphilo (2009) a pesquisa documental é aquela que busca informações em documentos que não foram publicados como, por exemplo, os relatórios, nos quais pode-se incluir o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, relatórios gerenciais, etc.

A coleta de dados partiu de uma revisão bibliográfica composta pelos principais autores da área de análise financeira, o que definiu a melhor estratégia de cálculo para cada estimativa. Com isso o artigo tem a finalidade de desenvolver uma nova forma de cálculo de retorno econômico e financeiro mais complexa que as formas trabalhadas hoje no mercado, melhorando a precisão e a confiabilidade dos resultados, o que é muito importante para definir a rentabilidade e a viabilidade deste investimento.

Para definir todas as variáveis necessárias na construção do cálculo de retorno econômico, foi imprescindível o estudo das taxas e variáveis que interferem na conta de luz, relacionando as receitas geradas pela energia produzida com os custos mensais levantados, bem como prever e analisar os custos de instalação e de manutenção de um sistema fotovoltaico e a tributação inerente a troca de energia com a concessionária. Todos estes dados resultaram em um fluxo de caixa do sistema.

Uma análise técnica da instalação de um sistema fotovoltaico teve de ser elaborada, verificando na pesquisa em publicações referente aos dados como durabilidade do sistema e percentuais de falhas a serem considerados como análises de riscos ao investimento. Estas informações também são cruciais para elaborar a análise de custos do sistema, uma vez que a análise de projeto e durabilidade dos materiais utilizados está diretamente ligada aos custos iniciais e de manutenção do sistema.

Outro fator técnico a ser considerado no cálculo de retorno do SGFV são as análises de dados históricos. Para que se obtenham resultados mais precisos de geração e consumo, deve ser observada a sazonalidade da geração, bem como questões históricas de períodos com menor geração, agregando estes também a fatores de risco ao investimento. Já no que diz respeito a conta de luz, é necessária uma análise histórica da mesma como forma de tentar antever possíveis aumentos tarifários, bem como oscilações de cobrança dentro de períodos do ano, onde há cobrança

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de tarifas mais caras devido à escassez de energia, resultando em uso de bandeira amarela e vermelha. Também relacionada a conta de luz pode ser analisado variações de impostos como PIS e COFINS, aos quais a tarifa de energia está diretamente atrelada.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Elaboração da Análise Financeira 4.1.1. Dimensionamento

Para definir a geração aproximada é necessário saber a produção média de um painel solar fotovoltaico. Para isso a média mensal de radiação solar é necessária. O cálculo da radiação incidente sobre um painel solar em cada dia do ano é demasiadamente complexo. Para fins de cálculos de retorno financeiro será utilizadas as médias mensais de geração e consumo (BANDEIRA, 2018). Os dados de radiação podem ser obtidos a partir do software SUNDATA (CEPEL-CRESESB, 2019).

Figura 3 - Valores de radiação para diferentes inclinações de painel posicionados para o norte. Ponto de referência UNIJUÍ Campus Ijuí.

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Em posse da irradiação solar média mensal incidente sobre os painéis, esta é multiplicada por um fator de correção dos painéis, considerando perdas normais em condição de trabalho, de 80%. Multiplica-se a isso, ainda, o fator de correção azimutal (considerando se o painel está virado para o norte, sul, leste ou oeste), o número de dias do mês e a potência instalada de painéis solares, conforme equação abaixo (BANDEIRA, 2018) (REITER, 2016). Assim, é possível encontrar a geração mensal média aproximada de um sistema fotovoltaico.

𝐺𝑚 = 𝐼𝑑 ∗ 𝐹𝐶𝑃 ∗ 𝐹𝐶𝐴 ∗ 𝑑𝑚 ∗ 𝑃𝑜𝑡 Onde:

 𝐺𝑚 é a geração mensal que se deseja encontrar;  𝐼𝑑 é a Irradiação solar diária média mensal;

 𝐹𝐶𝑃 representa o fator de correção dos painéis solares;  𝐹𝐶𝐴 representa o fator de correção azimutal;

 𝑑𝑚 é o número de dias do mês;

 𝑃𝑜𝑡 é a potência instalada de painéis fotovoltaicos.

