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1829) COMERCIALIZADOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HIGIENE VETERINÁRIA E PROCESSAMENTO TECNOLÓGICO DE PRODUTOS DE

ORIGEM ANIMAL

BIANCA PORTO KURAIEM

NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE E

CESTOIDES DA ORDEM TRYPANORHYNCHA EM

Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) COMERCIALIZADOS

NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

NITERÓI 2015

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BIANCA PORTO KURAIEM

NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE E CESTOIDES DA ORDEM TRYPANORHYNCHA EM Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829)

COMERCIALIZADOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal.

Orientador: Prof. Dr. SÉRGIO CARMONA DE SÃO CLEMENTE Co-orientador: Prof. Dr. MARCELO KNOFF

Niterói 2015

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K96n Kuraiem, Bianca Porto

Nematoides Anisakidae e Raphidascarididae e cestoides da ordem Trypanorhyncha em Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados no estado do Rio de Janeiro, Brasil / Bianca Porto Kuraiem;

orientador Sérgio Carmona de São Clemente. — 2015. 77 f.

Dissertação (Mestrado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal) – Universidade Federal Fluminense, 2015. Orientador: Sérgio Carmona de São Clemente.

1. Inspeção de pescado. 2. Qualidade do

alimento. 3.Cestoide. 4. Nematoides. I. Título.

CDD 614.31

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BIANCA PORTO KURAIEM

NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE E CESTOIDES DA ORDEM TRYPANORHYNCHA EM Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829)

COMERCIALIZADOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal.

Aprovada em 09 de março de 2015.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Carmona de São Clemente – Orientador

Universidade Federal Fluminense - UFF

_______________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Knoff – Co-orientador

Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

_______________________________________________________ Profª Drª Delir Correa Gomes Maués da Serra Freire

Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ

Niterói 2015

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Jorge e Marilza, que tornaram possível a realização de todos os meus sonhos até o momento e, junto a minha avó, Daleni Kuraiem, sempre apoiaram minhas decisões, me encorajando, acreditando no meu sucesso e na minha capacidade.

Aos meus orientadores, Profs. Drs. Sérgio Carmona de São Clemente e Marcelo Knoff, por todo o aprendizado, atenção, amizade e todas as oportunidades oferecidas.

A Drª Nilza Nunes Felizardo, pela ajuda imprescindível na realização deste trabalho, no auxílio às necropsias, ensinamentos e pela constante torcida pelo meu sucesso.

A Profª Drª Delir Correa Gomes, por me receber de braços abertos em seu laboratório, por todo o carinho e atenção.

A Srta. Heloisa Maria Nogueira Diniz do Serviço de Produção e Tratamento de Imagens do Instituto Oswaldo Cruz, pelo processamento das figuras.

A Srta Vanda Amorim, Sr Elias Nascimento e Sra Sônia Teixeira por toda simpatia e apoio na realização desta etapa.

A doutouranda Michelle Fonseca pela amizade, toda ajuda e bons momentos vividos nestes anos.

Ao Dr Rodrigo Menezes Caldas, pelas fotos e pelo suporte na parte histopatológica deste estudo.

A Drª Leila Maria Silva Lopes, pelo auxílio na obtenção dos peixes, apoio e incentivo ao longo do curso.

Aos Professores da Pós-Graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e demais funcionários, por todo o ensinamento e horas de dedicação.

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Aos secretários da Pós-Graduação da Faculdade de Medicina Veterinária, UFF, Sr. Dráusio Ferreira, Srta. Mariana Oliveira e Sr. André Veiga, por toda gentileza e colaboração.

As colegas de laboratório Gabrielle Fontenelle e Janaína Ribeiro, pela amizade e partilha de conhecimentos.

A todos os amigos e familiares, os quais estiveram ao meu lado, me apoiando e incentivando em todas as etapas do curso.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de pesquisa que possibilitou minha dedicação exclusiva ao referido Programa de Pós-Graduação.

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RESUMO

A presença de parasitos no pescado tem causado prejuízos econômicos à indústria pesqueira. Os cestoides da ordem Trypanorhyncha podem conferir aspecto repugnante ao pescado quando há infestação maciça e, apesar de não serem considerados zoonóticos, há indícios de que estes podem ocasionar danos à saúde do consumidor devido as respostas humorais obtidas “in vitro”, em camundongos; e os nematoides da família Anisakidae e Raphidascarididae podem causar anisaquidose. Pesquisas têm sido realizadas detectando a presença de larvas destes helmintos em peixes teleósteos comercializados no litoral brasileiro, com apenas um caso de anisaquiase humana registrado no Brasil. O presente estudo teve como objetivo pesquisar cestoides e nematoides com importância na inspeção do pescado parasitando o peixe comercial olho-de-cão, P. arenatus, comercializado nos municípios de Niterói e Rio de Janeiro, RJ. Foram necropsiados 30 espécimes deste peixe e as larvas de parasitas coletadas. Dos peixes estudados, 20 (66,7%) estavam parasitados com larvas de nematoides. Foram coletadas no total 2024 larvas, das quais, 30 larvas de terceiro estágio de Anisakis sp. com prevalência (P) = 20%, abundância média (AM) = 1 e intensidade média (IM) = 5 e tendo como sítios de infecção (SI) o ceco, estômago, fígado e mesentério; e 1994 larvas de terceiro e quarto estágios (1757 encistadas e 237 livres) de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum com P = 66,7%, AM = 66,5 e IM = 99,7e SI = baço, ceco, estômago, fígado, mesentério e musculatura abdominal. Quanto aos Trypanorhyncha, foram coletados plerocercos da espécie Callitetrarhynchus speciosus com os seguintes índices parasitários: P = 10%, AM = 0,1 e IM = 1 e tendo como sítios de infecção o mesentério e serosas do intestino e ovário. Este é o primeiro registro de larvas de H. deardorffoverstreetorum e Anisakis sp. parasitando P. arenatus. Concluiu-se que P. arenatus é um dos hospedeiros intermediários de Anisakis sp., de H. deardorffoverstreetorum e C. spesiosus.

Palavras-chave: Priacanthus arenatus. Olho-de-cão. Anisakidae. Raphidascarididae. Trypanorhyncha.

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ABSTRACT

The presence of parasites in fish has caused economic losses to fishery industry. The cestodes of Trypanorhyncha order may confer disgusting aspect to the fish when there is massive infestation in these and, although don't be considered zoonotic, evidences shows that these can cause damage to consumer health due humoral responses obtained "in vitro", in mice; and nematodes of Anisakidae and Raphidascarididae family can cause human anisaquidosis. Researches have been carried out to detecting the presence of helminths larvae in teleost fish sold in the Brazilian coast. In Brazil, only one case of human anisakiasis was registered. This study aimed to search cestodes and nematodes important in fishery inspection that parasite the atlantic bigeye fish, P. arenatus, marketed in the cities of Niterói and Rio de Janeiro, RJ. Thirty specimens of this fish were necropsied and parasite larvae were collected. Of the studied fishes, 20 (66.7%) were infected with nematodes larvae. Were collected in total 2024 larvae, of which 30 third-stage Anisakis sp. larvae with prevalence (P) = 20%, mean abundance (MA) = 1 and mean intensity (MI) = 5 and as infection sites (SI), the cecum, stomach, liver and mesentery; and 1994 third and fourth larval stages (1757 encysted and 237 free) of Hysterothylacium deardorffoverstreetorum with P = 66.7%, MA = 66.5 and MI = 99,7 and as SI = spleen, cecum, stomach, liver, mesentery and muscle abdominal. As for the Trypanorhyncha order, were collected Callitetrarhynchus speciosus plerocercos with the following parasite indexes: P = 10%, MA = 0,1 and MI = 1 and as infection sites mesentery and bowel and ovarian serous. This is the first report of larvae of H. deardorffoverstreetorum and Anisakis sp. parasitizing P. arenatus. It was concluded that P. arenatus is one of the intermediate hosts of Anisakis sp., H. deardorffoverstreetorum and C. spesiosus.

