CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO
ORIGEM HISTÓRICA DO ESTATUTO DA CRIANÇA E
ADOLESCENTE
A origem e o desenvolvimento do processo de criação dos Direitos da Criança integram o movimento de emancipação progressiva do homem e da mulher. A doutrina que embasa esse longo e dinâmico processo surgiu nos séculos XVII e XVIII, com a formulação dos Direitos Naturais do Homem e do Cidadão. Com a incorporação de novos direitos, antes não considerados neste contexto, a doutrina evoluiu, originando as chamadas gerações de Direitos Humanos.
1 ª DIMENSÃO (GERAÇÃO)
A primeira geração foi denominada “
direitos da liberdade
” ou
“
direitos civis e políticos
” ou “
direitos individuais
”, e nasceu no
contexto histórico marcado pela opressão das monarquias
absolutistas da Europa e pela emancipação das 13 colônias
inglesas da América do Norte.
2ª DIMENSÃO (GERAÇÃO)
Uma segunda geração de direitos surgiu com a Revolução Industrial e a urbanização, no século XIX, na Europa, como consequência da opressão e da exploração das classes operárias e da relutância em se manter o ignóbil sistema da escravidão, em certas áreas. Eram os chamados “direitos da igualdade”, hoje ampliados consideravelmente e conhecidos como “direitos econômicos, sociais e culturais”.
3ª DIMENSÃO (GERAÇÃO)
A partir do século XX, o patamar tecnológico alcançado pela humanidade e aumento da população mundial provocaram a necessidade de tratar os problemas sociais fora do prisma individualista, passando a considerá-los na esfera coletiva.
Materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais
Consagração do princípio da solidariedade, partindo do ideal de fraternidade. Exemplificativamente, a tutela dos consumidores e da infância e da juventude.
SÍNTESE DA EVOLUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
PRIMEIRA DIMENSÃO (Liberdade) - Direitos civis e políticos
- Direito à vida, à liberdade, à expressão, etc - Tem no indivíduo o centro de proteção
SEGUNDA DIMENSÃO (Igualdade)
- Direitos sociais econômicos e culturais
- Direito ao trabalho, ao seguro social, amparo à doença, à velhice, etc
TERCEIRA DIMENSÃO (Fraternidade) - Direitos coletivos e difusos
QUARTA DIMENSÃO (Direitos dos povos)
- Direito à informação, pluralismo, democracia, biodireito, bioética, engenharia genética
QUINTA DIMENSÃO (Desenvolvimento e Paz)
-Direito ao cuidado, compaixão e amor por todas as formas de vida, entendendo-se que o indivíduo é parte do universo.
SEXTA DIMENSÃO - Acesso à potável
MARCOS LEGAIS
CÓDIGO DE MENORES DE 1979
Lei 6697/79
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA/1990
DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL - Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1990)
OBJETO DE PROTEÇÃO POR VIA DE
MEDIDAS JUDICIAIS
SUJEITO DE DIREITOS – PESSOA
EM DESENVOLVIMENTO
Critério: Cronológico. Não é psicológico ou biológico.
IDADE NOMENCLATURA
0 a 06 anos completos ou 72 MESES PRIMEIRA INFÂNCIA 0 a 12 anos incompletos CRIANÇA
Art. 2º, ECA:
Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa
até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito
PRINCÍPIOS INTERESSE SUPERIOR DA CRIANÇA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA PRIORIDADE ABSOLUTA
DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Cuidado com o art. 13, ECA:
CASTIGO FÍSICO, TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE E MAUS-TRATOS
SERÃO OBRIGATORIAMENTE COMUNICADOS AO CONSELHO TUTELAR
GESTANTES OU MÃES QUE DESEJAM ENTEGRAR O FILHO PARA ADOÇÃO
SERÃO OBRIGATORIAMENTE ENCAMINHADAS PARA A JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE.
2- Direito de a criança ser educada sem castigo
físico ou tratamento cruel ou degradante (Art. 18-A,
ECA
– Lei 13.010/2014):
- Castigo físico: força física que resulte sofrimento ou
lesão;
Medidas possíveis de serem aplicadas em casos de castigos físicos
ou tratamento cruel/degradante, sem prejuízo de outras sanções cabíveis (art. 18-B, ECA):
I- encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II- encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III – encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV – obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; V – advertência.
3. Direito à educação:
a) Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade (art. 54, IV, ECA - 2016);
b) Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador (art. 54, VI, ECA);
c) Vaga em escola pública mais próxima da residência é direito do estudante, e não
uma imposição (art. 53, V, ECA e STJ, Resp 1.194.905/PR);
d) Pais discordam do processo pedagógico da escola => NÃO PODEM LECIONAR EM CASA (art. 55, ECA);
d) Maus-tratos, reiteração de faltas e elevados níveis de repetência escolar => escola comunicará ao CONSELHO TUTELAR.
4. Direito ao trabalho (art. 60, ECA; 402, CLT)
IDADE TRABALHO
MENOR DE 14 ANOS NENHUM TRABALHO
14 A 16 ANOS INCOMPLETOS APENAS NA CONDIÇÃO DE APRENDIZ
16 A 18 ANOS INCOMPLETOS TRABALHO REGULAR, EXCETO NO PERÍODO NOTURNO OU FUNÇÃO PERIGOSA OU INSALUBRE; PREJUDICIAIS À FORMAÇÃO; QUE IMPEÇAM A FREQUÊNCIA ESCOLAR.
5. Medidas Específicas de Proteção à Criança e ao Adolescente
Medidas de Proteção (art. 98, ECA):
=> Direitos ameaçados ou violados por:
- Ação/omissão da SOCIEDADE ou do ESTADO;
- Falta, omissão ou abuso dos PAIS ou RESPONSÁVEIS; - Em razão de SUA CONDUTA.
PESSOA ATO PRATICADO MEDIDA
Medidas Específicas de Proteção (art. 101, ECA): dentre outras
(rol exemplificativo):
I- encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV – inclusão em de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
serviços e programas oficiais ou comunitários
V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento de alcoólatras e toxicômanos;
Medidas Específicas de Proteção (art. 101, ECA):
Art. 101, § 1º, ECA:
O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e
excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou,
não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando
privação de liberdade. Veja:
- PROVISÓRIA. Não é definitiva. - EXCEPCIONAL. Não é regra.
Medidas Específicas de Proteção (art. 101, ECA):
“Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130 desta Lei (afastamento do agressor do lar), o afastamento
da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a
pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa” (art. 101, §2º, ECA).
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
-Reavaliação da situação, no máximo, a cada 03 meses (art. 19, §1º, ECA).
- Permanência por no máximo 18 meses, salvo comprovada
necessidade que atenda o superior interesse da criança,
devidamente fundamentada pelo juiz (art. 19, §2º, ECA, alterado em 11/2017).