4.1.2 Análise financeira

Após ser definida a geração mensal e o tamanho do SGFV necessário para suprir a mesma, é elaborada a análise financeira deste. Sabendo o tamanho do SGFV obtém-se o preço de venda do mesmo e em cima deste custo inicial calcula-se o payback, TIR e VPL do investimento. Sabe-se que muitas empresas do setor de energia solar fotovoltaica inventam números e maquiam dados para que a proposta comercial encha aos olhos. Um exemplo disso é que consideram um aumento anual de tarifa de energia elétrica no VPL do sistema, e desconsideram a inflação atrelada a mesma (NEOSOLAR, 2019).

O método de cálculo a ser proposto considera as seguintes situações:

1- Investimento inicial com recurso próprio: da mesma forma que não se controla o aumento da tarifa de energia, não se pode prever o quanto de juros esse cliente irá pagar caso for buscar por financiamento para fazer o investimento. Uma vez que, as taxas são variáveis dependendo da fonte dos recursos;

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2- Retorno considerando a geração de energia elétrica: O retorno do investimento será considerado com base na energia fornecida pelo gerador independente do consumo residencial, uma vez que este é variável e de difícil controle.

3- Depreciação anual de 0,8% sobre a eficiência do módulo fotovoltaico: Os módulos fotovoltaicos apresentam uma depreciação ao longo da sua vida útil. O fabricante considerado neste estudo oferece garantia de 25 anos de depreciação linear de até 80% da eficiência dos módulos fotovoltaicos (JINKOSOLAR, 2019);

4- Taxa mínima mensal cobrada pela concessionária: É comum cálculos de retorno de investimento com base na geração, excluírem este fator, considerando que a conta de luz após a instalação do sistema será zerada. Porém, por determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) uma taxa mínima mensal, que pode ser de 30kWh para tensão monofásica, 50kWh para tensão bifásica e 100kWh para tensão trifásica, deverá ser cobrada de qualquer cliente conectado à rede de distribuição (ANEEL, 2016).

5- Custo de manutenção do SGFV no 13º ano: o inversor fotovoltaico tem garantia contra defeitos de fabricação de 5 anos (PHBSOLAR, 2019). Por se tratar de um sistema eletrônico, costuma ter uma durabilidade menor que os módulos fotovoltaicos, por isso, é considerada uma manutenção do sistema no 13 ano. Esta tem custo calculado para custos de avaliação de toda a instalação e, se for necessário, troca de inversor, cabeamento e estrutura.

6- Não é considerado o aumento periódico da tarifa de energia elétrica: como já explicado anteriormente, por ser uma variável que não se tem controle.

7- Não é considerado o ICMS sobre a TUSD: esse imposto continuará sendo cobrado em cima da energia fornecida pela rede. Toda a energia que o consumidor necessitar usar da rede de distribuição (quando não há geração de energia) é cobrado 12% do preço da tarifa energética (ANEEL, 2016). Não se pode considerar essa variável pois é impossível de estimar quanta energia o cliente necessitará usar da rede.

8- Não é considerada a inflação no período: como não é considerado o aumento da tarifa de energia, que é uma variável atrelada à inflação, esta também não é considerada.

Em posse de todas estas informações, o cálculo para a estimativa de retorno do investimento de um SGFV seria:

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𝑅𝑀 = 𝐺𝑚 ∗ 𝑇𝐸 − (𝑇𝑀 ∗ 𝑇𝐸) Onde:

 RM é o Retorno Mensal

 Gm é a Geração estimada mensal  TE é a Tarifa de Energia

 TM é a Taxa Mínima da concessionária

Calculado o retorno mensal, basta multiplicar o resultado por 12 para obtermos o retorno anual.