Keywords: Priacanthus arenatus. Atlantic bigeye. Anisakidae. Raphidascarididae. Trypanorhyncha.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Priacanthus arenatus, olho-de-cão. Barra = 10 cm, f. 27

Figura 2 Cavidade abdominal de Priacanthus arenatus apresentando infestação de granulomas contendo Larvas de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum. Barra = 1 cm, f. 28

Figura 3 Larvas de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum contidas em granulomas. a) Placa de Petri com granulomas recém coletados. b) larva saindo do granuloma. c) Larva encistada. Barras: a = 1 cm, b = 0,5 cm, c = 0,2 cm, f. 29

Figura 4 Larva de 3º estágio de Anisakis sp. a) Porção anterior, evidenciando dente larvar, esôfago e ventrículo. b) Detalhe do dente larvar, com poro excretor ao lado. c) Porção posterior, evidenciando a cauda com mucron característico. Barras: a = 200 μm; b = 50 μm e c = 100 μm, f. 30

Figura 5 Larva de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum. a) Porção anterior, evidenciando esôfago, ventrículo e apêndice ventricular. b) Porção posterior, evidenciando a cauda com mucron característico. c) Detalhe do mucron. Barras: a = 200 μm; b = 500 μm e c = 20 μm, f. 31

Figura 6 Plerocerco de Callitetrarhynchus speciosus. a) Vista lateral, quadrados b e c indicam região de onde as figuras b e c foram obtidas. b) Detalhe da disposição dos ganchos da face externa da armadura basal do tentáculo, mostrando os ganchos 3, 4, 5, 6, 7 (7’) 8 (8’) e chainette (c). c) Detalhe da disposição dos ganchos da face externa da armadura metabasal do tentáculo, mostrando os ganchos 6, 7 (7’), 8 (8’) e a chainette (c). Barras: a = 1000 μm; b e c = 50 μm, f. 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados morfológicos e morfométricos das larvas de terceiro estágio dos nematoides Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum coletados em Priacanthus arenatus, f. 32

Tabela 2 - Dados morfométricos dos plerocercos de Callitetrarhynchus speciosus coletados em Priacanthus arenatus, f. 35

Tabela 3 - Índices parasitários de prevalência (P), intensidade média (IM) e abundância média (AM), sítios de infecção (SI) e número de depósito na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) das larvas de Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum coletadas em Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, f. 36

Tabela 4 - Índices parasitários de prevalência (P), intensidade média (IM) e abundância média (AM), sítios de infecção (SI) e número de depósito na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) dos plerocercos de Callitetrarhynchus speciosus coletados em Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, f. 36

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SUMÁRIO RESUMO, f. 5 ABSTRACT, f. 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES, f. 7 LISTA DE TABELAS, f. 8 1 INTRODUÇÃO, f. 11 2 OBJETIVOS, f. 13 2.1 OBJETIVO GERAL, f. 13 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, f. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA, f. 14 3.1 HOSPEDEIRO, f. 14

3.2 NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE DE IMPORTÂNCIA SANITÁRIA NO PESCADO, f. 14

3.2.1 Anisaquiase e anisaquidose, f. 18

3.2.1.1 Prevenção e controle da anisaquidose, f. 20 3.2.2 Potencial alergênico, f. 21

3.3 ORDEM TRYPANORHYNCHA, f. 22

4 MATERIAL E MÉTODOS, f. 25 4.1 MATERIAL, f. 25

4.1.1 Aquisição e transporte das amostras, f. 25 4.2 MÉTODOS, f. 25

4.2.1 Inspeção e processamento dos peixes, f. 25 4.2.2 Processamento e identificação das larvas, f. 26 4.3 DEPÓSITO DOS HELMINTOS COLETADOS, f. 27

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4.4 ANÁLISE DOS ÍNDICES PARASITÁRIOS, f. 27 5 RESULTADOS, f. 28 5.1 IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA, f. 28 5.1.2 Descrição taxonômica, f. 29 5.1.2.1 Nematoides, f. 29 5.1.2.2 Cestoide, f. 33 5.2 ÍNDICES PARASITÁRIOS, f. 36 6 DISCUSSÃO, f. 37 7 CONCLUSÕES, f. 39 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, f. 40 9 ANEXO, f. 57

9.1 Trabalho sobre cestoides Trypanorhyncha parasitos de olho de cão, Priacanthus arenatus Cuvier, 1829 aceito para publicação, f. 57

9.1.1 Cestoides Trypanorhyncha parasitos de olho de cão, Priacanthus arenatus (cuvier, 1829) (osteichthyes, priacanthidae) importantes na higiene do pescado, f. 58 9.2 Trabalho sobre larvas de nematoides Priacanthus arenatus Cuvier, 1829 submetido para publicação, f. 64

9.2.1 Nematode larvae infecting Priacanthus arenatus Cuvier, 1829 (Pisces: Teleostei) in Brazil, f. 65

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1 INTRODUÇÃO

O pescado é um importante constituinte da dieta humana em variadas regiões do planeta. Fonte abundante de proteína de alto valor biológico, vitaminas A, D, E e do complexo B e de minerais como cálcio, fósforo e ferro, sua fração lipídica contêm ainda ácidos graxos poliinsaturados da família ômega 3, sendo por isso o seu consumo associado a uma alimentação saudável e, amplamente recomendado por médicos e nutricionistas (ABABOUCH, 2005).

No Brasil, a incorporação de outras culturas à culinária, a inclusão de mais produtos a base de pescado ao cardápio cotidiano por motivos de dietas e/ou restrições alimentares e a implementação de políticas e campanhas governamentais para incentivar o consumo de pescado, como a “Semana do Peixe”, tem feito com que o consumo per capita deste aumente anualmente (MPA, 2013).

A espécie Priacanthus arenatus Cuvier, 1829, também conhecida como olho-de-cão, ocorre nas águas do Atlântico ocidental. É uma espécie de hábitos noturnos, vive desde a costa até cerca de 130 metros de profundidade e se alimenta de pequenos peixes, crustáceos e poliquetas (FIGUEIREDO E MENEZES, 1980).

O peixe citado possui alto valor comercial e pode ser encontrado em todo litoral brasileiro, entretanto na literatura observa-se poucos trabalhos sobre o mesmo, principalmente em relação à sua fauna parasitológica e importância na higiene do pescado.

Entre o grupo de formas parasitárias que o peixe acima pode albergar, destacam-se os nematoides da família Anisakidae e Raphidascarididae e os cestoides da ordem Trypanorhyncha, devido a sua importância na inspeção sanitária.

A presença de parasitos nos produtos da pesca constitui um perigo biológico que não deve ser negligenciado pois algumas espécies destes são capazes de originar enfermidades graves devido à sua ingestão, como a anisaquidose, veiculada por larvas infectivas de nematoides da família Anisakidae (ADAMS et al., 1997; KLIMPEL e PALM, 2011).

As famílias Anisakidae e Raphidascarididae possuem gêneros que parasitam mamíferos marinhos, tendo como hospedeiros intermediários peixes teleósteos, moluscos cefalópodes e pequenos crustáceos (ADAMS et al. 1997).

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O ser humano é um hospedeiro acidental, adquirindo a larva através da ingestão de peixes crus ou pouco cozidos, defumados ou salgados de forma insuficiente, utilizados na elaboração de pratos como “sushi”, “sashimi”, “cebiche”, “lomi-lomi”, “boquerones”, entre outros (AMATO e BARROS, 1984).

A ordem Trypanorhyncha é composta por grande diversidade de espécies, todas parasitas de peixes e invertebrados marinhos. Os parasitas adultos habitam o intestino de peixes elasmobrânquios (tubarões e raias) e as formas larvares são encontradas na cavidade celomática e na musculatura de peixes teleósteos, crustáceos e moluscos cefalópodes (CAMPBELL e BEVERIDGE, 1994).

Na inspeção de pescado, os cestoides da ordem Trypanorhyncha possuem importância pelo aspecto repugnante que causam a este quando há infestação muscular, que é descartado pelo consumidor ou condenados pelo Serviço de Inspeção, quando na indústria de beneficiamento, ocasionando prejuízos econômicos (BRASIL, 1952).

