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ASPECTOS HISTÓRICOS DA PROMOÇÃO DA SAÚDE: A BUSCA PELA EFETIVAÇÃO DA POLÍTICA

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Academic year: 2021

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ASPECTOS HISTÓRICOS DA PROMOÇÃO DA SAÚDE: A BUSCA

PELA EFETIVAÇÃO DA POLÍTICA

PRASS, Paula Betina Bock de1; BENETTI, Sabrina de Azevedo Wagner2

Palavras-Chave: Promoção da saúde. Política. Efetivação. Brasil.

INTRODUÇÃO

A expressão Promoção da Saúde (PS) foi utilizada a primeira vez por Henry Sigerist, em 1941 no Canadá. O médico historiador definiu quatro tarefas essenciais à Medicina: a promoção de saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação dos doentes, afirmou: “La salud se promueve proporcionando condiciones de vida decentes, buenas condiciones de trabajo, educación, cultura física y descanso” (Terris, 1992, p.38). Já nesta época, defendeu os fatores determinantes da saúde e a importância da ação articulada entre os setores da sociedade para a reorganização de um programa de saúde.

Contudo, ela emergiu na década de 70 como marco mundial norteador da Saúde Pública e desde então, evolui e consolida-se como um modelo de ações de saúde (MACHADO, et al, 2006). Um dos contribuintes para isso foi o Ministro da Saúde, Mark Lalonde do Canadá, que questionou oficialmente em um documento publicado em 1974, denominado Informe Lalonde, o impacto e o custo elevado crescente dos cuidados médicos na saúde, especialmente no que dizia respeito ao aumento exponencial da incidência de doenças crônicas (SICOLI; NASCIMENTO, 2003). Lalonde destacou a limitação das ações centradas na assistência médica como insuficientes para atuar sobre os grupos de determinantes originais da saúde, identificados por ele como sendo biológicos, ambientais e relacionados aos estilos de vida. Assim, propôs ampliar o campo de atuação da saúde pública, priorizou medidas preventivas e programas educativos que trabalhassem com mudanças comportamentais e de estilos de vida. Trouxe princípios valiosos à promoção da saúde

1

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ; Pós-Graduada em Micropolítica e Gestão do Trabalho em Saúde; Graduada – Licenciatura e Bacharelado – em Educação Física pela UNIJUÍ; bolsista Capes; betina.prass@hotmail.com

2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Atenção Integral à Saúde da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ e Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ; Especialista em Gestão em Saúde no Sistema Prisional e Gestão em Saúde: Práticas Coletivas; Graduada em Enfermagem sabrina.benetti@hotmail.com.

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contemporânea, dentre os quais se pode ressaltar a correlação entre saúde, desenvolvimento econômico e justiça social.

O Relatório Lalonde orientou as práticas de promoção de saúde ao longo da década de 1970 que, em sua maioria, tiveram seu foco restrito à modificação de hábitos, estilos de vida e comportamentos individuais não saudáveis (determinados com bases biológicas), entre os quais: fumo, obesidade, promiscuidade sexual e abuso de substâncias psicoativas. Tal abordagem centrava-se na prevenção de doenças crônico-degenerativas, que era o problema prioritário nos países desenvolvidos. Tanto Sigerist como Lalonde trataram a relação entre saúde e condições de vida, porém o primeiro autor enfatizou estes fatores sob uma perspectiva geral, determinada pela sociedade, enquanto o outro, destacou os fatores individuais, sugerindo o indivíduo como independente (SICOLI; NASCIMENTO, 2003).

Em resposta às expectativas por uma nova saúde pública, movimento que ocorreu no mundo, foi realizada a primeira Conferência Mundial sobre Promoção da Saúde, em Ottawa, Canadá, em 1986. Essa conferência fundamenta, ainda hoje, a promoção da saúde e defendeu como pré-requisitos para a saúde: Paz, Habitação; Educação; Alimentação; Renda; Ecossistema Estável; Recursos Sustentáveis; Justiça Social e Equidade. No final desta conferência, foi redigido o documento oficial, denominada como carta de intenções para a saúde, mas que ficou conhecida como a Carta de Ottawa. A partir destes aspectos históricos, este estudo tem por objetivo refletir a promoção da saúde no Brasil, sua implantação como política e os empasses para sua efetivação.