Para facilitar ao cliente a visão deste retorno, é elaborado um gráfico de fluxo de caixa do período de 25 anos (considerado período de vida útil dos módulos). Neste gráfico soma-se a cada ano o mesmo retorno financeiro anual e, ao 13º ano, uma queda referente ao custo de manutenção do sistema.

O exemplo abaixo trata-se de um SGFV de potência 10,05kWp, com um total de 30 módulos de 335Wp instalados em Ijuí/RS, com um custo de investimento inicial de R$ 40.000,00 e R$ 7.000,00 o custo do inversor a ser trocado no ano 13, para um cliente bifásico do DEMEI (taxa mínima mensal de 50kWh e tarifa de energia R$ 0,80/kWh):

Figura 4 - Exemplo de fluxo de caixa acumulado de um SGFV

Fonte: elaborado pela autora (2019)

(18)

4.2 Estudo de Caso

A fim de comprovar o método proposto neste capítulo, foi elaborado um estudo de caso de um SGFV instalado em uma residência em Ajuricaba/RS no mês de setembro de 2018. Nos últimos 12 meses foram analisados a geração e o real retorno financeiro do cliente. A seguir detalha-se os dados do SGFV:

Quadro 1 - Dados do SGFV estudado.

Fonte: elaborado pela autora (2019)

Em posse desses dados, abaixo é calculada a projeção de retorno financeiro e exibido o gráfico de fluxo de caixa:

𝑅𝑀 = 362,19 ∗ 𝑅$ 0,81 − (30 ∗ 𝑅$ 0,81) 𝑅𝑀 = 𝑅$ 269,07

𝑅𝐴 = 𝑅$ 269,07 ∗ 12 𝑅𝐴 = 𝑅$ 3.228,88

(19)

Figura 3: Projeção de fluxo de caixa acumulado do SGFV do estudo de caso.

Fonte: elaborado pela autora (2019)

Como resultados dessa projeção, o retorno mensal é estimado em R$ 269,07 e o retorno anual em R$ 3.228,88. Analisando o fluxo de caixa, obtêm-se o payback em 5 anos, VPL de R$ 53.404,70 e TIR de 22%.

Os dados reais de retorno desse SGFV foram calculados mês a mês considerando algumas variáveis:

 Quanta energia elétrica o SGFV gerou no mês analisado;  Quanta dessa energia o cliente consumiu diretamente;  Quanta dessa energia foi injetada na rede de distribuição;  Quanta energia a rede de distribuição forneceu ao consumidor;  Bandeira tarifária vigente no mês analisado;

 Valor da conta de luz;

Dessa forma, foi calculado, primeiramente, o real consumo do cliente, considerando a energia fornecida pela rede mais o consumo direto da geração. Para esse cálculo foi usado a fórmula:

𝐶𝑇 = 𝐺𝑇 − 𝐼𝑅 + 𝐹𝑅 Onde:

 CT é o Consumo Total;

 GT é a Geração Total do sistema;  IR é a energia Injetada na Rede;  FR é a energia Fornecida pela Rede.

(20)

Após sabermos o consumo total, foi calculado o quanto o cliente gastaria na conta de luz se não tivesse investido no SGFV. O cálculo foi feito da seguinte forma:

𝐶𝐿 = 𝐶𝑇 ∗ 𝑇𝐸 + 𝐵𝑇 + 𝐶𝑃 Onde:

 CL é o valor da Conta de Luz sem o SGFV;  CT é o Consumo Total calculado anteriormente;  TE é a Tarifa de Energia;

 BT é o acréscimo da Bandeira Tarifária vigente no mês analisado;  CP é a Contribuição de iluminação Pública municipal.

De posse desses resultados, é possível, enfim, calcular a real economia que o cliente teve em cada mês e comparar com a economia projetada na análise financeira. A real economia é calculada por:

𝐸𝑅 = 𝐶𝐿 − 𝐶𝑀 Onde:

 ER é a Economia Real;

 CL é a Conta de Luz sem o SGFV;

 CM é o Custo Mensal, ou a conta de luz com o SGFV.