Apesar de não serem considerados zoonóticos, há indícios de que estes parasitas podem causar reações alérgicas quando ingeridos, pois em estudos experimentais tem-se relatado a indução da produção de anticorpos por camundongos (RODERO e CUÉLLAR, 1999; VÁZQUEZ-LÓPEZ et al., 2002; MATTOS et al., 2013).

Este trabalho teve como objetivo pesquisar o parasitismo de peixes da espécie P. arenatus comercializados no litoral do Estado do Rio de Janeiro por larvas de nematoides da família Anisakidae e Raphidascarididae e de cestoides da ordem Trypanorhyncha.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho objetivou o estudo da parasitose por larvas de nematoides da família Anisakidae e Raphidascarididae e de cestoides da ordem Trypanorhyncha em Priacanthus arenatus comercializados no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar taxonomicamente as larvas de nematoides Anisakidae e Raphidascarididae e plerocercos e/ou plerocercoides de Trypanorhyncha presentes nos peixes Priacanthus arenatus comercializados nos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, Estado do Rio de Janeiro.

 Estabelecer os índices parasitários e sítios de infecção das espécies relacionadas.

 Avaliar a importância da presença dos helmintos encontrados para a Saúde Pública.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 HOSPEDEIRO

O peixe Priacanthus arenatus pertence à ordem Perciformes e à família Priacanthidae e é conhecido vulgarmente como “olho-de-cão”. Apresenta coloração vermelho-claro com nadadeiras pélvicas enegrecidas e cresce pelo menos 40 cm de comprimento. Possui nadadeira dorsal com 13 a 15 raios e anal com 14 a 16, e linha lateral contendo 61 a 73 escamas. Primeiro arco branquial com 27 a 33 rastros, incluindo rudimentos (FIGUEIREDO e MENEZES, 1980).

De hábitos noturnos, vive em fundos rochosos, desde a costa até cerca de 130 metros de profundidade. Se alimenta basicamente de peixes pequenos, crustáceos e poliquetas. Dentre a família, é a espécie mais comum no sudeste brasileiro. Distribui-se no Oceano Atlântico, do Canadá ao norte da Argentina (FIGUEIREDO e MENEZES, 1980).

Está listado dentre os peixes da Zona Econômica Exclusiva da região Sudeste-Sul do Brasil, possuindo importante valor comercial no país (BERNARDES et al., 2005).

3.2 NEMATOIDES ANISAKIDAE E RAPHIDASCARIDIDAE DE IMPORTÂNCIA SANITÁRIA NO PESCADO

As larvas das famílias Anisakidae e Raphidascarididae desenvolvem seu ciclo biológico no ambiente aquático, onde as larvas têm como hospedeiro intermediário o peixe, crustáceo ou cefalópode e têm como hospedeiros definitivos, os mamíferos marinhos. Os ovos dos parasitos adultos são eliminados nas fezes de mamíferos marinhos na água, continuando seu desenvolvimento até o estágio larval. Esta larva é ingerida por um crustáceo, peixe ou cefalópode (hospedeiros intermediários) e desenvolvem-se até o terceiro estágio (L3). Um mamífero marinho ingere o hospedeiro intermediário com L3 e esta evolui até o estágio adulto, fechando o ciclo. Na anisaquidose / anisaquiase, o homem atua como hospedeiro acidental e o ciclo biológico do parasito não se completa (ANDERSON, 2000; SMITH e WOOTTEN, 1987; VALLS et al., 2005).

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Os principais gêneros de interesse para a inspeção sanitária são Anisakis Dujardin, 1845, Pseudoterranova Mosgovoy, 1950 e Contracaecum Ralliet & Henry, 1912 (ADAMS et al. 1997). Sendo a maioria dos casos reportada para as espécies Anisakis simplex e Pseudoterranova decipiens (NAGASAWA e MORAVEC, 1995, ARCANGELI et al., 1997; ADAMS et al., 1997; MERCADO e TORRES, 1997; PICCOLO et al. 1999).

Pertencente à família Raphidascarididae, o gênero Hysterothylacium Ward & Magath, 1917 também já foi identificado como parasito acidental de humanos (YAGI et al., 1996).

Há poucos registros sobre o parasitismo por helmintos em P. arenatus. Pinto et al. (1988) registraram a presença de Oncophora melanocephala Baudin-Laurencin, 1971. De Fabio (2000) encontrou O. melanocephala, Stephanostomum seriolae Yamaguti, 1970, Pseudopecoelus priacanthi MacCallum, 1921, Brachyphallus parvus Manter, 1947 e Diplectanotrema balistes Price, 1937. Tavares et al. (2001) estudaram a ecologia da comunidade de metazoários parasitos do olho-de-cão relatando a presença de Lecithochirium sp. Luehe, 1901, Opecoeloides sp. Odhner, 1928, Diplectanotrema sp. Johnston & Tiegs, 1922, Scolex pleuronectis Müller, 1788, Polymorphus sp. Lühe, 1911, O. melanocephala, Raphidascaris sp., Pseudoterranova sp. e Contracaecum sp. Pesquisando cestoides da ordem Trypanorhyncha, a espécie citada foi estudada por Ferreira et al. (2006) e Lima (2004).

Foi relatada por vários autores a presença de larvas da família Anisakidae e Raphidascarididae em diversos peixes teleósteos marinhos e de água doce comercializados no litoral brasileiro. Em 1983, Rego et al. estudaram os parasitas de anchovas, Pomatomus saltator Linnaeus, 1766 no Rio de Janeiro. Em 1993, Barros e Amato estudaram a prevalência dos gêneros Contracaecum e Anisakis em peixes espada Trichiurus lepturus Temminck & Schlegel, 1844, encontrando baixa prevalência de Anisakis sp.

São Clemente et al. (1994) registraram os anisaquideos em Pagrus pagrus Linnaeus, 1758 realizando um estudo do seu controle através de baixas temperaturas. São Clemente et al. (1995) registraram o parasitismo por Contracaecum sp., Terranova sp. e Raphidascaris sp. em peixe- espada T. lepturus.

Barros e Cavalcanti (1998) estudaram sete espécies de pescado de grande consumo provenientes de litoral Nordeste do Brasil e registraram a presença de

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larvas de anisaquideos nesses pescados, encontrando maior prevalência dos gêneros Anisakis sp. e Contracaecum sp.

Luque e Chaves (1999) observaram a ecologia da comunidade de metazoários parasitos da anchova P. saltator e registraram as espécies Anisakis sp. e Contracaecum sp.

Pereira et al. (2000) registraram a incidência de A. simplex e Pseudoterranova sp. na musculatura e superfície da pele do bacalhau, Gadus morhua Linnaeus, 1758, comercializado no Estado de São Paulo. Silva et al. (2000) estudaram os parasitos do peixe-espada T. lepturus e registraram as espécies Anisakis sp., Contracaecum sp., Hysterothylacium sp. e Pseudoterranova sp.

Silva e São Clemente (2001) registraram os nematoides da família Anisaquidae em filés de dourado Coryphaena hippurus Linnaeus, 1758 e ariocó Lutjanus synagris Linnaeus, 1758.

Abdallah et al. (2002) registraram a presença de Anisakis sp., Contracaecum sp., Raphidascaris sp. em espécimes de cavalinha Scomber japonicus Houttuyn, 1782. Alves et al. (2002), encontraram Contracaecum sp, Pseudoterranova sp. e Hysterothylacium sp. no mesentério de Genypterus brasiliensis Regan, 1903. Luque et al. (2002) registraram Anisakis sp., Contracaecum sp. e Raphidascaris sp. no peixe trilha, Mullus argentinae Hubbs & Marini, 1933.