METODOLOGIA

A pesquisa é de caráter bibliográfico, descritivo, apresenta sob forma de revisão não sistemática com abordagem qualitativa.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A promoção da saúde no Brasil, pensada no setor público nasceu a partir de movimentos populares e se efetivou, ao menos no plano teórico, com a nova constituição federal de 1988, a qual garantiu ações e serviços de saúde que visassem sua proteção, promoção e recuperação. O dever do estado nesse âmbito permaneceu presente na implantação do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 1990).

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A PS, embora defendida na legislação, não estava efetivada nas práticas de saúde. Então, começou a ser discutida a necessidade de uma política específica que contemplasse essa demanda. Essa discussão adentrou na agenda do Ministério da Saúde em 1998, por meio do projeto Promoção da Saúde: Um Novo Modelo de Atenção. O debate se intensificou em 2003, com a intenção de construir uma Política Nacional em bases diversas do que vinha sendo realizado. Somente em 2006, foi Implantada a Política Nacional de Promoção da Saúde

(PNPS). O objetivo desta política é ratificar o compromisso com a ampliação e qualificação

das ações de promoção da saúde, "promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes" (BRASIL, 2006, p.17). Nesta política a PS é entendida como

Estratégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso país, visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas (BRASIL, 2006, p.12)

A PNPS foi construída baseada em documentos produzidos e publicados anteriormente. O objetivo foi de organizar possibilidades de implantação efetiva da PS. Para tanto, a política foi estruturada através de diretrizes e estratégias de implementação. Também situa a responsabilidade de cada ente federativo neste processo. A partir destas definições, vários programas do Ministério da Saúde desenvolvidos posteriormente incentivam o desenvolvimento de ações específicas em cada uma destas áreas, que visam colaborar com a efetivação da proposta de PS, as quais necessitam de ações intersetoriais. Czesarina (2003) destaca a importância da rede de comprometimentos quando se almeja a promoção da saúde. Esta afirma que a saúde em seu significado pleno é tão complexa quanto a própria vida, portanto a responsabilidade de promovê-la em suas múltiplas dimensões não pode ser atribuída a uma área de conhecimento e práticas. Portanto, deve se constituir como uma rede de compromisso entre todos os envolvidos: governo, setor saúde, setores sociais e econômicos, autoridades locais, indústria e mídia.

Em 2015, a reelaboração e ampliação da PNPS, reconheceu que as bases da saúde e do bem-estar se encontram fora do setor saúde, sendo formadas social e economicamente. Entretanto, a operacionalização da promoção da saúde no SUS é determinante para a mobilização de outros atores sociais envolvidos (BRASIL, 2015). Subentende-se neste

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cenário, que apesar da responsabilidade compartilhada, a função da saúde pública na articulação destas propostas é fundamental, dada sua intencionalidade teórica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A efetivação das práticas de Promoção da Saúde no Brasil, estiveram sob responsabilidade do setor saúde. Embora este setor tenha evidenciado avanços significativos com a implementação de diversos programas e ações, parece estar sofrendo limitações. Deste modo, o empreendimento de um movimento articulado com outras políticas sociais, a partir do compartilhamento de responsabilidades e da parceria entre usuários, profissionais, instituições prestadoras de serviços e comunidade aparece como uma possibilidade de responder aos problemas dos grupos populacionais. Assim, os serviços poderiam ser orientados para as necessidades dos sujeitos como um todo, organizando-se de modo a respeitar as diferenças culturais porventura existentes. A partir disso, a concretização da Promoção da Saúde enquanto um modelo de atenção parece tornar-se mais viável.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Série B. Textos Básicos de Saúde Série Pactos pela Saúde 1ª edição, 2006.

BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Revisão da Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006. 1ª ed, 2015.

BRASIL, Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do

Brasil, Brasília, DF, 20 de setembro de 1990.

CZERESNIA, D. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção. In: CZERESNIA, D. FREITAS, C. M. (Org.) Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, pp. 15-38, 2003.

MACHADO, M.F.A.S. Et.al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as

propostas do SUS - uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva, 12(2):335-342,

2007.

SÍCOLI, J.L; NASCIMENTO,P.R. Promoção de saúde: concepções, princípios e

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TERRIS, M. Conceptos de la promoción de la salud: dualidades de la teoría de la salud

publica. In: Organización Panamericana De La Salud. Promoción de la salud: una antología.

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