Após serem realizados todos esses cálculos em cada mês estudado, foi possível chegar aos seguintes resultados:

(21)

Quadro 2 - Resultados da análise das contas de luz dos últimos 12 meses.

Fonte: elaborado pela autora (2019)

Pode-se perceber que ao longo dos doze meses estudados há um saldo de 240kWh de créditos energéticos a ser utilizado. Sabendo que esses créditos são uma sobra da energia gerada disponível a ser utilizada quando o cliente necessitar, é fato que esse valor deve ser incorporado à economia real. O valor monetário desses créditos pode ser calculado da seguinte forma:

𝐶𝐸 = 240 ∗ 𝑅$ 0,87 Sendo:

 R$ 0,87 a tarifa energética do último mês do estudo (setembro de 2019); 𝐶𝐸 = 𝑅$ 208,07

Incorporando o saldo de créditos energéticos ao total de economia real do SGFV, temos o valor final de:

𝐸𝑅 = 𝑅$ 3.014,58 + 208,07 𝐸𝑅 = 𝑅$ 3.222,65

A projeção de retorno anual calculada na análise financeira pelo método proposto foi de R$ 3.228,88. A economia real encontrada ao longo dos últimos 12 meses de análise deste cliente foi

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de R$ 3.222,65. Percebe-se que nesse caso a diferença foi de apenas R$ 6,23, o que significa no montante uma margem de erro próxima de 0%.

CONCLUSÃO

Visando o desenvolvimento de uma metodologia de análise econômica e financeira como ferramenta de cálculo de retorno de investimento de um SGFV que apresentasse maior precisão e confiabilidade comparando a outros métodos utilizados no mercado, o artigo apresentou o método de análise baseado no dimensionamento e geração de energia elétrica do SGFV considerando a tarifa de energia e taxa mensal da concessionária.

Através de um estudo de caso apresentado no artigo foi possível analisar a eficácia do método proposto, sendo que foram levantadas informações referentes a geração de energia do SGFV e do custo da conta de luz por 12 meses. Primeiramente foi analisado o consumo total do cliente, o que permitiu calcular o quanto este gastaria na conta de luz sem o SGFV considerando a tarifa de energia, bandeiras tarifárias vigentes de cada mês e contribuição de iluminação pública municipal. Dessa forma, foi possível calcular a economia que o SGFV trouxe, considerando a diferença de valores entre o que se gastaria sem o SGFV e o que de fato gastou. Por fim, foi elaborado um quadro com todos os resultados encontrados referente a economia real do SGFV para melhor visualização e entendimento dos mesmos.

A partir da análise de retorno de investimento adotada neste trabalho, pôde-se obter com precisão o retorno de investimento de um sistema de geração fotovoltaico e, assim, atingir o objetivo do trabalho. A inclusão das variáveis relativas a custos pós instalação com a concessionária de energia possibilitou encontrar valores muito próximos a realidade, como pôde ser comprovado no estudo de caso apresentado.

A maior dificuldade deste método encontra-se na estimativa de geração, a qual depende de características climáticas. Além disso, a variabilidade de tarifa de energia que é um fator determinante para o retorno de um investimento em sistemas fotovoltaicos, vem sofrendo alterações significativas. Outro ponto que dificulta o método é a sua complexidade, pois trabalha com um número elevado de informações, enquanto os métodos tradicionalmente adotados são resolvidos de maneira simples a partir de fórmulas diretas. Entretanto, a análise aprofundada, como demonstrado neste artigo, trouxe consigo um ganho na precisão dos resultados. Além disso, o

(23)

método disponibiliza gráficos que viabilizam cliente visualizar com clareza o retorno do investimento no SGFV através do fluxo de caixa apresentado.

Recomenda-se para trabalhos futuros:

1. Estudo de longo prazo: análise de mais anos de instalação do SGFV, para comprovação do método nessas condições.

2. Estudo de outros tamanhos de SGFV (maior potência, mais quantidade de painéis). 3. Estudo de um SGFV instalado para o norte: para comprovação do método sem utilizar

o fator de correção azimutal.

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