Sabas e Luque (2003) registraram Hysterothylacium sp. e Terranova sp. em Cynoscion guatucupa Cuvier, 1830 e Macrodon ancylodon Bloch & Schneider, 1801. Knoff et al. (2004) fizeram a primeira ocorrência de larvas de Anisakis sp. na musculatura de congro-rosa, G. brasiliensis. Pereira Jr. et al. (2004) estudaram larvas de Hysterothylacium sp. em Micropogonias furnieri Desmarest, 1823 coletadas no Rio Grande do Sul. Salgado et al. (2004) registraram larvas de anisaquideos em espécimes de namorado Pseudopercis numida Miranda Ribeiro, 1903 e congro-rosa G. brasiliensis. Tavares et al. (2004) registraram os nematoides Hysterothylacium sp. e Pseudoterranova sp. em Tylosurus acus Lacepède, 1803. Cordeiro e Luque (2004) registraram a presença de larvas de Anisakis sp., Contracaecum sp, Hysterothylacium sp, Raphidascaris sp e Terranova sp. em peixe-galo, Selene setapinnis Mitchill, 1815, da costa do Estado do Rio de Janeiro.

Bicudo et al. (2005) registraram Anisakis sp. em Prionotus punctatus Bloch, 1793. Cordeiro e Luque (2005) ao estudar espécimes de peixe-galo S. setapinnis, registraram a presença de larvas de Anisakis sp., Contracaecum sp.

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Hysterothylacium sp., Terranova sp. e Raphidascaris sp. Alves e Luque (2006) registraram a presença de larvas de Anisakis sp., Contracaecum sp. e Raphidascaris sp. em cinco espécies de escombrídeos do litoral do Rio de Janeiro.

Prado e Capuano (2006) fizeram o relato de nematoides da família Anisakidae em bacalhau comercializado em Ribeirão Preto, São Paulo. Tavares e Alejos (2006) listaram os peixes do litoral do Rio de Janeiro infectados por larvas da família Anisakidae enfocando aspectos da sistemática, biologia e da importância em saúde coletiva.

Azevedo et al. (2007) registraram Hysterothylacium sp. Raphidascaris sp. no gordinho, Peprilus paru Linnaeus, 1758, no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Knoff et al. (2007) registraram A. physeteris, A. simplex, Anisakis sp., Pseudoterranova decipiens, Pseudoterranova sp., Hysterothylacium sp., Raphidascaris sp., Contracaecum sp. e Terranova sp. de G. brasiliensis. Luque et al. (2008) encontraram em espécimes de namorado, P. numida, do litoral do Estado do Rio de Janeiro nematoides dos gêneros Anisakis sp, Hysterothylacium sp, Raphidascaris sp, e Terranova sp.

Felizardo et al. (2009a; 2009b) identificaram larvas de A. simplex, Contracaecum sp. Hysterothylacium sp., Terranova sp. e Raphidascaris sp. em linguado Paralichthys isosceles Jordan, 1891. Saad e Luque (2009) registraram larvas de Anisakis sp, Contracaecum sp., Hysterothylacium sp. e Raphidascaris sp. na musculatura de pargo P. pagrus coletados no Estado do Rio de Janeiro.

Dias et al. (2010) estudaram espécimes de peixe-porco, Aluterus monoceros Linnaeus, 1758 em estabelecimentos de pescado nos municípios de Niterói e Rio de Janeiro e observaram larvas de Anisakis sp. no mesentério de um peixe e de Contracaecum sp. no fígado e mesentério, sendo as larvas de Anisakis sp. registradas pela primeira vez parasitando este peixe. Dias et al. (2011) registraram as espécies Anisakis sp. e Contracaecum sp. parasitando Scomberomorus cavalla Cuvier, 1829.

Knoff et al. (2012) fizeram a caracterização morfológica e molecular de uma nova espécie, Hysterothylacium deardorffoverstreetorum parasitos de P. isosceles.

Fontenelle et al. (2013) registraram a presença de Anisakis sp., Contracaecum sp., H. deardorffoverstreetorum e Terranova sp. em C. guatucupa do litoral do Estado do Rio de Janeiro. Ribeiro et al. (2014) registraram pela primeira

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vez Hysterothylacium sp. em enxada Chaetodipterus faber Broussonet, 1782 e pampo Trachinotus carolinus Linnaeus, 1766.

Felizardo et al. (2009b) registraram a histopatologia pelas larvas de Hysterothylacium sp. em P. isosceles.

3.2.1 Anisaquiase e anisaquidose

Na Groenlândia, em 1876, ocorreu o primeiro relato de enfermidade humana acidental em uma criança, porém esta patologia passou a ser descrita com mais frequência a partir de meados do século XX (1955) na Holanda, devido ao consumo de arenques (“maatje”), parasitados com larvas vivas viáveis de anisaquideos (VAN THIEL et al., 1960).

No Japão, onde concentram-se cerca de 90% dos casos de anisaquidose em humanos e mais de 2.000 pessoas infectam-se anualmente com esta parasitose (CHAI et al., 2005), o primeiro relato oficial da doença ocorreu em 1965, por Asami e colaboradores, entretanto, conforme descrito por Cheng (1976), existem referências deste parasitismo desde 1940, a partir da observação de flegmão ou lesão granulomatosa na parede gastrintestinal de humanos.

Apesar de ser pouco conhecida pela população, esta é considerada uma zoonose grave e sua prevalência tem aumentado nas últimas décadas em diferentes países do mundo, como Alemanha, Holanda, Espanha e França (AUDICANA et al., 2002). Em 2013, na Europa, a incidência de casos de anisaquiase foi de 3,8/100.000 (ORPHANET REPORT SERIES, 2014). A doença também já foi relatada em países como Nova Zelândia, Coréia e Egito. Na América, casos de anisaquidose foram diagnosticados em indivíduos dos EUA, Canadá, Chile e Brasil (MERCADO e TORRES, 1997; CRUZ et al., 2010; AUDICANA e KENNEDY, 2008).

No Brasil, foi registrado somente um caso clínico de anisaquidose humana até o momento. Este ocorreu em um homem de 73 anos de idade, na cidade de Barra do Garças – Mato Grosso e foi relatado por Cruz et al. (2010). A larva se localizava na mucosa do duodeno do paciente e foi detectada por meio de exame endoscópico. As infecções humanas causadas por anisaquideos estão associadas ao consumo de pescados crus ou submetidos a processos que não alteram a viabilidade das larvas. Devido à popularidade crescente de alguns pratos orientais e pelo incremento de movimentos naturalistas que preconizam o consumo de pescado

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cru ou com pouca cocção, na atualidade, essas infecções tem sido relatadas em diversos países (FERRE, 2001).

A maior incidência da enfermidade em humanos ocorre em áreas litorâneas, como nos países da Escandinávia, através do consumo de bacalhau, arenque, gravlax (salmão curado a seco); no Japão, pelo consumo de “sushi”, “sashimi”, “palu” (surimi com cabeça de peixe e vísceras), “sunomono” (filés de peixe ou lula com vinagre); na Holanda, pela ingestão de “maatjes” (arenque fermentado); na Espanha, devido ao consumo de “boquerones” (anchovas em vinagre) e sardinhas cruas; no Havaí, através da ingestão de “lomi-lomi” (salmão cru) e na América do Sul, pelo consumo de “cebiche” (filés de peixe cru), encontrando-se na literatura diversos relatos alusivos ao surgimento de sintomas posterior ao consumo destes pratos (DEARDORFF e OVERSTREET, 1990; LAFFON-LEAL et al., 2000; MERCADO et al., 2001; CABRERA e OGNIO, 2002).

A anisaquiase e anisaquidose podem se apresentar de duas formas: gastroduodenal e intestinal. Na forma gastroduodenal, há episódios de dor estomacal, vômitos e náuseas, diarreia, febre, urticária, edemas, dentre outras, pois o parasito engancha sua porção cefálica na parede gástrica provocando intensa gastrite, e na forma intestinal, a larva migra para o intestino provocando quadros desde dor abdominal a obstrução intestinal por parasitismo intenso (DASCHNER et al., 1998; MERCADO e TORRES, 1997; MINETA et al., 2006).

Segundo Audicana (2000) as mudanças patológicas geradas no trato gastrointestinal de humanos durante a infecção com A. simplex são resultado da invasão tissular da larva e pela interação entre o sistema imunitário do hospedeiro e o conjunto de substâncias liberadas ou contidas no parasito.

A maioria dos casos descritos são produzidos por uma única larva e, embora o local mais freqüente seja o trato digestivo, algumas larvas podem atravessar a parede gastrointestinal e assentar-se em localizações ectópicas como pulmão, fígado, baço e pâncreas. Estes sintomas não são específicos e podem assemelhar-se aos encontrados em quadros de úlcera gástrica, ileíte, apendicite, doença de “Crohn” ou ainda, tumores abdominais (AUDICANA, 2000; MINETA et al., 2006).

O diagnóstico desta parasitose se confirma ao se observar a larva, quando extraída mediante endoscopia de zonas acessíveis (esôfago, estômago, cólon) ou expectorada. Contudo, quando a larva migra até o intestino delgado ou está em localização ectópica, requer com frequência a remoção cirurgia, pois não existem

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fármacos eficazes para o combate da anisaquidose. Quando a infecção se torna crônica, a larva é destruída pelo sistema imune (DEL REY-MORENO et al., 2008; FERRE, 2001).

3.2.1.1 Prevenção e controle da anisaquidose

A principal medida de prevenção contra esta zoonose é evitar a ingestão de peixes preparados crus, mal cozidos, levemente salgados ou defumados artesanalmente. Em algumas destas condições, o consumo do pescado deve ser realizado somente quando os produtos forem certificados por órgãos oficiais de inspeção e submetidos a um prévio congelamento a -35 oC por 15 horas ou -20 oC por 7 dias (FDA, 2012). O binômio tempo x temperatura de congelamento determinado deve ser seguido rigorosamente, pois os anisaquideos podem sobreviver ainda por vários dias mesmo a temperaturas próximas de 0 ºC (SÃO CLEMENTE et al., 1994).

O A. simplex é pouco resistente ao sal, porém as altas concentrações de sal e o grande tempo necessários para a sua destruição, fazem da salga um método de controle pouco seguro. Em estudo, Karl et al. (1994) relataram que em arenque, as larvas deste nematoide somente foram mortas após os peixes serem marinados por 5 - 6 semanas em concentrações de sal de 8 – 9 %. Quando a concentração de sal foi reduzida para 4,3 %, o tempo necessário para que ocorresse a morte de todas as larvas aumentava para 7 semanas. Além disso, a salga seca tende a inviabilizar os parasitas localizados nas superfícies dos peixes, não alcançando aqueles que se encontram no interior da musculatura (FDA, 2013).

A defumação a frio também não é uma técnica indicada para controle de anisaquideos nos alimentos, pois nela são utilizadas temperatura (< 30 oC) e concentração de sal (3 - 3,5 %) insuficientes para matar estes organismos (FDA, 2013).

Quando o pescado for consumido cozido, a temperatura de cocção utilizada deve ser de 70 oC por um período mínimo de 1 minuto, garantindo total inativação dos estágios larvais de trematódeos, cestodeos e nematódeos (ACHA e SZYFRES, 2003).

A irradiação ainda não é considerada uma técnica eficaz para inviabilizar parasitas anisaquideos. Padovani et al. (2005) estudaram o impacto da radiação

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gama “in vitro” sobre as larvas de anisaquideos coletadas do congro-rosa, G. brasiliensis, irradiando-as com dosagens de 1, 3 e 6 quilogray (kGy), mantidos em solução fisiológica 0,65 % de NaCl e armazenados sob refrigeração a temperaturas entre 5 oC a 8 ºC. A mais efetiva dosagem usada foi a de 6 kGy, porém as larvas ainda sobreviveram por um período máximo de 14 dias.

Outros estudos realizados sugeriram doses de radiação entre 2 e 10 kGy para que houvesse morte desses parasitos, enquanto que as doses necessárias para eliminar outros parasitas como metacercárias e protozoários coccídios variam de 0,15 a 0,5 kGy, ou seja, provavelmente o produto teria seu aspecto sensorial muito alterado ao ser exposto a doses relativamente tão altas de radiação (FDA, 2013).

3.2.2 Potencial alergênico

Já foi relatado em humanos, sem relato expresso de patologia digestiva, quadros de urticária, angiedema ou reações anafiláticas graves relacionadas com a ingestão de peixes, mariscos ou cefalópodes, independente da cocção ou não do pescado ingerido. Estas ocorrências se dão por conta da existência de um amplo número de moléculas com potencial alergênico nas larvas de anisaquideos, em especial as de Anisakis sp., sendo algumas produto de excreção/secreção e outros componentes somáticos (AUDICANA e KENNEDY, 2008).

Os sintomas são semelhantes ao de reação alérgica tipo I (imediata) mediadas por anticorpos tipo IgE específico, variando na gravidade desde reação cutânea com urticária ou angioedema até choque anafilático (AUDICANA et al., 1997; AUDICANA, 2000; MONTORO et al., 1997).

A glândula excretora de Anisakis sp. pode produzir e liberar grânulos (contendo antígenos) que, ao interagir com o sistema imunológico do hospedeiro, são responsáveis pela reação mediada por IgE (POZO et al., 1996; ARLIAN et al., 2003; MONEO et al., 2005).

Yman (2000) enfatizou a capacidade de outros helmintos, além dos parasitas do gênero Anisakis, em promover resposta imune mediada por IgE em humanos através de proteínas que desencadeam reações imunes similares quando ingeridas ou inaladas.

Casos de alergia, urticária, conjuntivite, dermatite, quadro reumatológico após manifestações cutâneas, têm sido relacionados à exposição por contato,

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principalmente entre trabalhadores com pescado (AÑÍBARRO e SEOANE, 1998; AUDICANA et al., 1997; AUDICANA, 2000).

Armentia et al. (2006) descreveram casos de pacientes que apresentaram sintomas alérgicos após a ingestão de carne de frango, atribuindo a contaminação dos frangos pela ração composta por farinha de pescado. Anteriormente, já haviam sido relatados casos de asma ocupacional em trabalhadores de granja avícola e de indústria de congelamento de pescado (ARMENTIA et al., 1998).

3.3 ORDEM TRYPANORHYNCHA

A ordem Trypanorhyncha, é composta por grande diversidade de espécies, todas parasitando peixes e invertebrados marinhos. Os vermes adultos habitam o intestino de peixes elasmobrânquios (tubarões e raias) enquanto as formas larvais são encontradas na cavidade celomática e na musculatura de peixes teleósteos, crustáceos e moluscos cefalópodes (CAMPBELL e BEVERIDGE, 1994).

As primeiras publicações sobre estes parasitos datam de 1797, de autoria de Bosc, e de 1808, de Rudolphi, segundo Pereira Jr. (1993).

No Brasil, em 1934, Faria e Silva registraram o encontro destes helmintos em 21 espécies de peixes teleósteos e elasmobrânquios desembarcados no antigo Entreposto Federal de Pesca do Rio de Janeiro, mas, denominando-os, genericamente, de Tetrarhynchus sp. Este trabalho foi de importante contribuição aos serviços de inspeção sanitária do pescado, por listar muitas espécies de peixes de frequente comercialização no município do Rio de Janeiro.

Os cestoides da ordem Trypanorhyncha, mesmo não possuindo potencial zoonótico, adquirem importância na inspeção sanitária do pescado pelo aspecto repugnante que conferem aos peixes que apresentam grande infestação por estes parasitos. Uma vez que o pescado apresenta infestação muscular maciça por parasitas, este é considerado impróprio para consumo, de acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos De Origem Animal - RIISPOA (BRASIL, 1952), em seu item 4º do Art. Nº445.

Corroborando com a importância destes cestoides para a Inspeção do Pescado, em muitas espécies de teleósteos é comum observar-se altas taxas de infecção na musculatura (DOLLFUS, 1942; AMATO et al., 1990; PEREIRA JR., 1993; SÃO CLEMENTE et al., 1995, 1997).

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O aspecto higiênico-sanitário da parasitose passou a ganhar maior importância a partir da década de 1980, com os trabalhos de São Clemente (1986a, 1986b, 1987) em M. furnieri, registrando o encontro de larvas de Trypanorhyncha em 38% de 1000 exemplares examinados. Logo se seguiram contribuições de Amato et al. (1990) em Katsuwonus pelamis Linnaeus, 1758; de São Clemente et al. (1991; 1995; 1997) em Netuma barba Lacepède, 1803, Balistes vetula Linnaeus, 1758 e P. saltator, respectivamente; e de Silva e São Clemente (2001) em Coryphaena hippurus Linnaeus, 1758 e L. synagris, todos capturados ao longo do litoral do Estado do Rio de Janeiro.

Diversos teleósteos analisados no Estado do Rio de Janeiro foram descritos como hospedeiros intermediários de cestoides desta ordem: Caranx hippus e C. lattus (LUQUE et al., 2000), M. furnieri (ALVES e LUQUE, 2001; PORTO et al., 2009), C. hippurus e L. synagris, ariocó (SILVA e SÃO CLEMENTE, 2001), M. ancylodon (SABAS e LUQUE, 2003), G. brasiliensis (ALVES et al., 2002; SÃO CLEMENTE et al., 2004), S. setapinnis (CORDEIRO e LUQUE, 2004), C. acoupa, C. lattus, P. saltator e C. hippus (FERREIRA et al., 2006), Lophius gastrophysus Miranda Ribeiro, 1915 (SÃO CLEMENTE et al., 2007).

Alves et al. (2005) relataram exemplares destes cestoides na cavidade visceral e musculatura de Balistes capriscus Gmelin, 1789 e em B. vetula Linnaeus, 1758. Em outro estudo foram pesquisadas as comunidades parasitárias de 171 espécimes de escombrídeos de cinco espécies encontrando cestoides em quatro delas (ALVES e LUQUE, 2006).

Felizardo et al. (2010) registraram em linguados de Paralichthys e de Xystreurys oito espécies de cestoides Trypanorhyncha, Nybelinia lingualis Cuvier, 1817, Heteronybelinia nipponica Yamaguti, 1952, Otobothrium sp. Linton, 1891, Pterobothrium heteracanthum Diesing, 1850, Pterobothrium crassicolle Diesing, 1850, Grillotia carvajalregorum Menoret & Ivanov, 2009, Callitetrarhynchus gracilis Rudolphi, 1819; os cestoides Tetraphyllidea, S. pleuronectis e os cestoides Diphyllobothriidea Diphyllobothrium sp. 1 e Diphyllobothrium sp. 2. em P. isosceles.

Fonseca et al. (2012) estudaram os cestoides Trypanorhyncha de P. patagonicus e X. rasile com a redescrição da espécie Nybelinia erythraea Dollfus, 1960.

Apesar de não serem transmissíveis aos vertebrados homeotérmicos e o reencapsulamento das pós-larvas não ocorrer em animais de sangue quente, há

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indícios de que parasitas da ordem Trypanorhyncha podem ocasionar danos à saúde do dos seres humanos. Rodero e Cuellar (1999) relataram que larvas de Gymnorhynchus gigas Cuvier, 1817 possuem componentes antigênicos capazes de provocar episódios anafiláticos enquanto que Vázquez-López et al. (2002) demonstraram que proteínas presentes em G. gigas podem originar alterações de motilidade e trânsito intestinal em modelos murinos.

Mattos et al. (2013) demonstraram através de inoculação em modelos murinos, que extratos brutos de P. heteracanthum apresentam moléculas capazes de induzir a produção de IgG e IgE específicas, induzindo assim reação alérgica.

A espécie Callitetrarhynchus speciosus (Linton, 1897) Carvajal & Rego, 1985 já foi relatada em diversos peixes teleósteos pelo mundo (BATES, 1990; PALM, 1995; 2004; PALM e BRAY, 2014). No Brasil, os últimos registros desta espécie foram feitos por Dias et al. (2009, 2010 e 2011).

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4 MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Pescado do Departamento de Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, e no Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, Rio de Janeiro.

4.1 MATERIAL

4.1.1 Aquisição e transporte das amostras

Para a realização deste estudo foram adquiridos no período de julho a dezembro de 2013, 30 espécimes de P. arenatus (figura 1) provenientes de mercados de peixes dos municípios de Niterói e Rio de Janeiro, no Estado do Rio de Janeiro, principalmente do Mercado de São Pedro, localizado em Niterói.

Estes foram transportados em caixas isotérmicas para o Laboratório de Inspeção e Tecnologia de Pescado da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal Fluminense, onde foram inspecionados e processados.

4.2 MÉTODOS

4.2.1 Inspeção e processamento dos peixes

Para cada espécime foi preenchida uma ficha de necropsia individual com sua numeração, peso, comprimento total e data de necropsia. O comprimento total dos peixes pesquisados variou entre 20-63 (38,3) cm e o peso entre 400 – 3600 (1210) g.

A identificação da espécie de peixe foi realizada de acordo com Figueiredo e Menezes (1980).

A evisceração foi feita, após mensuração, a partir de um corte longitudinal ventral, da cloaca à região cefálica, seguindo a linha opercular em direção ao dorso até a altura da coluna vertebral. Uma terceira incisão foi feita ao longo da coluna, acompanhando, no final a curvatura da cavidade visceral. A estrutura recortada foi

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rebatida e foram examinadas, a olho nu e com o auxílio do estereomicroscópio, as serosas dos órgãos e vísceras e o mesentério a procura de parasitas.

Para a pesquisa do parasitismo na musculatura, foram feitos dois cortes longitudinais, em ambos os lados, partindo da inserção da cauda em direção à cabeça até o nível do opérculo, obtendo-se dois filés por peixe que foram examinados na mesa de inspeção (“candling table”), para a melhor visualização de possíveis larvas de helmintos.

4.2.2 Processamento e identificação das larvas

Os nematoides encontrados vivos foram fixados em A.F.A (álcool 70 % - formalina - ácido acético glacial) a quente (65 oC) e, posteriormente, conservados em álcool 70 % glicerinado a 5 %, clarificados com lactofenol de Aman e dispostos entre lâmina e lamínula, conforme técnica descrita por Knoff e Gomes (2012). Já as larvas coletadas mortas foram fixadas em AFA a temperatura ambiente e posteriormente passaram pelo mesmo procedimento.

A identificação do gênero das larvas de anisaquideos foi realizada com base nos trabalhos de Felizardo et al.(2009a) e Knoff et al. (2012).

Os blastocistos dos cestoides encontrados foram rompidos com o auxílio de estiletes no estereomicroscópio e, em seguida, colocados em placa de Petri contendo água destilada e transferidos para o refrigerador, onde permaneceram por no mínimo 24 horas, para o relaxamento dos escólices e extroversão dos tentáculos. Posteriormente, as larvas foram fixadas em A.F.A por, pelo menos, 24 horas, coradas pelo carmim alcoólico clorídrico de Langeron, clarificadas em creosoto de Faia e montadas entre lâmina e lamínula com bálsamo do Canadá, segundo técnica descrita por Knoff e Gomes (2012).

A identificação dos cestoides da ordem Trypanorhyncha foi realizada segundo Campbell e Beveridge (1994), Palm (2004) e Carvajal e Rego (1985) e para a terminologia das larvas foi utilizado o estabelecido por Chervy (2002).

Para designação dos termos utilizados para as doenças causadas pelas larvas de nematoides, foi utilizado, de acordo com Klimpel e Palm (2011), “anisaquiase” para as enfermidades causadas por larvas do gênero Anisakis sp. e “anisaquidose” para as enfermidades causadas por larvas da família Anisakidae e larvas do gênero Hysterothylacium sp., já que este pertencia à família Anisakidae até

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1991, quando passou a ser considerado da família Raphidascarididae, segundo Fagerholm (1991).

As medidas das larvas foram obtidas em um microscópio de campo claro Olympus BX 41 e estão indicadas em milímetros (mm), exceto quando indicado de outra forma. As médias das variações das medidas foram indicadas entre parênteses. Para as fotomicrografias dos cestoides foi utilizado um microscópio óptico Zeiss Axiophot e para as fotomicrografias dos nematoides foi utilizado o mesmo microscópio com Sistema de Contraste Interferencial de Normaski (DIC).

4.3 DEPÓSITO DOS HELMINTOS COLETADOS

Os espécimes representativos dos parasitos foram depositados na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC), FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

4.4 ANÁLISE DOS ÍNDICES PARASITÁRIOS

O cálculo dos índices parasitários de prevalência, intensidade média e abundância média de infecção foram realizados com base nos conceitos de Bush et al. (1997).

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5 RESULTADOS

O resultado da pesquisa parasitológica para larvas de nematoides Anisakidae e Raphidascarididae e cestoides Trypanorhyncha nas amostras de P. arenatus foi positivo. A maioria dos espécimes encontravam-se vivos no momento da coleta.

5.1 IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA

Dos 30 peixes coletados, 20 (66,7 %) estavam parasitados por larvas de nematoides, sendo coletados no total 2024 parasitos. Foram coletadas 30 larvas de Anisakis sp. e 1994 de H. deardorffoverstreetorum, estando 237 larvas na sua forma livre e 1757 larvas dentro de granulomas (figuras 2 e 3). A maioria das larvas estavam vivas e apresentavam alta motilidade. Este é o primeiro relato de parasitismo de P. arenatus por larvas de H. deardorffoverstreetorum e Anisakis sp.

Quanto ao parasitismo por cestoides da Ordem Trypanorhyncha, três espécimes (10 %) estavam parasitados com larvas vivas de C. speciosus contidos em blastocistos de 2,5 a 3 cm de comprimento.

Figura 2. Cavidade abdominal de Priacanthus arenatus apresentando infestação de

granulomas contendo Larvas de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum. Barra = 1 cm.

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Figura 3. Larvas de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum contidas em

granulomas. a) Placa de Petri com granulomas recém coletados. b) larva saindo do granuloma. c) Larva encistada. Barras: a = 1 cm, b = 0,5 cm, c = 0,2 cm.

5.1.2 Descrição taxonômica

5.1.2.1 Nematoides

Anisakidae Railliet & Henry, 1912 Anisakis Dujardin, 1845

Anisakis sp. (Figura 4)

Principais características morfológicas observadas em 15 larvas de terceiro estágio oriundas de P. arenatus: Cutícula com delicadas estriações tranversais, mais evidentes na porção posterior. Extremidade anterior com um lábio dorsal e dois

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ventrolaterais, pouco desenvolvidos. Seis papilas cefálicas, um par no lábio dorsal e um par em cada lábio ventrolateral. Dente larvar abaixo da abertura oral, entre os lábios ventrolaterais. Poro excretor localizado abaixo do dente larvar. Ventrículo mais longo do que largo. Apêndice ventricular e ceco intestinal ausentes. Esôfago aproximadamente o dobro do ventrículo. Duas glândulas retais arredondadas. Cauda cônica e mucron presente.

Figura 4. Larva de 3º estágio de Anisakis sp. a) Porção anterior, evidenciando dente larvar,

esôfago e ventrículo. b) Detalhe do dente larvar, com poro excretor ao lado. c) Porção posterior, evidenciando a cauda com mucron característico. Barras: a = 200 μm; b = 50 μm e c = 100 μm.

Raphidascarididae (Hartwich, 1954) sensu Fagerholm, 1991 Hysterothylacium Ward & Margath, 1917

Hysterothylacium deardorffoverstreetorum Knoff, Felizardo, Iñiguez, Maldonado Jr, Torres, Pinto & Gomes, 2012 (Figura 5)

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Principais características morfológicas observadas em 15 larvas de terceiro estágio oriundas de P. arenatus: Cutícula com extensão lateral ao longo do corpo desprovida de extensão basal. Extremidade anterior com um lábio dorsal e dois lábios ventrolaterais pouco desenvolvidos. Nove papilas cefálicas, dois pares no lábio dorsal junto a uma grande papila e um par em cada lábio ventrolateral. Dente ausente. Abertura do poro excretor abaixo do anel nervoso, inconspícuo em alguns espécimes. Ventrículo levemente esférico. Apêndice ventricular de cumprimento semelhante ao do esôfago. Ceco intestinal presente. Quatro glândulas retais subesféricas. Cauda cônica e mucron presente.

Figura 5. Larva de 3º estágio de Hysterothylacium deardorffoverstreetorum. a) Porção

anterior, evidenciando esôfago, ventrículo e apêndice ventricular. b) Porção posterior, evidenciando a cauda com mucron característico. c) Detalhe do mucron. Barras: a = 200 μm; b = 500 μm e c = 20 μm.

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Os dados morfológicos e morfométricos das larvas de terceiro estágio dos nematoides Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum coletados em P. arenatus estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1 - Dados morfológicos e morfométricos das larvas de terceiro estágio dos

nematoides Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum coletados em

Priacanthus arenatus.

Anisakis sp. Hysterothylacium

deardorffoverstreetorum

Corpo (C) 20,86 - 28,68 (23,04) 6,08 - 18,38 (12,12)

Corpo (L) 0,420 – 0,560 (0,478) 0,18 – 0,46 (0,36)

Dente larvar Presente Ausente

Poro excretor* Abaixo do dente larvar Abaixo do anel nervoso

Anel nervoso** 0,280 – 0,448 (0,351) 0,272 – 0,60 (0,48)

Esôfago (C) 1,42 – 2,20 (1,798) 0,52 - 1,2 (0,87)

Ventrículo (C) 0,3 – 1 (0,8) 0,064 – 0,200 (0,12)

Ventrículo (L) 0,2 - 0,3 (0,266) 0,088 – 0,184 (0,13)

Apêndice ventricular (C) Ausente 0,424 – 1 (0,709)

Ceco intestinal (C) Ausente 0,096 – 0,48 (0,26)

Cauda (C) 0,08 – 0,15 (0,11) 0,160 – 0,296 (0,24)

Mucron (C) 8 – 32 (21,6) µm 1 – 4 (2,72) µm

* Em alguns espécimes inconspícuo; **Distância até o final da porção anterior; C = comprimento; L = largura.

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5.1.2.2 Cestoide

Lacistorhynchidae Guiart, 1927 Callitetrahynchus Pintner, 1931

Callitetrahynchus speciosus (Linton, 1897) Carvajal & Rego, 1985 (figura 6)

Principais características morfológicas observadas em 3 plerocercos oriundas de P. arenatus: plerocercos com blastocisto com extensão caudal. Scolex bastante longo, fino e levemente craspedoto. Dois bótrios cordiformes com nódulo discreto observado na margem posterior. “Pars vaginalis” longa, bainhas dos tentáculos levemente sinuosas, mais largas em sua porção anterior, esta é menos espiralada na região da “pars botrialis”. Bulbos alongados. Músculo retrator iniciado no terço anterior do bulbo. “Pars postbulbosa” praticamente ausente. Armadura metabasal poecilacanto atípica heteromorfa, ganchos ocos, em meia espiral, em ascensão de oito ganchos principais, começando na face interna. Os ganchos 1(1´) são uncinados e grandes, os ganchos 2(2´) são uncinados e bastante longos, os ganchos 3(3´) são falciformes, largos e possuem bases grandes, os ganchos 4(4´) e 5(5´) são falciformes, os ganchos 6(6´) são espiniformes e se localizam próximo à face externa, os ganchos satélites 7(7’) e 8(8’) são uncinados, esguios e semelhante em tamanho. Possui chainette simples.

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Figura 6. Plerocerco de Callitetrarhynchus speciosus. a) Vista lateral, quadrados b e c

indicam região de onde as figuras b e c foram obtidas. b) Detalhe da disposição dos ganchos da face externa da armadura basal do tentáculo, mostrando os ganchos 3, 4, 5, 6, 7 (7’) 8 (8’) e chainette (c). c) Detalhe da disposição dos ganchos da face externa da armadura metabasal do tentáculo, mostrando os ganchos 6, 7 (7’), 8 (8’) e a chainette (c). Barras: a = 1000 μm; b e c = 50 μm.

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Dados morfométricos dos plerocercos de C. speciosus coletados em P. arenatus estão apresentados na tabela 2.

Tabela 2 - Dados morfométricos dos plerocercos de Callitetrarhynchus speciosus coletados

em Priacanthus arenatus. Callitetrahynchus speciosus Scolex (C) 11,175 – 12,2 (11,758) Scolex (L) 2,025 – 2,35 (2,191) Apêndice (C) 10,75 – 14,975 (12,416) Apêndice (L) 1,275 – 1,475 (1,358) Pars botrialis (C) 2,025 – 2,125 (2,066) Pars botrialis (L) 2,075 – 2,25 (2,166) Pars vaginalis (C) 8,625 – 9,2 (9,008) Pars vaginalis (L) 1,675 – 2,3 (1,958) Pars bulbosa (C) 2,1 – 2,375 (2,25) Pars bulbosa (L) 0,975 – 1,375 (1,166) Pars post-bulbosa 0,3 – 0,57 (0,44) Bulbos (C) 1,97 – 2,37 (2,17) Bulbos (L) 0,25 – 0,32 (0,29) Tentáculos (C) 0,94 – 3,84 (2,578) Tentáculos (DB) 0,06- 0,1 (0,08) Tentáculos (DMT) 0,06 – 0,09 (0,06)

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5.2 ÍNDICES PARASITÁRIOS

Os índices parasitários de prevalência, intensidade média e abundância média de infecção, assim como os sítios de infecção e o número de depósito na CHIOC, estão presentes nas tabelas 3 e 4.

Tabela 3 -Índices parasitários de prevalência (P), intensidade média (IM) e abundância

média (AM), sítios de infecção (SI) e número de depósito na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) das larvas de Anisakis sp. e Hysterothylacium

deardorffoverstreetorum coletadas em Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados

no Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

P (%) AM IM SI CHIOC Anisakis sp. 20 1 5 C, E, F, M 35997 Hysterothylacium deardorffoverstreetorum 66,7 66,5 99,7 B, C, E, F, M, MA 35996a, 35996b, 35998

B= baço; C= ceco; E= estômago; F= fígado; M= mesentério; MA= musculatura abdominal

Tabela 4 - Índices parasitários de prevalência (P), intensidade média (IM) e abundância

média (AM), sítios de infecção (SI) e número de depósito na Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) dos plerocercos de Callitetrarhynchus speciosus coletados em Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. P (%) AM IM SI CHIOC Callitetrarhynchus speciosus 10 0,1 1 M, SI, SO 37994, 37995, 37996

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6 DISCUSSÃO

As larvas de terceiro estágio de Anisakis sp. encontradas neste estudo apresentaram semelhanças morfológicas com as larvas de Anisakis simplex coletadas em linguados do litoral brasileiro por Felizardo et al. (2009a), embora pouco maiores em tamanho, apresentaram estruturas morfológicas proporcionalmente semelhantes.

A morfologia e morfometria das larvas de terceiro estágio de H. deardorffoverstreetorum coletadas em P. arenatus apresentaram semelhança àquelas relatadas por Fontenelle et al. (2013) em C. guatucupa, maria-mole, oriundos do Estado do Rio de Janeiro. Estas mesmas larvas são semelhantes às descritas por Knoff et al. (2012), obtidas de linguados do litoral brasileiro, morfologicamente semelhante aos espécimes descritos anteriormente como Hysterothylacium sp. nº 2 (PETTER e MAILLARD, 1988), Hysterothylacium MD (DEARDORFF e OVERSTREET, 1981), Hysterothylacium KB (PETTER e SEY, 1997) e Hysterothylacium sp. (PEREIRA JR et al., 2004; RIBEIRO et al., 2014).

No presente estudo foi observada a formação de granulomas, induzida pela presença de larvas de H. deardorffoverstreetorum, assim como relatado em linguados P. isosceles por Felizardo et al. (2009b), contudo, no presente estudo foi possível observar macroscopicamente as larvas contidas na superfície desses granulomas.

A morfologia de C. speciosus presente neste estudo está de acordo com a redescrição feita por Carvarjal e Rego (1985), que observaram e mediram discreta pars post-bulbosa [200(160 - 340 μm)] nos plerocercos (pág. 162 e 163). Em relação à pars post-bulbosa, Palm (2004), embora tenha relatado ausência desta região em sua descrição: “ppb absent (160- 340)”, apresentou a variação da sua medida entre parênteses (pág. 347). Foram também estudadas alguns espécimes coletados de C. guatucupa do litoral do Rio Grande do Sul, que estão depositados na CHIOC sob os números: 33905, 33906, 33907, e nestes a pars post-bulbosa estava completamente ausente. Demonstrando que a pars post-bulbosa pode apresentar um pequeno comprimento ou ser ausente nesta espécie.

Em estudos anteriores sobre helmintos de P. arenatus no Brasil, verificou-se que todos foram realizados no Estado do Rio de Janeiro. Em relação ao encontro de nematoides e cestoides, verificou-se que De Fabio (2000), relatou a presença do

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nematoide O. melanocephala, mas não encontrou cestoides, como no presente estudo; Tavares et al. (2001), relataram adultos de O. melanocephala e larvas de Raphidascaris sp, Pseudoterranova sp. e Contracaecum sp. e cestoides Scolex pleuronectis, mas não registraram a presença de cestoides Trypanorhyncha; Lima (2004) e Ferreira et al. (2006) pesquisaram a presença de cestoides da ordem Trypanorhyncha, onde somente o primeiro autor encontrou a espécie C. speciosus, a mesma espécie encontrada no presente estudo. Portanto, Anisakis sp. e H. deardorffoverstreetorum são registradas pela primeira vez parasitando este hospedeiro.

Em relação a prevalência (P) e intensidade de infecção (I) de C. speciosus encontradas no presente estudo, estas foram muito similares as relatada por Lima (2004) (P = 12,5% e I = 1). Entretanto, Lima (2004) relatou infecção concomitante com C. gracilis e o mesentério como sítio de infecção, diferentemente do presente estudo, onde os plerocercos estavam também presentes nas serosas do intestino e do ovário.

Recentemente, a espécie C. speciosus foi encontrada em outros peixes do litoral do Estado do Rio de Janeiro com prevalências baixas, como relatado no presente estudo e por Lima (2004): Dias et al. (2009) registraram P = 2% em B. capriscus, Dias et al. (2010; 2011) registraram P = 6% em A. monoceros e em S. cavalla.

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7 CONCLUSÕES

 No estudo do parasitismo em olho-de-cão, Priacanthus arenatus (Cuvier, 1829) comercializados nos municípios do Rio de Janeiro e Niterói, Estado do Rio de Janeiro, foram encontradas larvas dos nematoides Anisakis sp. e Hysterothylacium deardorffoverstreetorum e do cestoide Callitetrahynchus speciosus.

 Através deste estudo registra-se um novo hospedeiro para a espécie H. deardorffoverstreetorum e Anisakis sp.



 As larvas de Anisakis sp. possuem reconhecidamente potencial zoonótico e as de H. deardorffoverstreetorum, podem ser consideradas como tal de acordo com alguns estudos.

 Apesar da maioria destes nematoides estarem presentes nas vísceras e cavidade abdominal, não se pode descartar o risco de ingestão destes parasitos, pois a maioria dessas larvas foram encontradas vivas, portanto são capazes de migrar para a musculatura do peixe.

 A espécie C. speciosus pode causar aspecto repugnante ao pescado devido ao tamanho dos seus blastocistos.

 Devem ser realizados estudos quanto ao potencial alergênico do C. specious, afim de verificar a capacidade de induzir reações alérgicas quando ingeridos por humanos.

 Sugere-se que haja promoção na educação da população a respeito dos perigos da ingestão de pescado cru, bem como sua aquisição a partir de procedências duvidosas, por conta da anisaquidose, e intensificação da fiscalização dos alimentos à base de pescado e efetiva aplicação de técnicas confiáveis de inspeção e processamento pelos órgãos responsáveis.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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